Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
Mais informações: www.cm-sintra.pt

31.1.15

Fórum bibliotecAtiva: Repensar as bibliotecas públicas Portuguesas

No meu propósito de ganhar novas competências e alargar o meu horizonte profissional no futuro, assisti, este fim-de-semana, ao Fórum BibliotecAtiva, dinamizado por Filipe Leal, e que decorreu na recém inaugurada Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira.
O fórum adoptou o formato tradicional de diversos painéis, cuja duração não permitiu o necessário aprofundamento dos temas em destaque. Cada painel tinha um moderador e 2 a 3 intervenientes, cuja devida apresentação foi, à falta de melhor palavra, negligenciada. Na maioria, para além do nome, não foi facultado ao público informação sobre o local de trabalho, nem o porquê da sua presença no evento. Aliás, houve quem viesse assumidamente tapar um buraco e cuja valia para o evento não parecia passar do acto de viver no estrangeiro, junto de uma biblioteca com ligeiras diferenças de funcionamento relativamente ao que estamos habituados. Esta situação levou à impressão de que este Fórum trabalha num sistema de circuito fechado, em que todos se conhecem, e, eventualmente, alimentam
As iniciativas uns dos outros. Mas este tipo de evento, que se quer uma reunião periódica entre profissionais bibliotecários, deve pensar em regenerar-se e abranger também outros públicos profissionais, que não sendo bibliotecários de formação, têm também a responsabilidade de dinamizar bibliotecas, uma vez que estas são os espaços ideais de desenvolvimento dos seus projectos.
Relativamente à divulgação do evento, tenho a apontar a peculiaridade d as plataformas utilizadas: Facebook, Slideshare, Blog. Quanto ao FB, não há nada a comentar. É, hoje em dia, uma ferramenta incontornável e divulgação. Quanto ao slideshare, parece-me uma ferramenta desajustada, pois obriga a uma inscrição para acesso a determinados conteúdos, e questiono se um GoogleDocs não seria mais abrangente. Já o blog do projecto, tem um modelo engraçado e dinâmico, mas incompatível com certos feedreaders e versão mais antigas de windowns.
Apesar destes apontamentos um pouco mais críticos, a experiência foi extremamente positiva, uma vez que me deu novas perspectivas sobre a dinamização destes espaços públicos e o modo como estes se têm de adaptar às novas realidades tecnológicas e sociais para continuarem a ser espaços de referência nos panoramas cultural, educativo e social das nossas comunidades.

30.1.15

É a sua vida que eu quero bordar na minha, Gilberto Gil

É a sua vida que eu quero bordar na minha
Como se eu fosse o pano e você fosse a linha
E a agulha do real nas mãos da fantasia
Fosse bordando ponto a ponto nosso dia-a-dia
E fosse aparecendo aos poucos nosso amor
Os nossos sentimentos loucos, nosso amor
O zig-zag do tormento, as cores da alegria
A curva generosa da compreensão
Formando a pétala da rosa, da paixão
A sua vida o meu caminho, nosso amor
Você a linha e eu o linho, nosso amor
Nossa colcha de cama, nossa toalha de mesa
Reproduzidos no bordado
A casa, a estrada, a correnteza
O sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza


29.1.15

#13 – acreditar leva-nos longe

Nunca, como hoje, o mundo nos deu tantas oportunidades de viver os nossos sonhos . a cada dia vemo-nos confrontados com a necessidade de nos reinventar e, então, porque é que essa reinvenção não é exactamente a concretização de um ou até de mais sonhos?
O meu maior sonho é, com certeza, a escrita. Concretizo-o quase diariamente, ou não fosse esta a forma como exorcizo os meus fantasmas e reflicto sobre o mundo que me rodeia. O segundo sonho é que esta atinja gradualmente um maior leque de pessoas, que as cative e as faça retornar. Para tal, tento a cada dia aprender mais sobre este subtil oficio de burilar as palavras. Leio, escrevo, leio, leio. Leio muito mais do que alguma vez escreverei. O terceiro e mais complexo é o seu reconhecimento. Talvez passe o resto da vida sem o atingir. Mas isso não é motivo para não acreditar.

