Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
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1.2.15

Infeliz ideia de quem plantara as soromenhas. Sombra por sombra, outras árvores poderiam ser mais úteis do que esta, despida de qualquer fruto. Depois, era a ele, Toninho, que calhava a prebenda de as por dar. Mas para quê? Para que o senhor padre-cura se sentasse sob a sua frescura, mas sem as maçadas dos furtos e dos pedidos indevidos.
Só que Toninho não andara na escola para isto. Aprendera alguns segredos de polinização, mas o senhor padre não podia nem ouvir falar em abelhas. Aprendera a cuidar das flores, mas isso não que as beatas as trouxessem de casa para enfeitar a capela. Aprendera a transformar os frutos em compotas ou a seca-los ou a liofiliza los, mas não, que assim as beatas não largavam o pomar.

Não. Tudo o que o senhor padre-cura queria era um pouco de sombra fresca para as suas preces e as suas leituras, sem interferência de outras criaturas de deus. Assim, Toninho restava-se ama-seca de plantas estéreis. 
Ana Almeida

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