A manutenção deste registo está igualmente associada ao facto e à consciência de que a memória é falível e, através deste registo, posso recuperar alguma da informação a que tive acesso. Se na minha adolescência tinha uma memória de elefante para dados factual como nomes, títulos, autores, actores, etc. (excepto datas), com o acréscimo de responsabilidades e tarefas essa capacidade foi diminuindo. A verdade é que a nossa mente tem limitações e a imensidão de informação disponível e acessível obriga a que esta desenvolva processos de selecção, regeneração, eliminação e arrumação de informação. Tal como os arquivos institucionais. Também a nossa memória lida com informação corrente de curta duração de utilidade, intermédia e histórica, que necessitamos sempre.
Uma das formas usais de contacto e de aquisição de informação é através da leitura. Então o que fica do que lemos? A maioria de nós recorda muito pouco do que lê. São necessárias várias leituras para que essa informação se solidifique na nossa memória e normalmente uma segunda leitura de um texto ou livro resulta num confronto constante com o esquecimento do que lemos. O que mais retemos são impressões que misturam pensamentos, emoções e sensações. Ironicamente, recordamos mais as circunstâncias da leitura (o local, os acontecimentos da nossa vida ou o seu objectivo especifico), pois a nossa memória sobre a leitura é um registo de quem somos e do que pensamos quando encontramos um texto.
A memória é caprichosa e injusta. O esquecimento é visto como uma interferência, uma confusão, uma decadência. No entanto, nada mais é que a constatação dos limites biológicos da nossa mente do que uma falha de caracter.
Baseado no artigo "The Curse of Reading and Forgetting", by Ian Crouch, in The New Yorker, May 22, 2013
Matthew Hollister |
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