31.12.08
30.12.08
Continua
E a única bagagem permitida…
É tudo o que não consegues deixar para trás
E se a escuridão nos separar
E se a luz do dia faz pressentir um caminho longo
E se o teu coração de vidro rachar
E por um segundo voltares a trás
Oh não, sê forte
Continua, continua
O que tens ninguém pode roubar
Não podem nem sequer sentir
Continua, continua
Estás a salvo esta noite
Fazes a mala para um lugar onde nenhum de nós esteve
Um lugar em que é preciso acreditar para ser visto
Podias ter voado para longe
Um pássaro canoro numa gaiola aberta
Que apenas voará, apenas voará por liberdade
continua, continua
o que tens ninguém pode negar
não se pode vender ou comprar
continua, continua
estás a salvo esta noite
Sei que dói
E o teu coração se despedaça
E que não aguentas tudo
Continua, continua
Lar… é difícil saber o que é quando nunca o tiveste
Lar… não sei dizer onde é mas é para lá que vou
É onde a dor está
deixa para trás
Tens de deixar para trás
Tudo o que desejas
Tudo o que fazes
Tudo o que constróis
Tudo o que partes
Tudo o que medes
Tudo o que sentes
Tudo isto podes deixar para trás
Tudo o que pensas
Tudo o que sabes
Tudo o que dizes
Tudo o que imaginas
Tudo o que planeias
29.12.08
28.12.08
workshop semântico #33
Gino Rossi enveredou por uma vida de crime ainda em tenra idade. Na verdade, não teve muito por onde escolher. A única opção resumia-se a perpetrar ou a sofrer. Nenhuma das hipóteses era apelativa, mas a primeira parecia sem dúvida menos prejudicial à saúde. Não que nas ruas velhas e suja da cidade se obtivesse uma educação formal, mas a sabedoria reside um pouco em todo o lado e não lhe era alheia a lição de que era mais importante manter os seus inimigos próximos, mas do que os eventuais amigos. Que o valor da amizade nas velhas ruas tinha apenas o valor necessário à sobrevivência quotidiana.
O crime entrou assim na sua vida sem o auxílio de qualquer prédica de algum pequeno pascácio de aspecto patibular.
27.12.08
26.12.08
25.12.08
christmas highlights
= uma rena Rodolfo
= uma nota de 10€
= 6 audições do Rancho Folclórico de Cernache do Bonjardim
24.12.08
23.12.08
SWAT Agualva?
22.12.08
21.12.08
Palavras #128 a 130
Prédica - do Lat. Praedicare. s. f., acto de pregar; sermão; pregação; prática.
Patibular - adj. 2 gén., relativo a patíbulo; com aspecto de criminoso.
Pascácio - do Gr. Pascasios. s. m., idiota; lorpa; indivíduo simplório; pacóvio.
20.12.08
À medida que a sociedade muda, temos de mudar com ela, mas tal não significa demolir instituições preciosas e apreciadas como a biblioteca pública.[1]
Não será por certo usual que em períodos caóticos, como são certamente os de guerra, se tenha a biblioteca ou a leitura como prioridade. No entanto, que outro local poderá encerrar em si uma promessa de ordem nesse imenso caos? Não serão as estantes devidamente organizadas de uma biblioteca a prova de que todo o caos poderá encontrar uma ordem justificada. Não será a promessa do conhecimento a maior arma contra a ignorância e caos das sociedades. Talvez seja essa promessa que leve os homens de bem a procurar nestes espaços, o repositório da memória dos homens, as ferramentas para que o mal não triunfe.
[1] USHERWOOD, Bob, A Biblioteca Pública como Conhecimento Público, Editorial Caminho, Lisboa, 1999. (pág. 15)
18.12.08
Inventário, José Saramago
De que marfim as tuas coxas lisas,
De que alturas chegou ao teu andar
A graça da camurça com que pisas.
De que amoras maduras se espremeu
O gosto acidulado do teu seio,
De que Índias o bambu da tua cinta,
O oiro dos teus olhos, donde veio.
A que balanço de onda vais buscar
A linha serpentina dos quadris,
Onde nasce a frescura dessa fonte
Que sai da tua boca quando ris.
De que bosques marinhos se soltou
A folha de coral das tuas portas,
Que perfume te anuncia quando vens
Cercar-me de desejo a horas mortas.
