Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
Mais informações: www.cm-sintra.pt

31.8.11

Cheri

Uma cortesã em final de carreira decide tomar como amante o jovem filho de uma antiga rival já retirada. Apesar da forte paixão que nutrem, Cheri sabe que a diferença de idades ditaria o final da relação e acabapor termina-la.
Realizado por Stephen Frears, Cheri é uma comédia de costumes tipicamente britânica. O argumento, sem ser inovador, reflecte sobre temas como amor, paixão, convenções sociais, beleza, velhice feminina, pragmatismo.
Um momento de despretensioso entretenimento.

30.8.11

As Crónicas de Nárnia III: A viagem do Caminheiro da Alvorada

A mais recente aventura por terras de Nárnia é protagonizada apenas pelos irmãos mais novos da família, um primo e o Principe Caspian. A Bordo do Caminheiro d Alvorada encetam uma viagem em que encontram vários seres míticos, como já é habitual neste género. No final, os bons vencem e lições são aprendidas.
As Crónicas de Nárnia, da autoria de C.S. Lewis, datam da década de 50 do século passado, mas a sua adaptação cinematográfica, que só poderia atingir o seu esplendor com a actual tecnologia, acaba por ficar, não diria aquém, mas prejudicada por sagas mais recentes, como Harry Potter e O Pirata das Caraíbas.
Amigo pessoal de Tolkien, As Crónicas de Nárnia desenvolvem-se num universo claramente mais jovem do que o desenvolvido por Tolkien. Os protagonistas são crianças e jovens e acompanhamos o seu crescimento, notório neste episódio, facto que é transversal a Harry Potter. Mas será que a riqueza deste universo consegue competir em termos de envolvência com as outras sagas? Mesmo junto do público infantil, que aprecia a história, infelizmente é preterida em relação às outras sagas. Por isso, o que terá de cativante este universo nos dias de hoje?

29.8.11

Talvez. Hoje, um estranho alto e moreno me interpele na viagem de comboio de regresso a casa. Será, com certeza, monhé ou cabrito, porque os outros, dos quais rezam as histórias, estarão em trânsito na IC19 ou outra vias menos proletárias.

28.8.11

Alfinetadas

Voodoo Heart
Quando nos dói o coração, quais as causas? Males de amor. O resto são angústias que nos encolhem o estômago, provocando úlceras e azias indesejadas. Mas para o coração há uma dor que não se pode comparar a nenhuma outra.
Por isso, deixei de guardar o meu coração no peito. Pegue8 nele e mapeei com alfinetes coloridos as causas de cada dor: o engano, a traição, a decepção, ..., e os seus causadores.
Não é voodoo, a dor não retorna a quem a provoca. É apenas acupunctura que sarará as dores que me prostram por noites afins só no sofá.
Um dia, deitarei fora todos os alfinetes e alegre baterá o coração no meu peito.

26.8.11

Loucuras em Las Vegas

Na ressaca de um fim de semana em Las Vegas, um jovem casal vê-se legalmente obrigado a permanecer casado para poder usufruir de um chorudo prémio monetário. A situação, é claro, vai dar azo a inúmeras peripécias e no fim o amor lá acaba por triunfar. Filme apropriado para domingos à tarde.

25.8.11

Relativizar é menosprezar ou alargar experiências?

Quando confrontados com situações problemáticas, até que ponto as devemos relativizar? Por um lado, é uma forma de percebermos que o nosso não é o maior dos problemas e ajuda a coloca-lo numa escala que nos permite desenvolver uma estratégia de resolução. Ajuda-nos a perceber que haverá problemas mais complexos de resolver, outros mais fáceis, mas esta escala não implica que os problemas sejam resolúveis da mesma forma por pessoas diferentes.

Uma das complexidades da resolução de problemas é exactamente o diferente impacto que os mesmos podem ter em cada pessoa. O que para mim é simples/complexo, pode não o ser para outra pessoa. Assim, ao relativizar não estaremos a menosprezar o que sentimos e a forma como as situações nos afectam?

Sim, o meu problema pode ser menos complexo, mas será menos problemático que os demais? Estarei a diminuir o meu valor quando não valorizo o que me afecta?

