Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
Mais informações: www.cm-sintra.pt

30.9.11

João Lopes

A televisão e o cinema sempre foram para mim fontes de conhecimento e de reflexão. Perceber a sua linguagem é uma ferramenta de filtrar a mensagem e a sua intenção, de modo a obter uma interpretação crítica das mesmas. Este é um aprendizado continuo e estou sempre a perceber a possibilidade de novas camadas de interpretação graças à análise de João Lopes, não só nas suas crónicas em diversos media, mas, sobretudo, no blog Sound&Vision, escrito a meias com Nuno Galopim, cuja especialidade é, sobretudo, música.
A quem se interessa ou simplesmente quer perceber melhor a forma como os media constroem as suas mensagens é imprescindível a leitura dos textos sucintos de João Lopes.

29.9.11

Sobre o novo mediatismo de Raquel Rocheta

Não tenho por hábito aproveitar este espaço para escrever sobre figuras do nosso “jet set”. Mas durante o meu período de férias, pude fazer algum zapping pelos programas matutinos e vespertinos da nossa televisão, que me permitiram constatar a presença de Raquel Rocheta em promoção do seu livro Sozinha, em que aborda – pelo que percebi – o seu casamento com Carlos Cruz e o impacto do processo Casa Pia e o posterior divórcio.
É do conhecimento público que Carlos Cruz sempre contou com o apoio da família durante o processo e que este provocou um enorme desbaste na sua capacidade financeira. Por isso, não é sido de espantar que o seu casamento tenha chegado ao fim, mas que tenha durado o que durou. Parece-me que o anúncio do fim, alguns meses após a saída do acórdão do processo, foi exactamente protelado de modo a não prejudicar o resultado do mesmo.
A verdade é que num caso destes, não são só os réus a sofrer as consequências. As famílias são as primeiras condenadas: a pensar todas as relações, a relembrar todas as frases, todos os momentos, a refletir sobre a veracidade e fundamentos das acusações. E, claro, em decidir como aceitar a acusação e o acusado. Nesse aspecto, Raquel Rocheta – cuja imagem era de um casamento sentimental e financeiramente estável – terá sofrido as chamadas “passas do Algarve.”
Agora numa nova fase, e sem os impedimentos legais e relacionais, e obrigada e procurar outras fontes de rendimento, é interessante observar a sua nova exposição mediática e a forma como procura rentabilizar o caso. Não a condeno, mas é digno de se observar e refletir.

sabedorias

Os pastores nunca fazem inventários porque adormecem antes de chegar ao final da contagem de stock.

27.9.11

O quarto de tarantino

Há algo nos quartos de curta estadia que me faz esperar a entrada, a qualquer momento, de uma personagem tarantinesca. Não sei se será do rosa inverosímil das paredes, dos apliques anacrónicos, das colchas floridas e dos cortinados nem sempre condizentes, dos espelhos de moldura plástica ou dos quadros fofinhos – menino da lágrima incluído. Será a minha indumentária de colegial nipónica ou o ocasional fato de treino amarelo que me fazem ansiar pelo Mr. (Choose your favourite coulour) para debates filosóficos sobre o menu McDonalds?
Bent Series, Terry Border

Vou-me dedicar ao crochet!

26.9.11

Rotunda Multiusos

Há quem queira uma casa museu, uma estátua, ou ver o seu nome atribuído a uma rua, uma escola ou um pavilhão, como forma de homenagem. A homenagem à minha pessoa, a existir, eu quero que seja: uma Rotunda Multiusos.

Uma rotunda de grandes dimensões com um parque infantil, uma zona de lazer e restauração e com uma redoma móvel para protecção em caso de intempérie.

25.9.11

Um Diário da República

Um Diário da República é um projecto fotográfico do colectivo [kameraphoto]. A proposta é fotografar Portugal ao longo dos 365 dias do ano.


Todos os dias são assunto e todos podem participar. Ao longo dos meses serão inseridas aqui novas imagens, os visitantes podem então escolher as suas fotografias preferidas e compor as suas galerias mensais com uma foto por cada dia do mês: 31 em Janeiro, 28 em Fevereiro, etc. Assim, ao longo do ano, cada participante constrói o seu retrato do país.

