Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
Mais informações: www.cm-sintra.pt

30.6.09

Sabedorias

Em momentos de crise, só a imaginação é mais importante do que o conhecimento.

Albert Einstein

27.6.09

sobre Ismael Kadaré

não há blog literário ou cultural que nos últimos dias não mencione a inesperada atribuição do prémio Príncipe das Astúrias a Ismael Kadaré. Sendo um dos meus autores favoritos, escrevi já alguns posts sobre o seu trabalho (Abril Despedaçado, Palácio dos Sonhos e La Fille de Agammenon) e alguns dos horizontes que me revelou (Albânia e Kanun).

Ao (re)lê-los, constato que:

- este é um autor desconhecido do público em geral, daí que tenha comprado quase todos os seus livros em feiras do livro de fundo de colecção;

- a sua obra tem uma maior projecção em França, onde vive exilado, daí que seja mais fácil adquirir as suas obras em francês, quer pelo preço, quer pela variedade;

- talvez a obtenção deste prémio signifique um maior reconhecimento e a reedição das suas obras.

Deste autor, além de terminar a leitura de Le Sucesseur, espero um destes dias encontrar e adquirir o Três Cantos Fúnebres pelo Kosovo

26.6.09

sobre a leitura, Proust


Este texto é a versão escrita de uma conferência proferida em 1905 em resposta a um texto de John Ruskin. Nesta dissertação, numa primeira fase, Proust relata a sua experiência de leitura com o objectivo de contextualizar a sua postura sobre a finalidade da leitura e que se confundem com os seus limites e virtudes. Chama a tenção para a existência de práticas de leitura salutares (iniciadoras) e negativas (erudita e letrada). Considera que a leitura se deve conciliar com a vida quotidiana, pois é o leitor quem faz o livro. Ou seja, não se lê um livro, lemo-nos nos livros e basta apenas traduzirmo-nos.

Salienta ainda a importância da leitura dos clássicos e relembra Descartes quando este afirma que a leitura é uma conversa com as melhores pessoas de outros séculos, sendo que a leitura é uma amizade pura, pois não há quaisquer expectativas subjacentes. Aceita-se o nosso interlocutor sem qualquer juízo de valor.

25.6.09

Palavras #167 a 169

Zimbório s. m. 1. Arquit. Arquit. A parte externa e superior da cúpula dos monumentos. 2. Bras. A cabeça.

Abside - s. f. 1. Espécie de corredor semicircular na parte lateral e posterior do altar-mor. 2. Tribuna. 3. Dossel que encima o sacrário. 4. Relicário. 5. Astron. O apogeu e o perigeu de um planeta.

lambrim - (francês lambris) s. m. Revestimento de mármores, estuque ou madeira, nas paredes de uma sala. = lambri, lambril

24.6.09

Anamnese II

A sua tez xantodérmica confere-lhe um ar avoengo, apesar de possuir um porte físico capaz de executar qualquer exercício calesténico.

22.6.09

O casamento – Parte III

Durante as várias horas que demora a comemoração, dá tempo para mirar todos os convivas, avaliar as indumentárias, pôr as cusquices em dia.
É um dia em que se come demais, se bebe demais, se posa demais e em que por vezes só se consegue um momento de descanso no w.c. um escasso momento longe das confusões, da música pimba e dos sorrisos falsos. E mesmo estes pequenos momentos conseguem ser precedidos de uma autêntica demanda, especialmente no caso das mulheres, que têm sempre filas à sua espera. E quando chega a nossa vez, a higiene do local pode deixar tanto a desejar que optamos seriamente por aguentar até quando der. Quantas vezes já nas nossas casas. Por sorte, este não foi o caso, muito pelo contrário. A quinta estava muito bem equipada em termos de qualidade e limpeza.
Foi exactamente ao sair de um desses sanitários, por sinal o mais isolado e, por isso mesmo, quase inutilizado, que dei de caras com o solteiro moreno. Sorrimos francamente. Ele entrou e deixei-me ficar a retocar a maquilhagem, seguindo os seus movimentos pelo canto do olho.

21.6.09

Escrita criativa/funcional

Existe actualmente uma grande variedade de ofertas formativas no campo da escrita criativa e, infelizmente, ainda não tive a oportunidade de participar em nenhuma. Penso que seria útil pois dotar-me-ia de mais algumas ferramentas que permitissem uma maior correcção na expressão escrita, mas, sobretudo, desafiar-me-ia a pensar out side the box.