Nem sempre conseguimos ser lúcidos em relação ao que nos aflige. Será esta relativização apenas uma forma de racionalização para – idealmente – se conseguir uma resolução eficaz. Será com certeza. Mas não se pode menosprezar os sentimentos afectos a cada problemática, mesmo quando parecem exacerbados a quem está de fora.

24.8.11

Sobre as cores que temos

Algures no 5º ou 6º anos, fui severamente repreendida por utilizar a palavras preto em frente a uma colega negra. A partir daí, sempre que me refiro à raça negra, utilizo a expressão “de cor” e não consigo evitar ficar insegura quando tenho de referir a cor de pele em frente a alguém negro.

Há dias, recebi nova reprimenda, mas ao contrário, o que me deixou atrapalhada. A verdade é que nunca soube qual seria a forma adequada para o fazer, se é que havia uma. E como os meus convívios são na sua grande maioria com pessoas brancas, esta insegurança nunca se tinha resolvido.

O que é curioso, é que ambas as reprimendas vieram da parte de brancos. No entanto, na sequência desta última reprimenda, tive o retorno de duas pessoas negras que me disseram preferir os termos preto ou negro. Isso tranquilizou-me, porque foi um testemunho directo.

Dado o meu historial nesta matéria, não me sinto confortável a dizer preto, até porque, como diz o meu sobrinho no seu pragmatismo infantil: mas é castanho, sinto-me mais à vontade para dizer negro.

No entanto, como muitas outras situações, faz-me sempre pensar sobre que cor é esta que nós brancos temos, até porque branco é ausência de cor. E se a cor é um dos mais fortes elementos identitários, e na verdade não temos melanina que nos dê cor, quem podemos dizer que somos?

23.8.11

Voltas Pelos Cafés Literários de Lisboa


Pela segunda vez, aderi aos passeios temáticos organizados pelas Voltas de Ulisses. Desta feita, o percurso seguiu a trajectória dos cafés literários da capital, desde o Tavares Rico, A Brasileira, O Nicola, o Café Gelo e o Martinho da Arcada, entre outros. Pelo meio ficamos a saber mais sobre o trajecto da entrada do café (produto) em Portugal, a evolução do café enquanto estabelecimento e a sua contextualização histórica e frequentadores mais conhecidos e não só.

22.8.11

Ben Heine,  Hand Painting Camouflage
A quiromancia advoga que as linhas das nossas mãos representam os caminhos da nossa vida. para os céticos, são histórias, para os crentes, indícios imenosprezáveis.


Nunca soube o eventual significado e posição das linhas. Sei que há a linha da vida, do amor, do trabalho e da saúde, divididas pelas duas mãos. há também os montes (altos) com significados próprios. Olho para as minhas mãos e vejo apenas linhas, o que não quer dizer que as minhas mãos sejam isentas de histórias. Histórias da minha vida.

A pele seca revela que não sou uma pessoa cuidadosa com a sua aparência. Não é que não goste de me arranjar, mas a preguiça ganha demasiadas vezes à vaidade. os cremes são usados quando a aspereza me lembra que as mãos de uma mulher devem ser fortes, mas suaves.

As unhas roídas revelam a minha insegurança. São um castigo auto-infligido.

A cicatriz junto ao polegar da mão esquerda deve-se a uma queda na escada do prédio. Uma queda parva por desequilíbrio, sem qualquer rasgo de violência, apenas talvez um episódio humorístico, se tivesse sido testemunhada.

A recorrência de marcas de canta e marcadores registam o gosto pela escrita à mão e de fazer desenhos naives com canetas de feltro. são formas que encontro para expressar a minha imaginação e a necessidade de dar cor à minha existência.

O anelar vazio denota o vazio de um coração que nunca chegou a trilhar os caminhos de um amor prometido.

21.8.11

Amo-te Phillip Morris

Esta comédia romântica distingue-se das tradicionais porque as personagens protagonistas são homossexuais. Baseado na história verídica de Steven Russell (Jim Carrey) – um pacato polícia e pai de família – , que determinada altura decide assumir a sua homossexualidade e mudar radicalmente de vida. Envereda por um novo estilo de vida faustoso que sustenta com inúmeros golpes e burlas, que acabam por levado à cadeia, e onde conhece o amor da sua vida Phillip Morris (Ewan McGrgor) e por quem comete ainda maiores loucuras.
O filme arranca-nos boas gargalhadas e mostra-nos uma excelente interpretação de Carrey.

