Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
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29.4.07

Catarina

A Catarina é a minha grande amizade do período da faculdade. Se bem que quando recordo as nossas peripécias, seria mais correcto dizer que foi a grande amizade da adolescência, tal a ingenuidade e até infantilidade de algumas brincadeiras.

A Catarina foi, para mim, uma lição de vida. Éramos dois opostos que se completavam: a extroversão dela com a minha introversão, a inconsciência dela com os meus pés no chão. Juntas: equilibrávamo-nos. e por isso a nossa amizade resultou tão bem. Para mim, ela era tudo o que queria ser: divertida, cativantes, luminosa e sem medo de arriscar.

Conforme o tempo foi passando e a fui conhecendo melhor fui percebendo que por trás daquela força e confiança apareciam várias debilidades. E conforme fui conhecendo essas debilidades a imagem de quase perfeição que tinha dela foi-se desvanecendo. Tanto que a certa altura, percebendo certas atitudes que considerava incorrectas ou desnecessárias deixei de ter paciência para muitas delas. O que me levou finalmente a falhar como amiga não estando presente em momentos em que necessitava de mim. Tenho pena de não ter estado presente, mas na altura também não me encontrava a passar pelo meu melhor período e não me sentia com capacidade para suportar os desabafos, alguns dos quais, por experiência, sabia não serem assim tão verídicos, dada uma certa tendência para a vitimização.

Posteriormente, encontramo-nos num aniversário onde esperava encontra-la e até esclarecer o meu estado de espírito. Como não me esperava cumprimentou-me, mas depois votou-me ao seu tratamento de silêncio/frieza que já tinha visto utilizar com outras pessoas. Conhecendo já essa sua estratégia, deu-me vontade de rir, pois nunca tinha pensado que mo fizesse. Tentei puxar conversa e não fui bem sucedida. Ela considera que o mereci e respeito, porque compreendo, embora considere uma infantilidade dela, mas é assim.

No entanto, agora e já talvez há demasiado tempo, continuo a hesitar em tentar um novo contacto. Penso que reagiria eventualmente do mesmo modo frio. Não estou à espera de risos e foguetes, mas confesso que esperaria pelo menos uma brecha. Se não resultasse, lamentaria. Agora, o que me faz hesitar na aproximação é mesmo considerar que ela fará esse tratamento de frieza e distância e sinceramente não tenho paciência. Não como actualmente sou.

28.4.07

300

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Após Sin city, cujo aspecto gráfico gostei bastante, estava com bastante vontade de ver este 300 cujo trailer também me parecia promissor. Isto aliado ao meu gosto por cultura clássica e a minha vontade de ver como seria a adaptação de usos e costumes. Isto porque depois de ROMA a fasquia está muito elevada.

Do ponto de vista gráfico, acho o filme irrepreensível. A estética, o dosear de ritmos de acção, os pormenores todos criados digitalmente e de grande riqueza. E vendo um making of percebe-se o grande trabalho de pós-produção.

Já quanto à reprodução dos usos e costumes, a adaptação é muito liberal. Como não li a graphic novel, não sei até que ponto poderia ser mais correcta ou não. Primeiro, há aquela questão tão premente da liberdade. Mas em momento algum se esclarece que a noção de liberdade da época não é a mesma que possuímos na actualidade. Nas cidades estado gregas esse conceito aplicava-se somente aos cidadãos e o conceito de cidadão excluía estrangeiros, mulheres e escravos. Daí que aquela historieta de amor pareça assim muito descabida e demasiado delico-doce, digamos assim para ingénuos.

Assim erros crassos, há a definição de éforo que ao contrário do que diz o filme não era um cargo vitalício e daí que a ideia de podridão e corrupção a eles associada é bastante exagerada. O éforo era um conselheiro elegido anualmente e uma única vez.

A visão dos espartanos como povo militar é correcta, tendo ficado conhecidos pela sua enorme disciplina. Nem todos podiam ser militares, mas os que os eram, denominados hoplitas, eram um grupo de elite temível. Assim uma espécie de GOE das cidades estado gregas.

