Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

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27.4.12

UMA VEZ QUE JÁ TUDO SE PERDEU, Ruy Belo

Que o medo não te tolha a tua mão
Nenhuma ocasião vale o temor
Ergue a cabeça dignamente irmão
falo-te em nome seja de quem for

No princípio de tudo o coração
como o fogo alastrava em redor
Uma nuvem qualquer toldou então
céus de canção promessa e amor

Mas tudo é apenas o que é
levanta-te do chão põe-te de pé
lembro-te apenas o que te esqueceu

Não temas porque tudo recomeça
Nada se perde por mais que aconteça
uma vez que já tudo se perdeu

in Obra Poética de Ruy Belo, volume 1, Lisboa: Editorial Presença, 1981. p. 164



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