20.8.11

Entrelaçados


Entrelaçados, de 2010, é a revisitação do clássico Rapunzel dos Irmãos Grimm. É a história de uma jovem que vive encarcerada numa torre, com uma bruxa, que julga ser mãe, e que a raptou aos pais ainda bebé. Ao longo da sua jovem vida, a mãe nunca lhe cortou o cabelo, que possui capacidades mágicas, e que acaba por ser o único meio de acesso à torre. Nesta versão, temos uma rapunzel que a determinada altura quer conhecer o mundo, pega nas armas que conhece – uma frigideira – , avança (mesmo com medos) e faz o seu destino. O filme tem as habituais personagens e cenas cómicas, uma vilã muito “à la Branca de Neve”, um herói imperfeito e uma visão feminina mais actual, que tornam o filme agradável e adequado a todas as idades.

Mas por baixo da beleza de qualquer filme de animação, importa perceber os temas explorados nas histórias. Desta feita, fui incapaz de me abstrair do drama de mães e casais que vêem os seus filhos raptados pelos mais variados motivos e que passam anos e até uma vida inteira sem resposta para as suas angústias e incapazes de fazer o devido luto pelas suas perdas. E não só, também as condições em vivem estes jovens encarcerados durante anos com o seu carcereiro, que são muitas vezes a sua única ligação com o mundo, como foi o caso de Natasha Kampusch, e como desenvolvem o Síndrome de Estocolmo (tal como a Bela de A Bela e o Monstro). E se pensamos que são realidades longínquas, é mentira. Apesar de ser em dimensões diferentes, em nosso redor, temos muitas pessoas presas em situações de chantagem emocional e que acham que quem nos rouba o mundo é porque gosta de nós.

19.8.11

Plano Poupança Reforma

Como deitei pela janela todas as redes de segurança, ultimamente dei por mim a delinear o único PPR plausível nos tempos incertos que decorrem.

Tenho um ordenado, é certo, que não me dá grandes margens de manobra. A bancarrota levou-me a casa, contas bancárias e a perspectiva de voltar a ter um nome limpo na praça. Não tenho família, nem filhos que me valham quando a velhice me conquistar. Então, que fazer?

Primeiro, começar com alguns pequenos delitos: talvez uns furtos, não muito dissimulados. Um crescendo de queixas, algumas acusações formais, mais uns contactos inapropriados, tudo em gradação. Quando me faltar o posto de trabalho e a reforma não vier, algo mais grave, quem sabe uma fraude cabeluda. Se for arraia miúda ou testa de ferro não me livro de uma visita à cadeia. Que mais poderei querer então? Cama, mesa e roupa lavada! Em acréscimo, haverá também todo um novo género de amizades – que não se deve negar à partida. Só tenho mesmo de me precaver que quando for, seja de vez.

Elisabeth Molin

18.8.11

O caso do bacalhau desaparecido

Como em qualquer Natal, e apesar da crise, a entidade patronal brindou os seus funcionários com um mimo. Este ano foi um bacalhau – na verdade, 1200 gr de bacalhau, que um bicho inteiro implica maiores cordões na bolsa – e uma garrafa de azeite. Tudo na melhor tradição nacional de consoada.
Bem intencionada, Alice listou o número de funcionários do seu departamento e no dia definido dirigiu-se aos grandes armazéns para fazer o levantamento. Tudo correu como previsto e até contou com a preciosa ajuda do colega Pedro para trazer os 34 sacos.
Chegada ao departamento, e, com a ajuda de outros colegas, colocados os sacos na sala destinada, Alice recontou os sacos. Para seu espanto, o número não batia certo e faltava um saco. Tornou a contar. Não, não estava errada: no transporte do carro para a sala desaparecera um saco.
Ficou triste: algum dos seus prestáveis colegas conseguira sem que percebess3e guardar um dos sacos. Não é complicado perceber como, quando se confia não se policia movimentos. Mas infelizmente, por causa de um bacalhau, perdeu a confiança nos colegas e hoje, quando pensa em certas situações passadas, não consegue evitar desconfianças. Afinal, quem se apropria de um simples bacalhau, que mais é capaz de fazer?