27.4.07

Foi este o mundo que criámos?

Olha para todas essas bocas famintas a alimentar
Olha bem tanto sofrimento
Tantas faces solitárias espalhadas por aí
À procura do que necessitam

É este o mundo que criámos?
Fizemo-lo nós próprios
É este o mundo que invadimos
Contra a lei?
No final, assim parece
É para isto que todos vivemos hoje?
O mundo que criámos

Sabes, a cada dia nasce uma criança indefesa
Que necessita de carinho num lar feliz
Algures, um homem rico senta-se no seu trono
À espera que a vida passe

É este o mundo que criámos?
Fomos nós que o fizemos
É este o mundo que devastámos?
Até ao amâgo
Se existe um deus no céu a olhar-nos
O que pensará do que fizemos
Com o mundo que criou?

Is This The World We Created? Queen

24.4.07

Na vida e no registo

o tempo é o melhor filtro para o que faz ou não faz sentido.

Na vida e no registo.

Se algo se perde nas malhas do tempo. Se deixa de ter sentido. Então não é suficientemente importante.

Na vida e no registo.

As insignificâncias são insignificâncias. Consomem tempo. Mas, acima de tudo, consomem-se no tempo, nada delas restando.

Na vida e no registo.

Tudo o que importa prevalece e permanece.

Na vida e no registo.

Se algo fica por dizer, não era pois importante proferi-lo. A importância tem esse ímpeto de não se deixar ficar para trás. De se dizer e afirmar convictamente. A importância é imperiosa..

Na vida e no registo.

O tempo sabe-se pela sua importância e não pela sua existência. Há tantos dias no calendário e horas no relógio que ficam por reportar.

Na vida e no registo.

Segue em frente apenas o relevante.

Na vida e no registo.

O tempo é da vida e do registo.

23.4.07

Música & Letra

Uma das premissas do filme não é tanto o regresso à década de 80, mas sim mostrar como uma estrela da época será na actualidade como um has been. Daí que os ’80 são um ponto de partida referencial cuja veia cómica é muito bem explorada. Desde a criação de um videoclip que respeita todos os códigos imagéticos da época até à paródia final, muito à la MTV, sobre o mesmo clip.
É também curiosa a perspectiva de criação artística de um hit e também a paródia ao comportamento “estrelar” de algumas. A crítica, nada velada, é feita às jovens estrelas pop, em que o modelo vísivel é Shakira. Ou seja, o filme pega em várias referências bem identificáveis da cultura pop das últimas décadas cozinhando-as em bons gags, aproveitando todos os ridículos e tendo como fio condutor uma história romântica.
É um filme muito bem disposto que nos arranca boas gargalhadas e em que o que menos importa é a história romântica, mas sim o brincar com a indústria discográfica.

E para se rirem um pouco aqui fica:
Pop! Goes My heart

22.4.07

Conceitos

Falas-me de amar. O quê? Algo ou alguém?
Mas é preciso ver. Dentro? Fora? O quê?
Não. É preciso sentir. Na pele? Na alma?
Talvez no tempo. Se já? Se ainda? Se não?
Sem tempo. Nunca? Nada? Tudo?
Em avalanche. Queda? Rápido? Desmoronamento?
Quedado no chão. À superfície? Subterrâneo?
Enfim. Meta. Principio.

21.4.07

Who wants to Live Forever in The Deep Blue

Who Wants to Live Forever foi composto pelos Queen para o filme Duelo Imortal - The Highlander. Mas poderia muito bem ter sido para Vertigem Azul - The Deep Blue.

20.4.07

Palavra #11

Mastaba - do Ár. Mastaba, s. m., túmulo egípcio, de pedra ou tijolo, de forma quadrangular ou de tronco de pirâmide.

19.4.07

Ele está sentado na cama com as pernas esticadas e vestindo somente umas calças de pijama. Segura um livro e segue as suas linhas com o olhar.

