Par Elle Même vislumbra a pessoas por trás dos quadros, por trás do ícone. É ter uma vontade imensa de pôr a chaleira a ferver e preparar um chá. Pôr o disco na vitrola e sentar num cadeirão largo com uma manta quente a proteger do frio. Sentar e saborear o silêncio da descoberta de um traço que procura o seu caminho numa tela. Perceber como por vezes se encontram, se cruzam e de repente ver que apenas estavam à espera de se cruzar e trazer à superfície da tela algo que estava lá há já muito, muito tempo. Apenas à espera que uma mão sacudisse a areia branca da tela. E tudo isto num simples golo de chá.
Dar vida a palavras que não são escritas para representação não é tarefa fácil. Há ritmos escritos difíceis de conciliar com a oralidade. São outros tempos, outras pausas, outra respiração. É necessário um empenho total nas palavras. Uma maior garimpagem de tonalidades. E Maria José Paschoal brinda-nos … com a sua versatilidade e as suas capacidades interpretativas. Como a própria afirma: é o papel de uma vida. Ou melhor, é uma vida que vai além do papel em que as palavras foram escritas.
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