Infeliz ideia de quem plantara as soromenhas. Sombra por sombra, outras
árvores poderiam ser mais úteis do que esta, despida de qualquer fruto. Depois,
era a ele, Toninho, que calhava a prebenda de as por dar. Mas para quê? Para que
o senhor padre-cura se sentasse sob a sua frescura, mas sem as maçadas dos
furtos e dos pedidos indevidos.
Só que Toninho não andara na escola para isto. Aprendera alguns
segredos de polinização, mas o senhor padre não podia nem ouvir falar em
abelhas. Aprendera a cuidar das flores, mas isso não que as beatas as trouxessem
de casa para enfeitar a capela. Aprendera a transformar os frutos em compotas
ou a seca-los ou a liofiliza los, mas não, que assim as beatas não largavam o
pomar.
Não. Tudo o que o senhor padre-cura queria era um pouco de sombra
fresca para as suas preces e as suas leituras, sem interferência de outras
criaturas de deus. Assim, Toninho restava-se ama-seca de plantas estéreis.
Ana Almeida |
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