18.4.07

RTP

A RTP comemora 50 anos de actividade e são muitos os balanços e antologias comemorativas que se realizam por estes dias. Mas, mais do que sublinhar a importância nacional do facto, que outros farão claramente melhor e com mais conhecimento de causa, prefiro apenas deixar aqui algumas impressões sobre a sua importância no meu crescimento e aprendizagem do mundo.
Ainda antes do surgimentos das televisões privadas, a RTP, durante um tempo que a memória já não me permite balizar, elegeu as noites de segunda-feira para a exibição de várias séries, muitas delas de origem australiana: O Império de Carson, Anzacs – Heróis de Guerra, A Dinastia da Lama, entre outras. Era uma noite guardada para a televisão. Actualmente, as séries não são na 2ª, são na 2, em que diariamente exibem algumas das mais conceituadas séries norte-americanas. São muitas vezes um encontro certo, ainda mais porque têm um horário de exibição mais decente do que as transmitidas pelas televisões públicas.
Ainda como televisão sem concorrência, a RTP, na sua vertente mais didáctica, transmitia muitos documentários através dos quais aprendi muito sobre o que me rodeia e o que está mais além. Como advento das televisões públicas essa oferta visivelmente diminuída.
Para quem foi criança durante as décadas de 70 e 80, as séries de desenhos animados eram uma companhia mas também um motivo aglutinador, o que nos identificava como crianças. Era o nosso espaço comum. E é por isso que os hoje thirty something, numa qualquer reunião de amigos, desfia um rosário de cânticos animados, num despique a ver quem lembra mais canções e mais versos.
O quem Quer Ser Milionário foi um dos muitos concursos da RTP e que teve uma grande importância para mim, pois participei nele por duas vezes, e em ambas sai-me bastante bem. Mas, não menosprezando o desafogo financeiro que me proporcionou nos tempos seguintes, a sua importância para mim foi claramente maior a nível pessoal e sob vários aspectos: o orgulho dos meus pais, o reconhecimento de que o tempo que emprego a ler tem compensações, e a “coragem” de participar.
Para quem, como eu, adora cinema, a rubrica 5 Noites, 5 Filmes foi essencial para a nossa formação e alargamento de horizontes cinematográficos. Pela diversidade dos ciclos, é complexo salientar um ou outro que mais tenha marcado. Talvez tenha sido curiosa uma semana dedicada aos westerns, que pelo nome não reconhecia quase nenhum, e que ao vê-los ia dizendo: oh, afinal já vi este. Ou talvez o filme Tese, de Amenebar. E, claro, também era sempre engraçado seguir os ciclos eróticos.

17.4.07

A vida é de uma ironia tão acutilante que mesmo quando nos surpreende pela negativa, não podemos deixar de lhe tirar o chapéu pela mestria das suas lições. Lições em que nos põe no nosso lugar sem quaisquer hesitações ou dúvidas: somos apenas poeiras.

15.4.07

As férias de Mr. Bean

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Para mim há algo nos filmes do Bean que me desagrada, embora perceba que dificilmente possa ser de outro modo. Em ambos, e em comparação com a série, Bean fala “demais”. Ou seja, faz assim uns barulhinhos quase perceptíveis ao ouvido humano e que podemos descrever como fala. Mas, é claro, é mais fácil manter um episódio de cerca de 25 minutos sem diálogos do que um filme de 90 minutos.

Para esse tempo é necessário um fio condutor coerente no qual se possam conjugar vários gags hilariantes e em que Rowan Atkinson possa mostrar toda a sua mestria em humor físico (que talvez só tenha rival em Jim Carrey).

Assim, desta feita Bean ganha uma viagem de férias em Cannes, em pleno período de festival, e em cujo percurso encontra companheiros de viagem e faz as mais variadas tropelias, inclusive transvestir-se.

