Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
Mais informações: www.cm-sintra.pt

30.1.12

Cowboys & Aliens (2011)

À partida, o conceito deste filme seria o mais estapafúrdio desde Wild Wild West. Juntar aliens e cowboys seria no mínimo inverosímil e sendo esse o grande desafio do filme, foi ganho.
O enredo é-nos desvendado pouco a pouco, parecendo este faseamento um mo provocado pelos alienígenas. E o que são estes alienígenas? Batedores que avaliam as fragilidades humanas para encetar uma posterior invasão e liquidação total, o que não é novidade. Para combate-los, forma-se uma equipa improvável. Um conjunto de homens menos recomendáveis transforma-se, perante uma situação extrema inusitada, num grupo de heróis que salvam a humanidade, não sem a ajuda de um emissário de outro planeta, sob a forma dos sempre etéreos olhos azuis de Olívia Wilde. Daniel Craig está irrepreensível no seu papel de herói atípico e Harrison Ford volta a mostra a que ainda está para as curvas em cima de um cavalo.

Realização: Jon Favreau * Argumento: Roberto Orci e Alex Kurtzman * Elenco: Daniel Craig, Harrison Ford, Olivia Wilde, Sam Rockwell, Adam Beach, Paul Dano e Keith Carradine

29.1.12

Os pais que odeiam os filhos

Banksi
Sempre acreditei que há pais e mães que não o deveriam ser. E no campo das mães, além das que não o deveriam ser, há também as que não deveriam acreditar que a paternidade muda um homem, bem como as que não deveriam conceber um filho para o utilizar como moeda de troca. Quanto aos pais, propriamente ditos, além dos já citados, há os que deveriam ser francos quanto ao seu indesejo de o ser, e os que deveriam ter inteligência suficiente para se precaverem quanto ao assunto. A sociedade demanda-nos novas gerações e olha de viés a não parentalidade. Mas a sociedade não dita todas as nossas decisões. Se os nossos objetivos colidem com a parentalidade, há que ponderar e assumir antes de se colocar uma criança no mundo. Fazer um filho porque os bebés alheios são bonitos ou porque a família assim o espera é um erro crasso. O maior ato de amor por um filho pode ser respeita-lo ao ponto de não o conceber. Porque um filho muda toda a nossa vida e é bom que estejamos preparados para essa transformação. Se não estamos, a bem de todos, há que assumi-la.
Um filho não desejado pode transformar-se num filho odiado. Um filho não amado torna-se o foco de todas as frustrações, a causa dos sonhos não cumpridos, a âncora de uma vida outrora livre.
Antes do ódio, deve prevalecer o amor, mesmo o que prima pela escolha da ausência.

28.1.12

Super 8 (2011)

Super 8 é um meta filme, ou seja, uma sintese do cinema dos anos 80, integrando elementos de filmes como Stand by Me e Goonies (grupo de amigos e guarda roupa), ET (regresso a casa) e Alien (visual alienígena). Resulta com um publico jovem e também com o público que possui estas referências, o que demonstra, uma vez mais, que J. J. Abrams possui um sentido apurado de entretenimento. Nota ainda para o cartaz do filme: eficaz e sintético.

Realização e Argumento: J.J. Abrams * Stars: Elle Fanning, Amanda Michalka e Kyle Chandler

27.1.12

Tudo o que temos cá dentro, Daniel Sampaio

Esta é uma obra ficcionada a partir de fatos reais, obtidos pelo autor, renomado na área da psicologia juvenil, no exercício da sua profissão. É uma obra relatada a três vozes (o psicólogo adulto e os jovens Nuno e Rita) sobre o tema do suicídio e o seu impacto na formação pessoal de familiar do individuo.
A primeira voz, pertencente ao psicólogo, fornece-nos explanações teóricas e técnicas sobre processos de aproximação e análise de pacientes, entre outros. Fez-me relembrar o livro Sobre a mão, de João Lobo Antunes, onde evidencia a importância de um contato humanizado entre médico e paciente. Nuno é um jovem de 18 anos, em processo de formação de identidade, que se vê confrontado com o suicídio de amiga/namorada Rita, cujas causas de morte são desconhecidas e incompreendidas pelos demais, e que despoletam em Nuno uma série de sentimentos contraditórios, em que a família terá um papel preponderante na sua resolução.
Esta leitura, à partida sobre um tema melindroso, trouxe-me uma sensação de apaziguamento. A grande maioria de nós já fez um percurso semelhante ao de Nuno: o lidar com a perda e a necessidade de definir um projeto de futuro passo a passo, com metas graduais, através da compreensão e aceitação de acontecimentos dolorosos. Foi igualmente uma oportunidade de reflexão sobre o tema do suicídio e o modo como está presente nas nossas vidas de uma forma mais premente do que à partida julgaríamos. Será com certeza um autor a cujo trabalho voltarei.