17.12.08
16.12.08
Quando o amor chegar à cidade
Sob as ondas
Antes do amor me salvar
Era um lutador, podia acender um rastilho
Agora sou acusado das coisas que disse
O amor chega à cidade e vou apanhar esse comboio
Quando o amor chegar à cidade vou apanhar essa chama
Talvez tenha errado ao decepcionar-te
Mas fiz o que fiz antes do amor chegar à cidade
Fazia promessas que logo esquecia
Ela era alva como o laço do vestido de noiva
Mas deixei-a à espera antes do amor chegar à cidade
As notas eram tristes, eu vivia num sonho
Enquanto a música tocava vi a minha vida girar
Esse foi o dia em que o amor chegou à cidade
Segurei a bainha quando o soldado desembainhou a espada
Atirei o dado quando o perfuraram
Mas vi o amor conquistar a grande divida
15.12.08
A Biblioteca, U. Eco
14.12.08
A Biblioteca de Babel, J. L. Borges
Neste texto, Borges apresenta-nos um arquétipo de biblioteca, não só do ponto de vista físico, como organizacional. A sua proposta de biblioteca recorda-nos a figura geométrica do fractal, que se estende até ao infinito, através de inúmeros desdobramentos sequenciais. Assim, podemos considerar a biblioteca como uma figura natural, capaz de se desdobrar de modo a comportar qualquer crescimento e evolução do conhecimento.
Do ponto de vista organizacional, Borges coloca a tónica na figura do bibliotecário, esse mediador entre o leitor e o caos de informação. Assim, o bibliotecário é o ser que mais se aproxima de um estatuto divino, pois é o único que consegue impor qualquer ordem ou sentido ao caos primordial. É a este que cabe organizar, difundir, mas também seleccionar a informação, o que faz dele também um censor poderoso. O bibliotecário é o arqueólogo da informação, pois está nas suas mãos a possibilidade da descoberta da informação que se julga perdida, um tesouro que tanto pode revelar a pedra filosofal, como a panaceia ou quem sabe a origem do tempo.
Deste modo, a Biblioteca de Babel, resultante de vários saberes, culturas e conhecimentos, revela-se também ela um enigma. Quiçá a verdadeira caixa de Pandora.
13.12.08
Referências Culturais à Biblioteca
Algumas sugestões pessoais, após desafio feito em aula.
Literatura
FERREIRA, Vergílio – Para Sempre, Bertrand Editora, (1983) 1996
SARAMAGO, Rui Miguel – A Escrita Efémera, Crónica de um Descalabro, Círculo de Leitores, 2002.
VERÍSSIMO, Luis Fernando – Mar de Palavras in A Eterna Privação do Zagueiro Absoluto, Objectiva, 1999
Cinema
Os Livros de Próspero, de Peter Greenway (baseado na peça A Tempestade, de Shakespeare)
http://www.youtube.com/watch?
O Livro de Cabeceira, de Peter Greenway
http://www.youtube.com/watch?
Blogues
O Bibliotecário de Babel
http://bibliotecariodebabel.
O Silêncio dos Livros
http://osilenciodoslivros.
12.12.08
11.12.08
BOOK QUIZ
You're Siddhartha!
by Hermann Hesse
You simply don't know what to believe, but you're willing to try
Take the Book Quiz
10.12.08
Diálogo telemobilistico
- Hum, e já ligaste?
- Não.
- Fizeste bem. Liga amanhã. Deixa-o um pouco em banho-maria.
- Não sei se vou ligar.
- Se não ligares, liga ele e é sempre melhor sermos nós a tomar a iniciativa. Já sabes, o ataque é a melhor defesa.
- Ele não vai ligar.
- Não lhe deste o teu número?
- Não.
- És sempre a mesma.
- Já sabes que não gosto de dar o meu número.
- Mas que mal é que tem?
- Para ti nenhum, mas não gosto.
- Ás vezes não percebo para que é que queres um telemóvel, se por tua vontade nunca dás o número a ninguém, nem que seja por educação. Quando alguém te dá o número, retribuis.
- Sim, retribuo quando considero que devo, não só porque é suposto.
- Agora deve estar a pensar que não queres nada com ele.
- Que esteja, assim quando lhe ligar apanho-o de surpresa.
- Isso, se…
- Pois, se… devia não é?
- Claro que deves. Pensa bem, o pior que pode acontecer é ser um bocado parvo. Vês o que é que dá e depois manda-lo à vida. Se quiseres até o faço por ti.
- Eheheh. Não é preciso, se há coisa em que sou boa é em mandar um tipo à vida. Fosse eu metade tão boa no resto e não estávamos aqui a falar de números de telemóvel.
- É verdade. E não é tarde, nem é cedo. Vais ligar agora mesmo.
- Aqui? Agora? Não vou nada.
- Vais sim, para eu ter a certeza.
- Isso é que não vou. Já não gosto de o fazer e com público ainda menos.
- E quem me garante que lhe ligas.
- Eu.
- Pois, pois.
- Olha, posso até ser medrosa, mas não sou mentirosa.
- Lá disso, não nos podemos queixar. Prometes então?
- Sim, prometo.
- Ok, então bora lá beber um copo antes que te dê um treco só de pensar em fazer um telefonema. Há gente com muita fobia, mas olha que tu, vai lá vai!
- Pois, faz parte do meu charme…
- Pois, pois.
9.12.08
8.12.08
7.12.08
Palavras #125 a 127
Dura-mater - do Lat. dura, dura + mater, mãe. s. f., a externa e mais forte das três membranas (meninges) que envolvem o eixo nervoso encéfalo-medular.