Acreditar leva-nos longe. Aliás, é um dos pouco sentimentos que nos leva algures ou que, pelo menos, nos tira do lugar que o mundo talvez nos tenha reservado. Acredito nos meus sonhos e estou a abrir asas para os abarcar e atingir. Mesmo que o voo seja turbulento, me leve a paisagens inesperados, ou até inóspitas, e que o fim do caminho seja apenas uma miragem. Mas irei mais longe do que me foi destinado.

28.1.15

Ler #136 (IV)

Miguel Real. Excerto do seu novo livro. Exercício de projecção futura e distópica sobre uma nova europa e um homem amorfo, assensual e conformado. Mas, não o seremos já?
Tiago Cavaco. Texto sobre literatura e imortalidade. Qual a sua relação? A melhor literatura equivale à imortalidade possível. A pergunta que fica é: escrevemos para escapar à morte ou para lhe dar as boas vindas. A escrita é, pela catarse, pela própria verbalização, a maior pacificadora. Dará esta a resposta que a realidade não dá?

Reza Aslan. Entrevista sobre a sua obra O Jesus Zelota. RA defende a necessidade de compreender o Jesus histórico e, para tal, coloca-o no seu contexto para percebe-lo como revolucionário contra os poderes do seu tempo. No fundo, aplica a teoria da recepção ao impacto das palavras de Jesus. É interessante perceber que, p. e., a sua posição em relação à violência é que esta é necessária e inevitável, mas apenas deve ser praticada por deus e não pelos homens em seu nome. Sem a defender, também não defendia o oferecer a outra face.



27.1.15

A Curva da Estrada, Ferreira de Castro

Soriano, líder do partido Comunista espanhol, vê-se ultrapassado na hierarquia partidária, por facções mais jovens, com visões diferentes e sem terem sofrido o mesmo tipo de sacrifícios pela causa. Insatisfeito, e aliciado por outra força partidária, pondera mudar de fileiras. Num curto espaço de 48 horas, reflecte sobre o seu passado, a sua luta, as suas conquistas e, sobretudo, o que, no seu intimo, realmente deseja para o seu futuro pessoal e profissional. Pressionado por vários ângulos, acaba por surpreender a grande maioria ao abdicar da fama e proveito que a mudança partidária lhe traria, mantendo-se assim fiel aos seus valores. Valores que nortearam uma vida, mesmo que este tenham evoluído e transformado.
Leitura interessante e que nos leva a ponderar sobre os políticos que (não) nos servem.

Editora: Guimarães Edição: 12ª (52º milhar) Local: Lisboa Impressão: Tipografia Guerra Ano: 2002 ISBN: 972-665-069-x Localização: 64169 S (821.134.3-31 CAS)

26.1.15

Quatro Amigas e um Casamento (2012)

Quatro amigas de longa dat reúnem-se durante os preparativos de casamento de uma delas. Talvez a menos expectável. Apesar das contrariedades e outras peripécias, é momento que fazem um balanço sobre as suas aspirações pessoais, profissionais e românticas. Sem apresentar nada de novo, é uma ligeira comédia romântica para domingo no sofá.


Título original: Bachelorette * Argumento & Realização: Leslye Headland, baseado na sua peça homónima * Elenco: Kirsten Dunst, Isla Fisher, Lizzy Caplan, Rebel Wilson, Adam Scott

25.1.15

Lindalva

Lucretia, Gabrielle Baker
Nem linda, nem alva, nem nenhum outro atributo que ajudasse a suavizar tal quadro grotesco. Felosa. Envergando indescritíveis tafuis que contribuem para um aspecto ainda mais sestro. Provoca repulsa em quem avulso se se cruza. Lindava. Incompreendida. Inexpugnável. 

