-- Estou com medo! – quase gritou.
-- Medo de quê? Nem sequer sabemos o que nos espera. – arriscou Marta, num tom calmo, mas sentido o coração bem apertado.
-- Bem, não é a festa que nos prometeram. – sussurrou João.
João estava longe de ser um rapaz bonito e popular. Ao receber o inesperado convite de Cátia, para uma festa em sua casa, foi incapaz de recusar. Mas como estava com algum receio de ir sozinho, arrastou as suas melhores amigas. Estava tão eufórico com o convite e agora mal conseguia balbuciar o que fosse.
-- Há quanto tempo aqui estamos? Logo nos haviam de tirar o telemóvel!
-- Sim, Raquel, fechavam-nos aqui com os telemóveis. Que belos raptores, hein? Isso só acontece nos filmes para rir. –ironizou Marta.
-- Marta, achas que nos vão fazer mal? – arriscou Raquel.
-- Bem, de certeza que não é para brincar às casinhas que nos fecharam aqui.
-- A culpa é minha. – assumiu João surdamente.
-- A culpa não é de ninguém. Nunca pensamos o pior das pessoas. Quem é que ia imaginar que a nova miúda da escola nos iria raptar? – acalmou-o Marta.
Mas João sabia que se devia a si estarem ali fechados, sem poder pedir ajuda. Era ele que tinha em seu poder um objecto invulgar, talvez mágico. Não sabia explicar como fazia o que fazia, mas agora tinha a certeza do que era capaz de fazer.
Não fora um sonho o que acontecera ao manusear aquele objecto: uma estranha ampulheta cúbica com vários compartimentos por onde a areia se esgueirava, não apenas entre dois compartimentos, mas ora para o compartimento seguinte, ora para o anterior. E embora lhe parecesse inverosímil pronunciar o que era, agora tinha a certeza: era espécie de máquina do tempo.
Alvaro Sanchez Montanez |
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