Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

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29.1.07

Scoop

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Este filme tem diálogos deliciosos. É curioso como para mim o humor é algo que se saboreia. E cada tipo de humor tem um sabor diferente: há o humor leve e fresco, há o subtil, o de sabor intenso, há o que deixa azia e mau estar, e há aquele de que às vezes só percebemos o sabor no último pedaço. O humor alivia-nos a alma e sacia-nos o espírito.
Esta é uma das razões pelas quais gosto do trabalho de Woody Allen: pelas doses de humor com que nos brinda, às vezes mais subtis, outras mais explicitas, mas sempre de uma grande inteligência. Não só através dos seus filmes, mas também através da sua escrita, o que cada vez mais aprecio é a inteligência deste homem. Acho que invejo as suas celulazinhas cinzentas.
Quanto ao filme, é alegre e bem disposto. Mas, no entanto, não é tão bom quanto foi Match Point, cuja grandeza era toda a sua subtileza: na direcção, na composição das personagens e na utilização do humor. Está lá tudo mas quase não se percebe a sua presença.
Scoop é claramente uma comédia com tropeções especialmente visíveis na edição em que há mudanças de cena, quiçá também de bobines, demasiado bruscas e que dão a sensação de que algo foi excisado por falta de tempo, ou seja, a passagem não é natural.
Johanssen e Jackman movem-se bem no universo Allen, apesar das suas personagens desiguais. Dir-se-ia que a trama foi escrita para fazer brilhar Allen e Johanssen e que Jackman é apenas um moço jeitoso que lá anda e pouco mais. A sua personagem é um bocado inócua.
Apesar das suas faltas, como dizia alguém, não lembro quem, ainda assim um Allen menor é sempre um bom filme.

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