24.1.15

Palavras #564 a 566

apóstrofe - (latim apostrophe, -es, desvio, fuga, refúgio) s. f. 1. Interpelação súbita ou invocação com que o orador interrompe o seu discurso. 2. Frase energética e incisiva que alguém dirige a outrem, principalmente a um orador. 3. Dito mordaz, ofensivo ou provocatório.
increpar -  (latim increpo, -are, elevar a voz contra, censurar, fazer soar) v. t. 1. Repreender asperamente. = ACUSAR 2. Dirigir a palavra a (alguém), censurando. = CENSURAR 3. Qualificar alguém negativamente (ex.: increpara-o de incompetente). = TACHAR
balsão - (balsa + -ão) s. m. Antigo estandarte dos Templários. = BALSA Confrontar: balção.

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/


23.1.15

Não, sim, nim, Rodrigo Ferrão

não negues o meu direito à solidão,
as multidões não a combatem.
não negues o meu direito ao sossego,
o som da chuva basta.
não negues o meu direito ao poema,
que eu faço o que quero com as palavras.

não negues.
não.

afirma o meu direito ao amor,
que eu tenho muito para dar.
afirma o meu direito à alegria,
porque já guardei todas as lágrimas.
afirma o meu direito à liberdade,
que eu vivo preso à fatalidade das rotinas.

afirma.
sim.

talvez consideres o meu direito à dúvida,
que eu movo-me pelas questões.
talvez queiras dar espaço ao sonho,
ele é o último a morrer.
talvez me possas dar a mão,
dois somos mais fortes do que um.

talvez.
nim.

22.1.15

Tiragem internautica

Hoje, apeteceu-me circular pela internet e dei por mim a fazer uma tiragem de tarot para o próximo semestre. Este foi o resultado. Daqui a uns meses retorno a este post. ;)
 
Síntese
RAINHA DE PAUS - Este arcano significa maturidade, virtude e integridade. Expressa magnetismo, força de espírito e firmeza. Intuição a favor.
1ª Casa - Identidade
OS ENAMORADOS - O arcano VI do Tarot traz o encontro com a dúvida, união de opostos e a intensificação do amor. Caminho bifurcado para a razão ou para a emoção.
2ª CASA - DINHEIRO E FINANÇAS
O LOUCO - O arcano zero do Tarot indica situações ousadas: uma renovação impensada, uma aventura inesperada e várias oportunidades. Caminhos abertos.
3ª CASA - RELAÇÕES SOCIAIS E INTELECTO
A JUSTIÇA - O arcano VIII do Tarot revela um período de equilíbrio interior, concentração e autocontrole.
4ª CASA - FAMÍLIA E MUNDO INTERIOR
A LUA - O arcano XVIII do Tarot representa as confusões emocionais e os piores medos. Indica a necessidade de aprender a discernir e a perceber melhor.
5ª CASA - DIVERSÃO E PRAZER
A SACERDOTISA - Esta figura aparentemente enigmática simboliza mistério, silêncio e estudo de propostas e atitudes. Tudo a seu tempo. Sentimentos camuflados.
6ª CASA - SAÚDE E COTIDIANO
A IMPERATRIZ - O arcano III do Tarot simboliza prosperidade, coragem e até mesmo sensualidade. Representa a vida que nasce e renasce. Força pessoal.
7ª CASA - VIDA AFETIVA
O IMPERADOR - O arcano IV do Tarot mostra uma figura da majestade, que significa força, autoridade e poder. Aparente frieza ou distanciamento emocional. Razão em primeiro plano.
8ª CASA - DESAFIOS PESSOAIS
A MORTE - O arcano XIII do Tarot traz a constatação do fim e do renascimento. É uma forma de cortar o que não serve mais para que uma nova realidade se apresente. Renovação.
9ª CASA - EVOLUÇÃO PESSOAL
O PAPA - O arcano V do Tarot traz o significado de confiança e harmonia. Indica amizade e compreensão. Apoio e fé. Ligação com a sabedoria.
10ª CASA - CARREIRA
A TORRE - O arcano XVI do Tarot transmite a ideia de libertação, revolução de ideias e da rotina. Rompimento e finalização. 
11ª CASA - AMIZADE E FUTURO PRÓXIMO
O MAGO - O arcano I do Tarot representa o início, a tendência a começar e a não terminar, uma boa imagem pessoal, esperteza e domínio daquilo que faz ou diz.
12ª CASA - CONSELHOS FINAIS
A TEMPERANÇA - O arcano XIV do Tarot revela a harmonia entre ideias opostas e pessoas, mas também lentidão. Toda renovação e conciliação pressupõe espera.

