Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
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29.2.08

Creio que uma das grandes vantagens do mestrado será impor-me um método de trabalho organizado e obrigar-me a cumprir os passos e objectivos estipulados, não deixando para amanhã o que podia ter sido feito ontem.

28.2.08

Simone de Oliveira

Simone comemora esta semana 50 anos de carreira e é nesse âmbito que deu uma entrevista a Judite de Sousa. Sendo de louvar a longevidade da sua carreira, há já vários anos que admiro sobretudo aspectos da sua personalidade como a frontalidade, a lucidez crítica, em relação a vários assuntos tanto políticos como artísticos, e o resguardo da sua vida familiar. Com maior admiração fiquei quando revelou certos pormenores como a sua experiência de guerra e de receio pela própria vida, o impacto da desfolhada e a sua cono0tação dentro das normais sociais, o seu drama pessoal quanto à situação legal dos seus filhos – que a mesma apelida de telenovela -, e o modo como tem encarado o cancro e o tem conseguido vencer. Se há pessoas dignas de admiração, Simone é sem dúvida uma delas.

27.2.08

Será que o lirismo fugiu de mim?

Ao tempo que não escrevo versos que nada dizem senão a mim.

26.2.08

Compromisso com um projecto

Na nossa vida pessoal assumimos muitas vezes vários compromissos com pessoas e grupos com os quais temos objectivos em comum. E não podemos, nem devemos, exigir de todos o mesmo grau de empenho, pois nem todos têm possibilidade de o fazer nas mesmas proporções. No entanto, temos o direito e o dever de respeitar quem assume compromissos maiores, ainda mais quando nós próprios não estamos dispostos a fazê-lo.

É tão, pura e simplesmente, uma questão de respeito. E para sermos respeitados nas nossas escolhas e limitações, há que muito humilde e maduramente respeitar as escolhas e os compromissos alheios. Para bem de todos.

25.2.08

O Outro Lado

Por quanto, quanto tempo escorregarei
Divide o meu lado eu não
Não acredito que seja mau
Cortar a garganta
É tudo o que sempre

Ouço a tua voz pela fotografia
Pensei e puxei o passado
Uma vez sabido que nunca se regressa
Tenho de ir para o outro lado

Séculos são o que significam para mim
Um cemitério onde caso com o mar
Coisas estranhas nunca me mudaram
Tenho de leva-lo para o outro lado
Leva-o para o outro lado
Leva

despejo a minha vida num copo de papel
o cinzeiro está cheio e entorno os meus órgãos
ela quer saber se ainda sou ordinária
Tenho de ir para o outro lado

Escarlate escarlate e ela na minha cama
Uma candidata à minha sangrenta
alma gémea
Puxa o gatilho e derruba o fio
Tenho de leva-lo para o outro lado
Leva-o para o outro lado
leva

Excita-me leva-me numa viagem dura
Queima-me deixa-me no outro lado
Grito e digo não é meu amigo
Despedaço, despedaço
E depois renasce

Otherside, Red Hot Chili Peppers

24.2.08

Manderlay


Realizado por Lars Von Trier, este filme marca um reencontro com a heroína Grace de Dogville e com o mesmo conceito: um cenário inexistente e marcado apenas por um mínimo de adereços. Este segundo episódio na vida de Grace é uma interessante dissertação sobre liberdade e escravatura e coloca uma questão pertinente: está realmente a sociedade pronta para aceitar o outro como seu igual?

23.2.08

Em véspera de atribuição de galardões, declaro que este é o ano em que vi menos filmes nomeados, logo não há quaisquer simpatias cá pelo burgo.

21.2.08

Workshop Semântico #16

Exercício 1

Após o ataque, o ofídio assume uma postura anastática enquanto observa a vítima reagir ao antigeno.

Exercício 2

A Sra. Dolores ainda é dos tempos do antigamente. As novas tecnologias ainda não chegaram ao seu quotidiano, por isso calmamente faz as suas reproduções anastáticas das suas velhas fichas sobre a vida animal. Neste caso sobre ofídios e os seus antigenos.

20.2.08

Religiosidade e espiritualidade não são a mesma coisas. a primeira implica a crença numa entidade divina que se quer superior, enquanto a segunda é uma harmonia com o que nos rodeia, seja humano, físico ou até cósmico.

19.2.08

Câmara Clara #1

Foi muito interessante assistir ao programa deste fim-de-semana que tinha como convidados dois responsáveis de programação, um da Culturgest e outro da Gulbenkian nas áreas da musica. Tendo em conta o mestrado que se aproxima, foi uma mais valia as suas contribuições sobre as escolhas efectuadas para captar novos públicos para a música dita erudita ou clássica. Um elemento interessante na captação de novos públicos é a apresentação de um programa contrastante, que possa à partida agradar um pouco a cada um, com períodos de apresentação pouco extensos e num ambiente de informalidade.

