Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
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11.9.11

11 de Setembro: 10 anos


Há 10 anos, como é meu hábito, estava de férias. Aproveitando os últimos dias antes do início da escola, rumei à santa terrinha com as minhas mãe, sobrinha e prima. Cerca das 13h30, preparávamo-nos para almoçar e liguei a televisão para ver as notícias. A A., na altura com nove anos, reclamou:
- Ó tia, não. As notícias é só desgraças.
Ingénua e didaticamente, respondi:
- Não é nada, também há outras notícias.
Mas pensávamos, ou pensaria alguém, que a primeira imagem era de duas torres em chamas e de uma explosão. E assim que os relatos do jornalista começaram a fazer sentido, foi impossível deixar de olhar incredulamente para o ecrã sem que na nossa mente se misturassem as imagens ficcionadas do filme catástrofe da década de setenta, A Torre do Inferno. A primeira constatação é que a ficção fica sempre do verdadeiro potencial criativo e de capacidade de destruição do ser humano. As emoções causadas por aquela catadupa de imagens e dos relatos dos dias seguintes deixaram marcas que permanecem e fazem parte do que hoje somos.
10 anos depois, as memórias continuam, mas os vivos continuam as suas vidas. A minha mãe sucumbiu ao cancro, a A. Transformou-se numa mulher bonita e inteligente, a minha prima ultrapassou privações, licenciou-se e assumiu responsabilidades profissionais que não se considerava capaz. Eu fui feliz, triste, tive tudo e perdi o que dava por certo, cresci tarde demais mas estou aqui, mesmo sem saber, na maioria dos dias, para onde ir.
O mundo mudou e nós também. Entre os escombros, encontramos formas de sobreviver, seguir em frente, recompormo-nos e, se possível, construir uma nova forma de vida.

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