21.1.15

Sobre uma Breve nota biográfica

O desafio de escrever uma Breve nota biográfica de 2, 3 linhas implica um enorme exercício de selecção do que se quer salientar sobre nós. O meu objectivo era dar uma perspectiva de 20 anos, no qual se conjugam formação e experiência profissional, mas também as minhas perspectivas futuras de desenvolvimento pessoal e profissional. Após várias tentativas, fiquei satisfeita com o resultado final, que dificilmente poderia ser mais sintético. Espero que o mesmo seja compreensível para todos. 

20.1.15

Breve nota biográfica

Licenciada em Português/Inglês, com experiência profissional nas áreas editorial, juventude e educação não formal e interesse no desenvolvimento de projectos de promoção da leitura e de competências de escrita. 

19.1.15

Ninfomaníaca - Partes I & II (2013)

Ninfomaníaca é um exercício de Lars von Trier sobre a sexualidade humana através de uma personagem feminina cujo comportamento associamos sobretudo ao sexo masculino e daí esta se chamar joey. Composto por duas partes, discorrem diante nós as diversas experiências de Joey, desse a sua juventude e a perda da virgindade, passando por relações, traições, jogos, subversões, sempre com um filtro de frieza emocional a par do prazer físico. Como mensagem final, Trier dá-nos a bacoca ideia de que o sexo corrompe. Tanta pseudo filosofia para tão parca mensagem, que mais parece uma desculpa esfarrapada para uma pornochanchada, perante a qual só apraz comentar:  deêm ao senhor um exemplar de A Casa dos Budas Ditosos, esse sim um exemplo de sexo desempoeirado no feminino.

Título original: Nymphomaniac * Argumento & Realização:
Lars von Trier * Elenco: Charlotte Gainsbourg, Stellan Skarsgård, Stacy Martin, Shia LaBeouf, Christian Slater, Uma Thurman, Connie Nielsen

18.1.15

Seroar não é para todos. Dizia meu pai. Com o respeito devido a quem, de noite, torna mais fagueiros os nossos dias e a quem, raras vezes egressos da escuridão, vemos as pálidas faces.

17.1.15

Ler #136 (III)

Eduardo Cintra Torres. Texto sobre uma definição da televisão contemporânea. ECT salienta que o desenvolvimento da televisão nos EUA tinha como público alvo a família residente nos subúrbios. Actualmente, este paradigma foi dando lugar à existência de canais não generalistas, à emergência de novos media, a uma unificação de linguagens. Hoje, há um novo paradigma: o produser: além de todos os tipos de conteúdo estarem acessíveis a partir de um só meio de acesso, são os próprios utilizadores a criarem os seus conteúdos. Como reverso da medalha, assiste-se igualmente ao crescimento dos chamados desligados da televisão, cujo impacto, pela ausência, é complexo de definir.

Sara Marques Moreira. Texto a propósito de Leonard Cohen. SMM lança a questão: as mulheres ainda querem ser pedidas em casamento? À qual também responde: sim, só não querem é casar.

Inês Pedrosa. Texto a propósito dos sem guerra. IP questiona quais expectativas de evolução humana da geração sem guerra e como é que estes lidam com a crise, a maldade primária, a leitura e a escrita como salvação.

15.1.15

Ler #136 (II)

Jo Nesbo. Texto de Isabel Lucas. Este conceituado autor nórdico de literatura policial procura explorar nos seus livros o conceito de que a capacidade de matar é fundamental para qualquer pessoa saudável. A existência humana é uma constante luta para vencer e quem não conseguir matar, não tem direito de existir. Sendo que matar é, afinal, apenas apressar o inevitável. E a insanidade é um retiro vital num lugar onde nos podemos entrincheirar e retemperar forças.

Abel Barros Baptista. Crónica. ABB constata que o património, se existe, é reorganizado instavelmente pelo presente. Todos os dias morrem inexoravelmente vários livros, não apenas novos, mas também antigos.

