Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

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14.8.11

Primeiros encontros

Creio que toda a gente deve ter mais ou menos a mesma dúvida quando conhece alguém: até que ponto nos devemos revelar?
Ao conhecer alguém, normalmente parte-se de um estado de tábua rasa, embora infelizmente isto não seja 100% verdadeiro, porque ao conhecer alguém levamos o ingrato peso das nossas expectativas e experiências, mesmo que inconscientemente.

Então que revelar sobre, por exemplo, do nosso trabalho, dos nossos hobbies, da nossa família, da nossa saúde, entre outros. Como guia, tento sempre pensar naquilo que quero ou não saber sobre a outra pessoa numa primeira fase.

Sobre trabalho, sou um pouco genérica e por vezes mentirosa. Não gosto muito de aprofundar, sou administrativa numa divisão camarária, mas como isso por vezes dá azo a piadas (e por vezes é uma piada), chego a mentir e digo que trabalho num infantário, (embora nem sempre pareça mentira). Algumas das minhas actividades profissionais são mencionadas como hobbies, como o são para muitas pessoas.

Os hobbies, que dizem bem mais de nós do que o nosso trabalho, são o assunto onde me detenho mais. Aqui entra muita coisa e muita matéria de conversa, e mesmo assim às vezes é encontrar pontos em comum. Sim, gosto de cinema, mas não me falem em filmes de terror. Sim, adoro actores, mas isso não me faz querer ver os últimos blockbusters com as caras larocas do momento. E sim, agora até é raro ir mesmo ao cinema, mas (tem dias em que) lá vou apanhando na tv uma reposição que ainda não vi. E perceberem que gosto de escrever?

Quanto à família, também sou um bocado omissa, mas sem nunca fugir à verdade. Ok, vivo em casa dos pais, o que é uma informação essencial e impede logo auto-convites de visita. Agora, nem sempre explico que vivo apenas com o meu pai, porque é quase sempre doloroso abordar a morte da minha mãe e, inevitavelmente, há perguntas sobre horários em que esteja sozinha em casa, o origina respostas do género: e o que é que tens a ver com isso?

Em termos de saúde, bem é sempre um tricky issue. Aqui vale o bom senso, quando se tem. Felizmente, até ao momento, tenho sido uma pessoa saudável e é isso que digo. Mas às vezes recebo too much information e nem sempre sei como lidar com isso. Além de que mostrarem-nos os dentes que precisam de ser arranjados é mais do que desmotivante.

Um dos temas inevitáveis são antigas relações, pois se estamos num primeiro encontro é porque tudo o resto que passou antes terminou (ou assim se espera). Pois isso para mim é um deal breaker e não tanto eventuais expectativas. Mas há quem não veja nisso um impedimento, helas!

Não sou, ninguém é, perita em relações, aliás, muito pelo contrário. Por vezes penso que a culpa não é minha, mas muitas vezes até é. Seja porque nem dou oportunidade a que certos conhecimentos se tornem relações ou até porque sou omissa nas minhas expectativas ou apenas estas não são recíprocas. Mas sendo os primeiros encontros decisivos, há sempre dúvidas sobre o que se calhar deveria revelar ou não. Ou em que ponto nos devemos revelar.

2 comentários:

  1. nunca tenhas o primeiro encontro... têm logo o terceiro que assim passas logo à frente dessas questões todas (mas para mim e na minha opinião humilde devemos ser logo honestos e sinceros independentemente do que isso possa originar)
    :)

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  2. OK, passar logo pars os próximos. ;)

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