26.1.12

2012 (2009)

A data quase capicua de 21/12/12 assinala um momento raro na história do universo: o alinhamento dos planetas. Este fenómeno acontece a cada 640 mil anos e prevê-se que poderá ter implicações no campo gravitacional dos planetas, o que poderá originar alterações, entre outras, climatéricas. Crê-se que este fenómeno esteja na origem da teoria do deslocamento das placas tectónicas, ou seja, terá sido este fenómeno a separar a pangeia original. Os Maias definem esta data como sendo o final de um período. Os mais incautos e/ou céticos definem-a como o final do mundo. Logo veremos.
O certo é que o tema é propicio à imaginação e permite reflexões sobre a evolução da humanidade e do planeta. E é este o ponto de partida para este 2012, um filme catástrofe, mas com final esperançoso. Com algumas reflexões (ligeiras) sobre a economia, os valores humanos, a cultura e a família, oferece-nos um bom produto de entretenimento e reflexão q.b. a ver.

Realização: Roland Emmerich * Argumento: Roland Emmerich e Harald Kloser * Elenco: John Cusack, Amanda Peet, Oliver Platt, Danny Glover, Thandie Newton, Woody Harrelson e Chiwetel Ejiofor

25.1.12

Sobre homens (casados) e mulheres (solteiras)

Desde o início da humanidade que homens e mulheres se envolvem. Chamemos-lhe biologia, cultura ou fado. Mas há envolvimentos que derivam única e exclusivamente da inequívoca estupidez.
Quando um homem diz que o seu casamento está mal e que a sua mulher é má mãe, o mais provável é que apenas a primeira parte seja parecida com a realidade. As relações desgastam-se. Os filhos tornam-se o único foco de vida em comum. E quando se olha para o outro, custa reconhecer nele aquele por quem nos apaixonamos.
Mas se realmente os casamentos são tão maus como os homens os pintam, porque é que permanecem em casa? Pelos filhos? Há quem saia por menos. E se realmente sair de casa, como é que se lida com a bagagem inerentes: filhos, ex-mulher, expetativas anteriores frustradas e expetativas atuais talvez demasiado otimistas.
Por isso, a qualquer mulher que já ouviu “desabafos” de maridos desolados e insatisfeitos, cautela antes de abrir as pernas e/ou o coração. Um homem é capaz de dizer quase tudo para fisgar uma mulher. Mais do que as palavras, há que atentar às ações e aos indícios subjacentes das palavras ditas e não ditas.
E se um homem quer uma aventura (até porque uma nova vida conjugal obriga a muitas muitas, e estes são afoitos à mudanças) há que ser prático na sua escolha. Está fora de questão uma mulher mais jovem com uma diferença de idades considerável. Esta vai desejar demasiado: assumir a relação principal. E se tal é aliciante, pode revelar-se uma autentica dor de cabeça.
O ideal é uma mulher independente, de preferência acima dos 30/35, que não espere mais do que umas horas bem passadas. O melhor é que elas sejam igualmente casadas (quem é que vai acabar com dois casamentos?, ninguém) e se pretencerem ao círculo profissional, melhor ainda, facilita a logística. Uma reunião tardia ou mais demoradas não é nenhuma justificação mentirosa.
Mas, na maioria das vezes, os homens e mulheres são autênticos parvalhões. Julgam que enganam todos e que os outros não vêem o que desejam ocultar, mas sobretudo enganam-se, desrespeitando e desrespeitando-se.

