Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

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28.8.12

Ódio de Estimação (OE)

Há muitos anos que esta é uma expressão comum na sociedade. Embora desconheça quem a popularizou, é fácil compreender o sentido e a sua origem em cada um de nós.

Tenho por objetivo conseguir ser indiferente com quem não gosto. Mas ao longo dos meses, creio ter vindo a desenvolver um OE. Isto não é positivo, principalmente para mim, que me irrito e consumo, enquanto que para a pessoa em questão sou, na melhor das hipóteses, um incómodo ocasional. O que me leva a ponderar: o que me fez desenvolver esta aversão?

A nossa relação é profissional. Durante cerca de ano e meio convivi diariamente e fui somando várias posturas, comentários e manipulações que me incomodaram. No início, tinha imensa expetativa sobre esta nova relação de trabalho e esperava vir a aprender imenso. As minhas expetativas saíram goradas e aprendi sim, mas não o que queria. Aprendi, melhor constatei, apesar de já o saber, que se consegue mais através de manipulação do que sendo apenas profissionais.

Procurei integrar-me neste novo cenário de trabalho e, embora sinta que o tenha feito a nível das relações pessoais, não consegui fazê-lo em termos de projetos. Como percebi que não haveria mudanças num futuro próximo, resolvi tomar a iniciativa w propor um novo cenário ao meu responsável hierárquico. É assim que tenho trabalhado desde o início do ano, com altos e baixos, e mesmo não tendo feito tudo o que queria, estou satisfeita com o que alcancei.

É claro que as relações não cessaram, nem tinham de cessar e, à partida, o afastamento era suficiente. Mas, considerando a posição da pessoa em causa na estrutura, o seu trabalho também tem impacto no meu e ocasionalmente tenho de lidar com ela, o que faço de igual para igual, e que não é bem visto.

É verdade que não temos a mesma idade, nem a mesma experiência profissional, e até lhe admiro isso. Mas há algo que tenho e que procuro nunca esquecer, que é respeito pelos colegas, sejam eles academicamente mais educados ou não, e, independentemente das idades, respeitar o seu passado profissional. E creio que é ai que residem a minha aversão: sentir que sou tratada apenas como subalterna, quando sou uma colega e parte do seu sucesso depende de mim.

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