Tento dormir
Aquecendo o peito
nas noites vazias e sós
Da tua ausência
tão profunda e insuplantável
E só consigo encarar o sono
Embalando-me nos teus braços
imaginados em meu redor

Toulouse Lautrec, O Beijo

24.9.11

Gran torino

Tinha por hábito selecionar os meus realizadores favoritos pela dose de loucura e pela visão, usualmente, alternativa da realidade.  Mas a realidade é na verdade mais simples e cheia de nuances igualmente profundas e dramáticas. Por isso, nos últimos anos, tem sido um prazer descobrir a obra de clint Eastwood, enquanto realizador, embora me falte ainda descobrir muitos títulos. Comecei a aprestar mais atenção no seu trabalho a partir do diptico sobre a batalha de Iwo jima (As Bandeiras dos Nossos Pais & As Cartas de Iwo Jima).
Haverá com certeza mais interpretações sobre a sua obra, mas o que me ressalta como fio aglutinador são a sensibilidade e profundidade do Homem quando confrontado com situações limite, a tentativa de compreensão do outro e a tolerância. Eastwood tem igualmente refletido sobre a velhice, os laços familiares e os seus vários papéis, e os afectos.
Gran Torino apresenta-nos um homem recém viúvo que desenvolve uma inesperada e estranha amizade com um casal de jovens irmãos de origem coreana. E é nesta amizade que o seu personagem, que sempre foi incapaz de se aproximar da sua família, vai encontrar um último sentido para a vida. 

Título Original: Gran Torino | Ano: 2008 | Realização: Clint Eastwood | Interpretação:Clint Eastwood,  Christopher Carley, Bee Vang, Ahney Her
Quando eu morrer, não digas a ninguém que foi por ti.
Cobre o meu corpo frio com um desses lençóis
que alagámos de beijos quando eram outras horas
nos relógios do mundo e não havia ainda quem soubesse
de nós; e leva-o depois para junto do mar, onde possa
ser apenas mais um poema — como esses que eu escrevia
assim que a madrugada se encostava aos vidros e eu
tinha medo de me deitar só com a tua sombra. Deixa

que nos meus braços pousem então as aves (que, como eu,
trazem entre as penas a saudade de um verão carregado
de paixões). E planta à minha volta uma fiada de rosas
brancas que chamem pelas abelhas, e um cordão de árvores
que perfurem a noite — porque a morte deve ser clara
como o sal na bainha das ondas, e a cegueira sempre
me assustou (e eu já ceguei de amor, mas não contes
a ninguém que foi por ti). Quando eu morrer, deixa-me

a ver o mar do alto de um rochedo e não chores, nem
toques com os teus lábios a minha boca fria, E promete-me
que rasgas os meus versos em pedaços tão pequenos
como pequenos foram sempre os meus ódios; e que depois
os lanças na solidão de um arquipélago e partes sem olhar
para trás nenhuma vez: se alguém os vir de longe brilhando
na poeira, cuidará que são flores que o vento despiu, estrelas
que se escaparam das trevas, pingos de luz, lágrimas de sol,
ou penas de um anjo que perdeu as asas por amor.


Maria do Rosário Pedreira

23.9.11

Mesmo o óbvio, não deve ser tratado como óbvio. Não sorrio por estar triste, não sorrio porque não percebo o amanhã. A incerteza paralisa-me o raciocínio e o rosto.


Se os olhos miram o vazio é porque não há pontos de referência no caminho, nada em que se prendam o olhar e a minha mão vazia.

22.9.11

Nunca inventarei um mundo paralelo, com crianças mágicas e criaturas místicas. O que mais se aproxima de um personagem dá pelo nome de Georg, em fuga de um fantasma, num tempo passado e sem nome.
"A designer knows he has achieved perfection not when there is nothing more to add, but when there is nothing left to take away.”

21.9.11

Tamara Drewe

Uma jovem de uma pequena localidade inglesa regressa a casa após a realização de uma plástica ao nariz. Durante aproximadamente um ano, acompanhamos o modo como o novo poder de atracção de Tamara influencia a vida de um grupo de habitantes, nomeadamente os “antigos” e novos homens da sua vida. De um modo leve e divertido, o enredo aborda temas como beleza, criação artística, amor, paixão e traição.
“Os verdadeiros inimigos estão dentro de nós.”
Jacques Bossuet.