No entanto, para escrever bem, não há nada melhor do que… escrever. Quase todos os dias exercito a minha expressão escrita com os pequenos textos publicados neste blog. Mas estes não são os exercícios que me dão “dores de cabeça”. Essas são a nível profissional, onde tenho de produzir textos tão variados como: ofícios, mails, declarações, actas, normas, slogans, press releases, etc. não é à toa que muitas vezes digo que deveria receber um ordenado de copywriter, mas o mais correcto era auferir como ghostwriter, uma vez que grande parte dos textos que produzo são posteriormente assinados pela minha chefia.

Isto suscita-me a questão: para quando formações em escrita funcional?

A verdade é todos deveríamos sair do sistema de ensino aptos a escrever bem, mas tal não acontece e testemunhamos frequentemente com cada pontapé na gramática que até provoca calafrios. Ou seja, seria bastante útil para muita gente, e inclusive para mim, a existência deste tipo de formações, pois quase todos nós somos profissionalmente obrigados a desenvolver textos que obedecem a directivas e formatos específicos, bem como a terminologia própria. Assim, poderíamos ter mais ferramentas que nos permitissem pensar inside the box, o que por vezes também obriga a grandes exercícos de criatividade.

18.6.09

livro do português errante, Manuel Alegre

Nesta obra fundem-se as duas acepções que o título pode assumir:

1. português errante – homem oriundo de um país em deambulação pelo mundo;

2. português errante – língua utilizada através de tentativa e erro.

A primeira acepção tem como referência máxima o périplo de Ulisses e o seu desejo sempre adiado de retornar à sua Ítaca natal. A segunda acepção apresenta-nos uma poética do autor do qual se destaca um excerto:

Um livro. Navegação por dentro

Errância que não chega a nenhuma Ítaca.

Um livro se repete. Um livro

Essa pergunta

Incognoscível código do ser.

Metáfora de cornos e pés-de-cabra.

Um livro. Esse buscar

Coisa nenhuma.

Ou só o espaço

O grande interminável espaço em branco

Por onde corre o sangue a escrita a vida.

Um livro.

As duas tornam-se indissociáveis no sujeito poético e formam a sua identidade, na qual ramificam ainda outras referências bíblicas, clássicas e literárias.

17.6.09

jardim secreto

Ela deixa-te entrar na sua casa
Se chegares pela noite dentro
Ela deixa-te entrar na sua boca
Se disseres as palavras certas
Se pagares o preço
Ela deixa-te entrar em si
Mas há um jardim secreto Escondido

Ela deixa-te entrar no seu carro
Para dar uma volta
Ela deixa-te entrar nos seus meandros
Para te desarmar
Ela deixa-te entrar no seu coração
Se tiveres um martelo e um escolpo
Mas no seu jardim secreto, nem penses.

Precorreste milhares de quilómetros
Até onde irás
Até àquele lugar que não consegues recordar
Nem esquecer

Ela conduz-te por um trilho
Com muito carinho no ar
Ela deixa-te entrar apenas o suficiente
Para que saibas que existe
Ela oha-te e sorri
E o seu olhar diz
Ela tem um jardim secreto
Onde tudo o que desejas
Onde tudo o que necessitas
Estará sempre
A milhares de quilómetros de distância
Secret Garden, Bruce Springsteen

16.6.09

Sabedorias

A leitura do mundo antecede a leitura da palavra.

Paulo Freire

13.6.09

Anamnese

O paciente sofre de pletora, o que explica os síntomas de mau estar geral. Esta patologia conduz a um debilitante estado de estase física e anímica.

Sugere-se um tratamento com base num novo fámaco existente no Mercado, no entanto, o paciente mostra-se recalcitrante quanto à sua posologia.

12.6.09

baptismo capoeira

pela primeira vez, assisti a um baptismo de capoeira, organizado pelo Grupo Muzenza na EB 2+3 Maria Alberta Menéres, em Mem Martins. Reuniu cerca de 50 participantes da modalidade e outros tantos de público em grande animação ao ritmo da ginga brasileira.

