Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
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30.4.14

O Teu Rosto Será o Ùltimo, João Ricardo Pedro

Este livro ficou nas bocas do mundo por, ao ter ganho o prémio Leya, ter sido uma primeira obra, escrita numa situação de desemprego, cujo autor aproveitou esse hiato profissional para cumprir o sonho da escrita. Ou seja, esta é exactamente uma daquelas histórias que se lêem nos livros.
E como primeira obra, vale o muito que se escreveu sobre ela? Sim. Revela maturidade, organização, opções estilísticas, personagens e episódios sui generis. Relata a história da família Mendes através de 3 gerações masculinas que atravessam a ditadura, a guerra colonial, o 25 de abril e as décadas posteriores. As vidas destes três homens emaranham-se em cruzamentos com consequências inesperadas e insuspeitas.
Em rescaldo da leitura de O Eléctrico 16, de Filomena Marona Beja, não posso deixa de tecer algumas comparações. A moldura temporal é similar e é nos dada igualmente por três gerações de uma mesma família. Mas o facto de estas serem femininas, a visão não é a mesma. No livro de JRP, devido às ocupações profissionais masculinas, temos uma visão e episódios mais cruéis e violentos.
É um livro a ler com atenção e que recomendo.

29.4.14

Uma mulher está sempre a inventar maneiras de fazer as coisas. De ver o é preciso e começar o que há a fazer, sem ter de pedir permissão. Uma mulher tem sempre o tempo ocupado com o imediato, por isso não perde tempo com o que está para vir e não depende de si. Se dependesse de si, o mundo estaria perfeitamente arrumado, com as contas em ordem, com comida em cada mesa, com cada criança acarinhada e educada para o dia de amanhã, com cada velho amparado nas suas debilidades.
 
Bellor

28.4.14

#3: é demorado

Sempre tive dificuldade em estabelecer metas a longo prazo. Qualquer plano que se alongasse no tempo tinha um efeito de desistência.
Até uma certa idade, temos muita dificuldade em perspectivar o futuro: ainda falta tanto. Como é que se vê daqui a 3, 5, 10 anos? Nunca consegui muito bem fazer esse exercício.
Depois, apercebi-me que: se investi 4 anos numa licenciatura, se trabalho há mais de 10 no mesmo local, se sou capaz de planear a curto prazo, então também sou capaz de o fazer a longo prazo. A diferença é que vai demorar um pouco mais e vai exigir uma maior perseverança.
Não é fácil apostar em objectivos cuja concretização é demorada, mas o mundo está repleto de exemplos (até de um certo estoicismo) cujos resultados todos nós usufruímos. Não me querendo comparar a tais exemplos, apenas tenho que ter em mente que tudo é possível. E se os últimos anos passaram num instante, os próximos passarão ainda mais rápido.
 

26.4.14

Palavras #504 a 506

locupletar - (latim locupleto, -are, enriquecer) v. tr. e pr. 1. Tornar ou tornar-se rico. = ENRIQUECEREMPOBRECER 2. Tornar ou ficar completamente cheio. = ENCHERESVAZIAR
impar - (espanhol hipar) verbo transitivo e intransitivo 1. Fazer soluçar ou soluçar convulsivamente. verbo intransitivo 2. Abafar, respirar a custo. 3. Encher-se de comida ou bebida. verbo transitivo 4. [Figurado] [Figurado] Mostrar-se soberbo, petulante ou desdenhoso.
concitarv.  tr. 1. Instigar (para o que é mau). 2. Excitar, provocar.

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/

24.4.14

A Casa e o Cheiro dos Livros, Mª Rosário Pedreira

Há muito que sigo o blogue Horas Extraordinárias, desta autora, e tenho igualmente tropeçado em alguns dos seus poemas através da internet. No entanto, só agora peguei num volume completo. Este é um volume de poemas de que transparece uma memória outonal de verões passados, polvilhados pelos cheiros e cores de casas familiares, corpos amantes e esperanças estivais.

23.4.14

De repente, o adulto somos nós. Os velhos acabam-se e com eles a nossa rede de segurança. Aquela que é suposto sermos para os mais novos e que percebemos muito longe de o ser. Será que sempre tive essa consciência e por isso nunca arrisquei a maternidade?
 

22.4.14

Ficou vazio o teu lugar à mesa, Mª Rosário Pedreira

Ficou vazio o teu lugar à mesa. Alguém veio dizer-nos
que não regressarias, que ninguém regressa de tão longe.
E, desde então, as nossas feridas têm a espessura
do teu silêncio, as visitas são desejadas apenas
a outras mesas. Sob a tua cadeira, o tapete
continua engelhado, como à tua ida.
Provavelmente fiará assim para sempre.