20.9.11

Rio

Blu é uma arara azul que, para salvar a sua espécie, viaja para o Brasil, seu pais natal, e onde acaba por viver a aventura da sua vida, na companhia de Jóia. Esta aventura da tem uma mensagem ecológica ao abordar o tema do tráfico de animais exóticos e desse impacto no ecossistema. Pelo meio dá-nos a habitual fotografia do Brasil: carnaval, samba, favelas e florestas luxuriantes, não passando, no entanto, dos habituais lugares comuns.

19.9.11

Sherlock

Após a revisitaçao cinematográfica de 2009, pela mão de Guy ritchie, desta personagem mítica que marcou gerações, a televisão não se deixou ficar para trás e dá-nos Sherlock. Esta recente recriação transporta o mestre da dedução para os nossos dias, com o inevitável toque de humor britânico, e na companhia do indispensável Dr. Watson, desta feita um veterano da guerra do Afeganistão. O vicio da nicotina é substituído por pensos de nicotina, Moriarty insinua-se não como arqui-inimigo, mas como uma organização sinistra, e Londres continua sombria e enublada.
AXN – 2ª – 21h30

Neste preciso tempo, neste preciso lugar, Manuel António Pina

No princípio era o Verbo
(e os açucares
e os aminoácidos).
Depois foi o que se sabe.
Agora estou debruçado
da varanda de um 3º andar
e todo o Passado
vem exactamente desaguar
neste preciso tempo, neste preciso lugar,
no meu preciso modo e no meu preciso estado!

Todavia em vez de metafísica
ou de biologia
dá-me para a mais inespecífica
forma de melancolia:
poesia nem por isso lírica
nem por isso provavelmente poesia.
Pois que faria eu com tanto Passado
senão passar-lhe ao lado,
deitando-lhe o enviezado
olhar da ironia?

Por onde vens, Passado,
pelo vivido ou pelo sonhado?
Que parte de ti me pertence,
a que se lembra ou a que esquece?
Lá em baixo, na rua, passa para sempre
gente indefinidamente presente
entrando na minha vida
por uma porta de saída
que dá já para a memória
Também eu (isto) não tenho história
senão a de uma ausência
entre indiferença e indiferença

Biel Grimalt

18.9.11

Escrever


Para crescer
Para esquecer
Para pensar
Para mostrar
Para surpreender
Para chocar
Para cristalizar
Para atrair
Para manter a sanidade
Porque sim
Porque acalma
Porque não se sabe fazer mais

17.9.11

Homem Aranha 3

Terceiro episódio e mais do mesmo. Peter Perker dividido entre a mis são de Homem Aranha e o amor de Mary Jane, com dúvidas, tentações, novos vilões e um lado negro que já se adivinhava. Vale pelo entretenimento.
Picasso
"Se eu te amasse a horas certas,
abririas as pernas com menos cuidado?
Se eu começasse sempre pela língua,
julgar-me-ias menos bruto?
E se eu não te mordesse o pescoço,
acaso continuarias a cravar-me as unhas nas costas?
Se eu não apagasse a televisão. adormecerias aconchegada à minha cintura?
Se eu tomasse banho depois de fornicarmos,
julgarias o acto mais higiénico?
Se em vez do silêncio depois do orgasmo
passássemos a ter uma confissão no olhar,
perdoar-nos-ia deus o desperdício?
Já agora diz-me: se não dependêssemos
um do outro, como é que explicarias
o teu cheiro nas minhas palavras?"

-"A Dança das Feridas" -
Henrique Manuel Bento Fialho

16.9.11

Nunca a alheia vontade, inda que grata, Cumpras por própria. Manda no que fazes, Nem de ti mesmo servo. Ninguém te dá quem és. Nada te mude. Teu íntimo destino involuntário Cumpre alto. Sê teu filho. 
Ricardo Reis, in "Odes" Heterónimo de Fernando Pessoa

Michael Clayton - Uma Questão de Consciência

Este filme de 2007, valeu a George Clooney uma muito aclamada nomeação para o Oscar de Melhor Actor. No seu registo sóbrio, Clooney interpreta um advogado corporativo especializado em soluções para situações bicudas. Quando o seu mentor, actualmente a defender uma farmaceutica, que sabe ser culpada de envenamento tóxico, tem um colapso nervoso e morre dias depois, Clayton é obrigado a reflectir e a agir de acordo com a sua consciência, numa situação em estão em jogo vidas e milhões de dólares.