11.6.09

Palavras # 164 a 166

Avoengo - do b. Lat. Avolencu. adj., que procede de avós; relativo aos avós; s. m., (no pl. ) antepassados de quem descendemos em linha recta.

xantodermia - s. f. 1. Coloração amarela da pele. 2. Icterícia localizada em certos pontos dos tegumentos (palmas das mãos, planta dos pés, etc.).

calistenia - s. f. Ginástica rítmica.

10.6.09

e muitos feriados para festejar…

para a maioria de nós, um feriado é um dia de descanso suplementar. Por vezes, significa um fim-de-semana alargado, gasto parcialmente em viagens para o Algarve, onde se encontra todos aqueles que tentamos evitar cá pelo burgo. Confesso que não percebo a sedução de conduzir uma série de horas para me estender como lagarto ao sol em sítios onde não há nada mais do que fazer do que isso.

Esta semana é pródiga e invulgar em feriados: dois para a maioria, tripla para os lisboetas. Mais do que fim-de-semana grande, é uma semana de férias, o que significa manada por essa A2 a baixo e que se lixe a participação cívica no domingo passado. Afinal, valores mais altos se levantam.

Será que esta situação alguma vez se inverterá? Como afirma António Barreto no seu discurso nas comemorações de hoje, Portugal mudou muito nas últimas décadas, mas estas mudanças ainda não atingiram o nível necessário e desejado: o progresso. Ainda mantemos uma série de pecadilhos identitários e falhamos a desejada “instrução” que nos permitiria, por exemplo, interiorizar a noção de cidadania europeia e o seu impacto no nosso quotidiano.

A sociedade modernizou-se, mas sem mudanças de mentalidades nunca será possível fugir à mediocridade.

9.6.09

O casamento - Parte II

Como dita a tradição e o bom senso organizativos deste tipo de eventos, fiquei sentada na mesa dos amigos da noiva. Eram quase todos casais, à excepção de mim e da Teresa, mas essa por razões diferentes da minha. Recém separada não está ainda pronta para navegar nas águas ora turvas ora turbulentas de uma nova relação. Foi uma separação sofrida, como na sua maioria, com traições, insultos e muitas mágoas. Éramos assim as solteiras solteiríssimas da mesa.

Havia também a mesa dos amigos do noivo, que ficava contigua à nossa. A composição não era muito diferente, quase tudo casais à excepção de um corajoso solteiro. No fundo, comparecer a este tipo de evento sozinho requer uma certa dose de coragem. Há quem se recuse sequer a comparecer por não ter companhia no momento. Mas há uns quantos de nós que se estão borrifando para as expectativas sociais dos outros, e até próprias, e avançam, mesmo sem alguém pelo braço.

O corajoso solteiro ficou sentado quase na minha direcção. Não estávamos frente a frente, mas sempre que um de nós se inclinava para falar com um colega de mesa os nossos olhos cruzavam-se. Daí que partilhámos vários dos sorrisos da praxe nestas situações. Afinal, entre o início do copo de água e a saída gradual dos convidados, ainda decorrem algumas horas.

8.6.09

Anamnese

O paciente padece de dipsomania, o que está na causa dos seus vários surtos comportamentais, que actualmente são susceptíveis de colocar em perigo quer a sua integridade física, quer a de outros.
Durante estes surtos, o paciente apresenta um comportamento incoerente, durante o qual emite sons estrídulos, semelhantes a animais em pânico. Neste estado de alimária conduz o paciente a um estado de força bruta que torna quase impossível o seu controlo por parte dos técnicos de saúde sem o recurso a medicamentos.

7.6.09

eleições para o parlamento europeu

Preferências ou simpatias politicas à parte, o que mais choca, neste e noutros actos eleitorais, é a elevada taxa de abstenção, sobretudo nas camadas mais jovens. Quando as pessoas se divorciam das decisões que lhe dizem respeito é de lamentar, pois este é um dos momentos em que as nossas opções importam e fazem diferença.

A taxa de abstenção das eleições para o parlamento europeu rondou os 63%, o que é ainda mais impressionante, pois a União europeia regula actualmente grande parte das nossas vidas. Este nível de abstenção revela uma grande inconsciência colectiva. A maioria das pessoas não tem noção de como é a nível europeu que grande parte do nosso quotidiano é decidido e por isso mesmo é imperioso que todos tenhamos algo a dizer sobre quem nos representa.