Patrick Mondiano. Texto de Bruno Vieira Amaral. BVA faz uma breve análise ao mais recente laureado com o prémio nobel da literatura e salienta diversas características da sua obra, como a reflexão sobre a juventude e a tristeza que a sua não vivência induz nos personagens, traduzindo-se posteriormente numa esperança adulta no futuro, inerente à maturidade adquirida. O apego ao passado é a única forma de se refazer a identidade em tempos instáveis e em constante mutação. O autor escreve para definir uma identidade fracturada pela ausência dos pais.

14.1.15

Dora Bruder, Patrick Modiano

O escritor, que não se percebe até que ponto é o próprio Mondiano, encontra um recorte de jornal datado de 1942. Este contem um aviso que dá conta do desaparecimento de uma jovem de origem judia. Ao longo das décadas seguintes, a procura do paradeiro desta jovem, Dora Bruder, e a reconstituição do que teria sido a sua vida e a dos seus pais em plena ocupação nazi de Paris, torna-se uma súbtil obsessão. Esta tentativa de reconstituição do passado é uma mera tentativa de tentar reconstituir vidas de pessoas reais, das quais apenas sobrevivem uns quantos registos oficiais. Uma tentativa de percepção de motivações, caracteres e decisões sobre os quais não há quaisquer indícios, num contexto espácio-temporal complexo e cujo fim é, apesar de todas as esperanças, expectável.

Título: Dora Bruder; Autor: Patrick Modiano; Tradução: G. Cascais Franco; Editora: Edições Asa; Colecção: Pequenos Prazeres; Edição: 2ª; Local: Porto; Impressão: Edições Asa; ano: 2000; ISBN: 972-665-069-X; Localização: BMS 64169 S

13.1.15

Caderno de esquissos

Dei-me hoje conta que esta poderá ser uma das minhas últimas pausas usufruída no jardim da Vigia, em S. Pedro de Penaferrim. Como o sol brilha e as previsões indicam aguaceiros nos próximos dias, resolvi aproveitar o momento e registá-lo de um modo diferente. Pena não conseguir registar também o canto dos pássaros.
Esta é a visão que a minha parca capacidade técnica deixa transparecer sobre a serra de Sintra. Foi um momento retemperador e a que há muito não me dedicava. Percebi que a pausa possibilitada pelo desenho me tem feito falta e resolvi que vou iniciar um caderno de esquissos para registar pequenos e grandes pormenores que me rodeiam. Far-me-á bem.

Hoje, o registo ficou no livro Dora Bruder, de Patrick Modiano, que será devolvido à Biblioteca de Sintra nos próximos dias. Um presente diferente para o próximo leitor.
 
Adelaide Bernardo, 12-01-2015

12.1.15

Pompeia (2014)

A descoberta arqueológica da cidade que a erupção do Vesúvio vitimou, e a percepção dos momentos de dor que antecederam à morte dos milhares de habitantes de Pompeia sempre instigou o imaginário de estudiosos e criadores. Reza a lenda que entre esses corpos, estava um casal abraçado. Quem seriam? Dois amantes? Qual seria a sua história? Contar-nos uma dessas histórias é o propósito desta nova produção inspirada sobre o cataclismo que se abateu sobre a cidade romana. História: boy meets girl, que neste caso são um escravo gladiador e uma herdeira aristocrática. Cenário: o projecto paterno de renovação da cidade (assim, tipo Polis). Ameaça: a aprovação do projecto necessita do apoio de um senador romano, que, espanta-se, quer conquistar a bela donzela à força. Resultado: um filme sem surpresas, com algumas incongruências geográficas, apesar dos efeitos visuais jeitosos, e servido por um elenco despropositado. Há filmes melhores para se passar duas horas.

Título original: Pompeii * Realização: Paul W.S. Anderson * Argumento:  Janet Scott Batchler, Lee Batchler* Elenco: Kit HaringtonEmily BrowningKiefer Sutherland, Carrie-Anne Moss

11.1.15

O broche de jaspe indicia o cargo de comitre que lhe foi imposto por firmão pele xeque Abdullah al Ibrahim.