No outro Natal, quando a casa se encheu por causa
das crianças e um de nós ocupou a cabeceira,
não cheguei a saber
se era para tornar a festa menos dolorosa,
se para voltar a sentir o quente do teu colo.
 

21.4.14

Todas as Cores do Vento, Miguel Miranda

Esta foi a minha primeira incursão na obra deste escritor portuense, médico de profissão. É uma história situada nesta cidade, mais propriamente num prédio, cujos inclinos são, talvez, o mais dispares possível. Começando pelo dono do prédio, Narhanda – indiano, e passando por um judeu, por um palestiniano que transportam para as traseiras do prédio o conflito que move estes dois povos há séculos. Juntam-se-lhe Antolino Guardado, testemunha e jeová e em fase de elaboração de uma tese sobre Cubas Brás, imortalizado pela obra homónima de Machado de Assis, e Maria Magnifica, agnóstica, portageira e amante virtual, que se esconde sobre o avatar de Alba Green. Esta revela-se a incógnita grande paixão de Herberto Brum, o mais recente residente deste prédio, falso poeta e professor catedrático, herdeiro de uma secreta e bastarda linhagem do dito Brás Cubas. Uma reunião de personagens antagónicos, cujo elemento unificador é um gato preto de nome Napoleão, Quincas, Faisal, David, reflectindo através de cada nome os vários habitantes do prédio.

20.4.14

O rapaz não lhe parecia néscio. Olhava através dela sem que nada parecesse acicatá-lo. Tentaria uma última peroração.

19.4.14

#12 – sou demasiado velha

Talvez seja esta a desculpa que menos utilizo na minha vida, fruto de um trauma materno: ainda não tens idade para isso ou já não tens idade para isso. Então, qual é a idade, seja para o que for? Numa sociedade em mudança e em que os rótulos que nos restringem também tendem a cair, será que somos demasiado velhos para alguma coisa?
Actualmente, somos obrigados a uma constante aprendizagem para poder dar respostas às mais variadas exigências, profissionais e não só. Logo, não somos demasiado velhos para estudar. Tal como não o somos para mudar de trabalho, pois há muito que não há trabalhos para a vida. Logo, somos muitas vezes obrigados a reequacionar os nossos sonhos. E muitas vezes, ao sermos obrigados a recomeçar uma nova vida, apenas nos resta mesmo cumpri-los.
 

18.4.14

Palavras #501 a 503

estertoroso -  |ô| (estertor + -oso) adj. Diz-se da respiração que imita o ruído da água que ferve. Plural: estertorosos |ó|.
letargos.m. 1. Letargia. 2. [Por extensão] Sonolência, modorra. 3. [Figurado] Indolência. 4. Olvido, esquecimento.
logradouro - (logrado, particípio de lograr + -ouro) s. m. 1. Coisa usufruída ou gozada. 2. Terreno ou espaço anexo a uma habitação, usado para serventia ou com outras funcionalidades. 3. Espaço público comum que pode ser usufruído por toda a população. 4. Campo de pastagem comum ou público.

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/

17.4.14

#10 – não sou forte o suficiente

Diz o adágio que Deus não nos dá um fardo maior do que aquele que podemos suportar. Será? A verdade é que só temos duas hipóteses: ou aguentamos e fazemos o melhor possível com as circunstâncias que nos são dadas e com as que criamos ou não aguentamos. E infelizmente há demasiadas histórias na nossa comunicação social de quem não aguenta.
Todos estamos sujeitos à dor física, à dor psicológica e à pressão. Não temos os mesmos níveis de sensibilidade, logos não lidamos com elas da mesma forma. Não sou demasiado forte, mas tenho-me encontrado mais forte do que à partida julgava. E isso também me tem incentivado a prosseguir e a batalhar por outros objectivos. Mas também sou sensível. Sinto-me por vezes sem força para as batalhas que tenho de travar. Por vezes tenho de parar, fazer uma pausa e tomar balanço para a corrida de fundo que me espera. Quanto aos sprints, esses sim, não são o meu forte.