24.1.12

Real Desatino (2011)

Como o nome indicia, esta é uma sátira às mitologias fantásticas, como o rei Artur ou o senhor dos anéis, recorrendo a um humor brejeiro, passando pelo tom escatológico e pela quase pornochanchada. Tem alguns gags interessante, mas não passa de um filme para domingo à tarde. Vale pela realeza hollywoodesca, representada por James Franco e Natalie Wood, o que nos leva a pensar: Natalie, não tinhas nada mais interessante para fazer?

Título original: Your Highness * Realização: David Gordon Green * Argumento: Danny McBride, Ben Best * Elenco: Danny McBride, Natalie Portman, James Franco, Toby Jones, Zooey Deschannel, Damien Lewis e Charles Dance

22.1.12

E aqueles a quem falhamos?


Atiramos a culpa a muitos pelos fracassos nas nossas vidas, mas quantos vezes paramos para pensar em como falhamos com essas mesmas pessoas? Pelas palavras que omitimos, pelos comportamentos que permitimos, pela resignação.
Falho demasiadas vezes para poder criticar seja quem for, e, ainda assim, caio no erro da crítica, da palavra amarga, do gesto punitivo, do desviar o olhar.

21.1.12

Planear reuniões


Este é um método de trabalho que não tinha por hábito utilizar. Embora registasse elementos relevantes para as mesmas, não fazia uma elencagem exaustiva de itens e pormenores a tratar. Consequentemente, havia sempre algo que não era mencionado.
Mas ultimamente, esta tem-se revelado uma ferramenta de trabalho indispensável, quer pelo número de reuniões, quer pela diversidade de equipas que integro. Dependendo da equipa e da regularidade de reuniões já agendadas, ordeno os assuntos a debater pela ordem cronológica da sua necessidade de realizar. Se algum assunto tiver de ficar para trás que seja o menos relevante ou o que possa vir a ser tratado numa reunião posterior. Se necessário, realizo pequenas reuniões intermédias apenas como os elementos essenciais a cada projeto e/ou tarefa.

20.1.12

Sobre o respeito

É inato criar expetativas sobre situações e pessoas. Por vezes cumprem-se, mas, sem querer ser pessimista, ficam aquém ou saem mesmo goradas. Na realidade, somos intrinsecamente positivos e esperamos o melhor das pessoas, esperando talvez até demais, porque somos seres errantes, errando de erro em erro.

E baseamos o nosso respeito não nas pessoas reais, mas nas expetativas que criamos sobre elas, o que implica que, claro está, quando estas se goram, se perca o respeito. Mas as pessoas não são a soma dos seus erros, são o equilíbrio entre os erros e os acertos.

Nesse limbo humano, todos necessitamos de apoio e sobretudo de aceitação. É esse o verdadeiro respeito que devemos nutrir pelos nossos semelhantes, tão errantes como nós, tão perdidos e tão certos.

19.1.12

Leituras na Juventude – Clube de Leitura na Casa da Juventude

Um dos projetos que este ano vou implementar e dinamizar é o Clube de Leitura Leituras na Juventude, na Casa da Juventude, na Tapada das Mercês. Com uma periodicidade mensal, as sessões decorrerão na última quarta-feira de cada mês, das 18h às 20h, a partir de Março, tendo o seguinte calendário:

Março 28: Tudo o que temos cá Dentro, Daniel Sampaio
Abril 18: Frankenstein, Mary Shelley
Maio 30: Os Capitães da Areia, Jorge Amado
Junho 27: A Ilha Teresa, Richard zimler
Julho 25: O Rapaz do Pijama das Riscas, John Boyne
Agosto 29: Inês de Portugal, João Aguiar
Setembro 26: Romeu e Julieta, William Shakespeare
Outubro 31: Gaveta de Papéis, José Luís Peixoto
Novembro 28: O Cântico de Natal, Charles Dickens

No que diz respeito à escolha dos títulos, e atendendo a que o Clube terá lugar na Casa da Juventude, mantive o seguinte critério: que os livros abordassem uma temática ligada à juventude, seja pelas suas personagens, seja pelos seus autores. Tentei igualmente sinalizar as duas grandes efemérides literárias deste ano: Jorge Amado e Charles Dickens. E procurei igualmente encontrar um equilíbrio entre autores de expressão portuguesa e autores estrangeiros. E entre alguns autores de eleição e algumas curiosidades, delineei esta proposta. Espero que seja do vosso agrado e conto convosco.

