Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
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31.5.08

Itunes shuffle #2

Fake, simply Red

Fado Maestro, Carlos do Carmo

Por causa de Você, Tom Jobim

For your babies, simply red

I finally found someone, Barbra Streisand e Bryan Adams

Streets of Philadelphia, Bruce Springsteen

2 Piñas coladas, Garth Brooks

When you kiss Me, Shania Twain

Don’t dream is over, Crowded House

Moody Blue, Elvis Presley

30.5.08

depois de uma noite de pânico por não estar a conseguir direccionar um dos trabalhos, hoje estou mais calma. Recebi a notícia de a data de entrega de um dos trabalhos foi adiada mais uma semana.

27.5.08

CAPUCHINHO VERMELHO... Versão Acordo Ortográfico de 2058

Tás a ver uma dama com um gorro vermelho? Yah, essa cena! A pita foi obrigada pela kota dela a ir à toca da velha levar umas cenas, pq a velha tava a bater mal, tázaver?*
E então disse-lhe:**
- Ouve, nem te passes! Népia dessa cena de ires pelo refundido das árvores, que salta-te um meco marado dos cornos para a frente e depois tenho a bófia à cola!
Pá, a pita enfia a carapuça e vai na descontra pela estrada, mas a toca da velha era bué longe, e a pita cagou na cena da kota dela e enfiou-se pelo bosque. Népia de mitra, na boa e tal, curtindo o som do iPod... É então que, ouve lá, salta um baita dog marado, todo chinado e bué ugly mêmo, que vira-se pa ela e grita:
- Yoo, tá td? Dd tc?
- Tásse... do gueto alí! E tu... tásse? - disse a pita
- Yah! E atão, q se faz?
- Seca, man! Vou levar o pacote à velha que mora ao fundo da track, que tá kuma moka do camano!
- Marado, marado!... Bute ripar uma até lá?
- Epá, má onda, tázaver? A minha cota não curte dessas cenas e põe-me de pildra se me cata...
- Dasse, a cota não tá aqui, dama! Bute ripar até à casa da tua velha, até te dou avanço, só naquela da curtição. Sem guita ao barulho nem nada.
- Yah prontes, na boa. Vais levar um baile katéte passas!!!
E lá riparam. Só que o dog enfiou-se por um short no meio do mato e chegou à toca da velha na maior, com bué avanço, tázaver? Manda um toque na porta, a velha 'quem é e o camano' e ele 'ah e tal, e não sei quê, que eu sou a pita do gorro vermelho, e na na na...'.
A velha abre a porta e PIMBA, o dog papa-a toda... Mas mesmo, abre a bocarra e o camano e até chuchou os dedos... O mano chega, vai ao móvel da velha, saca uma shirt assim mêmo à velha que a meca tinha lá, mete uns glasses na tromba e enfia-se no VL... o gajo tava bué abichanado mêmo, mas a larica era muita e a pita era à maneira, tásaver? A pita chega, e tal, e malha na porta da velha.*
- Basa aí cá pa dentro! - grita o dog.
- Yo velhita, tásse?
- Tásse e tal, cuma moca do camâno... mas na boa...
- Toma esta cena, pa mamares-te toda aí...
- Bacano, pa ver se trato esta cena.
- Pá, mica uma cena: pa ké esses baita olhos, man?
- Pá, pa micar melhor a cena, tázaver?
- Yah, yah... E os abanos, bué da bigs, pa ke é?
- Pá, pa poder controlar melhor a cena à volta, tázaver?
- Yah, bacano... e essa cremalheira toda janada e bué big? Pa que é a cena?
- É PA CHINAR ESSE CORPO TODO!!! GRRRRRRRR!!!!
E o dog manda-se à pita, naquela mêmo de a engolir, né? Só que a pita dá-lhe à brava na capoeira e saca um back-kick mesmo directo aos tomates do man e basa porta fora! Vai pela rua aos berros e tal, o dog vem atrás e dá-lhe um ganda-baite, pimba, mêmo nas nalgas, e quando vai pa engolir agaja aparece um meco daqueles que corta as cenas cum serrote, saca de machado e afinfa-lhe mêmo nos cornos. O dog kinou logo alí, o mano china a belly do dog e saca de lá a velha toda cheia da nhanha. Ina man, e a malta a gregoriar-se toda!!!
E prontes, já tá...

