Neste sentido, não me interessa tanto a aparente impossível história de amor entre o jovem Michael Berg, de 16 anos, e a balzaquiana Hannah Schmitz. Interessa-me sim a reflexão que suscita sobre como é que podemos amar alguém criminoso. Como é que resolvemos para nós próprios o nosso afecto por alguém cujas acção e comportamento repelimos. Seja esse alguém o nosso interesse romântico ou como os nossos pais, por exemplo.
Outo motivo de reflexão é o modo como a leitura e, a informação e conhecimento que lhe são inerentes, é capaz de transformar alguém e como essa consciência pode influenciar quem não tenha essa capacidade e conhecimento. Como é que essa vergonha pode transformar os nossos actos em crime e transformar-se eventualmente no maior crime quando não se assume e procura corrigir?
Esta obra questiona a nossa capacidade e legitimidade para questionar o outro sem sabermos se este era livre nas suas acções. Ou seja, se conseguia perceber que havia outras escolhas possíveis. Bem como a ter um olhar mais compreensivo sobre as eventuais origens dos comportamentos de quem nos rodeia.
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