18.1.12

Há cerca de dois anos, o mundo, como o conhecia, desabou sobre a minha cabeça. As certezas que tinhas sobre as materialidades da minha vida esfumaram-se, o que originou uma depressão, embora não tenha recorrido a nenhum médico no sentido de o apurar ou de procurar ajuda. Mas, se não fui ao fundo do poço, pouco faltou.


A minha confiança foi de tal modo abalada que me afastei de quase todas as minhas amizades, incapaz de lidar com a minha nova situação e de admiti-la. Como é evidente, demorei a sair deste sentimento de fracasso e incapacidade, até porque a situação de génese estava e está longe de ser resolvida. Mas não podia continuar a arrastar a minha vida de dia para dia neste sentimento depressivo. Precisei encontrar um contraponto que me permitisse atingir um equilíbrio necessário a prosseguir de modo saudável. E se os (meus) problemas não podem ser resolvidos apenas por mim, porque estão condicionados por outros, no entanto, cabe a mim encontrar esse contraponto. Cabe a mim estabelecer objectivos tangíveis que me trarão um sentimento de alcance, de transformação, enfim, um sentido de vida.

O poder de transformação está em nós, mas sejamos realistas: nem tudo depende de nós, apenas o modo como lidamos e procuramos gerir as situações. Quando temos esta hipótese é nosso dever exerce-la o melhor possível, com a melhor atitude possível, sabendo que as energias se atraem e o positivo chama pelo positivo.

17.1.12

Será que o luto alguma vez acaba?

Está prestes a completar-se 10 anos sobre a morte da minha mãe e dou por mim a pensar se já consegui fazer o luto por ela, se ainda é luto os pensamentos diários ou apenas a forma de a manter viva em mim, refletindo a importância basilar na minha vida. Sempre encarei o luto como o processo em que se aprende a lidar e a gerir a ausência de alguém a amado, e como tal, sempre pensei que tinha um fim. Hoje, não sei dizer se tem. Se por um lado fiz esse processo de aprendizagem, por outro, este não é válido para todos os momentos da minha vida. Daí a minha pergunta: Será que o luto alguma vez acaba?

16.1.12

English tutoring

Este é o momento
Em que anseio aquele amor
Que derruba estes obstáculos
E cumpre aqueles longínquos sonhos de felicidade

This is the moment
I long for that love
Smashing these obstacles
And fulfilling those long time dreams of happiness


15.1.12

Percurso lisboeta: Chiado/Baixa

Ao sair do comboio, subir a rua do Carmo e no Largo aproveitar para ver a homenagem a Salgueiro Maia e perceber um dos palcos da revolta dos cravos. A entrada no Museu Arqueológico do Carmo custa uns bem empregues 3.50€.
Depois, descer até ao Largo do Camões a aproveitar para visitar as várias igrejas. Religiosidades à parte, são um testemunho da história da cidade. Se desejar contribuir para a sua manutenção ou às caridades associadas, sugiro que acenda uma vela. Em média estas custam 0.50€, por isso fiz um gasto médio de 1.50€. No entanto, relembro que este gasto é puramente facultativo.
De seguida, dirigi-me ao Museu do Chiado (Museu Nacional de Arte Contemporânea), cujo ingresso custou 4.00€, plenamente justificados. O dia seguiu-se em direção ao Terreiro do Paço onde só a vista compensa um passeio. Seguiu-se a Rua Augusta e a visita gratuita ao MUDE (Museu do Design e da Moda).
Pelo meio, fiz uma refeição de fast food e bebi um café, o que respresentou um gasto de cerca de 6.00€.
Deste modo, gastei 15.00€ num dia só para mim em que aprendi e conheci novos espaços. Espero que aproveitem esta sugestão de passeio para um dia diferente.