15.9.11

Os Novos 10 Mandamentos

O título deste filme de 2007 é bem explicito: são dez histórias interligadas e inusitadas, baseadas nos 10 mandamentos, mas actualizadas às vicissitudes e idiossincrasias do mundo moderno. Comédia para tardes de domingo, mas que não fica para a história.

Separados à saida do cinema?

by Herbert
Pacific!

O Labirinto do Fauno

14.9.11

Gerhard Richter
O celibato é «involuntário». Quase toda a gente prefere alguém a ninguém. Mas também é «voluntário». Quase toda a gente teria alguém se quisesse. Um celibatário vive de acordo com aquilo que escolhe, mas não com aquilo que deseja.
Pedro Mexia

UP – Altamente

Este filme de 2009 tem muitos motivos para ser uma das mais populares produções da Pixar, ao misturar referências literárias, cinematográficas e uma mensagem humana de esperança.
Para além de outras reflexões, UP apresenta-se como uma homenagem ao cinema, essa máquina que alimenta a alma humana de sonhos, muito pela referência ao cinema documental e ao cinema notícia que determinou uma época. Também nas feições do protagonista e do seu herói/arqui-inimigo, reconhecemos Spencer Tracy e Jack Palance, dois dos “duros” de referência na história do cinema, com carreiras longas e incontornáveis.
Outra referência presente é literária. quem não reconhece na Cascata do Paraíso o enigmático Monte Roraima que serviu de inspiração a Júlio Verne para escrever o seu Mundo Perdido? E Kevin é o exemplo perfeito das espécies únicas aí existentes. E quem melhor para explorar este mundo perdido do que um escoteiro? Ou não tivesse sido Baden Powell um dos últimos grandes exploradores do mundo moderno.
Mas todas estas referências servem para ilustrar a história de uma inesperada amizade entre Carl, de 78 anos, e Charles, de 8. Após a morte da sua mulher, Carl decide cumprir o seu sonho conjunto, que o quotidiano da vida foi sempre adiando, e parte à procura da Cascata do Paraíso, acabando por levar consigo um viajante inesperado. É Charles que acaba por lhe ensinar que nunca é tarde para cumprir os nossos sonhos, mas que também é sempre possível construir novos sonhos e novos objectivos e motivos para viver.

13.9.11

O Código da Vinci

O Professor Robert Langdon, reputado simbologista, vê-se envolvido na investigação do homicídio invulgar de um colega catedrático. A investigação leva-lo-á à descoberta do segredo mais bem guardado da história do catolicismo: a existência de descendência de Jesus Cristo.
Baseado no romance de Dan Brown, o enredo explora vários dos mistérios em redor da figura de Cristo, sugeridos pela Bíblia, quer pelas suas incoerências enquanto texto pluriautoral, quer pelas diferentes traduções e interpretações realizadas ao longo dos séculos, bem como pelos actuais conhecimentos históricos. O autor soube aproveitar muitas das linhas de estudos e diversas teorias existentes, dando consistência e textura a uma história de suspense bem montada. Tal como Anjos e Demónios, o filme é apetecível e vale pela reflexão.

oh, what a brush...

12.9.11

#65 @ 101 em 1001

Na verdade, esta concretização já ocorreu no final de Abril. Passados mais de 4 anos sem por os pés num cabeleireiro, resolvi-me a colocar os meus caracóis em mãos alheias. O corte não foi radical, mas estava fora da minha esfera de competências. Gosto do meu cabelo mais curto e inevitavelmente mais encaracolado. Entretanto, resolvi também arriscar uma coloração mais óbvia. É divertido.