10.1.15

Ler #136 (I)

António Lobo Antunes. Entrevista de Francisco José Viegas. ALA não é um autor que me suscite interesse, mas, pelas suas entrevistas, respeito a sua lucidez sobre a escrita e o seu eventual propósito, bem como a sua forma de criatividade. “Bolas, a função da literatura é esta: estar ali com uma mão apertada na nossa.”

Salman Rushdie. Texto sobre a leitura. SR salienta o poder do leitor como elemento finalizador de uma obra. Cada livro é único na mente dos seus leitores e talvez por isso as comunidades de leitores nos dão essa mais valia: descobrir que outras leituras emergem de um mesmo texto. Partilho igualmente a sua perspectiva do vulgar prazer de ler um livro atentamente e ver o que ele nos tem a dizer, de descobrirmos o nosso livro dentro do livro e de decidirmos, nós próprios, enquanto leitores, o que pensamos dele. SR chama também a atenção para a deturpação da linguagem que possibilita a criação da tirania. A modernidade apresenta-se com uma linguagem de igualdade entre géneros e de legitimidade dos governos seculares afastados da religião. No entanto, deparamo-nos com uma juventude revoltada pelas suas expectativas goradas, o que origina extremismos que obstem a validação das suas ideias a partir de um deus fictício.

Michael Cunningham. Entrevista de Bruno Vieira Amaral. MC apresenta a ideia de uma diferença entre talento (natural) e concentração artística, que é a vontade de escrever o melhor que se consegue. O que me faz pensar se não será este o caso de muitos dos que pretendem singrar através da escrita. Salienta ainda que “a única certeza que é válida para a ficção é que não há regras.” Relativamente à proliferação de cursos de escrita criativa, defende que a sua mais valia não é formar escritores, mas sim bons leitores, que percebem como é que funcionam os mecanismos da escrita. E que é uma ideia que também me apraz, pois se o bicho da escrita existe, não quer necessariamente dizer que ele se cumpra, mas, com certeza, que nos faz melhores leitores, com uma capacidade analítica acima da média.

9.1.15

Balada do Guarda-Livros da Penha de França, Margarida Vale de Gato

Isto são versos datados.
De gancho, engajados, démodés.
Isto é um poema de época.
É uma letra de intervenção do tempo
em que uma biblioteca tinha um palácio.
Tínhamos mapas antigos. Tínhamos
cartazes de anúncios, tínhamos capas de peles
de animais, tínhamos livros de vestir 
bonecas e tínhamos volumes pequeninos,
com 100 anos para lá de velhos,
havia no palácio pessoas que estudavam os livros
e não eram os reis, havia pessoas
que tratavam dos livros e não eram os aios.

Os livros podem sempre estragar-se
com a humidade e mais catástrofes.
Os bichos comem os livros com certa
facilidade, fazem carreiros
dentro do miolo, são do tamanho de uma unha,
se fossem maiores comiam um livro ao dia.
E conforme os livros eles vão ficar sujos. 
Temos de evitar. Com mau tempo os livros 
estragam-se e empolam, os livros como
a comida não podem ficar ao Sol. 

De repente, um despacho, ninguém pergunta.
De um dia para o outro uma alínea
e tropeça o palácio debaixo dos sapatos
de pelica da presidente da junta
que logo tratou de se descalçar.
Pôs-se à vontade e ligou ao património
para mandar vir obras. — E os livros?
indagaram as pessoas dos computadores
que chamam os livros pelos elevadores.
— Os livros fazem, claro, parte das obras.
proferiu a senhora vereadora, que dormitara
ao consultar a comissão na hora do chá.
Arranjamos-lhes uma cave aconchegada.
— E a humidade?
— A humidade é o menos — precaveu a assessora
da divisão da direção — fazemos-lhes um terraço
para enxugarem ao relento.
— E os leitores?
— Evidentemente — triunfou o relator
admirando o relatório — aqui está o leitor
tipo de perfil. Aqui têm a planta
da auditório polivalente.