Custo
3.50€ Museu do Carmo
1.50€ Igrejas
4.00€ Museu do Chiado
0.00€ Mude
6.00€ Refeição
15.00€ Total

14.1.12

Percursos lisboetas e sintrenses

Por vezes, aproveito as minhas folgas para conhecer um pouco mais do que o meu concelho (Sintra) tem para oferecer, mas também a cidade de Lisboa, que fica apenas a 30 minutos de comboio. Nesses dias, procuro fazer um pequeno itinerário que me permita visitar equipamentos culturais que desconheço, bem como espaços ao ar livre onde se possa usufruir, por exemplo, de uma esplanada ou de uma leitura num banco de jardim. Sem uma regularidade estipulada, vou procurar deixar aqui o registo desses meus percursos, com sugestões e orçamentos. Espero que possam ser úteis.

13.1.12

o dia do nosso enamoramento
não consta de qualquer calendário civil
é um dia sentimental
sem registo histórico

The Birthday, Marc Chagall


12.1.12

um tempo só meu
que encerre pensamentos não ditos
passos não seguidos
revelias pessoais

um tempo só meu
numa sexta à beira rio
em que o sol não ilude o frio de inverno

um tempo só meu
neste traço a azul
@ Daily Venice

11.1.12

Palavras #212 a 214

ergoterapia (ergo- + terapia) [Medicina] Processo terapêutico utilizado para o tratamento de doenças mentais e que consiste em ocupar o doente com trabalhos manuais.
díade (latim dyas, -adis, do grego duás, -ados, dois) Grupo de dois. = DÍADA, PAR, PARELHA
derisão (francês dérision) 1. Riso de desprezo. 2. Mofa, escárnio.

10.1.12

Palavras #209 a 211

ignífugo - (igni- + -fugo) adj. 1. Que serve para evitar incêndios. 2. Que afugenta o fogo. 3. Incombustível.
derisório - (francês dérisoire) adj. 1. Irrisório. 2. Ridículo. 3. Que encerra derisão.
contender (ê) v. intr. - 1. Ter contenda. 2. Disputar; altercar; litigar; dirigir provocações. 3. Competir; disputar a primazia, influir, atacar. 4. Ser relativo; ter influência; não ser alheio; ter algum ponto de contato.

in Farenheit 451, Ray Bradbury

9.1.12

Fahrenheit 451, Ray Bradbury

Num futuro indeterminado, mas do qual não estamos longe, a massificação tecnológica deu origem ao puro entretenimento, impedindo o acesso dos cidadãos à informação e à criação de um espírito crítico e inquisitivo.
Publicado em 1953, Bradbury relata-nos um futuro em que o livro – fonte de conhecimento e pedra de toque do pensamento individual – está votado ao extermínio. Toda e qualquer informação é controlada e veiculada por um governo inominável, de origem desconhecida, omnipresente mas sem qualquer referência física.
Esta nova organização social inverte todos os papéis: os bombeiros, arautos da salvação da vida humana, estão condenados a desprovê-la de qualquer humanidade; os laços familiares e afetivos são inexistentes, trocados por uma socialização virtual televisiva, herdeira possível de uma qualquer rede social internáutica atual; e a ignorância imposta é apreendida como a felicidade desejada por todos os cidadãos.
Esta leitura traz-me ecos de outras leituras. Uma é Crowds and Power (1960), de Elias Canetti, onde este analisa o comportamento das multidões e dos bandos, e a forma como, por exemplo, a sua disposição e organização pode ser utlizada para a sua consequente manipulação. Questiono-me igualmente se a construção do herói Montag (segunda-feira) tem alguma génese no bom selvagem defoneiano Sexta-Feira, seu contrário. Por último, a reminiscência do poema pessoano da abençoada ceifeira ignorante.

Fahrenheit 451 / Ray Bradbury. - Porto : Público Comunicação Social [distrib.], imp. 2003. - 159 p. - (Mil folhas ; 66). ISBN 84-96200-92-2