11.9.11

11 de Setembro: 10 anos


Há 10 anos, como é meu hábito, estava de férias. Aproveitando os últimos dias antes do início da escola, rumei à santa terrinha com as minhas mãe, sobrinha e prima. Cerca das 13h30, preparávamo-nos para almoçar e liguei a televisão para ver as notícias. A A., na altura com nove anos, reclamou:
- Ó tia, não. As notícias é só desgraças.
Ingénua e didaticamente, respondi:
- Não é nada, também há outras notícias.
Mas pensávamos, ou pensaria alguém, que a primeira imagem era de duas torres em chamas e de uma explosão. E assim que os relatos do jornalista começaram a fazer sentido, foi impossível deixar de olhar incredulamente para o ecrã sem que na nossa mente se misturassem as imagens ficcionadas do filme catástrofe da década de setenta, A Torre do Inferno. A primeira constatação é que a ficção fica sempre do verdadeiro potencial criativo e de capacidade de destruição do ser humano. As emoções causadas por aquela catadupa de imagens e dos relatos dos dias seguintes deixaram marcas que permanecem e fazem parte do que hoje somos.
10 anos depois, as memórias continuam, mas os vivos continuam as suas vidas. A minha mãe sucumbiu ao cancro, a A. Transformou-se numa mulher bonita e inteligente, a minha prima ultrapassou privações, licenciou-se e assumiu responsabilidades profissionais que não se considerava capaz. Eu fui feliz, triste, tive tudo e perdi o que dava por certo, cresci tarde demais mas estou aqui, mesmo sem saber, na maioria dos dias, para onde ir.
O mundo mudou e nós também. Entre os escombros, encontramos formas de sobreviver, seguir em frente, recompormo-nos e, se possível, construir uma nova forma de vida.

a new perspective...

Visto no criativemo-nos. 

10.9.11

Kick-Ass – O Super Herói

Quem é que, em momento algum, não desejou ser um super herói com poderes especiais que resolvessem qualquer situação complexa? Foi um que um jovem estudante do secundário fez, apesar de não ter nenhuma capacidade especial a não ser um sentido de injustiça. Interessante pela reflexão sobre bullying.

sabedorias

Entre nós, a norma é cobiçar o que se não tem, mas não fazer nada para o obter.

Helena Sacadura Cabral

9.9.11

… as crianças são, desde muito cedo, grandes demais, comparadas com as medidas mentais que os adultos lhe atribuem.

Manuel António Araújo, Ípsilon 17/06/2011

A constituição física como factor de desenvolvimento da personalidade


Há autores que defendem a existência de três tipos físicos – magro, musculoso e obeso – e que fazem o paralelismo com as três camadas básicas de tecidos embrionário; ectoderme, partes moles; mesoderme, esqueleto e músculos; e endoderme, sistema nervoso. Alguns autores defendem que cada tipo de estrutura física está associada à expressão de determinadas características psicológicas. Assim, os ectomorfos, ou magros, são introvertidos, reservados, mentalmente inetensos e inquietos. Já os mesomorfos, ou musculosos, são competitivos, energéticos, assertivos e corajosos. Os endomorfos, ou obesos, são amentes do conforto, socialmente calorosos e bem dispostos.

8.9.11

Mostra-me o teu bigode, dir-te-ei quem és!

Normalidade e patologia


Sendo a personalidade o nível de organização psicológica que sintetiza todas as influências recebidas pelo individuo, esta é o equivalente mental para o sistema imunitário do corpo. Como tal, está constantemente sujeita a pressões diversas e é o modo como a personalidade gere as situações de pressão que permitem perceber os seus eventuais distúrbios.
A normalidade é considerada a conformidade com comportamentos e costumes do grupo de referência ou cultura de um individuo. A patologia define-se pela adopção de comportamentos invulgares, irrelevantes ou estranhos a esse grupo de referência.
Um individuo considerado normal possui estratégias diversas e flexíveis de lidar com a realidade que o rodeia, ou seja, adapta-se. Em caso de distúrbio, o individuo não é flexível à adaptação e repete das mesmas estratégia, independentemente das diversidade de situações. Ou seja, incorre num ciclo vicioso de comportamento.
Deste modo, o individuo desperdiça oportunidades de desenvolvimento, provoca novos problemas e recria constantemente situações em repete os mesmo erros, com ligeiras variações.

