- Com o tempo vais contar-me todos os teus segredos.
- Não, não vou.
- Claro que vais, quando ganhares mais confiança, quando deixares baixar as tuas muralhas.
- Quando isso acontecer, contar-te-ei alguns segredos, vários desejos e muitas dúvidas. Mas nunca te contarei tudo.
- Nunca?
- Nunca ninguém conta tudo. Todos necessitamos de um espaço que seja só nosso, seja uma memória, uma angústia, um desejo… pode nem ser algo importante, pode até ser completamente irrelevante, meras curiosidades, mas há coisas que continuarão a ser só minhas.
- Quer dizer que nunca hás-de confiar completamente em mim.
- Quer dizer apenas que haverá sempre algo que seja só meu. Não te iludas, também tens os teus pensamentos inomináveis, confiando ou não em mim. O ser humano é estranho, tal como necessita de companhia, também necessita de momentos só seus, os seus pequenos segredos, porque, em última análise, o que nos vai na alma é o que realmente possuímos.
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