25.5.08

Palavras #83 a 85

péla - do Lat. Pil, s. f., bola revestida de pele; bola para brincar; bola para jogo; certo jogo antigo praticado com uma bola e uma raqueta; dança executada aos ombros de outra pessoa, que também bailava; rapariga que desse modo dançava. de pelar, s. f., acto de pelar. de pele? s. f., cada uma das camadas de cortiça do sobreiro. do Lat. Pella s. f., prov., sertã.

Bessangana - s. f., Angola, mulher de Luanda, geralmente idosa, que mantém o uso do vestuário tradicional.

Salsugem - do Lat. Salsugine, s. f., lodo salsuginoso; qualidade do que é salso; petigo.

23.5.08

Relexão sobre Eliot e Cultura

A palavra cultura implica associações diferentes segundo o desenvolvimento de um indivíduo, de um grupo ou classe, ou de toda uma sociedade. A minha hipótese inclui o conceito de que a cultura do indivíduo depende da cultura de um grupo ou classe e de que a cultura de um grupo ou classe depende de toda a sociedade a que pertence esse grupo ou classe. Assim, a cultura da sociedade é a cultura fundamental, por essa razão, devemos examinar em primeiro lugar o significado do “termo” cultura em relação a toda a sociedade.
Eliot, T. S., Notas para uma definição de cultura, p. 22.


A noção de cultura tem tido uma evolução paralela à da humanidade e tem procurado, desde sempre, definir como é que o homem se relaciona com o seu meio ambiente, seja ele físico ou social. Desde a simples e concreta acção de transformação do meio físico, através, por exemplo da agricultura, esta noção compreende actualmente uma complexa, e muitas vezes subliminar, rede de interacções sociais. Assim, o conceito de cultura é provavelmente um dos mais dinâmicos, pois terá sempre, de tempos a tempo, de adaptar-se às variações dessa mesma acção, que nunca será a mesma a cada momento nem para cada elemento ou grupo que compõe a sociedade.
Ciente desta complexa teia de interacções, Eliot mais do que procurar uma definição estanque e amplamente aceite, procura antes estabelecer limites de intervenção dessa mesma cultura e perceber quais são as suas áreas indiscutíveis de acção.
Assim, estabelece a existência de três acepções de cultura – individual, de grupo e de sociedade -, e também a existência de três condições essenciais à sua existência – uma estrutura orgânica, uma delimitação geográfica e um equilíbrio social.
Eliot ao apontar três acepções de cultura, classifica-as como inferior, média e superior. A cultura da sociedade, como um todo, significa que esta atingiu um estágio superior. E é essa a acepção fundamental quando procurar definir cultura. No entanto, sendo este o nível superior, não se pode abstrair nos níveis inferior e médio que a compõem. Deste modo, procura analisa-los e aponta alguns dos seus aspectos.
Quanto à cultura do indivíduo, há a tendência para que se mescle esta noção com a de perfeição. Esta tendência demonstra o perdurar da trindade dos valores clássicos - beleza, justiça e verdade - nos valores actuais. Assim, o indivíduo culto é um indivíduo sábio, detentor da verdade, capaz da justiça e apreciador da beleza. Ou seja, este é um estágio a que o indivíduo aspira, mas não é necessário atingi-lo para que se tenha cultura. Como o próprio Eliot indica “a pessoa que contribui para a cultura, seja qual for a importância da sua contribuição, nem sempre é uma pessoa culta” .
No que se refere à cultura de grupo, Eliot chama a atenção para a confusão que muitos autores fazem entre grupo e elite. Embora sejam noções que se tendem a misturar, há que notar que cada grupo ou classe detém uma elite, mas que uma elite não é necessariamente uma classe, que se define por ter uma cultura própria. Por exemplo, a classe dos advogados detém uma cultura própria, que advém da sua ética e das práticas profissionais que lhe são características, mas nem todos os seus membros fazem parte de uma elite. A elite dos advogados será composta por elementos que se destaquem profissionalmente, elementos com poder decisório (por exemplo, membros do bastonário), e líderes de opinião.
Eliot considera que as diferenças sociais, ou de classes, se perpetuam e que a educação tem um papel preponderante nesta manutenção. Mas com o advento da democratização de acesso à informação e consequentemente da cultura, coloca-se a questão: como é feita a transmissão de cultura. Eliot defende que esta é feita através de uma herança. Este pensamento será posteriormente desenvolvido por Pierre Bourdieu com a sua teoria da distinção. Bourdieu constrói a sua teoria da estratificação social baseada no gosto estético e define campos (arenas sociais) e hábitos (esquemas de percepção adquiridos) para cada classe . Esta noção de herança é oposta à noção de mecanismos de selecção defendida por outros autores. Estes mecanismos de selecção adaptam a teoria darwinista da evolução do mais apto. Ou seja, seriam os indivíduos com aptidão natural os “eleitos” destinados a uma educação. No entanto, nunca se conseguiu dar uma resposta concreta sobre quais seriam e como se levariam a cabo estes processos de selecção. Eliot considera que estes mecanismos só seriam viáveis numa sociedade não estratificada e como não considera que tal venha a acontecer no futuro, coloca de parte este modo de transmissão de cultura.
Uma realidade igualmente importante para a qual chama a atenção é a desintegração cultural da sociedade. Esta caminha cada vez mais para o desenvolvimento de grupos de cultura especializada. A especialização cria assim fossos de separação que impedem um diálogo criativo entre os vários grupos e impedem a evolução de uma sociedade. Sem diálogo, a sociedade estagna e colapsa, pois esta deixa de agir enquanto unidade dinâmica. Dai, que seja interessante observar como as sociedades actuais apelam tanto ao diálogo intercultural, se que este ano se comemora o ano internacional.
Assim, não se pode pensar em cultura como algo estanque e privilégio de um único grupo ou de pessoas específicas. Esta é transversal a toda a sociedade, embora cada individuo ou grupo apresente traços culturais característicos e específicos. A cultura, pela cultura, não se atinge. É “o produto de uma variedade de actividades mais ou menos harmoniosas, cada uma realizada em virtude do seu próprio mérito” .