É talvez devido ao silêncio de Bean que a voz de Willem Dafoe soa estranha e quase ofensiva. Dafoe interpreta aqui um realizador conceptual, cuja última grande obra será apresentada no festival. Mas o mais curioso é que essa obra, totalmente narcisista, era coerente e aparentava ser um interessante exercício de estilo. Mais, não seria um filme descabido na filmografia de Dafoe, a relembrar, por exemplo, New Rose Hotel. Eu, que sou apaixonada pelo homem, adorava ver esse filme sem ser interrompida pelo Bean.

14.4.07

Geograficamente incorrecta

Eu não sou uma pessoa geograficamente importante. Sou de uma geografia à parte. Uma geografia desprezada. De onde se quer fugir e para onde se vai por falta de alternativas.

Mas onde os outros vêem prédios sem sentido, desordenamentos e horrores estéticos, eu vejo a minha casa, o meu lar. E empreendo a minha revolução. Passiva é certo. Permaneço!

Recuso outro endereço esteticamente mais aprazível, geograficamente mais digno. Permaneço onde nasci, cresci e vou juntando mais dias à minha existência.

13.4.07

1/2 Hora

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½ hora não é nada.

O que nos assombra é a soma infindável de ½ horas que nos compõem e transforma a pequenez em magnitude.

Não percebemos das pequenas coisas porque não nos queremos pequenos.

Queremos apenas a grandiosidade para nós e só somando a conseguimos.

Só somando nos iludimos.

Só somando vemos grande o que pequeno é.

Como somos pequenos por não querer ver senão a grandiosidade.

Somos tão míseros. Iludindo-nos.

Ser grande é ver o pequeno mesmo de alto, mesmo de longe.

É reconhecer a vida que percorre uma simples ½ hora.

Há tanta vida que se esgota em ½ hora.

Há tanta vida que se encontra em ½ hora.

Há tanta vida definida por ½ hora.

Nenhuma ½ hora é insignificante.

Nenhuma ½ hora é apenas ½ hora.

Cada ½ hora é a ½ hora que nos compõe.

Cada ½ hora tem o seu lugar.

Quem somos nós para a deslocar.

Para a retirar da sua continuidade.

Para a anular da sua existência.

Que ilusão.

Eu sou ½ hora e não me iludo.

12.4.07

Demasiado Amor Mata

Sou apenas pedaços do homem que fui
Demasiadas lágrimas amargas correm na minha face
Estou Longe de casa
E tenho enfrentado isto sozinho
Há já demasiado tempo
Sinto que nunca ninguém me disse a verdade
Sobre o que era crescer e a luta que seria
Na minha mente emaranhada
Tenho procurado encontrar
Onde é que errei

Demasiado amor mata-te
Se não te decidires
Dividido entre o amante
E o amor que deixaste
Diriges-te ao desastre
Porque nunca leste os sinais
Demasiado amor mata-te
sempre

Sou apenas a sombra do homem que fui
E parece não haver saída para mim
Costumava iluminar-te
Agora, apenas te deprimo
Como seria se estivesses no meu lugar
Compreendes que é impossível escolher
Não há um significado para isto
onde quer que vá estou destinado a perder

Sim, demasiado amor mata-te
Tal como nenhum
Suga o poder em ti
E obriga-te a implorar e a gritar e a rastejar
E a dor enlouquece-te
És a vítima do teu crime
Demasiado amor mata-te
Sempre / cada vez

Sim, demasiado amor mata-te
Faz da tua vida uma mentira
Sim, demasiado amor mata-te
E não compreenderás porquê
Darias a tua vida, venderias a tua alma
Mas aconteceria de novo
Sim, demasiado amor mata-te
No final

Too Much Love Will Kill You, Queen

11.4.07

Sou uma pedra.

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Não um daqueles pequenos seixos cor de burro quando foge que se pontapeiam se sequer se dar conta. Não. Isso não. Sou um grande maciço que se vê ao longe em formas imprecisas, algumas belas, outras quase grotescas. Sou composta de cores e formas e saliências e reentrâncias que variam desde o perigoso ao conforto de um abrigo.

Tenho cambiantes tantas que poderei ser tão constante e pesada como uma sedimentação ou leve e imprevista como uma erupção. Porosa e firme, compacta e frágil.