Aracnóide - do Gr. aráchne, aranha + eîdos, semelhante. adj. 2 gén., semelhante à aranha ou à sua teia; s. f., membrana serosa delicada e transparente (meninge) que reveste o cérebro e a medula espinal e fica entre a pia-mater e a dura-mater; s. m., Zool., qualquer animal pertencente à classe dos aracnídeos.
Pia-mater - do Lat. pia, piedosa + mater, mãe. s. f., Anat., a membrana mais interna das que envolvem o aparelho cérebroespinal.
6.12.08
EMS – Eco Museu do Seixal
5.12.08
O desafio da biblioteca actual
O tempo do livro é o tempo da morte e nós estamos vivos e cheios de coisas a fazer. O tempo do livro é o da imaginação trabalhosa e nós estamos cheios de realidade. Descreve esta sala e vê o tempo que se leva, tu a escreveres e eu a ler. Mas eu olho para a sala e sei logo tudo. O tempo do livro é o do carro de bois. Tenho mais que fazer.
Vergílio Ferreira, Para Sempre, p. 106.
Assim, a questão que se coloca é se ainda podemos falar de biblioteca? Se sim, é evidente que esta ganhou uma nova acepção. Se não, devemos considerar antes estes espaços como mediatecas, já que media designa genericamente qualquer tipo de suporte pelo qual é veiculada informação. Para responder a esta questão, há que percepcionar o que realmente atrai os utilizadores a estes espaços.
Podemos considerar que o livro ainda é a principal oferta de uma biblioteca. No entanto, serviços como o acesso gratuito à internet, actividades lúdico-pedagógicas e outros suportes de informação estejam a registar um significativo aumento de procura. E esta situação tenderá a manter-se num futuro próximo.
Igualmente num futuro não muito remoto, o papel do livro na biblioteca poderá ser, não o seu maior atractivo, mas o maior pretexto para todas as outras ofertas existentes. Afinal, a internet permite o acesso à informação on-line, o filme é uma adaptação da obra, o debate é uma homenagem à obra ou ao autor, e a animação é baseada numa história. Assim, talvez o maior desafio da biblioteca seja exactamente esse: o de que o livro assuma novamente o protagonismo deste espaço, oferecendo ao leitor uma experiência feita à sua medida e ao seu tempo.
4.12.08
3.12.08
2.12.08
Saber Amar
a um desconhecido que passa,
sem guardar algum traço,
senão o do prazer
saber amar
sem nada esperar em retorno,
nem respeito, nem grande amor,
nem mesmo a esperança de ser amado,
mas saber dar,
dar sem tomar,
nada fazer senão aprender
aprender a amar,
amar sem esperar,
amar tudo o recebido,
aprender a sorrir,
apenas pelo gesto,
sem ver o resto
e aprender a viver
e seguir.
Saber esperar,
gostar dessa felicidade plena
que nos dão por engano,
tanto que não a esperamos mais.
Se ver e crer
Para enganar o medo do vazio
enraizado como tantas rugas
que marcam os espelhos.
saber sofrer
Em silêncio, sem murmúrios,
Nem defesa, nem armadura
Sofrer de querer morrer
E erguer-se
Como renascida das cinzas,
Com tanto amor a oferecer
Que riscamos o passado.
aprender a sonhar
A sonhar por dois,
Nada como fechar os olhos,
E saber dar
Dar sem rasura
Nem desmesura
Aprender a ficar.
Ver até ao fim
Ficar apesar de tudo,
Aprender a amar,
E seguir,
E seguir…
1.12.08
30.11.08
As Memórias de olhar para cima I
Podem para os outros parecer apenas acontecimentos inócuos. Por vezes até nós não temos a consciência da sua importância no discorrer das nossas vidas. Mas o seu cunho é indelével.
Na minha infância há algumas dessas memórias: algumas mais cómicas, outras mais surreais, outras apenas tristes.
29.11.08
Diálogo (quase) amoroso
- Decidi o quê?
- Se vamos para a cama.
- Ainda agora chegamos.
- Sim, mas mesmo antes sabias que era uma carta na mesa no nosso encontro. Resta saber se o queres levar adiante.
- Isso é que é ser frontal.
- Nas palavras que trocámos, afirmaste que não gostavas de lamechices desnecessárias cujo único intuito eram levar-te para a cama.
- É verdade.
- Eu também não gosto de desperdiçar palavras.
- Dá-me mais um pouco. Acho que afinal não estou tão preparada como julgava.
- Mas admites que era essa a intenção?
- Não vale a pena negar. Somos os dois adultos o suficiente para saber que foi isso que nos trouxe aqui.
- Mas…
- Mas é mais fácil planear do que concretizar.
- Há sempre de ter em conta os imponderáveis, não é verdade?
- Sim, chamemos-lhe isso, imponderáveis.
