Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
Mais informações: www.cm-sintra.pt

31.12.09

O balanço inevitável

A passagem de ano não muda o inevitável discorrer das nossas vidas. Apresenta-se apenas como um ponto a partir do qual se analisa um período e se perspectiva outro. O mesmo acontece com os aniversários.
A nível pessoal, os últimos meses têm sido complexos e o próximo ano será ainda mais. Ânimo pois para ultrapassar as complexidades que se avizinham.
A nível profissional, novos passos terão e serão dados para ultrapassar o impasse.
A nível associativo, o tempo a dispor será por ventura diferente, mas a vontade será a mesma.
A nível blogosférico, o objectivo este ano foi fazer um post diário, mas tal não será eventualmente exequível no novo ano, mas a presença manter-se-á.

29.12.09

A mudança não depende do calendário

Está em nós no momento em que o estômago se enovela e paramos ou quando pula e arriscamos. A mudança está nesse músculo esquecido e tão pouco poético que absorve energia e a devolve ao corpo.

28.12.09

O formato do livro

Mais do que o formato, a minha escolha de alguns livros deve-se mais ao corpo de letra e respectivo espacejamento. Quando se tem mais dioptrias do que as desejáveis, estes são pormenores que pesam sobremaneira.

27.12.09

Leitura ouvida

Durante a infância, creio que nunca ninguém leu histórias para mim. Talvez por isso, tentei incutir esse hábito com os meus sobrinhos. Também por isso, fiquei traumatizada com o Cavaleiro da Dinamarca, cuja leitura a minha sobrinha obrigou a fazer vezes sem conta a partir do início, mas sem nunca chegar ao fim.

25.12.09

24.12.09

Persépolis

Desde a infância que me foi óbvio que vivo num tempo e numa sociedade que me permite ser mulher no pleno uso das minhas opções. Essa consciência foi-me transmitida pela minha mãe, que sempre lutou para que tivesse e aproveitasse oportunidades que me dessem independência, principalmente financeira. A única que me permitiria fazer outras escolhas também independentes. Não cheguei ao nível de independência a que aspirou, mas consegui muito do que desejou para mim.

Não sou uma feminista exacerbada, mas defendo a igualdade de oportunidades, embora aceite que, biologicamente, haja tarefas mais aptas a homens ou mulheres. Mas ainda há muito a fazer.

Porquê esta introdução? Porque este filme é a voz de uma mulher num tempo e num local em que a sua voz não é livre. É um filme que com uma simplicidade estética nos transporta e dá corpo às restrições sentidas por essa mulher. É uma história pessoal, mas que sabemos idêntica a tantas outras. E não posso senão deixar de sentir solidariedade por essa(s) mulher(es), e por esses homens, que não têm possibilidade de escolher, cujos seus direitos e dignidade não são reconhecidos e que não passam de seres inferiores.

23.12.09

Quase transparente

Quando me olho de manhã ao espelho, não considero a minha pele especialmente branca. É clara, apanha pouco sol, mas não lhe vejo nenhum tom fora do vulgar. Por isso, quando me dizem “estás muito branquinha, precisas de apanhar sol”, aceno condescendentemente que sim.

Nas viagens diárias de comboio, vejo as mais diversas compleições, fruto da diversidade étnica hoje existente no nosso país. Mas entre estas, destacam-se pessoas de aspecto quase etéreo. Pessoas que entre as quatro paredes de casa, dos transportes e do trabalho, não vislumbram raios de sol, porque saem de noite e chegam de noite. São pessoas quase sem vida, suspensos na existência. Quase transparentes.