21.5.08

DIA 21 = DIA DO IDEALISMO

Apesar de ser idealista e liberal, o nativo deste dia necessita da companhia de outras pessoas, pois dessa irmandade depende o seu sucesso e também o seu bem estar. Nasceu para manifestar e expressar seus sentimentos e ideias. É ambicioso, mas dispersivo, e dificilmente consegue acabar o que começa, deixando que os outros terminem suas tarefas e também que recebam as glórias.
Tem talento para a arte e o dom do entretenimento. Não é dos melhores amantes, pois apesar de ser amoroso e de se apaixonar com facilidade, é mais amigo dos seus parceiros do que cônjuge, pois coloca a paz, a compreensão e a harmonia acima do amor, a ponto de sacrificar-se por elas.
É por demais emotivo, sujeito a extremos, que o leva quase sempre a um estado de depressão. Em vista dessa sua fragilidade e inconstância, encontrará sérios obstáculos na juventude, mas por fim terá sucesso na idade mais madura, pois tem absoluta certeza de que tudo acabará bem.
São suas qualidades positivas: amizade, idealismo e capacidade de entretenimento. Após os 40 anos, a determinação e a vontade em conseguir sucesso material se fortalecerá e as privações antes dessa idade servirão como exemplo e também como um orientador que o conduzirá ao sucesso desejado. 21 é considerado o número de 'sorte', pois de maneira inexplicável (para os outros números) consegue 'tudo' o que deseja. Cuidado com as doenças psicossomáticas adquiridas das frustrações, decepções e contrariedades.