Uma parte interessante do debate foi a abordagem ao ensino da música, seja ele genérico, seja especializado. Quanto ao primeiro, salientou-se a necessidade de fomentar nos jovens mais o gosto pela música e os seus vários géneros, que o seu conhecimento propriamente dito. Quanto ao ensino especializado integrado, ou seja, efectuado num espaço único em paralelo com disciplinas académicas, salientou-se que é uma experiência que já foi feita em várias escolas e deve ser analisada e talvez aumentar o número de escolas que pratiquem este sistema, que não deve ser estendido a todo o número de escolas, pois corre-se o risco de uma drástica diminuição de qualidade. No entanto, o ensino supletivo, ou seja, numa escola diferente da que ministra as disciplinas académica, tem muitas vantagens, sobretudo o enriquecimento pessoal que advém da experiência de dois mundos diferentes.

18.2.08

fim de semana de chuva

não tenho qualquer memória de uma noite de chuva intensa e constante como esta, em que não houve qualquer pausa. E como a ironia comanda a vida, a noite televisiva da RTP1 tinha como tema as grandes cheias de ’68.

17.2.08

Palavras #62 a 64

Antígeno - do Fr. antigène antí, contra + genos, origem. s. m., Med., substância nociva ao organismo (toxina, parasita, etc. ) que estimula a produção de anticorpos específicos.

Anastático - do Gr. anastatikós, próprio para fazer levantar. adj., relativo à anástase; qualificativo do processo químico de reproduzir textos ou desenhos impressos; adstringente.

Ofídio - do Gr. óphis, cobra + eîdos, forma. adj., semelhante a serpente; s. m., Zool., (no pl. ) ordem de répteis de epiderme escamosa, que abrange as cobras e as serpentes; Ictiol., (no pl. ) género de peixes ápodes.

16.2.08

Sedução, conspiração

Nem tudo o que nos faz mau, nos faz mau de todo. No entanto, poucos o podem ou conseguem ver, porque é necessário um moroso e doloroso processo de remoção de camadas até se encontrar o que de melhor há em nós. Qualquer diamante exige horas de lapidação para que se descubra o seu brilho raro. E é exactamente essa a imagem para o mais recôndito e puro dos sentimentos, atingido através de muitas e duras penas.

Durante a ocupação japonesa de Xangai durante a II Guerra Mundial, uma jovem universitária é persuadida a tornar-se amante de um alto dirigente dos serviços secretos do governo japonês com o objectivo de o liquidar. Mas este processo de sedução e conspiração não será tão simples e ninguém sairá impune.

É curioso observar tanto o título português, como o inglês e as suas diferenças de significado. Também seria curioso compara com o original, mas tal é-me impossível. Assim, temos Sedução, conspiração versus Lust, Caution (Luxúria, Cautela). Temos uma sedução calculada e cautelosa que se permite a momentos extremos de luxúria, pois só assim as barreiras caem e se superam defesas. Outros jogos de palavras seriam também interessantes, como: Sedução, Cautela, que sugere uma interpretação mais suave, e Luxúria, Conspiração com uma conotação mais intensa.

15.2.08

14.2.08

O que queria era que desses algum passo em direcção a mim, como que aceitando o que poderíamos ter sido.

Mas, se o deste, minei-o com a minha insegura necessidade de demonstrar que não me afectas-te. Foi uma imatura reacção que me ficou atravessada na garganta e agora finalmente saiu.

E criou uma barreira de silêncio.

Quem sabe, expurgada que agora está a minha mágoa, numa próxima oportunidade me ria da tontearia que tudo isto é.

13.2.08

Michael C. Hall


Um actor americano de televisão é considerado sortudo quando consegue protagonizar uma série de sucesso. Protagonizar duas é, digamos, um feito pouco comum. Mais ainda se em ambos os casos as personagens forem óptimas.

Este é o caso de Michael C. Hall que interpretou um agente mortuário gay em 7 Palmos de Terra e agora é Dexter, um serial killer by night e especialista forense by day.

Podemos pensar que igual sorte teve Peter Krause que interpretou o seu irmão em Sete Palmos de Terra e agora protagoniza Sexo, dinheiro e Poder. No entanto, as suas personagens são diferentes e menos marcantes.

12.2.08

Estranhos Perfumes, Marie Darrieusseqc

Na Paris da passagem do milénio, onde reina a amoralidade, culmina um verdadeiro apocalipse, com o ataque dos seus quatro cavaleiros (guerra, doenças, fome e animais selvagens) numa espécie de julgamento final. Mas estes acontecimentos são importantes pelas condicionantes que coloca à sua protagonista. Uma mulher que se vai metamorfoseando até atingir um estado de evolução aparentemente mais degradante, mas no fundo com valores muito mais próximos da natureza.