6.6.09

POESIA MATEMÁTICA!

Quem 60 ao teu lado e 70 por ti,
vai certamente rezar 1/3
para arranjar 1/2 de te levar para 1/4
e ter a coragem de te dizer:
20 comer!!!

5.6.09

Como tornar-se um leitor...

... em 10 passos .

1.º – Escolha uma data para começar a ler e respeite-a.

2.º – Evite começar por livros considerados literatura light, pois embora o nome seja encorajador não reflecte de todo a realidade e pode destruir a melhor das intenções.

3.º – Livre-se de todos os telemóveis, playstation, dvd’s e afins que tenha por perto.

4.º – Depois de começar a ler não pode parar sem, pelo menos, chegar ao fim do primeiro capítulo; deixá-lo a meio aumenta consideravelmente o risco de desistir antes mesmo de ter começado.

5.º – Para se auto-motivar, pense muitas vezes em todos os benefícios da leitura.

6.º – Peça às pessoas que estão à sua volta que não bocejem nem se deitem no sofá a ver os programas de televisão que passam em horário nobre.

7.º – Peça ajuda a um profissional - pode ser um livreiro, um editor, um professor, etc. – ou participe em fóruns e blogues da especialidade. Estas comunidades de leitores ajudá-lo-ão a integrar-se mais facilmente na sua nova realidade.

8.º – Mude de hábitos, a fim de evitar locais onde possa conviver com pessoas completamente desinteressantes.

9.º – Não faça pausas muito grandes e complemente-as com a leitura de um jornal, revista, de banda desenhada ou de uma história infantil.

10.º – Parabéns. Se chegou até aqui é porque já é um leitor. No entanto, evite os entusiasmos exagerados, como, por exemplo, passar a considerar-se um intelectual.

Magnificas lições de Pó dos Livros.

3.6.09

beijei uma rapariga e gostei

nunca planei, foi sem intenção

ganhei coragem, de bebida na mão, perdi a discrição

não estou habituada, apenas quero provar-te

deixas-me curiosa, chamas-te a minha atenção.


beijei uma rapariga e gostei

Do sabor framboesa do seu batom

Beijei uma rapariga apenas para experimentar,

Espero que o meu namorado não se importe.

Soube a errado

Soube tão bem.

Não significa que esteja apaixonada esta noite

beijei uma rapariga e gostei, gostei.

Não, nem sequer sei o teu nome, não importa.

És o meu jogo experimental, apenas natureza humana.

Não é o que as meninas boas fazem, nem como se devem comportar.

Fico tão confusa, sem obedecer.

Nós raparigas somos tão mágicas,

Pele suave, lábios vermelhos, tão apetecíveis.

Difíceis de resistir, tão sensuais.

Demasiado boas para resistir.

Não é nada de mais, é inocente.
I Kissed A Girl, Katy Perry

2.6.09

a terceira rosa, Manuel Alegre


Esta foi a minha primeira incursão pela escrita de Manuel Alegre e não será a última, pois estou a ler a edição da colecção Frente e Verso e ainda me resta ler o Livro do Português errante. No entanto, não apreciei particularmente esta Terceira rosa.

Como afirma Clara Rocha no posfácio à obra, o autor transporta para o nosso século “as questões e as regras do amor cortês”. Ou seja, retrata o “amor da mulher ideal e inacessível, e os obstáculos que dificultam a união amorosa”, que conduzem o amante a uma paixão que “está ligada à morte e implica a destruição para aqueles que a ela se entregam plenamente.

Embora em termos estilístico e temático o romance seja bem conseguido, este não é um género literário que me apraze, dai que a leitura do mesmo tenha sido morosa e pouco recompensadora. No entanto, levou-me a pesquisar alguns poemas sobre a rosa – já aqui postados – da autoria de Ronsard, Yeats e Cummings, o que foi bastante interessante.

1.6.09

A persistência da tecla

aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaabbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbccccccccccccccccccccccccccccddddeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeefffffffffffffffffffffffffffffgggggggggggggggggggggggghhhhhiijjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkklllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnooppppppppppppppppppppppppppppppppppppqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssttttttttttttttttttttttttttttttuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuvvvvvwwwwwwwwwwwwwwwwxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyz.