Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
Mais informações: www.cm-sintra.pt

30.6.14

Noiva Prometida (2012)

Este é um daqueles filmes em que tropeçamos e nos quedamos a ver, mas que à primeira vista nos passaria ao lado. Conta-nos a história de Sharia, uma jovem de 18 de uma comunidade judaica acídica, cuja perspectiva de casamento com o jovem que deseja se vê gorada com a morte prematura da irmã mais velha, durante o parto.
Para evitar o afastamento da criança da família materna, a avó começa a tecer a possibilidade de casamento entre os então dois cunhados. Indecisa entre as suas aspirações e as aspirações familiares, Sharia vai redefinir as suas expectativas e afectos e acaba por aceitar o casamento.
Este é um filme que nos faz reflectir sobre os vários papéis, sobretudo familiares, que uma mulher desempenha na sociedade e qual a liberdade que este lhe reserva para os desempenhar. Sharia acaba por aceitar criar um filho que não é seu, casar com o marido que não era a sua escolha inicial e para ela também não foi a primeira escolha, substituindo a irmã nalguns dos seus papeis, exceptuando talvez o de filha. E ao observarmos o título em inglês, e o prórpio filme, fica a questão: serão os sentimentos de Sharia sinceros ou apenas uma forma de lidar com a exprectativa e pressão familiares.
Ao observar um pouco esta cultura diferente, com características que, considerando a minha educação e aprendizagem, sou incapaz de aceitar e até compreender, faz-me também reflectir sobre as formas como cada sociedade, de algum modo, ampara os seus.

Título original: Lemale et ha'halal * Realização:  Rama Burshtein * Argumento: Rama Burshtein * Elenco: Hadas Yaron, Yiftach Klein, Irit Sheleg

29.6.14

Hannah admirava a sabedoria ancestral da sua avó sobre o poder curativo das plantas. Para ela existiam árvores, plantas e flores. Para a avó, cada uma era a resposta da natureza para quase todos os males do corpo humano. Quanto à mente humana, isso só aos próprios homens dizia respeito. Mas Hannah desconhece os segredos que se esconde, na aspidistra, na calêndula ou na casca de qualquer cornífera.

27.6.14

Aflição de ser eu e não ser outra, Hilda Hist

Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.
 
Alexander McQueen
 

25.6.14

O novo retorno

Na minha infância a palavra retornado tinha um sentido depreciativo cujo significado desconhecia e que me parecia incompreensível. Hoje, em posse do seu significado histórico, penso que são poucos os que compreendem a dimensão humana do retorno. E penso também que estamos actualmente a assistir a um novo retorno (mais doméstico, é certo) de muitas famílias jovens a casa dos seus pais ou outros familiares.
O desemprego, o trabalho precário, a incapacidade e incumprimento financeiro que impossibilita ou termina quaisquer perspectivas de estabilidade, transformando sonhos em pesadelos. E se há uma geração de jovens que buscam o estrangeiro como solução para cumprir as suas perspectivas de futuro, há também aqueles para quem essa não é sequer uma opção, pois a única rede de apoio é ainda quem os acolhe aqui.
Que futuro para estes retornados? Como irão alguns deles recuperar os seus sonhos, a sua auto-estima e até a dignidade que julgam roubada.

24.6.14

Aritmética Emocional (2007)

Numa quinta canadiana, a mulher de um professor universitário , juntamente com o filho e o neto, recebe a visita de um poeta que traz consigo uma companhia inesperada. Os três recordam a sua passagem por Darcy, um campo de concentração às portas de Paris, onde 40 anos antes se conheceram e teceram uma relação tão intensa que permaneceu intacta durante as décadas de separação seguintes. Juntos pela primeira vez, fazem a aritemética possível a esse passado traumatizante, que condicionou para sempre a sua vivência e dos que partilharam a sua vida.

Título original: Emotional Arithmetic * Realização:
Paolo Barzman * Argumento: Jefferson Lewis, baseado na obra homónima de Matt Cohen * Elenco: Susan Sarandon, Christopher Plummer, Gabriel Byrne, Roy Dupuis, Max von Sydow

23.6.14

Jesusalém, Mia Couto

Um viúvo isola-se juntamente com os dois filhos e um ajudante numa antiga coutada e ai estabelece a sua pátria. Mas o desejo de crescimento dos dois jovens e a inesperada visita de uma mulher branca em busca do apaziguamento do seu luto vão por terra a frágil fronteira deste reino pessoal e intransmissível.

22.6.14

Enquanto ajeitava o colandréu, observava como a quibuca parecia consumir-se no horizonte rumo ao por do sol.

21.6.14

Amar... é Complicado! (2009)

Não há idade para as comédias românticas, nem para os seus protagonistas. A comprova-lo está a presença cada vez mais assídua neste tipo de registo da antiga rainha do drama: Meryl Streep. Desta feita, interpreta uma mulher a recuperar do divórcio que, quando começa a sair com novas pessoas, se envolve novamente com o ex-marido e também com o arquitecto responsável pela renovação da sua casa. Também el divorciado, vão (re)encontrar-se mas não sem antes haver muita peripécia e algumas lágrimas pelo meio.
Título original: It's Complicated * Argumento & Realização: 
Nancy Meyers * Elenco:  Meryl Streep, Steve Martin, Alec Baldwin, John Krasinski, Mary Kay Place, Rita Wilson, Zoe Kazan, Hunter Parrish

20.6.14

joão pedro grabato dias

A mulherinha estava a pedir pega-me
naquele olhar de corna mansa, e então
fiz das tripas menores um coração
embrulhei-o em luxúria e num béguin

impetuoso e urgente, qual salame
perverso a mugir trinca-me glutão
abalei a voar no avião
rotativo daquele olhar. Eu chame-me

cão gravata se não valeu a pena!
Ó licor da vingança, ó bruta cena!
Tinha, enfim, sob a espora, sob a mão

soba espúrio, soba ex-puro a esposa
grata do chefe, e sob a esposa a musa
ingrata dum tinteiro da nação.


 

19.6.14

Que dizer do que sinto por ela. Que me arrebatou e ainda hoje me traz preso na sua memória. Que foi a primeira e que me arruinou para qualquer outra mulher. Que em todas procuro o seu cheiro a suor fresco e aroma a alfazema. Que de depois de tudo o que descobri, ainda assim não a consigo compreender. Que tudo o que sei dela sãos as perguntas que não imaginei fazer. Que nunca me deixou entrar nos seus receios, anseios ou pensamentos. Que as suas palavras apenas exprimiram sentimentos pelos livros lidos em voz alta filtrados pela luz morna do final da tarde. Que, se o houve, nada sei do seu amor por mim...

18.6.14

Há tantas histórias que te quero contar. Talvez assim percebas os meus quês. Algumas são rápidas. Outras têm as suas voltas e necessitam do seu tempo. E tempo é algo que ainda nos temos de dar.

17.6.14

há pessoas que me irritam e para ultrapassar essa irritação preciso perceber a sua origem. Então, obrigo-me a uma pausa para analisar a minha relação com essa pessoas, algumas das suas características, compreender o porquê, corrigir e depois ultrapassar, pois não podemos dar a ninguém o poder de nos irritar.
Desta feita, vejo-me a analisar M. é uma pessoa inteligente e que luta pelos seus objectivos. e isso é de louvar. No entanto, não é confiável, pois, se necessário, queima até quem lhe deu a mão ou quem teve o cuidado de não a prejudicar. Isto faz-me estar num constante estado de vigilância, pois a qualquer momento pode surgir um ataque que nunca é explícito. É sempre dissimulado. Sendo esta uma característica que não me é natural, e ao qual na verdade não aspiro, mas contra o qual percebo que tenho de me defender, devo reconhecer que lhe devo o desenvolver deste tipo de esperteza de sobrevivência.
Por outro lado, percebo que este ataque também tem génese num ciúme relativo a algumas das minhas conquistas. Embora tenha lutado por elas e considere que, se as quer também tem de as merecer, no fundo, a sua reacção é imatura, a verdade é que pelos visto também causo uma certa comichão à dita pessoa. E embora tenha as minhas teorias, só a ela cabe encontrar a razão da sai “comichão” e acabar com ela.