Reúno em mim as cores da emoção do mundo. O pálido do que virá a ser, os vermelhos do calor, os castanhos da criação, os irisados esparsos da felicidade saltitante e o negro da dor.

Sou uma pedra que vive e respira e pulsa e permanece no mundo na sua sábia serenidade. Tudo passa por mim: o vento que foge, as nuvens que buscam, as águas que lavam a cara e a alma. Às vezes ganho, às vezes perco.

Permaneço um lugar de criaturas que não encontram noutro lugar um abrigo. É difícil suportar o quente magnificado do sol que acolho. É difícil suportar o frio das minhas entranhas escuras. Habitam-me seres inóspitos que conhecem apenas a dureza e a implacabilidade da natureza. Assim fico para o mundo: dura e inóspita.

Apenas.

10.4.07

Mensageiro

És o mensageiro da minha desgraça. Como te posso ainda amar se cada dor que sinto me é dada por ti. Não causada por ti. Mas trazes-me cortes profundos, feridas que tardam em sarar. Já não sinto sequer receio pelas tuas palavras. É já a tua simples presença que me oprime o peito e me faz querer correr.

Fugir, fugir, fugir.

Sei que não é culpa tua, és apenas o mensageiro. São as circunstâncias. Essas estúpidas circunstâncias que me rodeiam e que já não consigo suportar. Não a ti, minha circunstância favorita.

O amor é já medo. Profundo, mas não irracional. Sei bem da tua inocência. Mas o medo é um virús latente que apenas se controla e nunca destrói. Qualquer evento ou presença o denuncia. A tua presença foi lhe dando vida.

Saio, não por ter deixado de te amar, mas porque o amor não é o mais forte dos sentimentos. É apenas a cola que nos une, mas que não te força suficiente para resistir a todas as pancadas.

És agora uma ameaça de dor constante. O embate anunciado. Prestes a acontecer.

Preciso sair para que o meu coração resista a esta opressão constante. Preciso de lhe dar descanso.

Preciso, preciso, preciso.

De um momento de calma, de descanso, de paz. Não o consigo contigo. Por isso saio. É difícil que o compreendas. Não o espero.

9.4.07

Segunda

Hoje é finalmente um daqueles dias calmos porque já ansiava há algum tempo. Daqueles dias em que me sento a relaxar um pouco e a ouvir os pássaros que começam a retornar aos seus ninhos. Não é um dia sem compromissos sociais. É apenas um dia em que além desses e de alguns afazeres domésticos, consegui ler um pouco e também colocar algumas palavras no papel. Não muitas, mas algumas. Além de acrescentar mais dois ou três tópicos à minha interminável lista de itens a desenvolver. Esta segunda-feira será provavelmente o dia mais calmo das próximas duas semanas: entre trabalho, teatro, formação, aniversários, explicações, reuniões, cinema e bowling. Daqui a duas semanas paro e respiro um pouco. Vão ser dias non-stop e vou acabar estas duas semanas a dizer tudo trocado e a gaguejar devido ao cansaço. Mas bola para a frente que parados não vencemos o jogo. Só que os próximos dias vão ser de prolongamento.

8.4.07

Tecidos do Rossio

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Esta emblemática casa lisbonense fechou há poucos dias as suas portas. Foi com alguma melancolia que vi a reportagem na tv e na qual eram entrevistados muitos dos funcionários. Reconheci quase todas as caras que atendiam a minha mãe quando lá íamos.

Antes da grande profusão do pronto-a-vestir mais económico, e tendo em conta que o Cacém não era exactamente um ponto comercial, uma das opções era mandar fazer a roupa a uma costureira. Principalmente para roupa especial. Então, quando havia um casamento, o normal era ir uma tarde a Lisboa, principalmente um sábado, e visitar os tecidos do Rossio em busca de um tecido para a toilette. Víamos também os Armazéns do Chiado e do Grandela, que visitámos 4/5 dias antes do incêndio que os destruiu, e mais tarde a Feira dos Tecidos.