8.1.12

Sobre grupos: fusões e integrações

A existência de um grupo está condicionada ao cumprimento de um objetivo comum por parte dos seus integrantes. Alteração desse objetivo pode originar a extinção do grupo ou a sua reformulação, o que pode implicar a fusão com outro ou a integração de novos elementos.
A integração de novos elementos isolados é, à partida, um processo fácil, desde que o grupo tenha uma atitude de aceitação.
Já a fusão de dois grupos pode ser um processo penoso e infrutífero. Seja quais forem as dimensões dos dois grupos, a tendência é que cada um forme barreiras de proteção contra o outro. Essas barreiras passam pela defesa exacerbada do seu passado e a constante comparação entre modos e procedimentos de trabalho. Se um dos grupos for de uma dimensão consideravelmente maior, possuirá inevitavelmente uma maior resistência ao outro.
Para que dois grupos se integrem é necessária uma liderança sensível e assertiva, capaz de analisar a evolução e capaz de conduzir a integração, respeitando passados mas promovendo um novo espirito de equipa e uma nova trama de relações. É preciso, se necessário, ter a força e determinação para encetar alterações na organização e distribuição de tarefas, mas sobretudo na sensibilização de todos para o trabalho de todos.

7.1.12

#103 @ 101 em 1001 – Um museu a céu aberto


Visitar um espaço museológico que nos brinda com um inesperado céu azul natural é uma experiência diferente. É o caso do Museu Arqueológico do Carmo. O edifício foi fundado em 1389 por D. Nuno Álvares Pereira, para albergar a Igreja do Convento de Nossa Senhora do Vencimento do Monte do Carmo, em memória da vitória alcançada na Batalha de Aljubarrota. O respetivo convento anexo à igreja alberga o famigerado Quartel do Carmo, palvo da Revolução dos Cravos, em Abril de 1974.
Durante os seus seis séculos de existência, o edifício sofreu várias intervenções , tendo ficado parcialmente destruído pelo terremoto de 1755 e um incendio consequente, o que provocou a queda do teto abobadado. Em 1864 foi entregue à Real Associação dos Arquitetos Civis, a que ainda hoje pertence.
Mais informações: http://www.museuarqueologicodocarmo.pt/p_museu.html

6.1.12

Sobre invisibilidades

Yeong-Deok Seo
Das muitas pessoas que se cruzam no nosso caminho, apenas uma reduzida fração se transforma em amizade. As relações que ficam de fora desse leque devem-se a tantos motivos que seria exaustivo elencar e por vezes a razão é tão simples como um “não calhou”.

Há também aquela pessoas que ficam num limbo: são próximas mas temos dificuldade em considera-las amigas. Aceitamo-las mas não as conseguimos compreender porque têm uma visão de mundo que não se encaixa na nossa. Não é apenas uma visão diferente, é uma visão diametralmente oposta, sem qualquer ponto de união ou contato.

Para pessoa pragmáticas como eu, é difícil acreditar num mundo para além do visível, embora saibamos – sem sombras de dúvida – que o essencial é invisível aos olhos. O essencial está na nossa mente e manifesta-se nos nossos corpos. Mas outras invisibilidades escapam-se a uma compreensão pragmática, entrando, talvez, no campo da fé.

Os pragmáticos creem – quando muito – em si e nos fatos. Então, como acreditar em toda uma variedade de hipóteses, como: espíritos, vidas além morte, vozes, mediunidades, entre outras. Por vezes, sinto que seria mais fácil acreditar nessas invisibilidades. Seria reconfortante poder contatar com aminha mãe e com a minha avó materna e esclarecer a sua passagem pela vida. No entanto, acho o conceito estranho: no fundo, estaríamos todos sujeitos a um escrutínio espiritual brotheriano. Seria como viver a vida a olhar por cima do ombro com a constante sensação de estar a ser observado. Talvez seja a recusa a estar sujeita a um voyerismo espiritual que me impede de acreditar no mesmo.

Já p conceito de telepatia não me choca. Acredito que as nossas capacidades cerebrais não são utilizadas no máximos das suas potencialidades e que ainda há caminhos a percorrer. Não sendo a telepatia um conceito muito dispare da mediunidade, a diferença consiste em todos os intervenientes estarem vivos, talvez pareça estranho acreditar na mesma. Mas acredito em níveis profundos de ligação e em conhecer alguém tão bem que permita saltar fases intermédias de comunicação, o que não é incompatível com o acreditar que o essencial é invisível aos olhos.