- Podias achar que não havia química. Ou simplesmente descobrir que não é isto que queres.
- Tudo isso eram cartas em aberto.
- E já não são?
- Mais ou menos.
- Mais ou menos?
- Há uma parte de mim que quer avançar sem pensar. E há outra que não consegue relaxar e desligar.
- Então não há nada de errado comigo?
- Não. Pelo menos à primeira vista. Devo preocupar-me com algo?
- Acho que não. Não sou mais, nem menos do que as outras pessoas: um tanto teimoso, um tanto impaciente, um tanto chato, etc., mas acho que a minha ruindade se fica por aí.
- Menos mal.
- Não tens de decidi-lo agora, nem hoje.
- Acho que se não o fizer hoje, então não terei coragem para o fazer mais tarde.
- Não tens de o fazer nunca.
- Oh meu Deus. Talvez seja esse o problema.
- O problema?
- Já não o faço há tanto tempo que não me sinto preparada, mas também me parece que se deixar passar a oportunidade, vai demorar cada vez mais para que o volte a fazer.
- Há quanto tempo?
- Demasiado.
- Não acredito que não tenhas tido oportunidades.
- Algumas. Vontade física ou psicológica é que nem por isso. Surpreendi-te?
- Não, mas digamos que fiquei curioso.
28.11.08
A tua menstruação
- sentimo-nos e parecemos sexys;
- alguém se lembra de um anúncio de pensos higiénicos em que a personagem diz: olá, sou a tua menstruação.
27.11.08
O pequeno-almoço
As minhas manhãs têm um ritual do qual não abdico: o pequeno-almoço. Tomo o tempo necessário para o fazer, porque depois de sair de casa o tempo corre e nunca é suficiente para tudo o que é necessário.
O meu pequeno-almoço passa impreterivelmente por um copo de 33 cl. leite simples à temperatura ambiente no Inverno e fresco no verão. Nada mais, nada menos.
Como alimento sólido, como diariamente uma sandes de marmelada com uma fatia de queijo flamengo. Compro o pão no dia anterior na padaria da rua ao final da tarde, aproveitando a última fornada do dia. O queijo é comprado ao sábado na quantidade necessária à restante semana e já fatiado. A marmelada não pode ser demasiado sólida. A sua consistência tem de ser suficientemente suave para que possa barrar o pão.
Corto o pão longitudinalmente e barro a parte inferior com a marmelada. De seguida coloco a fatia de queijo e completo com o restante pão.
Ingiro alternadamente uma dentada de sandes e um golo de leite. Aprecio sobremaneira o modo como a textura suavemente granulada e doce da marmelada se mistura com a lâmina de queijo.
Já experimentei outros pequenos-almoços, por ventura até mais saudáveis. Mas nenhum outro me dá nem o prazer simples, nem a calma deste.
26.11.08
25.11.08
24.11.08
23.11.08
Palavras #122 a 124
Caporal - do Fr. Caporal. s. m., nome de um antigo posto militar, entre cabo e sargento; adj. 2 gén., qualidade de tabaco picado.
Ginete - do Ár. zanete < zanata. s. m., cavalo pequeno, de boa raça, fino, bem formado e ligeiro; ant., cavaleiro que pelejava com lança e adaga; gineto.
22.11.08
Tirar vidas
Tirar Vidas é um thriller policial situado em Montreal, Canadá, em que uma jovem profiler do FBI segue o rasto de um serial killer que se apropria da identidade das suas vitimas. É um filme interessante e a narrativa é escorreita, no entanto, não é surpreendente ou inovador.
Possui uma ambiência semelhante a O Coleccionador de Ossos, em que contracena com Denzel Washington. Aqui partilha a tela com Ethan Hawke, que mais tarde viria a ser nomeados aos Óscares juntamente com Denzel por Um Dia de Treino.
21.11.08
O Guardião
Há cerca de 15 anos, Kevin Costner era o homem do momento no panorama do cinema norte-americana, mercê de filmes como Danças com Lobos ou Os Intocáveis. nessas personagens encarnava o all american hero. Mas estes mandatos não são vitalícios e a sua duração é relativa.
Actualmente, Ashton Kutcher é presença assídua nas comédias românticas e goza de grande popularidade junto do público juvenil devido à sua participação em Punk’d da MTV.
Os dois representam um tipo semelhante: o homem sensível e de força e persistência (não exactamente de acção), ou seja, o herói romântico. Então a sensação que transparece é que este filme é uma passagem de testemunho geracional no que diz respeito a este tipo de herói.
20.11.08
Alma espartilhada
19.11.08
Trocámos olhares no jantar da Mara e os sorrisos da praxe. Nem fixámos nomes, apenas a impressão de que serias Pedro, nem sei porquê.
Dois dias depois cruzamo-nos no centro comercial. Eu a sair da intimissi e tu em direcção à saída. E porque não um café?
