Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
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25.7.11

Atira a roupa toda
para o chão.
Depressa.Sem momento sedutor
nenhum

As peças aos bocados,
desmaiadas,
caídas pelo chão.
Do mais pesado ao mais quase
infinito de leveza

E deixa a luz
acesa. Sem sedução
nenhuma. Uma luz pelo menos
de 60 watts.
Ou então crua,
de supermercado

Escolhe armário,
sítio esquadriado
onde os corpos
não possam descansar.
Sem qualquer tipo
de preliminar,
assalta-me
vestida:
que eu tenha a roupa
toda. Do mais pesado
ao mais
quase infinito de leveza.
Luzes todas acesas
Depressa
e de repente
Passemos à cozinha.

E lá, numa poética de mãos,
Em suprema ginástica de olhar,
comamos lentamente,
com saber hindu,
os restos do assado sobrado
do jantar

À luz
fosforecente
e sedutora, no mais
preliminar,
lança contra o fogão,
por sobre o ombro,
o copo de cristal
(dos de pé alto!)

Que o chão,
ao ser-lhe agudo como asfalto,
lhe ensine o kamasutra
em última edição

Ana Luísa Amaral

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