Não é que fosse o meu objectivo, mas com o decorrer dos anos, de alguns arranhões e esfoladelas, dei por mim com o coração fechado a muitas voltas de chave, numa fechadura enferrujada e perra que obriga a uma força de braços quase hercúlea.
Há noites em que, frente ao espelho, observo o meu peito claro, os seios já descaídos, as veias sob a pele translúcida. E quase que vejo o bombear do coração que me dá vida instante a instante. Sinto o seu ritmo, sinto até o breve calor quando o meu pensamento foge para outras paisagens com braços em redor. Sinto o calor derramar-se e a respiração aprofundar-se e fecho os olhos, perpetuando ao máximo o calor que entretanto subiu até à base do pescoço e parece inflamar as faces.
Nessas noites, imagino como será abrir o calor que sei existir no meu coração e sentir, como nos relatos pueris que oiço nas esplanadas, que esse calor se expande ainda mais até aquecer as mãos geladas e os pés que acordam frios a cada manhã.
Quem arrombará a fechadura ferrugenta que me prende o coração? Ou cairá de velha inútil e carcomida?
adoro o jeito como escreves. tenho até medo de te escrever com esse meu jeito abrasileirado.
ResponderEliminarCherry,
ResponderEliminarCom ou sem jeito abrasileirado, escreve à vontade.
Se você quiser, eu também posso abrasileirar meu jeito de responder.
Abraço,
Adelaide