17.8.11

Como dinamizar a oferta sintrense?


Em rescaldo da passagem, este fim de semana, das etapas da volta a Portugal em bicicleta e do campeonato mundial de bodyboard, será interessante pensar na oferta turística com concelho.

Em termos de património edificado, é indiscutível a riqueza do concelho. E não é à toa que este acolherá de 22 a 25 de Novembro o XI Congresso Mundial de Cidades Património Mundial.

Mas e quando encerram os períodos de visita a estes espaços, o que é que Sintra tem para oferecer, não só aos turistas, como aos próprios habitantes? Nas minhas viagens diárias de comboio, é fácil perceber os horários do fluxo de estrangeiros que pernoitam em Lisboa e tiram um dia para visitar a vila de Sintra. Chegam por volta das 9h30 e regressam pelas 18/18h30.

Durante o período de Verão, a Regaleira já nos habituou ao seu espectáculo nocturno, com inicio às 22h. O Centro Cultural Olga Cadaval também tem uma oferta frequente. Mas entre o período de encerramento dos equipamentos históricos e o início de eventuais programas culturais, há um hiato de 3 a 4 horas difícil de colmatar. De verão, pode até ser oportuno apenas passear, mas ao final do dia essa poderá não ser a opção de um turista e/ou habitante. Ficar no restaurante ou esplanada durante tanto tempo também não será uma opção bem vinda por parte dos empresários. Mas que outra ocupação poderão os visitantes ter?

É importante não só os responsáveis políticos pensarem nesta situação, como darem aos empresários locais a possibilidade de desenvolver uma oferta cativante, que faça, principalmente o turistas, permanecer mais horas, e quiçá pernoitar, e assim deixar mais divisas no concelho.

16.8.11

Egoísmo



O meu sexo rubro anseia pela tua língua intrusiva

Lambes-me num vagar e tudo se olvida

Penetras-me e só o teu corpo me diz

Que há alguém além de mim

O prazer inunda-me

E compreendo que o universo é um espasmo de segundo

14.8.11

Primeiros encontros

Creio que toda a gente deve ter mais ou menos a mesma dúvida quando conhece alguém: até que ponto nos devemos revelar?
Ao conhecer alguém, normalmente parte-se de um estado de tábua rasa, embora infelizmente isto não seja 100% verdadeiro, porque ao conhecer alguém levamos o ingrato peso das nossas expectativas e experiências, mesmo que inconscientemente.

Então que revelar sobre, por exemplo, do nosso trabalho, dos nossos hobbies, da nossa família, da nossa saúde, entre outros. Como guia, tento sempre pensar naquilo que quero ou não saber sobre a outra pessoa numa primeira fase.

Sobre trabalho, sou um pouco genérica e por vezes mentirosa. Não gosto muito de aprofundar, sou administrativa numa divisão camarária, mas como isso por vezes dá azo a piadas (e por vezes é uma piada), chego a mentir e digo que trabalho num infantário, (embora nem sempre pareça mentira). Algumas das minhas actividades profissionais são mencionadas como hobbies, como o são para muitas pessoas.

Os hobbies, que dizem bem mais de nós do que o nosso trabalho, são o assunto onde me detenho mais. Aqui entra muita coisa e muita matéria de conversa, e mesmo assim às vezes é encontrar pontos em comum. Sim, gosto de cinema, mas não me falem em filmes de terror. Sim, adoro actores, mas isso não me faz querer ver os últimos blockbusters com as caras larocas do momento. E sim, agora até é raro ir mesmo ao cinema, mas (tem dias em que) lá vou apanhando na tv uma reposição que ainda não vi. E perceberem que gosto de escrever?

Quanto à família, também sou um bocado omissa, mas sem nunca fugir à verdade. Ok, vivo em casa dos pais, o que é uma informação essencial e impede logo auto-convites de visita. Agora, nem sempre explico que vivo apenas com o meu pai, porque é quase sempre doloroso abordar a morte da minha mãe e, inevitavelmente, há perguntas sobre horários em que esteja sozinha em casa, o origina respostas do género: e o que é que tens a ver com isso?