7.9.11

Esta Gente, Sophia de Mello Breyner Andersen

Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre

Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome

E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo

Atendimento ao público

Já há algum tempo que não fazia atendimento ao público, mas por motivos de férias de alguns colegas, voltei a fazê-lo e isso devolveu-me uma perspectiva que já tinha perdido.
Apesar das críticas e de alguns maus exemplos mediáticos, o RVCC é para muitas pessoas um grande desafio e obriga-as realmente a um grande esforço, pois têm de desenvolver as suas competências de escrita e de informática. As pessoas em questão não são analfabetas, mas são iletradas e mais do que isso, são iletradas informáticas. Para muitos o RVCC é a primeira vez que se vêem confrontados com o uso do computador e de, por exemplo, uma pen. Assim, não dominam o vocabulário nem a sinalética inerentes. Não percebem o raciocínio de ligações necessários, por exemplo, para arquivar, para gravar, para fazer pesquisas.
Esse é um grande “monstro” que têm de vencer, pois hoje em dia é impensável realizar determinadas tarefas sem recorrer a um computador. Muitas destas pessoas estão em situação de desemprego, o que é uma situação frustrante, e depois percebem que a forma mais rápida de se candidatar e de obter uma possibilidade de trabalho é através de um equipamento que não dominam e que para elas é um bicho de sete cabeças.
Tem sido educativo perceber que realmente nem todos temos as mesmas oportunidades de aprendizagem e, mais do que isso, de desenvolver as nossas competências. Aprender a utilizar um computador (entre outras) não é o mesmo que rentabilizar e usufruir das suas potencialidades. Posso aprender, mas se não der uso ao meu aprendizado, isso não é conhecimento.

6.9.11

Miroslav Sasek, NY 
Sei que seria possível construir um mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O ar e o mar e a luz estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra em que estamos se ninguém atraiçoasse proporia
Casa dia a cada um a liberdade e o reino
Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada a doecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do Universo
Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é o meu ofício de poeta para a reconstrução do Mundo.


Sophia de Mello Breyner Andresen

Personalidade, carácter e temperamento

Personalidade é aquilo que nos define e nos torna diferente uns dos outros. O termo personalidade tem origem no latim persona, que era a máscara assumida pelo actor numa peça teatral. O termo evoluiu e passou a definir as características reais explícitas e observáveis de um individuo. Actualmente, define as características psicológicas, ou seja, interiores, do mesmo. Deste modo, personalidade significou numa primeira instância a ilusão externa, posteriormente a realidade superficial e hoje define a matriz complexa das várias características inerentes a um individuo. Essa matriz é composta por vários factores, dos quais se distinguem o carácter e o temperamento.
O carácter abrange todas as características desenvolvidas através da educação e que denotam certo grau de conformidade com os padrões sociais vigente no grupo de referência do individuo.
O temperamento é a disposição biológica para determinados comportamentos.

5.9.11

O Leitor

O ser humano tem muitas facetas, algumas fazem dele um monstro, outras um anjo. Descobrir essas facetas pode ser uma viagem deslumbrante ou uma descida aos infernos.

Na sua adolescência, Michael conhece Hanna, uma jovem mulher por quem se apaixona e que o marcará de forma indelével para toda a vida. Já na universidade, conhece uma nova faceta dessa mulher, que não conseguia compreender. Percebe que as pessoas não são o que parecem, seja a sua aparência maligna ou benigna, e que embora o bem que alguém faça não anule o mal, poderá pelo menos fazê-lo entender.

Será necessários 20 anos para que Michael perceba toda a dimensão human de Hanna, seja na sua sensibilidade, seja na sua frieza.~

Protagonizado Por Kate Winslet e Ralph Finnes, este filme de 2008 realizado por Stephen Daldry é baseado na obra homónima do autor Bernhard Schlink. A par de outros filmes (O Rapaz do Pijama às Riscas, A Vida é Bela) e livros (A Sétima Porta), esta é uma interessante história que nos dá a conhecer a dimensão humana dos homens e mulheres que protagonizaram o holocausto nazi.

Motivo, Cecília Meireles

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E sei que um dia estarei mudo:
- mais nada

4.9.11

www.jobim.org


Uma sugestão internaútica para os amantes de MPB é o site http://www.jobim.org/ , que disponibiliza on line o acervo deste autor incontornável. O seu acervo está dividido pelas seguintes áreas: cadernos de música, fotos, discografia e partituras. Mas outros pontos de interesse são os acervos de três outros grandes da música brasileira: Dorival Caymmi, Lúcio Costa e Chico Buarque.
O site é da responsabilidade do Instituto António Carlos Jobim, que além de preservar o espólio do autor, aposta igualmente na preservação da cultura e meio ambiente, com especial enfoque sobre a cultura indígena da qual podemos conhecer melhor os vários povos da floresta.
Um site muito interessante e didáctico.