19.5.08

Rosa

Rosa –a mais recente obsessão

Rosa – nem se questiona

Rosa – os lábios amantes

Porque rosa é a descoberta do amor

Rosa – a ponta da tua cereja

Rosa – porque é tão tão

Rosa – a cor da paixão

E hoje em dia é moda

Rosa – foi amor à primeira vista

Sim, rosa – quando acendes a luz

E rosa eleva-me aos céus

E acho que tudo vai correr bem

Seja o que fizermos esta noite

Podes ser o meu flamingo

Porque rosa – é um novo lingo

Rosa – qual chapéu deco

É estranho que não lhe digas

Quero ser tua amante

Quero enrolar-te em borracha

Rosa como estes lençóis

Porque rosa – é o meu lápis favorito

rosa – foi amor à primeira vista

Rosa – quando apago a luz

Rosa – não é exactamente vermelho

E acho que tudo correrá bem

Seja o que fizermos esta noite

Pink, Aerosmith

18.5.08

Workshop semântico #22

Exercício 1
Acordo sem qualquer anamenese do local onde me encontro e com uma enorme dor de cabeça. Tento perceber a origem da dor e os meus dedos perscrutam uma coifa a protege-la. Tento levantar-me um pouco, mas apenas sinto um sílicio de cor indistinta a cobrir-me o corpo.
Exercício 2
Este silício que não termina debilita-me a cada dia. E já não há anameses dos dias sem esta coifa que me prende.

17.5.08

Itunes shuffle #1

A perfect love gone wrong, Sting

Night calls, Joe cocker

Hino da Repressão, Ópera do Malandro

Desire, U2

Promisse me, Beverly Craven

Manhã Perdida, Delfins

Geni e o zepelim, Ópera do Malandro

Love supreme, Robbie Williams

Maria Albertina, Humanos

I Want it that Way, Backsteet Boys

16.5.08

Workshop semântico #21

Exercício 1

Em noites dominadas pela noctiluca, emerge do mar o dugongo respondendo ao seu acúleo.

Exercício 2

Hoje o mar não é somente plácido. É um espelho do tamanho do mundo, magnificando o noctiluco esplendor. São noites em tudo é provável, mesmo o impossível.

Noites em que as mulheres se rendem aos encantos de figuras encantatórias, que mais não são que sombras acúleas. É nestas noites que nascem as lendas de dugongos, lobisomens, centauros…

15.5.08

Vieira da Silva – Par elle Même

Não sei se aprecio a pintura de Vieira da Silva. Alguns dos seus quadros transmitem-me uma sensação lúgubre e outros de peso. São construções pesadas, como frequentemente são as bibliotecas que neles parecem emergir. Ou as cidades de betão pintado e sem plano de pormenor, ou de pormenores perdidos. Sinto falta da cor viva que me alegra a alma. É que a minha lama anda triste e talvez não haja agora nela espaço para tais traços, para tais perspectivas, tais pontos de fuga. Talvez não haja fuga possível!

Par Elle Même vislumbra a pessoas por trás dos quadros, por trás do ícone. É ter uma vontade imensa de pôr a chaleira a ferver e preparar um chá. Pôr o disco na vitrola e sentar num cadeirão largo com uma manta quente a proteger do frio. Sentar e saborear o silêncio da descoberta de um traço que procura o seu caminho numa tela. Perceber como por vezes se encontram, se cruzam e de repente ver que apenas estavam à espera de se cruzar e trazer à superfície da tela algo que estava lá há já muito, muito tempo. Apenas à espera que uma mão sacudisse a areia branca da tela. E tudo isto num simples golo de chá.

Dar vida a palavras que não são escritas para representação não é tarefa fácil. Há ritmos escritos difíceis de conciliar com a oralidade. São outros tempos, outras pausas, outra respiração. É necessário um empenho total nas palavras. Uma maior garimpagem de tonalidades. E Maria José Paschoal brinda-nos … com a sua versatilidade e as suas capacidades interpretativas. Como a própria afirma: é o papel de uma vida. Ou melhor, é uma vida que vai além do papel em que as palavras foram escritas.

11.5.08

Palavras #80 a 82

Noctiluca - do Lat. Noctiluca; s. f., poét., a Lua.

Dugongo - do Mal. Duyong; s. m., Zool., cetáceo do Oceano Índico, dotado de forma extravagante e ao qual o vulgo chama homem-peixe.

Acúleo - do Lat. aculeu, ponta; s. m., aguilhão, pua; Bot., pico que apresentam algumas plantas (roseira, etc. ); fig., estímulo.

10.5.08

Eu tenho um sonho…

Pensar a minha cidade nas usas possibilidades e não nas suas lacunas e saldos negativos.