Descobrimos ser tu Luís e eu Rita, não Margarida. Valem as gargalhadas e a curiosidade em saber que outros nomes se trocaram. Mas não que fosse importante.
Despedimo-nos com um beijo na face e um até à próxima, temos de combinar qualquer coisa, depois telefono-te.
Que m***a, e os números de telefone?
18.11.08
O amor é cegueira
Não quero ver
Envolverás a noite à minha volta?
Oh, meu coração
O amor é cegueira
Num carro estacionado
Numa rua apinhada
Vês o teu amor
Completar-se
O caminho a dissolver-se
O nó a desfazer-se
O amor é cegueira
O amor é mecânico
E de aço frio
Dedos demasiado dormentes para sentir
Apertar a maçaneta
Apagar a vela
O amor é cegueira
Uma pequena morte
Sem luto
Sem chamamento
E sem aviso
Amor, uma ideia perigosa
Que quase faz sentido
O amor afoga-se
Num poço profundo
Tantos segredos
E ninguém a quem contar
Leva o dinheiro
Querida
Cegueira
17.11.08
The bedroom diaries
16.11.08
15.11.08
Programas Museológicos e Arquitectura
(João Teixeira Lopes, p.191)
O museu tem uma influência incisiva no (re)desenho da cidade, pois é muitas vezes o elemento protagonista na requalificação urbana de um local. Este, seja um espaço reabilitado ou construído de raiz, tem um papel activo no respeitante a: requalificação de áreas degradas; redefinição dos limites da cidades; novas acessibilidades; renovada promoção mediática; e novas dinâmicas sociais.
Assim, o museu assume um papel de ícone de modernidade, oferecendo uma interpretação arquitectónica da cidade num determinado período temporal. Incorporando o museu esta ideia de representação espacio-temporal (zeitgeist), torna-se relevante observar como é que as entidades (o próprio museu e os municípios) fazem o aproveitamento dessa representação no seu discurso institucional. Ou seja, importa perceber qual o papel do museu nas estratégias de divulgação das instituições, bem como é realizada a mediatização da imagem do museu, enquanto conteúdo de fruição, e não enquanto contentor de outros conteúdos.
BARRANHA, Helena (2005), «Arquitectura de Museus e Iconografia Urbana: concretizar um programa, construir uma imagem», in SEMEDO, Alice e LOPES, J. Teixeira (coord.), Museus, Discursos e Representações, Porto: Edições Afrontamento, pp. 181-195.
14.11.08
13.11.08
- Só?
- E é se quiseres.
- Mas não pode ser antes?
- Não é aconselhável.
- Então pode.
- Olha, poder, pode-se sempre. Mas senão é aconselhável, por alguma razão há-de ser. E por mais vontade que tenha de ser antes, não estou na disposição de ficar a saber o porquê.
- Ok ok, já cá não está quem falou.
- Ainda bem.
- Um semana… vai parecer uma eternidade.
- Eu sei. A ansiedade não é só tua, também é minha. Sim, e a minha impaciência não está a ajudar.
- Não muito.
- Vou tentar acalmar um bocado. Bem, já que é aconselhável não fazer nada, também não nos faz bem nenhum ficar aqui a olhar um para o outro e a ruminar no assunto. Vamos dar umas voltas e espairecer. Ganhamos mais com isso.
- Óptimo, vamos.
- Vamos.
12.11.08
Blindness
Da obra de Saramago, li apenas O Memorial do Convento, um livro extremamente interessante, quer na temática, quer na construção. Aliás, de Saramago retenho com curiosidade uma declaração numa entrevista na qual afirma que todos os seus livros têm como premissa o acontecimento de uma situação impossível. Logo, à excepção do que o título poderia suscitar, entrei na sala de cinema para ver este filme completamente alheia à sua temática.
Realizado por Fernando Meirelles, o filme tem dois fases narrativas, claramente desiguais em tratamento, pois na segunda transparece uma pressa, necessidade temporal de terminar o enredo num ending demasiado happy, tendo em conta toda a atmosfera criada.
É interessante observar o tratamento dado à cor branca, que ao contrário do que normalmente lhe associamos, transmite uma sensação de opressão.
11.11.08
No entanto, a leitura origina este processo recíproco de conhecimento interno e externo. Não é possível conhecer o outro sem nos conhecermos, não é possível conhecermos-nos sem ter o outro como referência.
Chegar ao mais profundo é chegar mais longe. conhecer o interior é conhecer mais além. O ser humano é diferente entre si. Eu sou diferente nos vários papéis da minha vida e necessito de a cada momento desenvolver o seu desempenho. Na leitura, descubro possibilidades várias que me ajudam a desempenhá-los.
10.11.08
9.11.08
Palavras #119 a 121
Papa-figos - s. m., Ornit., pássaro dentirrostro; s. m. pl., cada uma das velas mais baixas de um navio.
Sicofanta - do Lat. sycophanta + Gr. Sykophántes. s. 2 gén., dizia-se, em Atenas, do denunciante de quem exportasse figos por contrabando; s. m., delator, velhaco e caluniador.