11.2.08

Não sonhes que Acabou

Há liberdade por dentro e há liberdade sem
Tenta captar o dilúvio num copo de papel
Há uma batalha em frente, muitas batalhas estão perdidas
Mas nunca verás o fim do caminho
Enquanto viajares comigo

Hei agora, hei agora
Não sonhes que acabou
Quando o mundo aparece
Vem, vem
Para construir uma parede entre nós
Sabemos que não vencerá

Agora reboco o carro, há um buraco no tecto
As minhas posses causam-me suspeita mas não há provas
No jornal de hoje histórias de guerra e desperdício
Mas viras imediatamente para a página de televisão

Agora caminho de novo ao ritmo do tambor
E conto os passos para a porta do teu coração
Apenas sombras em frente que mal descobrem o telhado
E deixam conhecer o sentimento de liberdade e desprendimento

Não os deixes ganhar

Don't Dream It's Over, Crowded House


9.2.08

Workshop Semântico #15

Exercício 1

Pegou na cógula deposta sobre o escabelo e seguindo os quejandos do seu sucessor, aprontou-se. Era hora do teste final.

Exercício 2

Finalmente, um silêncio desejado. Sentia um cansaço que lhe toldava todos os possíveis impulsos de movimento. Quedou-se sentado no escabelo com os braços apoiados no móvel. Tentava assim não desabar-se no chão. Nem a cógula se aventurava a tirar, tal o esforço que esse movimento implicaria.

7.2.08

Fotos do Fogo

A última produção do Teatro Passagem de Nível tem por base vários textos de autores português contemporâneos e vai buscar o seu título a uma canção de Sérgio Godinho. O enredo visita um grupo de amigos que representa uma geração desencantada pelos sonhos e aspirações que deixou para trás quando embateu com a forte realidade da vida adulta na década de 60/70. O desenvolvimento é feito por através de monólogos/diálogos que se querem misturados e mote para os seguintes, mas infelizmente esta coesão e toques de passagem não são bem conseguidos.

Do grupo de actores, todos amadores, destacam-se sobretudo Daniela Oliveira e Luís Mendes. Fosse o grupo mais coeso, mesmo a nível de representação, e o espectáculo seria melhor.

5.2.08

As Pontes de Madison County, Robert James Weller


As Pontes de Madison County transportam-nos não para o local do título, mas para um desses lugares estranhos, na sua maioria incompreensíveis, que dão pelo nome de amor. Um amor maduro e tranquilo de quem já fez um percurso e sabe o que quer, mas também de quem sabe que a vida é feita de escolhas. Um amor redentor que desperta com uma troca de olhares e cresce por silêncios e palavras ditas na medida certa. Um amor de compreensão mútua e ciente da sua finita perfeição. Um amor ancestral que de reencontro cósmico de partículas de cinza.

Este amor faz-me recordar África Minha pela maturidade de sentimentos. Pelo reconhecer que quando se ama o outro pelo que este é, não se lhe pode impor regras ou exigir mudanças, sob pena de que estas minem um sentimento tão completo.

O que esta história tem de extraordinário é o facto de poder acontecer a qualquer pessoas a meio da sua vida. Quando menos se espera, encontrar alguém que nos reconhece no fundo da alma. Faz-me questionar quantas das mulheres que conheço terão tido a sorte de tal sentimento. Terá a minha mãe?

4.2.08

3.2.08

Palavras #59 a 61

Escabelo - do Lat. Scabellu, s. m., banco com costas, comprido e largo, cujo assento serve de tampa a uma caixa formada pelo mesmo móvel; banco pequeno para pôr debaixo dos pés.

Cogula - do Lat. Cuculla, s. f., túnica larga usada por religiosos; casula.

Quejando - do Lat. Quidgenitu, adj., da mesma natureza ou qualidade; que tal.

2.2.08

O Prenúncio das Águas, Rosa Lobato Faria


Rio de Anjo é uma pequena aldeia que será submersa pelas águas de uma barragem (um sacrifício em prol do progresso) e que se vê fisicamente transplantada para um novo local. Mas esta mudança não é pacífica, pois a identidade de um lugar faz-se não só das casas e das pessoas, mas também da sua história e dos seus mitos fundadores e a mudança física interfere na magia própria de cada local, pois aniquila a sua identidade.
A história do local, das suas gentes e das suas paixões é contada a cinco vozes, curiosamente três mulheres em fases e com experiências de vida diferentes e por uma criança e um velho, talvez as idades masculinas mais próximas de uma visão feminina do mundo.
Assim se vai tecendo os últimos dias antes da morte de uma aldeia única.

1.2.08

Um Regresso esperado

Em Abril, vai regressar a Revista Ler do Círculo de Leitores, desta feita em periodicidade mensal. Será altura de recomeçar a minha formação em Literatura criativa e aleatória.