5.1.12

Sobre reincarnação

Não sei se possuo alma, por isso não posso acreditar na sua eternidade. Sei que penso e sinto algures no meu cérebro, e que isso se reflete em todo o meu corpo. Enquanto corpo, sou composta de matéria (massa e energia), e que quando a energia o abandonar, a massa se transformará. Tornarei a ser vida, não sei se planta, animal ou ainda outras formas que a ciência desconheça. E talvez um dia volte a ser mulher, ou homem, ou simples pássaro nos céus ou animal subaquático. Mas serei vida nova e ternamente.

4.1.12

Sobre o suicidio

Quanto de nós conhecemos alguém que o tenha cometido? Creio que é algo que consideramos sempre longe, que acontece somente no leque de relações dos outros. Mas é uma situação mais próxima do que julgamos.
À primeira vista, recordo apenas a história da minha avó materna, morta ainda a minha mãe não teria dois anos e que a privou de mãe em troca de um fantasma. Depois o Hugo, marido de uma ex-colega de trabalho. Mas, aos poucos, vieram também as memórias do Teca, primo em não sei bem quantos graus. De um rapaz da escola que sobreviveu a uma queda de vários andares, e sobre o qual os rumores se dividiam: tentativa de suicídio ou desiquilibrio ao despedir-se da namorada, a Patrícia. Depois, há dois vizinhos que a memória de infância já não garante que tenham morrido por suicídio. Ah, sim, e o Alexandre, que pôs término à vida em frente a um comboio.
É impressionante concluir o quão próximo está de nós e como desenvolvemos estratégias defensivas de afastamento e esquecimento. Racionalizamos o facto de várias formas: impomos uma distância e escondemos a memória até que pareça que não é nada concnosco. São apenas noticias nos jornais: actos inconscientes, desesperados, vingativos, punitivos e outros mais.
Que motivos levam alguém a pôr fim à vida?
O desespero, a impossibilidade de perceber um futuro, a ausência de um presente satisfatório, (re)confortante, por vezes até amado. Se algumas razões consigo perceber, porque já todos nos sentidos em algumas situações limite sem conseguir perspectivar para além do momento, outras haverá que me são talvez até impossíveis de perceber. Seja por motivos culturais, educacionais ou de experiência de vida, o facto é que a morte e as suas circunstâncias são usualmente um assunto tabu, uma forma de evitar pensar no nosso fim certo e de perspectivar projectos de vida, com balanços e expectativas quiçá aquém do almejado.

3.1.12

Sobre Escrita

Há uns tempos, foi-me solicitado por uma jovem que quer ser escritora - e que já tem um livro quase pronto - algumas indicações de formações e de cursos. Tanto quanto sei, a nível universitário não existe formação especifica na área da escrita, no entanto, vão proliferando algumas formações de escita criativa, ministradas por profissionais de renome. Assim, e recorrendo a sites que costumo consultar com frequência, elaborei esta listagem que considero de leitura útil a todos os que se interessam em escrever. Partilho-a aqui também, na esperança de receber novas indicações nesta área.

Cursos de Escrita Criativa
http://www.escreverescrever.com/
www.econ.pnet.pt/ (Luís Carmelo, autor de livros sobre escrita criativa)
http://www.companhiadoeu.com/ (Pedro Sena-Lino, autor de livros sobre escrita criativa)

Blogues sobre escrita (com dicas, exemplos e desafios criativos)
http://atelierescritaciencia.blogspot.com/
http://campeonatoescritacriativa.blogspot.com/
http://charleskiefer.blogspot.com/
http://escritacriativa.portoeditora.pt/
http://escritascriativas.blogspot.com/
http://www.advicetowriters.com/
http://professortexto.blogspot.com/

Clube de Leitura do Museu Ferreira de Castro
http://acurvadoslivros.blogspot.com/

Revista Macondo (revista digital que procura divulgar novos autores)
http://revistamacondo.wordpress.com/

I Mostra de Jovens Escritores (promovido pela Divisão de Juventude e Desporto de Sintra)
http://www.cm-sintra.pt/Destaques.aspx?ID=1083

2.1.12

Blood ties

I’m broken, with no pieces left
Just an aching heart
I wanted to be a good daughter
I tried to do what was expected
But you failed to be a father
You were just the man
Who provided for food and clothes
You forgot what I needed the most
An hug and encouraging words
So, you are my father
And you call me daughter
In fact, we’re just strngers
With blood ties