16.6.14

Palavras #513 a 515

consumpção - |umpç ou unç| s. f. 1. Acto de consumir. 2. Destruição lenta mas progressiva. 3. [Medicina] Definhamento.
quibucas. f. Caravana de negros em Angola.
colandréus. m. [Portugal: Trás-os-Montes] Gola do casaco, da véstia, etc.

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/

15.6.14

Hannah e Georg encontrar-se-ão a qualquer momento das suas existências, não fossem eles protagonistas destas esparsas tentativas de literaturidade. Não é necessária nenhuma hierofania para se antever tal desenlace, afinal este autor apenas aspira a uma tal de qualidade literária, mas, como se constata, ainda não conseguir tecer uma história inconsútil. Tudo é visível e, talvez, previsivelmente risível.
Assim, tal encontro dar-se-á no decorrer de páginas futuras e o resultado apenas não será estrondoso devido á astrapafobia do autor.
 

14.6.14

Palavras #510 a 512

aguazil - |àg| s. m. 1. Governador, entre os árabes e os persas. 2. [Antigo] Antigo oficial de justiça. = ESBIRRO, MEIRINHO
colza - |ô| s. f. Couve silvestre que serve de forragem e de cuja semente se faz óleo.
embotar - (em- + boto + -ar) v. t. 1. Tornar boto. 2. Tornar menos cortante, menos agudo. 3. [Figurado] Fazer perder a sensibilidade, o gosto, a energia. 4. Tirar a agudeza, a perspicácia. V. p. 5. [Figurado] Tornar-se inepto, estúpido. 6. Toldar-se, turvar-se.

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/

13.6.14

A Conceit, Maya Angelou

 Give me your hand
 
Make room for me
to lead and follow
you
beyond this rage of poetry.
 
Let others have
the privacy of
touching words
and love of loss
of love.
 
For me
Give me your hand.
 
 

12.6.14

Hoje, recebi um ramo de flores. Inesperado, deixou-me um sorriso durante o resto do dia.
De volta a casa, no comboio, foi roubado à saída de uma paragem anterior. De novo a surpresa. Mas não fiquei irritada. Não. Hoje alguém mais ficará feliz com as mesmas flores. Eu continuo com o mesmo sorriso. E outro alguém sentir-se-á igualmente acarinhado.
 

11.6.14

Milagrário Pessoal, José Eduardo Agualusa

Iara, uma jovem linguista, responsável pela pesquisa e fixação de neologismos, depara-se com novos vocábulos perfeitamente integrados no léxicos português e no quotidiano dos seus falantes. Para perceber este fenómeno, recorre à colaboração de um antigo professor angolano, que lhe apresentará a longínqua língua dos pássaros.
Como sempre, a leitura de Agualusa exerce em mim um efeito sedutor e relaxante, à qual é sempre regenerador voltar.

10.6.14

Prazer do dia

3 ovos
Muitos coentros
Uma pitada de sal, alho em pó, pimenta preta e cebolinho
1 golo de leite

Tudo bem mexido para dar leveza e uma frigideira bem quente para queimar os rebordos.

E eis um momento ratatui.

9.6.14

A Hora da Estrela, Clarice Lispetor

Há muito que tinha a intenção de incursar na obra desta renomada autora cuja estranha produção literária fascina leitores e teóricos e agora percebo porquê: primeiro estranha-se e depois entranha-se. A primeira reacção foi de desconforto devido ao quebrar e questionar das regras de construção narrativa, de enredo e de personagens (atípicas). Mas também se percebe imediatamente que é exactamente esse quebrar e questionar que fascina tóricos e leitores.
A Hora da Estrela é protagonizada por Macabea - uma mulher servil, subserviente e inapetente para a vida - ou pelo seu narrador – quiçá alter ego da autora, que questiona constantemente o seu papel e o do escritor: “...só escrevo o que quero, não sou um profissional...”; “...escrevo ... por motivo grave de força maio...”; “... não, não é fácil escrever. É duro como quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados.” E sendo este trabalho por vezes tão dilacerante, só é possível explica-lo exemplificando o acto da escrita através da (re)criação de um personagem real, porque é real na mente do escrito/narrador: “...só eu, seu autor, a amo.”

