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Mas há aspectos que se mantêm nos três livros: a figura do sistema omnipotente, omnipresente e invisível; o tratamento referencial da figura feminina, como ideal a atingir, mas sempre ausente; e a importância da figura do tio como elemento de afirmação política. Aqui, a figura do tio é uma figura conservadora que alinha pelos ideais do regime instalado e funciona como elemento antagonista do protagonista. Em O Palácio dos sonhos, o tio era alvo de admiração pela sua postura inovadora, mas que acaba por ser sacrificado em nome da manutenção dos valores vigentes. Aliás, o elemento do sacrifício em prol da tradição e dos valores impostos é também uma constante nas três obras: Georg é sacrificado em nome do Kanun; o tio em nome do império; e Susana em nome do regime. Aqui o elemento do sacrifício é bem mais explicito, como o autor faz questão de frisar ao fazer uma analogia entre Susana e Efigénia, a filha de Agamemnon que é sacrificada pelo próprio pai para que este consiga obter a vitória na guerra de Tróia. Esta simboliza o sacrifício máximo, que à posteriori se revela infrutífero.
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