Em termos de saúde, bem é sempre um tricky issue. Aqui vale o bom senso, quando se tem. Felizmente, até ao momento, tenho sido uma pessoa saudável e é isso que digo. Mas às vezes recebo too much information e nem sempre sei como lidar com isso. Além de que mostrarem-nos os dentes que precisam de ser arranjados é mais do que desmotivante.

Um dos temas inevitáveis são antigas relações, pois se estamos num primeiro encontro é porque tudo o resto que passou antes terminou (ou assim se espera). Pois isso para mim é um deal breaker e não tanto eventuais expectativas. Mas há quem não veja nisso um impedimento, helas!

Não sou, ninguém é, perita em relações, aliás, muito pelo contrário. Por vezes penso que a culpa não é minha, mas muitas vezes até é. Seja porque nem dou oportunidade a que certos conhecimentos se tornem relações ou até porque sou omissa nas minhas expectativas ou apenas estas não são recíprocas. Mas sendo os primeiros encontros decisivos, há sempre dúvidas sobre o que se calhar deveria revelar ou não. Ou em que ponto nos devemos revelar.

13.8.11

Não é que fosse o meu objectivo, mas com o decorrer dos anos, de alguns arranhões e esfoladelas, dei por mim com o coração fechado a muitas voltas de chave, numa fechadura enferrujada e perra que obriga a uma força de braços quase hercúlea.

Há noites em que, frente ao espelho, observo o meu peito claro, os seios já descaídos, as veias sob a pele translúcida. E quase que vejo o bombear do coração que me dá vida instante a instante. Sinto o seu ritmo, sinto até o breve calor quando o meu pensamento foge para outras paisagens com braços em redor. Sinto o calor derramar-se e a respiração aprofundar-se e fecho os olhos, perpetuando ao máximo o calor que entretanto subiu até à base do pescoço e parece inflamar as faces.

Nessas noites, imagino como será abrir o calor que sei existir no meu coração e sentir, como nos relatos pueris que oiço nas esplanadas, que esse calor se expande ainda mais até aquecer as mãos geladas e os pés que acordam frios a cada manhã.

Quem arrombará a fechadura ferrugenta que me prende o coração? Ou cairá de velha inútil e carcomida?

12.8.11

Cartas comerciais, ofícios, faxes e correio electrónico

Usualmente, há demasiada formalidade nos documentos que produzimos. Isto porque transpomos as regras de uma tipologia de documentos, sem fazer os necessários ajuste formais e de conteúdo.


As cartas comerciais e ofícios são documentos que formalizam transacções, acções e intenções. Com o surgimento de suportes de comunicação mais rápidos, muitas destas comunicações sofreram alterações. O fax veio permitir uma maior rapidez e, como tempo é dinheiro, este supõe uma maior economia de palavras e formalidade. Actualmente, o correio eletrónico roubou o protagonismo de cartas/ofícios e faxes e o paradigma alterou-se novamente. No entanto, há quem não perceba esta mudança e continue a escrever estes documentos, que se querem céleres e eficazes, com uma formalidade descabida. É claro que o correio eletrónico também é um documento oficial, mas a linguagem utilizada tem de ser adequada ao veículo.

Costumo dizer que não há que confundir cordialidade com lambebotismo. Seja em que documento for, a cordialidade é obrigatória e é possível transparece-la com economia de palavras. O que também parece difícil de perceber é que a rapidez de comunicação proporcionada pelo correio eletrónico não corresponde a uma maior confiança entre interlocutores. Ou seja, não se deve abusar de uma confiança, por vezes inexistente, porque afinal a comunicação é institucional. Por isso, não há que escrever expressões como beijinhos e outras.

Em caso de dúvida, a simplicidade é o melhor remédio. Devemos escrever expressões simples, com as quais nos sentimos à vontade e que não ponham em causa o factor institucional da comunicação. Também não nos devemos sentir “obrigados” ao tal lambebotismo e/ou lirismo exacerbado, pois para quem recebe, a mensagem transparece como falsa e a falsidade não é um bom fundamento comunicacional.