8.6.14

Dia de inauguração. Tudo engalanado para a apresentação públcia dos recém descobertos manuscritos alusivos à chegada dos colonos à região. Expostos no cartapácio original, a sua apresentação poderá significar uma vaga de contributos mais ou menos anónimos para o museu, além –claro – o manifesto interesse e contributo para a história local.
Tudo deveria estar imaculado.
Mas no melhor pano, ou até manuscrito, cai a mascarra, revelando uma negligência grosseira dos funcionários e, como tal, da instituição. Como tolerar tal situação? Impossível. Dai estarem todos a sofrer com o impressionante ataque atrabiliário do curador da exposição.
 

6.6.14

Desperdício 3, Sebastião Belfort Cerqueira

 
Desperdicei ouvintes muitas vezes
Na esperança de poder mais que falar
Sem planos para lá das intenções
Tiros limpos quis fazê-los difíceis
Com excesso de barulho e desrazões
E ainda assim ter sol até à porta
E a porta até à tarde e até à estrada.
Admito que houve vezes que sorri
Que se pudesse agora retirava
Que espero que quem viu tenha esquecido
E que parecem pouco ou quase nada
Ao lado do que já disse ao ouvido.

5.6.14

Está no Ar! (2012)

Uma locutora de rádio, consultora sentimental cheia de traumas e complexos, enceta uma busca pela sua mãe biológica, que a deu para adopção. Ao descobri-la, envolve-se com a sua família antes de se apresentar e tenta perceber as razões do seu abandono. Neste processo, vai suscitar o enamoramento de um homem mais jovem, cuja relação é minada pelos seus traumas e inseguranças.

Título original: Parlez-moi de vous * Argumento & Realização: Pierre Pinaud Stars: Karin Viard, Nicolas Duvauchelle, Nadia Barentin

4.6.14

Quando morre um irmão, morrem também a nossa juventude e a nossa infância. Já não é possível voltar atrás, pois já não há com quem o fazer.

3.6.14

Para quem acredita na existência, não de magia, mas de momentos mágicos não há como a simplicidade de uma noite de primavera pontilhada a pirilampos.

2.6.14

Voluntariado Sintra Jovem

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A Câmara Municipal de Sintra promove o “Voluntariado Sintra Jovem”, um projeto que oferece aos jovens munícipes, dos 15 aos 21 anos, a oportunidade de ocupar os tempos livres através de atividades de vigilância e limpeza das praias.
Este projeto realiza-se durante toda a época balnear em turnos de um mês nos períodos da manhã ou da tarde, em cinco praias do concelho, Grande, Maças, Adraga, Magoito e São Julião.
Os jovens terão como tarefas a prevenção e deteção de situações e comportamentos de risco, alertar as entidades competentes na ocorrência de situações de risco, sensibilizar e incentivar a população para a adoção de boas práticas para a manutenção da limpeza e segurança.
Os jovens que participam neste projeto têm direito uma bolsa diária (para transportes e alimentação), seguro de acidentes pessoais e todo o equipamento necessário.
Os voluntários só poderão inscrever-se num turno e serão selecionados de acordo com as vagas para a praia escolhida, a participação numa ação de formação de carácter eliminatório e entrevista de seleção. Será dada prioridade aos jovens inscritos no Banco de Voluntariado de Sintra.
Os interessados devem preencher a ficha de inscrição e enviá-la para ddju.juventude@cm-sintra.pt Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. ou para o fax 21 923 6141.
Datas dos Turnos                           
  • 15 de junho a 14 de julho
  • 15 de julho a 13 de agosto
  • 14 de agosto a 12 de setembro
Mais Informação: www.cm-sintra.pt

1.6.14

Nem tudo o que aparenta é, logo a questão impõe-se: será aquele sorgo comestível? Tivesse outro tipo de cárter e isso não seria motivo de preocupações, mas o seu frágil corpo não tolera qualquer tipo de vitualha.
 
Wanda Teixeira