Para mim há algo nos filmes do Bean que me desagrada, embora perceba que dificilmente possa ser de outro modo. Em ambos, e em comparação com a série, Bean fala “demais”. Ou seja, faz assim uns barulhinhos quase perceptíveis ao ouvido humano e que podemos descrever como fala. Mas, é claro, é mais fácil manter um episódio de cerca de 25 minutos sem diálogos do que um filme de 90 minutos.
Para esse tempo é necessário um fio condutor coerente no qual se possam conjugar vários gags hilariantes e em que Rowan Atkinson possa mostrar toda a sua mestria em humor físico (que talvez só tenha rival em Jim Carrey).
Assim, desta feita Bean ganha uma viagem de férias em Cannes, em pleno período de festival, e em cujo percurso encontra companheiros de viagem e faz as mais variadas tropelias, inclusive transvestir-se.
É talvez devido ao silêncio de Bean que a voz de Willem Dafoe soa estranha e quase ofensiva. Dafoe interpreta aqui um realizador conceptual, cuja última grande obra será apresentada no festival. Mas o mais curioso é que essa obra, totalmente narcisista, era coerente e aparentava ser um interessante exercício de estilo. Mais, não seria um filme descabido na filmografia de Dafoe, a relembrar, por exemplo, New Rose Hotel. Eu, que sou apaixonada pelo homem, adorava ver esse filme sem ser interrompida pelo Bean.
Sem comentários:
Enviar um comentário