8.11.08
O Amor não tira férias
A época natalícia é pródiga em comédias românticas, porque afinal o amor não tira férias.
Desta feita, duas mulheres atravessam o atlântico em direcções opostas para curar males de amor durante as festas natalícias e acabam por encontrar um novo amor. E está tudo contado, porque não há surpresas (com excepção de Jack Black interpretar talvez o seu personagem menos escatológico), nem há gags extraordinários.
7.11.08
Palavras Mágicas / Bee Season
Infelizmente, não é o caso deste Palavras Mágicas, que apesar de algumas ideias interessantes, falha redondamente na construção do enredo. Assim, temos: uma pai, professor de teologia hebraica, que impõe a sua crença da família; uma mãe, mulher trabalhadora, que se revela cleptomaníaca; um filho adolescente à procura da sua identidade, que passa inclusive por uma crença diferente da familiar; uma filha, que no meio disto tudo consegue unir a família em torno da sua participação num concurso de soletração, muito ao jeito americano. Tudo isto registado num tom melodramático, que não consegue fazer jus às potencialidades dos temas abordados. É pena.
6.11.08
BBDE
No entanto, nem sempre é fácil encontrar interlocutores com quem compartilhar a experiência da leitura. Nem sempre os amigos estão receptivos. Aí, a existência de alguns blogs e fóruns é um modo de extravasar esta experiência.
Mas como o ser humano é um animal social, há um prazer na partilha in loco que a torna aliciante e divertida. Daí, que usualmente na última sexta feira de cada mês um destes fóruns se reúne para uma bem disposta tertúlia. É o caso do BBDE – Bad Books Don’t Exist. Quem estiver interessado é só consultar o fórum, participar e depois juntar-se mensalmente à malta. São todos bem-vindos (de preferência com o banhinho tomado).
5.11.08
4.11.08
Se Deus enviar os seus anjos
Amor, não há mais ninguém aqui
Ninguém para culpar
Ninguém para apontar o dedo
Somos só tu e eu sob a chuva
ninguém te obrigou
Ninguém pôs palavras na tua boca
Ninguém aqui aceita ordens
Quando o amor segue de comboio para o sul
É o tema, o tema das músicas country
Se deus enviar os seus anjos
E se deus enviar um sinal
E se deus enviar os seus anjos
Ficará tudo bem?
Querida, deus tem o telefone desligado
Achas mesmo que atenderia se pudesse?
Já passou algum tempos desde que vimos aquela criança
Às voltas pela vizinhança
Vês a mãe a traficar numa porta
E o Pai Natal com uma taça de esmolas
E os olhos da irmã de jesus são uma ferida
E a Estrada Alta nunca pareceu tão baixa
São os cegos a liderar os alvos
São os policias a ganhar os gatunos
Onde iremos?
Sabes, costumava mostrar-me a contagem
Depois colocaram-no no entretenimento
Agora é difícil ficar à porta, anjo
É o tema, o tema das músicas country
Mas acho que é algo para continuar
Então onde estão a esperança e a fé
E o amor… é o que me costumas dizer
Pratica o amor… ilumina a tua árvore de natal
E no minuto seguinte queimas um fusível
E o canal de animação muda para as notícias
Se deus enviar os seus anjos
Bem que agora davam jeito
Bem, se deus enviar os seus anjos
E não tenho de saber como
E nem de saber porquê
E não quero uma promessa
E não quero uma mentira
Sabe apenas que preciso de ti
Esta noite
3.11.08
A Última Memória / The Final Cut
A memória e a sua construção são temas que me atraem, talvez porque desde cedo percebi que a memória não corresponde à realidade e intrigam-me os processos pelos quais se gera essa disparidade. Isto baseado na crença de que o interior da nossa mente seja à partida um dos poucos territórios da nossa vida sob o qual temos mais controlo. No entanto, a nossa mente é de uma fragilidade tal que facilmente se manipula a sua informação, seja pela mão de outros, seja pela nossa. Qualquer incursão neste meandro é capaz de revelar várias surpresas. O que nos coloca numa delicada posição, pois a nossa identidade é fortemente condicionada pela nossa memória.
Esta temática tem sido abordada em vários filmes como: Memento, Pago para Esquecer, Minority Report, entre outros. Estes abordam sobretudo o modo como a memória pessoal, ao ser manipulada, afecta a nossa personalidade e identidade. Neste The Final Cut, a perspectiva é diferente, pois as memórias individuais são manipuladas após a morte, com o intuito de que perdure nos outros uma memória do indivíduo à medida das expectativas que os outros têm dele.
Situado num futuro relativamente próximo, seguimos um Editor de Memórias (captadas graças a um implante cerebral que regista toda a vida do individuo), que no decorrer do seu trabalho se depara com alguém do seu passado e simultaneamente se vê envolvido numa luta pela liberdade de expressão individual por parte de activistas, o que o obriga a um confronto com o seu passado e a uma reavaliação das sua crenças.