16.4.14

Palavras #498 a 500

escançãos. m. 1. [Enologia] Profissional especializado em vinhos nos restaurantes. 2. [Antigo] Aquele que deitava a bebida nas taças dos convivas. 3. Oficial da corte encarregado de servir o vinho na copa e oferecê-lo ao rei nas refeições. 4. Copeiro.
escansãos. f. 1. [Música] Subida de tom. 2. Elevação de ritmo (no verso). 3. [Literatura] Medição ou divisão em elementos métricos.
presbitismos. m. Lesão ocular que não deixa ver distintamente os objectos miúdos senão quando estão à distância mais que regular; vista cansada. = PRESBITIA

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/

15.4.14

É meio da tarde de um dia de férias. Sento-me na varanda para aproveitar o aleatório sol de primavera. Preparo-me para ler um pedaço de livro, mas a minha mente dirige-se para outras paragens. Nestes meses de março a maio, principalmente, aglomeram-se as memórias dos nacimentos e mortes de quem me é próximo, pai, mãe e irmão (não exactamente por esta ordem).

Por mais que me encha de afazeres, as noites, ou momentos como estes, trazem-mos sempre de volta. Entre sorrisos, angustias e o silêncio de tudo o que entre nós não foi dito. Tudo se mescla numa melancolia agri-doce: grata pelas suas passagens na minha vida, impotente contra a sua ausência.

Muitas vezes apetece-me chorar. Mas também o choro parece ter-se esgotado e fica não sei bem o quê. E depois vem outro dia, outros desafios que relembram que continuamos aqui, vivos, bem ou mal, a lutar pelo nosso bem estar físico e mental.
 
 

14.4.14

Palavras #495 a 497

bambúrrios. m. 1. Carambola que se faz por onde não era jogada. 2. Acaso feliz.
carambola - |ó| s. f. 1. No bilhar, embate da bola nas outras duas. 2. Bola vermelha do bilhar. 3. Carambolice, tratantada. 4. [Botânica] Fruto do caramboleiro. 5. Caramboleiro. 6. [Ornitologia] Ave de arribação. 7. [Regionalismo] Acto de matar duas perdizes com um tiro.
derrotes. m. 1. [Tauromaquia] Acto de o touro levantar a cabeça, depois de a ter baixado para marrar. 2. [Popular] Destruição de plantações. 3. Derrota (de árvores).

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/

13.4.14

Hannah sentou-se à sombra do sicómoro. Só quando ajeitou a epígona boá ao pescoço é que percebeu que a descida de temperatura se devia ao avanço do ocaso.

Red & Green Hair, Ayala

12.4.14

As minhas Lições de vida (so far)


  1. Saber esperar & Evitar precipitações
  2. Saber o que é e como se vai passar
  3. Menosprezar a sorte tem custos
  4. Não há situações iguais
  5. As pessoas continuam a ser felizes
  6. Partilhar também ajuda
  7. Manter rotinas
  8. Alternativas sim, mas com critério
  9. Nunca colocar toda a energia e esperança numa única opção de vida
  10. Procurar soluções onde elas estiverem
  11. Celebrar a vida
  12. Não há uma única solução
  13. Acreditar leva-nos longe
  14. Resolver um problema de cada vez
  15. A vida continua

11.4.14

#4 – dará origem a problemas familiares

Há quem considere que só atingimos verdadeiramente a maioridade quando conseguirmos ultrapassar a nossa família. Não no sentido de a desmerecer ou de não lhe reconhecer a sua importância, mas no sentido de nos libertarmos das suas diversas e peculiares idiossincrasias.
O receio que muitas vezes temos de enfrentar ou ir contra aqueles que tão intimamente nos rodeiam, apesar de compreensível e normal, há que ser vencido. O que julgamos vir a ser um problema, muitas vezes não se concretiza. No entanto, esquivar-nos a uma situação, regra geral, origina ou desemboca em situações problemáticas com desfechos dolorosos e consequências imprevisíveis.

10.4.14

Palavras #492 a 494

parietário - (latim parietarius, -a, -um) adj.1. Relativo a ou próprio de parede. = PARIETAL 2. Que cresce nas paredes (ex.: erva parietária).
látego sub.m. 1. Chicote de couro ou de corda entrançada; azorrague. 2. [Figurado] Castigo; flagelo. 3. [Figurado] Estímulo. 4. A corda da cilha e da sobrecarga, vulgarmente chamada enquerideira. Confrontar: latejo.
molossosub.m. 1. Cão grande de guarda. 2. [Figurado] Guarda-costas, valentão. 3. [Linguagem poética] de verso de três sílabas longas. 4. [Botânica] Grande árvore africana. Plural: molossos |ô|.

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/