A História, tal como a conhecemos, é um equívoco. Uma mera interpretação do acontecido e que pode não coincidir com o mesmo.
Este filme propõe uma reflexão, sem procurar culpados ou fazer acusações, sobre um desses equívocos da história. Mais do que sobre o equívoco propriamente dito, sobre o impacto desse equívoco.
Aliás, creio que não há história de acontecimentos, há a história do impacto, de como algo influência, de como chega a alguém e de como é que esse reage. Aliás, se não houver reacção, não há história. Não há memória. É por isso que nunca há uma verdadeira história dos vencidos e omissos dos palcos dos acontecimentos. Não houve quem reagisse aos mesmos. Sobre esses apenas a ficção se dedica.
Como ponto de partida para o enredo, temos o filho de um ex-combatente que às portas da morte do pai procura finalmente entender como foi a experiência de guerra do pai. Para isso, contacta vários ex-combatentes na batalha de Iwo Jima para tentar perceber o impacto da mesma na vida do seu progenitor. Ao acompanharmos essa busca, vamos tomando conhecimento dos acontecimentos da batalha e a sua consequente promoção numa campanha de angariação de fundos.
Passado em três tempos/espaços, o argumento tenta dar as várias perspectivas daquele momento decisivo no desenrolar da Segunda Guerra Mundial. Primeiro, o ambiente da guerra e de como jovens inexperientes e imaturos lidam com o ambiente de combate e do que deles és esperado no campo de batalha. Segundo, no regresso a casa, o que se espera deles enquanto soldados “promovidos” a heróis por força das circunstâncias e não por mérito próprio. Terceiro, como estes reagem ao circo mediático e de como assumem a sua heroicidade imposta. Quarto, como a guerra e os seus horrores permanecem nas suas mentes ao longo dos anos e como cada soldado lida com o seu drama.
O tema é tratado com humildade e sobriedade e, esteticamente, cada tempo tem uma componente cromática que o difere. É de salientar a excelente cinematografia, com a recriação da batalha e a fidelidade às imagens a preto e branco da época.
Eastwood confirma os seus créditos como realizador e aguça-nos a apetite para a estreia a 22 de Fevereiro de As Cartas de Iwo Jima, a perspectiva do lado Japonês deste batalha, e que conta com várias nomeações da Academia.
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