2.11.08
Sabedorias
De todos os estados de espírito humanos, talvez a inacessibilidade deliberada
seja o mais rapidamente comunicável –
de todos pode assinalar maior êxito, maior fatalidade.
Eudora Welty
1.11.08
31.10.08
Muito Monty Pithon II
30.10.08
TAC
Grupo de Teatro amador da cidade de Agualva-Cacém
e-mail: grupoteatroagualvacacem@gmail.com
Blog: http://fazerteatroemagualvacacem.blogspot.com/
Ensaios: todas as quintas-feiras, 21 h
Local: Auditório Municipal António Silva
Peça: TV Você
29.10.08
workshop semântico #32
(excertos)
O país possui dois idiomas oficiais: hindi e inglês. Mas são igualmente falados: telegu, tamil, bihari, marathi, bengali, gujarati e rajasthani, entre outros.
Em termos religiosos, as maiores crenças professadas são a hinduísta e a muçulmana. Existem no entanto seguidores de outras crenças, sobretudo de pendor panteísta.
A primeira religião conhecida neste território é o vedismo, que, no segundo milénio, evoluiu e originou o bramaismo e, posteriormente, cerca de 800 a.C., deu por sua vez origem ao hinduísmo. No século VI a.C., for a fundados o budismo e o janaismo, que se desenvolveram sobretudo dentro e for a da Índia, respectivamente.
A partir do século X, chegaram à índia os parsis, seguidores do zoroastrismo. Nessa mesma altura, iniciou-se a penetração do islamismo no território. A posterior convivência entre hinduísmo e islamismo originou a religião sincrética dos siks, em finais do século XV.
No século XVI, com os descobrimentos introduziu-se o cristianismo e posteriormente o luteranismo e o anglicanismo.
28.10.08
27.10.08
workshop semântico #31
Um Guia para Angola
(excerto)
O sul semi-árido do país é caracterizados por temperaturas baixas na estação seca e elevadas na estação das chuvas, que chegam aos 1000 mm.
A flora e a fauna são variadas e bem adaptadas às variações climáticas. (…) merece destaque, entre outros, o caxexe, pássaro que abunda sobretudo na região indígena dos cuanhama. Esta ave alimenta-se sobretudo de pequenos insectos, como escaravelhos, gafanhotos e a autóctone salele.
26.10.08
Palavras #116 a 118
Cistoscopia - do Gr. kýstis, bexiga + skop, r. de skopein, ver; s. f., observação médica da bexiga.
Basal - adj. 2 gén., que se encontra ou se desenvolve na base de um órgão.
Cinocéfalos - do Lat. cynócephalu < kynoképhalos, cabeça de cão. s. m., género de macacos cuja cabeça é semelhante à do cão; adj., que tem cabeça de cão.
25.10.08
A Escola do Rock
24.10.08
Nono Andar, Nuno Rodrigues
de um nono andar
uma ruiva na janela a chorar
outra lágrima a cair
do mesmo andar
e o resto não se sabe
e o resto não se diz
e o polícia a correr
atrás de um ladrão
cai a trela
cai o dono
foge o cão
o vendedor de jornais
vai subindo a rua
a gritar
o amor quando acontece
nunca é de mais
não se esquece
nunca mais
uma lágrima a cair
de um nono andar
uma ruiva na janela a chorar
outra lágrima a cair
do mesmo andar
e o resto não se sabe
e o resto não se diz
e o polícia a correr
atrás de um ladrão
cai a trela
cai o dono
foge o cão
o amor quando acontece
nunca é de mais
não se esquece
nunca mais
23.10.08
22.10.08
O Poder dos Sonhos V
Os sonhos nocturnos obrigam-nos muitas vezes a enfrentar pensamentos que o consciente diurno insistir em esconder debaixo de um qualquer tapete da razão. São pequenas técnicas do cérebro que de nada nos servem, porque à noite, quando nada tem a temer, pois a escuridão é a sua sentença, liberta os seus anseios e desejos.
Foi assim que me dei a sonhar contigo, mesmo antes de te conhecer, e a admitir o propósito muito claro que terás na minha vida. Não será talvez nobre, mas será muito salutar. Não esperes nada mais (talvez não esperes já), porque apenas vou tomar o que necessito ao meu bem-estar.
21.10.08
Fica (Longe, Tão Perto)
Paras para um maço de cigarros
Não fumas, nem sequer queres
Conferes o troco
pareces um carro amassado
As rodas giram e tu revirada
Dizes que quando te bate, não te importas
E agora, é isso que é?