A minha cidade é-o de nome, mas não de valências. Tem o tamanho e as pessoas, mas falta-lhe quase tudo o que a poderia tornar uma cidade. Falta-lhe infraestruturas, falta-lhe a atractividade para os seus moradores, falta a sensação de segurança, falta o envolvimento das suas pessoas. Na minha cidade não se vive, vai-se vivendo uns dias, uns atrás dos outros.

Eu tenho um sonho, fazer da minha cidade um lugar aprazível, onde se viva com qualidade e com gosto. É algo em que gostaria de me empenhar, embora não saiba como. Poderia fazê-lo através da política, mas será que tenho capacidade e personalidade para tal? É óbvio que as dúvidas são muitas e as certezas poucas. Aliás, a única certeza é que gostaria que a minha cidade fosse um sítio melhor, onde pudesse usufruir de uma série de possibilidades. Há que criá-las é certo, mas se o soubesse fazer não estaria aqui neste momento. É verdade que não há fórmulas, penas exemplos que se podem seguir, adaptações, aproximações. Serão utópicas? Não, mas idealistas, com certeza.

Como poderei então contribuir para a dinamização da minha cidade? Percebendo o que existe e envolvendo-me, porque sozinha não se vai a lado nenhum. É esse o primeiro passo, o envolvimento, a criação de laços e parcerias que poderão levar a projectos vários, sejam simples ou mais complexos. Podermos todos fazer o esforço da envolvência? Está única e exclusivamente nas nossas mãos. Mesmo que não saibamos por onde começar, há que primeiro sair à rua e auscultar o seu ritmo e as suas vivências. Por vezes não é tão sombria como poderíamos à primeira vista pensar. Depois há o primeiro fazer, ao qual se seguirão outros. É um processo complexo e lento, mas acredito em mudar a minha cidade.

9.5.08

A tua é uma cidade criativa?

Por definição, é a cidade onde as pessoas querem viver, porque lhes oferece bem estar e qualidade de vida a par de um ambiente cultural dinâmico, que estimula as industrias locais. Mais do que uma cidade, é um modo de via único, um bilhete de identidade cultural com ritmos próprios. A tua é uma cidade criativa?

8.5.08

o que nós queremos é livros baratos!

a feira do livro tem sido motivo de muitos artigos e posts face às recentes alterações no mercado editorial nacional.

Este ano não tenho qualquer plano de visita-la. Não por qualquer manifestação de (des)acordo seja com o que for, mas apenas por falta de orçamento. E contra isso tenho um grande desacordo! No entanto, não é necessário frequentar a feira para adquirir livros em conta. Basta ter em atenção os escaparates das papelarias e as colecções oferta/preço reduzido que acompanham algumas publicações. E nem é necessário comprar as referidas publicações, é dar uns dias e as ofertas são vendidas em separado. Assim, por dez euros consegue-se comprar, por exemplo, seis livros, dois dvds e uma pastilha.

Prestemos atenção então.

7.5.08

Notas para uma definição de arte:

• “... a arte nasce da realidade, desprende-se da realidade e renasce na realidade. “ p.17
• “... a obra de arte é um constante desdobrar-se, um constante exceder-se, algo de comparável a uma semente. ... é intuitivo que este crescimento se realiza através de contradições.” P. 64
• “ ... o grande artista ... é um inconformado, ..., um desajustado, em relação à ideologia dominante, e nunca coincide com a mundividência do seu grupo” p.67
• ... aquilo que consente a perdurabilidade de uma obra é justamente a diversidade das coerências possíveis nela contidas; ou então o dinamismo dialéctico através do qual se processa a busca de uma coerência nunca alcançada.” P.68
• ... as obras de arte são ambíguas, polivalentes e susceptíveis de interpretações múltiplas. P. 77
• ... é próprio de um documento ser sempre conhecível, embora nunca totalmente conhecido. P.78
• ... toda a verdadeira criação humana é uma sobra, uma mais valia em relação ao tempo ... é uma sobra do tempo, porque é intemporal.” P. 126
• ... a arte é um veículo de ideias.”
• A arte é uma actividade ... o objecto artístico é apenas um objecto dessa actividade.”
• “ ... o essencial de uma obra artística é ela ser comunicativa, ..., é ela desencadear no seu leitor, ..., um processo que é também activo e criador. Para o artista, a obra criada é um momento de condensação e de consumação da actividade criadora; para o destinatário ... é o começo de uma nova actividade. P. 167
• ... da arte sabemos só que não volta ao principio. P. 172

SARAIVA, António José

Ser ou não ser arte. Estudos e Ensaios de metaliteratura. Lisboa: Edições Europa-América, 1974.

