Há cerca de um ano, li o conto homónimo de Fitzgerald que deu origem ao enredo deste filme. Assim, foi impossível observar o filme sem tecer comparações a esse ponto de referência. A maior diferença entre os dois é que o conto se centra na inverosimilhança de uma situação (o nascer “ao contrário”), enquanto o filme explora o impacto dessa situação nos afectos na vida de Benjamim Button. Deste modo, o filme é acima de tudo a história dos amores de Button pela sua mãe adoptiva e por Daisy. As peripécias de vida de Button, como canta Carlos Paião, “vão dar jeito para aprender, para viver o seu grande amor” em plenitude e também para lhe dar a serenidade e maturidade para reconhecer que essa plenitude depende de uma finitude. Ou seja, apenas um amor não cumprido na sua totalidade pode sobreviver aos seus intervenientes.
Como já tenho afirmado, é quase impossível ver um filme, sem observar referências ou paralelismos com outros. Neste caso, o paralelismo mais flagrante são com Uma segunda Juventude, de que li o livro e vi o filme. Não só pela temática da luta/ engano do corpo em relação ao seu natural desenvolvimento e envelhecimento, mas porque nos livros as relações amorosas, embora importantes, são episódios, e nos filmes são o fio condutor do enredo e de grande parte das reflexões. Sem esquecer que ambas as tramas sucedem aproximadamente num mesmo tempo histórico. Outro piscar de olhos cinematográfico é feito com pela participação de Júlia Ormond, que em 1994, partilhou uma destas histórias de amor impossíveis com Brad Pitt em Lendas de Paixão.
Título original: The Curious Case of Benjamin Button * Realização: David Fincher * Argumento: Eric Roth (baseado no conto de F. S. Fitzgerald) * Elenco: Brad Pitt, Cate Blanchett, Tilda Swinton, Taraji P. Henson e Júlia Ormond
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