3.9.11

A Proposta

Apesar da sua estratégia de diversificação de registo – que lhe valeu um Óscar em 2010 por … - Sandra Bullock ainda é a rainha da comédia romântica, e esta Proposta é um exemplo. Bullock interpreta uma executiva canadiana que para obter o seu visto de permanência nos EUA chantageia o seu assistente para casar com ela. Pelo meio lá se apaixonam: nada de novo.
Destaque para Betty White que aos 80, e em parte devido a este filme, viu a sua carreira atingir um inesperado pico de popularidade e uma nova vaga de admiradores.

Inventário de lugares propicios ao amor, Ángel González

São poucos.
A primavera tem muito prestígio, mas
é melhor o verão.
E também essas fendas que o outono
forma ao interceder com os domingos
em algumas cidades
amarelas já por si como bananas.
O inverno elimina muitos sítios
gonzos de portas voltadas para o norte,
margens de rios,
bancos públicos.
Os contrafortes exteriores
das antigas igrejas
deixam às vezes vãos
utilizáveis, mesmo se cai neve.
Mas desenganemo-nos: as baixas
temperaturas e os ventos húmidos
dificultam tudo.
As leis, além disso, proíbem
a carícia (com isenções
para determinadas zonas epidérmicas
- sem interesse nenhum –
em crianças, cães e outros animais)
e o “não tocar, perigo de ignomínia”
pode ler-se em milhares de olhares.
Então, para onde fugir?
Por toda a parte olhos vesgos,
córneas torturadas,
pupilas implacáveis,
retinas reticentes,
vigiam, desconfiam , ameaçam.
Resta talvez o recurso de andar só,
de esvaziar a alma de ternura
e enchê-la de tédio e indiferença,
neste tempo hostil, propício ao ódio.

2.9.11

…são as duas únicas formas de ingenuidade que há: a que resulta da ausência de vivências e a que resulta da ausência de esperteza.

Manuel António Araújo, Ípsilon 17/06/2011

Distúrbios de Personalidade na Vida Moderna

Há já algum tempo que iniciei a leitura do manual de psicologia Personality Disorders in Modern Life 2nd Ed (T.Millon, 2004), que me foi aconselhado por um leitor atento e entendido na matéria. O objectivo desta leitura é perceber melhor o meu Distúrbio de Personalidade Evasiva, para futuramente combater certos padrões de comportamento que possuo e que, consciente e inconscientemente, já me têm dado alguns dissabores.
Todos nós devemos procurar melhorar e, embora seja avessa a pedir ajuda, não sou a perceber a sua necessidade, apenas a falar sobre ela. Sou muito melhor a escrevê-la!
Sendo este blog uma plataforma de expressão, tem sido palco de desabafos mais ou menos explícitos ou simplesmente efabulados. E como uma das premissas do mesmo é a partilha de descobertas, ficarão aqui nos próximos tempos o registo da minha leitura.
Esta não é uma leitura “cientifica”. Ou seja, não haverá exactamente citações e nomes de autores. Haverá pequenos resumos cozinhados com as minhas interpretações. E é exactamente isso. Como não domino a terminologia técnica nacional, os termos apresentados serão sempre uma interpretação pessoal. Além de que para mim, o mais importante não é exactamente quem disse o quê, mas sim o que foi dito e como é que isso contribui para o meu desenvolvimento e compreensão de determinadas situações.
Assim, desde já lamento quaisquer incorrecções “cientificas”, más interpretações e traduções ou simples incompreensão. Espero apenas que esta viagem possa também ser útil a quem visita esta página.

1.9.11

Há três categorias de pessoas que mostram bastante frieza face àquele conjunto de fenómenos a que chamamos «o amor». Os cerebrais consideram «o amor» a parte mais juvenil e lamentável da embaraçosa «vida emocional». Os cínicos acham que «o amor» é uma ficção poética que mitifica o desejo sexual. Os afortunados só têm a experiência da conjugalidade, da domesticidade, da família, e não compreendem a dimensão tumultuosa ou trágica que «o amor» muitas vezes tem. Conheço bem estas pessoas: convivo há mais de vinte anos com o paternalismo dos cerebrais, o desdém dos cínicos e a incompreensão dos afortunados.
Pedro Mexia
Só retenho o pequeno guardanapo daquele café em Sintra, onde rabiscaste o teu nome e um número de telefone que já não existe, para não esquecer que um dias estiveste no meu corpo.