11.8.11

Uma Boa Mulher

Este filme de 2004 é uma adaptação da clássica peça teatral de Óscar Wilde, O Leque de Lady Windemere. A história é uma crítica de costumes sobre casamento, fidelidade/traição, e as expectativas que pairam, sobretudo, sobre a mulher. Sobretudo, saliente que, na extremamente crítica sociedade britânica da época, mais importante do que ser, era parece-lo.

10.8.11

August Rush – O Som do Coração

Oliver Twist em versão musical delico-doce.

Fazendo jus ao provérbio anglo-saxónico blood is thicker than water, August Rush (2007) conta-nos a história de um jovem inserido no sistema americano de famílias de acolhimento, cuja genialidade musical o leva a encontrar os seus pais biológicos.

É uma história pensada para fazer chorar as pedras da calçada e que vale sobretudo pela vertente musical. De resto, é, como já disse, uma adaptação óbvia de Oliver Twist, onde Robin Williams se destaca no papel de mais-ou-menos vilão.

9.8.11

Sobre fractais e bibliotecas

Benoit Mandelbrot, recentemente falecido, desenvolveu a geometria fractal. Cimentada na matemática do caos, detecta padrões geométricos em formas biológicas, que se perpetuam em simetria de escala.
A Biblioteca de Babel, de J. L. Borges, estende-se até ao infinito, através de inúmeros desdobramentos sequenciais. Assim, podemos considerar a biblioteca como uma figura natural, capaz de se desdobrar de modo a comportar qualquer crescimento e evolução do conhecimento.
O conhecimento e a sua transmissão são necessidades humanas e o seu modelo de perpetuação na era digital em pouco difere da transmissão genética que recebemos dos nossos antepassados e que doaremos aos nossos descendentes. A transmissão física ou digital de conhecimento é tão-somente o back up da informação genética que todos contemos, cujo processo de recuperação estamos agora a recuperar. O padrão de transmissão de conhecimento perpetua-se numa hélice genética ou num dente de leão que voa ao sabor da aragem, para se depositar ali mesmo: na palma da nossa mão.

Rede de Citações em Bibliotecários sem Fronteiras.


E se não sabes aquilo que digo, mas adivinhas aquilo que penso isso é só telepatia, com tecnologia wireless.

8.8.11

Da Ulgueira à Praia Grande


Paragem de Autocarro na Ulgueira, com azulejos pintados alusivos à União Europeia, pintados pelos alunos locais.

Largo da Igreja

Igreja da Ulgueira




Sol à beira mar...

... e a serra enublada.








Praia do Cavalo


7.8.11

Algures na literatura,
Seja prosa ou poesia,
Há cães e gatos
Cujos donos imortalizam nas palavras.
Sem cão, nem gato para escrever
Quão caducas
São as palavras que escrevo?
Catarina Saraiva

5.8.11

Sintra: Potencial Jovem

Sintra: Potencial Jovem é um projecto pessoal que visa reunir num só local informação sobre várias áreas de interesse para os jovens do concelho de Sintra. Como tal, será um projecto ainda embrionário e em constante transformação e para o qual se aceitam todas as contribuições possíveis.


De momento, ainda só tem uma espinha dorsal, mas que se espera ser complementada nos próximos tempos com contribuições várias, que desde já agradeço, seja através de informações, sugestões e/ou críticas. Convido todos a visitarem o projecto e a dizer de vossa justiça. Obrigada!

4.8.11

O dia em que a terra parou


Assistimos, com regularidade, à realização de remakes de filmes emblemáticos do passado. Em determinados casos, as novas tecnologias e a evolução da sociedade permitem desenvolver certos aspectos dos enredos ou até explorar novas interpretações.
O dia em que a terra parou foi originalmente produzido em 1951 e obteve um considerável impacto junto do público, pois, no rescaldo da emissão radiofónica da Guerra dos Mundos de Orson Welles, mexia com os medos profundos de uma geração.
O seu remake de 2008 beneficia da evolução na área dos efeitos visuais. Mas o seu impacto perde-se numa geração em que imagens do fim do mundo, tantas vezes preconizadas pelos media, se diluem na indiferença. Resta-nos a questão: o que se pode aproveitar do filme? Apenas a sua mensagem, proferida por um dos personagens: só à beira do precipício é que encontramos a coragem para mudar. E quantas vezes, frente ao precipício, não optamos simplesmente por atirar-nos contra o fim certo?