6.5.08

Diálogo

Prometeste!
Nada.
Juraste!
O quê?
Que estarias ao meu lado.
Sim.
Então? Afinal?
Apenas afirmei.
Assim só?
Só? O que importa é o fazer, não o dizer.
Sim, estás comigo.
Estou.

5.5.08

Mergulho Nocturno

um mergulho nocturno merece uma noite tranquila
a foto no tablier, tirada há anos,
virada ao contrário e visível através do vidro da frente
cada luz de candeeiro revela o reverso da foto
e mesmo assim, é muito mais nítida
esqueci a camisola à beira da água
e a lua está baixa esta noite

um mergulho nocturno merece uma noite tranquila
não estou certo que todos o compreendam
não é como há alguns anos
o medo de ser apanhado
de rebeldia e água
de não ser visto despido
essas coisas desaparecem
substituídas pelo dia a dia.

O mergulho nocturno, lembro essa noite
Setembro está quase a chegar
E olho para a lua
E se houvesse duas
Em órbita lado a lado
Em redor do frondoso sol?
Esse brilho, esse fervilhar
Não consegue descrever um mergulho nocturno

Tu, pensava que te conhecia
Tu, não posso julgar
Tu, julgava que me conhecias
Esta gargalhada mansa sob o meu respirar
O mergulho nocturno

A foto reflecte
Cada luz relembra
Que um mergulho nocturno merece uma noite calma, merece uma noite calma

Nightswimming, R.E.M.

3.5.08

Os cinquenta autores mais influentes do século xx, in Ler#69

Agatha Christie
Albert Camus

André Breton
Barbara Cartland
Bertolt Brecht

Carl Sagan

F. Scott Fitzgerald

Fernando Pessoa

Franz Kafka

Elimio Salgari

Enid Blyton

Ernest Hemingway

Gabriel Garcia Marquez

George Orwell

Georges Perec

Gilles Deleuze

Guy Debord

Graham greene

Hermann hesse

Isaac Asimov

Italo Calvino

JD Salinger

JK Rowling

J.R.R. Tolkien

James Joyce

Jean Paul Sartre

Jorge Luis Borges

Juan Rulfo

Karl Popper

Ludwing Wittgenstein

Marcel Proust

Marguerite Duras

Pablo Neruda

Primo Levi

Rainer Maria rilke

Raymond Carver

Roland Barthes

Robert Musil

Salman Rushdie

Samuel beckett

Sigmund Freud

Syllvia Plath

T.S. Eliot

Thomas Mann

Umberto Eco

Virginia woolf

Vladimir Nabokov

Walter Benjamin

William Faulkner

Legenda: Lido - Na Prateleira

2.5.08

Ler #69

A Ler voltou aos escaparates nacionais após um interregno de cerca de dois anos. Voltou com uma nova periodicidade (mensal) e uma nova cara (muito clean e com muitas imagens). Mas há coisas que não mudam: a qualidade.

Com Francisco José Viegas como responsável editorial, conta-se entre as suas páginas com a presença de regular de autores que aprecio, como Inês Pedrosa, José Eduardo Agualusa, Onésimo Teotónio de Almeida, Pedro Mexia, entre outros.

Para quem gosta de livros e de ler este retorno é uma óptima notícia, pois embora haja na nossa praça outras publicações dedicadas ao sector, como Os Meus Livros e o Jornal de Letras, a Ler fazia falta. Para mim, é a publicação com que mais me identifico. Não tem a inocuidade que por mais que queira não consigo desassociar de Os Meus Livros, nem o formato e tom por vezes pesado do Jornal de Letras. É uma revista que me dá simultaneamente informação, sem ser superficial, mas que permite respirar.

1.5.08

Nem todas as folhas são para se escrever. Algumas são só para se ensaiar um risco, amarrotar, rasgar e deitar for a.

Nem todas as histórias são para se contar. Algumas são só ensaios de uma vida. Aprendem-se, não se contam.

Depois vive-se.