Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
Mais informações: www.cm-sintra.pt

13.1.11

As tristezas do mundo

Há menos de uma semana, acordámos com a inesperada notícia da morte do cronista Carlos Castro e, ao longo da semana, fomos tomando conhecimento dos contornos macabros da mesma. Já muito foi dito sobre o crime e muita tinta correrá nos próximos meses, conforme vierem à tona mais pormenores sobre a vida dos envolvidos e do caso judicial que se seguirá.
Este infeliz acontecimento tem todos os ingredientes de um thriller (a não ser que a realização ficasse a cargo de Almodôvar): paixão e ciúme (exacerbados pela condição homossexual e diferença de idades dos seus intervenientes; o eventual abuso de poder e/ou obtenção de favorecimento através de relações sexuais; a imagem social dos protagonistas.
Pormenores do que aconteceu, só o assassino confesso poderá esclarecer. Mas é triste que nos dias que correm se justifique a homossexualidade aludindo a demónios e vírus. A vida não é uma rábula do Herman e a homossexualidade não é, como diria o Nelo, um bicho que se entranhe pelas narinas. Também é triste que se discuta mais a homossexualidade, ou bissexualidade, do confesso assassino, do que a barbaridade a que alguém, num momento tresloucado, pode chegar. É triste que se debatam mais os segredos de alcova maculando-os com uma repressão social, que, em último caso, levou a este a muitos outros casos de crimes bárbaros. É triste que um homem, que de certeza sofreu imensas penas pela sua opção/condição sexual, tenha acabado a vida desta forma tão brutal. É triste que para muitos isto não seja mais do que uma boa história a explorar.
É triste, mas espero que a consciência social mude no modo como aborda e aceite as opções/condições de cada um. Apesar do meu cepticismo exacerbado, tenho esperança.
Sempre fui da opinião que as pessoas valem mais pelo seu carácter do que pela sua opção/condição. Será que vamos para a cama com toda a gente para que esse facto seja relevante? Claro que não. Mas todos podemos ser enganados, roubados, traídos, mortos por alguém. O carácter é mais importante, mas há muita gente, insegura o suficiente, para considerar a homossexualidade, a cor, o credo, mais relevantes do que o resto que compõe uma pessoa. É triste, mas tenho esperança.

1 comentário:

  1. E, infelizmente, o que hoje ouvi por alto nos noticiários eram só referências à homossexualidade.
    Agora começam a especulação e as teorias absurdas da conspiração.

    ResponderEliminar