A coleção de História de velino é que ficou deslocada.
A cidade atual dispensa Tito Lívio.
Não se pode tomar chá nem café perto dos livros,
os livros só servem para o passado
e para o imaginário. Não há impacto 
societal entre livros e funcionários.

O guarda-livros, assim retiradas as espécies
das estantes, assim dos arquivos as fichas, assim
escolhidas para lixo as pouco queridas,
levantando nos aros as pregas do nariz, medita: 
Pode haver uma praga que justifica pôr uma pastilha
para dar cabo dos bichos ou ser juiz de mim.

8.1.15

Palavras #561 a 563

funâmbulo – s. m. 1. Aquele que anda ou dança em corda bamba. = VOLATIM 2. [Figurado]  Aquele que muda facilmente de opinião ou de partido.
maroma - |ô| s. f. 1. Corda grossa. 2. Corda tensa, presa em dois pontos, na qual os funâmbulos fazem exercícios de equilibrismo. = CORDA BAMBA
durindana - (italiano durindana [nome da espada de Rolando, recebida de Carlos Magno]) s. f. Espada grande. = ESPADAGÃO

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo

6.1.15

Barroco Tropical, J. E. Agualusa

Bartolomeu, escritor e documentarista, testemunha, juntamente com a sua amante e renomada cantora, à queda de um corpo de mulher vindo do céu nocturno. Ao tentar desvendar esse mistério vê-se envolvido numa teia de relações e interesses financeiros e de abuso do poder que ascendem a altos meandros da sociedade. A acção decorre em Luanda de 2020 e nela se cruzam as mais variadas personagens, cuja estranheza e subtileza Agualusa já nos habituou. Destas, destacam-se a figura de um anjo negro e os habitantes do estranho instituto dirigido por Tata Ambroise. 

5.1.15

Miúda Insuportável (2008)

Uma adolescente problemática e mimada é enviada para um colégio interno britânico, onde vem a descobrir que foi frequentado pela mãe, entretanto falecida. Aí, descobre-se e encontra o valor da amizade. É uma história igual a tantas outras destinadas ao público juvenil, que o único facto digno de destaque é reunir elementos de 2º geração de famílias de Hollywood, a saber: Lucy Dahl, Emma Roberts e a malograda Natasha Richardson.


Título original: Wild Child * Realização: Nick Moore * Argumento: Lucy Dahl * Elenco: Emma Roberts, Aidan Quinn, Natasha Richardson, Georgia King, Juno Temple

4.1.15

A caterva olha atónita. Não é o habitual folião e as suas já conhecidas patetices. As palavras hoje proferidas não têm tom de brincadeira e deixam o coração carregado. Não é suposto. O suposto é rirem a bom rir e assim não sentir a monstruosidade do verdadeiro espectáculo que se seguirá: a decapitação de uns quantos culpados de miséria, má fortuna e descaso humano. O entremez hoje não é o heteróclito que devia ser. Mas mais não se podia esperar. Hoje, um dos decapitados será o folião. 

3.1.15

Palavras #558 a 560

inumar - (latim inhumo, -are, de in, em + humus, -i, solo, terra) v. t. Pôr na terra ou em sepultura. = ENTERRAR, SEPULTAR  DESENTERRAR, EXUMAR
azebre - |ê| (árabe aç-çibar, aloés, suco de planta amarga) s. m. 1. [Botânica]  Aloés. 2. Cor esverdeada que se forma em superfícies de cobre ou de latão. = AZINHAVRE, VERDETE 3. [Popular]  Finura, malícia, gaiatice.
alijar - (francês alléger, do latim allevio, -are, aligeirar, tornar leve) v. int. 1. [Marinha]  Tirar ou deitar fora, para aliviar o navio (ex.: alijar carga). V. t. 2. Tornar mais leve, removendo peso. = ALIVIAR 3. [Figurado]  Declinar de si (ex.: alijar vícios). = AFASTAR, APARTAR, DESVIAR v. t. e pron. 4. [Figurado] Desembaraçar(-se) de (ex.: alijar um peso da consciência; alijou-se das responsabilidades). = LIVRAR

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo