Com o início de uma nova fase da minha vida, começa também um novo registo.
A partir de agora estou em A PRATELEIRA MAIS ALTA.
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| Ana Almeida |
Miguel Real. Excerto do seu novo livro. Exercício de projecção futura e
distópica sobre uma nova europa e um homem amorfo, assensual e conformado. Mas,
não o seremos já?
Tiago Cavaco. Texto sobre literatura e imortalidade. Qual a sua
relação? A melhor literatura equivale à imortalidade possível. A pergunta que
fica é: escrevemos para escapar à morte ou para lhe dar as boas vindas. A
escrita é, pela catarse, pela própria verbalização, a maior pacificadora. Dará
esta a resposta que a realidade não dá?
Reza Aslan. Entrevista sobre a sua obra O Jesus Zelota. RA defende a
necessidade de compreender o Jesus histórico e, para tal, coloca-o no seu
contexto para percebe-lo como revolucionário contra os poderes do seu tempo. No
fundo, aplica a teoria da recepção ao impacto das palavras de Jesus. É
interessante perceber que, p. e., a sua posição em relação à violência é que
esta é necessária e inevitável, mas apenas deve ser praticada por deus e não
pelos homens em seu nome. Sem a defender, também não defendia o oferecer a
outra face.
Soriano, líder do partido Comunista espanhol, vê-se ultrapassado na
hierarquia partidária, por facções mais jovens, com visões
diferentes e sem terem sofrido o mesmo tipo de sacrifícios pela causa. Insatisfeito, e aliciado por outra força partidária, pondera mudar
de fileiras. Num curto espaço de 48 horas, reflecte sobre o seu
passado, a sua luta, as suas conquistas e, sobretudo, o que, no seu
intimo, realmente deseja para o seu futuro pessoal e profissional.
Pressionado por vários ângulos, acaba por surpreender a grande
maioria ao abdicar da fama e proveito que a mudança partidária lhe
traria, mantendo-se assim fiel aos seus valores. Valores que
nortearam uma vida, mesmo que este tenham evoluído e transformado.
não negues o meu direito à solidão,
as multidões não a combatem. não negues o meu direito ao sossego, o som da chuva basta. não negues o meu direito ao poema, que eu faço o que quero com as palavras. não negues. não. afirma o meu direito ao amor, que eu tenho muito para dar. afirma o meu direito à alegria, porque já guardei todas as lágrimas. afirma o meu direito à liberdade, que eu vivo preso à fatalidade das rotinas. afirma. sim. talvez consideres o meu direito à dúvida, que eu movo-me pelas questões. talvez queiras dar espaço ao sonho, ele é o último a morrer. talvez me possas dar a mão, dois somos mais fortes do que um. talvez. nim. |
Síntese
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RAINHA
DE PAUS - Este arcano
significa maturidade, virtude e integridade. Expressa magnetismo, força de
espírito e firmeza. Intuição a favor.
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1ª Casa - Identidade
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OS
ENAMORADOS - O arcano VI do
Tarot traz o encontro com a dúvida, união de opostos e a intensificação do
amor. Caminho bifurcado para a razão ou para a emoção.
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2ª CASA - DINHEIRO E FINANÇAS
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O
LOUCO - O arcano zero do
Tarot indica situações ousadas: uma renovação impensada, uma aventura
inesperada e várias oportunidades. Caminhos abertos.
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3ª CASA - RELAÇÕES SOCIAIS E
INTELECTO
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A
JUSTIÇA - O arcano VIII do
Tarot revela um período de equilíbrio interior, concentração e autocontrole.
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4ª CASA - FAMÍLIA E MUNDO
INTERIOR
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A
LUA - O arcano XVIII do
Tarot representa as confusões emocionais e os piores medos. Indica a
necessidade de aprender a discernir e a perceber melhor.
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5ª CASA - DIVERSÃO E PRAZER
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A
SACERDOTISA - Esta figura aparentemente
enigmática simboliza mistério, silêncio e estudo de propostas e atitudes.
Tudo a seu tempo. Sentimentos camuflados.
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6ª CASA - SAÚDE E COTIDIANO
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A
IMPERATRIZ - O arcano III do
Tarot simboliza prosperidade, coragem e até mesmo sensualidade. Representa a
vida que nasce e renasce. Força pessoal.
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7ª CASA - VIDA AFETIVA
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O
IMPERADOR - O arcano IV do
Tarot mostra uma figura da majestade, que significa força, autoridade e
poder. Aparente frieza ou distanciamento emocional. Razão em primeiro plano.
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8ª CASA - DESAFIOS PESSOAIS
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A
MORTE - O arcano XIII do
Tarot traz a constatação do fim e do renascimento. É uma forma de cortar o
que não serve mais para que uma nova realidade se apresente. Renovação.
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9ª CASA - EVOLUÇÃO PESSOAL
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O
PAPA - O arcano V do
Tarot traz o significado de confiança e harmonia. Indica amizade e
compreensão. Apoio e fé. Ligação com a sabedoria.
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10ª CASA - CARREIRA
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A
TORRE - O arcano XVI do
Tarot transmite a ideia de libertação, revolução de ideias e da rotina.
Rompimento e finalização.
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11ª CASA - AMIZADE E FUTURO
PRÓXIMO
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O
MAGO - O arcano I do
Tarot representa o início, a tendência a começar e a não terminar, uma boa
imagem pessoal, esperteza e domínio daquilo que faz ou diz.
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12ª CASA - CONSELHOS FINAIS
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A
TEMPERANÇA - O arcano XIV do
Tarot revela a harmonia entre ideias opostas e pessoas, mas também lentidão.
Toda renovação e conciliação pressupõe espera.
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Eduardo Cintra Torres. Texto
sobre uma definição da televisão contemporânea. ECT salienta que o
desenvolvimento da televisão nos EUA tinha como público alvo a família residente
nos subúrbios. Actualmente, este paradigma foi dando lugar à existência de
canais não generalistas, à emergência de novos media, a uma unificação de
linguagens. Hoje, há um novo paradigma: o produser: além de todos os tipos de
conteúdo estarem acessíveis a partir de um só meio de acesso, são os próprios utilizadores
a criarem os seus conteúdos. Como reverso da medalha, assiste-se igualmente ao
crescimento dos chamados desligados da televisão, cujo impacto, pela ausência,
é complexo de definir. 
Jo Nesbo. Texto
de Isabel Lucas. Este conceituado autor nórdico de literatura policial procura
explorar nos seus livros o conceito de que a capacidade de matar é fundamental
para qualquer pessoa saudável. A existência humana é uma constante luta para
vencer e quem não conseguir matar, não tem direito de existir. Sendo que matar
é, afinal, apenas apressar o inevitável. E a insanidade é um retiro vital num
lugar onde nos podemos entrincheirar e retemperar forças.
Abel Barros Baptista. Crónica. ABB
constata que o património, se existe, é reorganizado instavelmente pelo
presente. Todos os dias morrem inexoravelmente vários livros, não apenas novos,
mas também antigos.
Patrick Mondiano. Texto de
Bruno Vieira Amaral. BVA faz uma breve análise ao mais recente laureado com o prémio
nobel da literatura e salienta diversas características da sua obra, como a
reflexão sobre a juventude e a tristeza que a sua não vivência induz nos
personagens, traduzindo-se posteriormente numa esperança adulta no futuro,
inerente à maturidade adquirida. O apego ao passado é a única forma de se
refazer a identidade em tempos instáveis e em constante mutação. O autor
escreve para definir uma identidade fracturada pela ausência dos pais. ![]() |
| Adelaide Bernardo, 12-01-2015 |
A descoberta
arqueológica da cidade que a erupção do Vesúvio vitimou, e a percepção dos
momentos de dor que antecederam à morte dos milhares de habitantes de Pompeia
sempre instigou o imaginário de estudiosos e criadores. Reza a lenda que entre
esses corpos, estava um casal abraçado. Quem seriam? Dois amantes? Qual seria a
sua história? Contar-nos uma dessas histórias é o propósito desta nova produção
inspirada sobre o cataclismo que se abateu sobre a cidade romana. História: boy
meets girl, que neste caso são um escravo gladiador e uma herdeira aristocrática.
Cenário: o projecto paterno de renovação da cidade (assim, tipo Polis). Ameaça:
a aprovação do projecto necessita do apoio de um senador romano, que,
espanta-se, quer conquistar a bela donzela à força. Resultado: um filme sem
surpresas, com algumas incongruências geográficas, apesar dos efeitos visuais
jeitosos, e servido por um elenco despropositado. Há filmes melhores para se
passar duas horas.
António Lobo Antunes. Entrevista
de Francisco José Viegas. ALA não é um autor que me suscite interesse, mas,
pelas suas entrevistas, respeito a sua lucidez sobre a escrita e o seu eventual
propósito, bem como a sua forma de criatividade. “Bolas, a função da literatura
é esta: estar ali com uma mão apertada na nossa.”
Salman Rushdie. Texto sobre a
leitura. SR salienta o poder do leitor como elemento finalizador de uma
obra. Cada livro é único na mente dos seus leitores e talvez por isso as
comunidades de leitores nos dão essa mais valia: descobrir que outras leituras
emergem de um mesmo texto. Partilho igualmente a sua perspectiva do vulgar
prazer de ler um livro atentamente e ver o que ele nos tem a dizer, de
descobrirmos o nosso livro dentro do livro e de decidirmos, nós próprios,
enquanto leitores, o que pensamos dele. SR chama também a atenção para a deturpação
da linguagem que possibilita a criação da tirania. A modernidade apresenta-se
com uma linguagem de igualdade entre géneros e de legitimidade dos governos seculares
afastados da religião. No entanto, deparamo-nos com uma juventude revoltada
pelas suas expectativas goradas, o que origina extremismos que obstem a validação
das suas ideias a partir de um deus fictício.
Michael Cunningham. Entrevista
de Bruno Vieira Amaral. MC apresenta a ideia de uma diferença entre talento
(natural) e concentração artística, que é a vontade de escrever o melhor que se
consegue. O que me faz pensar se não será este o caso de muitos dos que
pretendem singrar através da escrita. Salienta ainda que “a única certeza que é
válida para a ficção é que não há regras.” Relativamente à proliferação de
cursos de escrita criativa, defende que a sua mais valia não é formar
escritores, mas sim bons leitores, que percebem como é que funcionam os
mecanismos da escrita. E que é uma ideia que também me apraz, pois se o bicho
da escrita existe, não quer necessariamente dizer que ele se cumpra, mas, com
certeza, que nos faz melhores leitores, com uma capacidade analítica acima da
média.