21.12.09

Os pontos nos iiis

Esta é a minha mais recente experiência. Nasce na necessidade de ganhar um dinheiro extra, pondo em prática as minhas mais valias, e da observação de que há um grande número de pessoas que não conseguem, não querem ou não sabem escrever ou elaborar os vários documentos que necessitamos diariamente, seja a nível pessoal, profissional ou escolar. Assim, proponho-me a:
- Redigir currículos e Cartas de Apresentação e outros textos;
- Realizar traduções de Inglês para Português;
- Corrigir textos vários e trabalhos escolares;
- Transcrever actas;
- Elaborar e formatar de trabalhos em Word, Power Point e Excell;
- Dar explicações de Inglês e Português;
Para mais informações e esclarecimentos, consultar http://ospontosnosiiis.blogspot.com/ .

20.12.09

Que importa se não vemos ninguém durante o ano inteiro, quando por alturas do Natal almoçamos/jantamos com todos e mais alguns?

19.12.09

Pluft, o fantasminha



Esta é a segunda produção de Os Cintrões, o grupo de teatro dos funcionários da Câmara Municipal de Sintra, e foi levada a cena hoje no Olga Cadaval, no âmbito da festa de Natal para os filhos dos funcionários do Município.
Tive o prazer de participar nesta produção, embora não de um modo tão efectivo como seria desejável (segundo fantasma a contar da direita). Foi uma óptima experiência que espero continuar de forma mais efectiva.

18.12.09

Auto-mutilação

Lembro-me de roer as unhas (onicofagia) desde sempre. É um vício que já tentei deixar, mas descobri que sou muito fraquinha de espírito para tal. Durante a adolescência, juntou-se a este o hábito, hoje também vício, de rebentar borbulhar (dermatotilexomania), tirar crostas, etc, o que além de pouco higiénico, é muito pouco estético. Com fases mais ou menos intensas, sempre que passo por uma época de maior stress, o problema é pior.
Estando numa dessas fases, e sabendo que conhecer a raiz de um problema é a melhor forma de combate-lo, resolvi investigar e perceber melhor o que em mim o origina. Entre algumas suspeitas, vieram sobretudo as confirmações.
Estes dois vícios são formas de auto-mutilação, um meio de obter alívio de emoções insuportáveis, relacionado com baixa auto-estima e perfeccionismo exacerbado. Usualmente, os seus perpetradores são conscientes das feridas e cicatrizes – na sua maioria situadas em áreas do corpo escondidas por roupa ou acessórios. A onicofagiarelaciona-se sobretudo com o nervosismo, o stress, a fome e o tédio. A dermatotilexomania é considerada um transtorno obsessivo-compulsivo.

12.12.09

outro testemunho de espiritualidade

Nem a propósito, poucos dias após ler a entrevista de Zimler na Ler #85, leio no Ípsilon desta sexta a entrevista ao realizador espanhol Alejandro Amenábar. A sua evolução em termos de crença e espiritualidade são semelhantes à minha, e ao que denomino uma visão panteísta da divindade.

"E então li os evangelhos e havia tantas coisas que desafiavam o senso comum e o conjunto dos meus valores... Resolvi que devia haver uma maneira qualquer de se ser boa pessoa sem ter de acreditar naquilo. Na altura em que fiz 'Os Outros' já era um agnóstico e o filme reflectiu esse sentimento. Depois, quando já tinha terminado 'Mar Adentro', assumi que era ateu - querendo com isso dizer que, se há uma presença acima de nós, penso que não é nenhum dos deuses referidos na História. Prefiro chamar-lhe 'natureza'."

11.12.09

O nobel de Obama

Não conheço o historial de atribuições deste prémio, mas ao consulta-lo na Wikipédia é curioso compreender a sua evolução. Os primeiros prémios são relacionados com conflitos armados e gradualmente passaram a abranger áreas como a defesa dos direitos humanos, a diminuição da desigualdade social e, actualmente, os problemas ambientais. Ou seja, a concepção de paz é também a da dignidade da vida humana.
os prémios anteriores parecem-me atribuídos por feitos ou contribuições significativas, o de Obama é feito de intenções. Entreo voto de confiançae realizações futuras, poderá haver um caminho imenso. ainda assim, há que acreditar que também a paz é possível.