Luzes vermelhas, manhã cinzenta
Arrastas-te de um buraco no chão
Vampiro ou vítima
Depende de quem vê
Costumas ficar a ver os anúncios
E imitar os apresentadores de tv
E se olhares, vês através de mim
E se falares, não é comigo
E quando te toco, não sentes nada
Se ficasse, então a noite abdicaria de ti
Fica, e o dia manterá a sua confiança
Fica, e a noite será suficiente
Alto com a estática e as ondas de rádio
Com a televisão satélite
Podes ir a qualquer lugar
Miami, Nova Orleães, Londres, Belfast e Berlim
E se saltares, podes até cair
E se gritares, apenas te ouvirei
Fica, e o dia manterá a sua confiança
Fica com os demónios que afogas
Fica com o espírito que encontrei
Fica e a noite será suficiente
tudo calmo e ninguém à volta
Apenas o baque e o estalido
Enquanto um anjo corre para o chão
20.10.08
19.10.08
Sabedorias
Suponho que quem está apaixonado revela os atalhos para os segredos de toda a gente.
Eudora Welty
17.10.08
Muito Monty Pithon
16.10.08
15.10.08
Há muito silêncio na minha vida. Demasiado. E nem a música do rádio, nem o som da televisão o conseguem disfarçar.
O que realmente necessito é alguém com quem trocar sons ao final do dia. Sons de relatos quotidianos cujo sentido se construa dia a dia.
Mas restam-me apenas silêncios cada vez mais difíceis de suportar. A minha voz sem alguém que a oiça nada mais é que um ruído de fundo na noite.
14.10.08
13.10.08
A soma dos dias
Somo os dias e algumas horas
Em que caminhei o rumo certo
Mas resultam-me sempre
Um excesso de incógnitas
Cujo sentido ainda hoje se desmultiplica.
12.10.08
Palavras #113 a 115
Zoroastrismo - de Zoroastro, n. pr. s. m., doutrina de Zoroastro, segundo a qual existem dois princípios fundamentais na origem e para a explicação de todas as coisas, o Bem e o Mal.
Jainismo - de Dijna, n. pr. s. m., uma das três grandes religiões da Índia cujo sistema filosófico foi fundado por Vardhama, chamado Dijna (o Vitorioso), no séc. VI a.C. e que admite o renascimento da alma.
11.10.08
É-me impossível não voltar às mesmas palavras, quando a mesma dor permanece ainda na sua origem. A sua intensidade suaviza, mas, proporcionalmente, aumenta o vazio a cada dia, mês ou ano que passa, e nada, nem ninguém, tem a capacidade de o colmatar.
9.10.08
é certo que a minha vida não dá um filme, nem desejo que o dê. O que realmente quero é escrever uma história que dê um filme.
Mas conheço algumas vidas que dariam alguns filmes: algumas comédias, mas sobretudo vários dramas. Porque será que a nossa atenção recai sobretudo sobre o drama da vida e não sobre a sua comicidade?
O drama inspira respeito, o riso descrença. Seria bom que os filmes das nossas vidas fossem mais cómicos do que por vezes são, porque no final o riso ainda é o que temos de melhor.
8.10.08
7.10.08
ainda não encontrei o que procuro
Subi as mais altas montanhas
Corri por campos
Apenas para estar contigo
Corri
Rastejei
Escalei as paredes da cidade
As paredes da cidade
Só para estar contigo
Mas ainda não encontrei o que procuro
Senti carícias curadoras
Que queimam como fogo
Este desejo em chamas
Apertei a mão do demónio
Era amena como a noite
Fria como uma pedra
Mas ainda não encontrei o que procuro
Acredito no reino que virá
Em que todas as cores serão uma
Serão uma
Sim, ainda procuro
Quebrastes os laços
E soltaste as amarras
Suportaste a cruz
Da minha vergonha
A minha vergonha
Sabes que acredito
6.10.08
5.10.08
workshop semântico #30
4.10.08
Fallen – Anjos Caídos
2.10.08
1.10.08
Diálogo amoroso II
- Consegues perdoar e esquecer?
- Perdoar e esquecer? Não. Consigo virar a página, mas não consigo fazer tábua rasa. Não são metáforas originais, eu sei. Mas são as que me ocorrem.
- Acredito. Também só me ocorre dizer que isto será sempre uma pedra no sapato entre nós.
- Realmente, não nos podemos gabar de originalidades.
- Talvez devêssemos fazer um curso de escrita criativa.
- Ahah. Sim, é uma possibilidade.
- Quem sabe, poderíamos encontrar um final menos cliché para esta história.
- Achas?
- Não, realmente não. Na verdade, não há muita volta a dar à questão. As coisas são como são.
- Sim. Mas acho que tens razão. Devíamos fazer um curso qualquer. Assim, não faremos os mesmos erros quando tentarmos escrever outra história.
- Bem, essa lição já aprendi. Acredita!
- Acredito!.
- Mas ainda não está pronta para outra tentativa?
- Ainda não.
- Compreendo.
- Às vezes, não é irritantemente irritante tanta compreensão mútua?
- Eheh. É o fatalismo da maturidade. Sermos estupidamente compreensíveis.