Não tenho bem a certeza, mas creio que os últimos fatos que mandámos fazer foram os do casamento do meu irmão. Depois começaram a abrir mais lojas no Cacém, a proliferar Centros Comerciais com vários tipos de oferta, relativamente em conta, e porque a mão-de-obra começava a encarecer bastante as roupas, deixamos de ir lá. E como nós, tantas outras pessoas, o que originou o encerramento da loja.

É uma consequência da mudança de hábitos, de mentalidades, de ofertas comercias, de tudo. Mas não deixa de haver uma certa nostalgia por esse período.

7.4.07

the air that I breath

Em 1976, John Travolta interpretava em O Rapaz da Redoma/The Boy in the Plastic Bubble um jovem com imuno-deficiência que devido a essa condição tinha passado toda a sua existência dentro de uma redoma plástica. Mais de 20 anos depois, essa história foi adaptada de modo a ilustrar a adaptação dos Simply Red para The Air That I Breath, uma música também da década de '70.

6.4.07

Palavra #10

Gnómon - do Lat. gnomon. s. m., instrumento antigo que marca as horas ou a altura do Sol pela direcção da sombra que projecta sobre um plano; ponteiro de um relógio de sol.

4.4.07

Contado Ninguém Acredita

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E se, de repente, alguém começar a narrar o seu dia a dia fazendo-o perceber que na verdade não vive, apenas se arrasta de uma existência doméstica solitária para uma ocupação profissional odiada. E se além dessa observação, essa voz lhe der conhecimento de que o seu período de vida está a chegar a um final. Como reagiria?

Como só se dá real valor ao que se perdeu, ou ao que se está prestes a perder, Harold Crick, o personagem deste filme, decide arriscar numa vivência plena do tempo que lhe resta e, inclusive, lutar pela sua continuidade.

O filme tem um argumento escorreito, sem, no entanto, ser muito original, pontilhado com alguns gags engraçados. Parece ser feito à medida da interpretação de Will Ferrell que é bem coadjuvado por Ema Thompson e Dustin Hoffman.

O que dá mais graça ao filme, e o diferencia, são alguns efeitos visuais gráficos que vão ilustrando a história.

3.4.07

Pecados Íntimos

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Para além de ter gostado do desenrolar bastante verosímil do filme e dos seus apontamentos de humor, no entanto, o final ficou um tanto aquém das minhas expectativas. Aliás, não consigo deixar de o comparar com o final de Assalto & Intromissão. Então vejamos: nos dois filmes há uma traição matrimonial desencadeada sobretudo por uma monotonia na relação e por uma perda de diálogo. Então, um dos membros do casal conhece alguém que de certo modo introduz um novo alento de vida no outro. Após várias peripécias, a traição acaba por terminar, com maiores ou menores consequências para os seus intervenientes.

Em Assalto & Intromissão, a mulher acaba por abandonar o país e o homem volta para os braços da esposa que acaba por o perdoar. Em Pecados Íntimos, a mulher resolve mudar a sua postura perante a maternidade e o homem, tanto quanto nos é dado a ver, continua a sua vida de casado com normalidade.

Dá para tecer um certo paralelismo: uma mulher, após uma relação de traição ou que não vinga, direcciona a sua atenção para os filhos. Mas os homens continuam a sua vida sem grandes alterações de maior, a não ser que supostamente passem a dar mais valor à relação que têm. E não nos são dados assim tantos indícios de que isso aconteça.

É caso para tirar a elação de que os homens saem mais impávidos e serenos de um caso de traição, pelo menos quando são o elemento traidor, do que as mulheres. Para elas há uma lição, uma consequência. Para eles a vida continua a fluir.

Não podemos alterar o passado, apenas o futuro.

E esse começa hoje.

1.4.07

Unhas

As minhas unhas são imprecisas, baças e sujas da terra que cavo com as próprias mãos à falta de um outro instrumento que me alivie a raiva que sinto no peito.