3.8.11

O caramelo doido

Na aldeia de Porto Fino, todos conhecem a Avó Livia, uma doceira de mão cheia. Não há festa na aldeia para a qual ela não faça qualquer doce, seja o seu famosos arroz doce, ou bolo de ananás, creme de queijo, tarte de frutos silvestres, mousse de ameixa, torta de limão, farófia de canela, e muitos outros. Fosse um casamento, um aniversário, um batizado ou qualquer outra festa, todos contavam com a mestria da avó Livia para que a festa fosse um sucesso.

Quando não estava a preparar doces para uma festa, estava na sua cozinha a fazer novas experiências, a misturar novos sabores, novas texturas e novos ingredientes. Normalmente, quem testa os seus novos doces é o seu neto João. O João tem 10 anos e a seguir à escola vai sempre lanchar com a avó, onde tem sempre um novo doce para experimentar. Ele nunca sabe que surpresa a avó lhe fará, mas gosta disso e gosta de fazer sugestões à avó:

- Avó, porque é que não fazes arroz de morango?

- Avó, já experimentaste fazer baba de carneiro?

- Sabes do que me lembrei avó? Podias fazer bolo com os alperces que o sr. Quinito deu à mãe, deve ser bom.

O João gosta de muitos sabores, mas o seu favorito é o caramelo. Às vezes, até sonha nadar numa piscina de caramelo liquido ou até que vive numa casa de caramelo. Assim, a avó procura fazer novas receitas com caramelo, só para agradar ao João. Para isso, gosta de conversar com outros cozinheiros para ter novas ideias, como o chef Pierre. Foi ele quem lhe deu a receita do caramelo louco. É uma receita secreta e mágica – por isso não podemos escreve-la aqui -, mas acreditem que não há caramelo como este.

Na última quinta-feira, ao sentar-se à mesa com a avó, o João nem adivinhava a surpresa que o esperava. No seu prato estavam pequenas figuras em caramelo. Como já tinha lavado as mãos, começou a mexer nas figuras e, para seu espanto, elas moveram-se. Primeiro, pensou que tinha sido só impressão sua, mas não. Era verdade! Elas mexiam-se mesmo conforme lhes tocava. Sem conseguir pronunciar alguma palavra, o João ora olha para as figuras, ora olhava para avó, que sorria satisfeita com a surpresa do neto. Foi ela quem disse:

- Sabes João, a comida que verdadeiramente gostamos é aquela que tem a magia de nos falar ao coração.

2.8.11

Sintra Arte Pública VIII

Está patente, na Volta do Duche, até 10 de Junho de 2012, a oitava edição da exposição de escultura Sintra Arte Pública , que tem como tema “Um homem, um mundo”. Esta conta com a participação de 16 escultores nacionais e internacionais e apresenta criações alusivas a personagens marcantes nos imaginários de cada escultor participante.

1.8.11

A margem imóvel do rio, Luiz Antonio de Assis Brasil

Durante o seu reinado, D. Pedro II e a sua corte encetaram uma viagem pelo sul do Brasil. Vinte anos depois, cabe ao cronista do reino aferir a veracidade da reivindicação de Francisco da Silva, estancioneiro a quem o rei terá prometido um título nobiliárquico. Este enceta então uma viagem percorrendo o trajecto que vinte anos antes tinha registado nos seus diários. Mas passado este período, depara-se com várias personagens homónimas, todas elas detentoras parciais da realidade registada nos seus diários. Qual será então o verdadeiro Francisco da Silva? O detentor do relato mais verosímil, do inesperado, do inacreditável, do digno, do passível de ser provado? Incapaz de aferir qual o verdadeiro detentor do título prometido, o cronista termina a sua viagem infrutífera apenas para a perceber desnecessária, pois na sua ausência a república foi proclamada.