10.12.09

Ler #85

entrevista a Richard Zimler
Richard Zimler é um dos meus escritores favoritos. a sua escrita tem uma cadência que permite a interiorização e nos enreda nos dramas pessoais que aborda, maioritariamente motivados pela intolerância religiosa, pela injustiça contra os seres anónimos e pela memória do passado. Esta entrevista à Ler cimentou o meu respeito por este autor, sobretudo no que diz respeito à sua visão de religiosidade e da espiritualidade, que partilho.  

9.12.09

Leitura de imagens

À excepção da leitura dos Estrumpfs durante a infância, nunca tive o hábito de ler banda desenhada. Às vezes, até por causa de certas adaptações cinematográficas, fico curiosa com certas novelas gráficas. No entanto, quando as desfolho numa livraria nunca que suscitam a vontade de comprar.  
Por outro lado, gosto imenso de visitar o FIBDA e ver os desenhos e pinturas originais de alguns destes livros. Já compreendi que não são as histórias que me atraem, são a conjugação de cores, as texturas. Vou lá não para ver livros, mas para ver pintura e artes plásticas.

8.12.09

Betânia, Filomena Marona Beja

Nessa altura, Marta principiou a recriar um espaço. O da intimidade. 


Betânia, terra natal de Lázaro, conhecido por ser ressuscitado por Jesus, tem uma história menos conhecida: a das suas mulheres, subordinadas ao pode patriarcal.
Betânia contextualiza assim o conjunto de valores exigidos à protagonista deste romance.
Marta nasce a meio do século 20, e com um projecto definido pela posição social e económico da sua família burguesa. Dela é esperada a virtude e recato apreendidas no colégio de freiras – onde os preceitos de Betânia são ensinados, uma profissão digna e que constitua família digna de postal.
Esta é uma história de transformação – que tem igualmente como pano de fundo a transformação política do país nesse período – gradual e inexorável, em que uma mulher toma as rédeas da sua vida, subvertendo expectativas sociais e até mesmo pessoais.
Há muito tempo que não me identificava com uma personagem, mas Marta possui traços e experiências que partilho e inevitavelmente permanecerá na minha memória durante muito tempo.

7.12.09

Nos últimos dias escrevi uma série de pequenos textos que optei não publicar. Eram desabafos demasiado privados para constarem nesta página, que não se quer depressiva ou invasora de outras privacidades.
A verdade é que estou a passar por um momento menos bom, como acontece a todos, e isso nota-se no tom de alguns posts. Mas este é também o local onde reflicto e procuro uma perspectiva positiva em relação aos problemas, sejam eles de que ordem. Por isso, não é de estranhar um tom talvez mais triste nos próximos tempos, é natural.
Como diz a canção:somos humanos.

4.12.09

nunca foi tão verdade



A vida vai torta
Jamais se endireita
O azar persegue
E
sconde-se à espreita

Nunca dei um passo
Que fosse o correcto
Eu nunca fiz nada
Que batesse certo
(...)


Circo de Feras, Xutos e Pontapés (1987)



1.12.09

Museu de História Natural de Sintra



Não tenho por hábito visitar museus ligados a esta temática, mas sendo este o mais recente equipamento cultural do município de Sintra era meu dever conhecê-lo.
Não tendo prestado exactamente muita atenção à informação didáctica, pois não é exactamente a área de conhecimento que mais me seduz, concentrei a minha atenção na organização do equipamento: mobiliário, disposição de informação e estética.
Gostei muito da opção de mobiliário: módulos trapezóides coloridos, que transmitem uma imagem dinâmica de possível mudança a qualquer momento, sugerindo a possibilidade de contínua adaptação a qualquer alteração de espaço ou conteúdos. A Sala de Exposição Permanente é caracterizada por “prateleiras” assimétricas que além de dar uma estética dinâmica, simula as faixas de sedimentação dos solos. É também aqui que está um pequeno simulador da evolução da crosta terrestre desde a pangeia – ideia que me apraz muito - até aos nossos dias.