Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
Mais informações: www.cm-sintra.pt

28.1.11

2 corpos tombando na água, Alice Vieira

...
restam-me alguns segundos para ensinar
à memória que vais ter de mim
como adormecer na curva das madrugadas
...

Após quase duas décadas, reencontro-me com a escrita de Alice Vieira, desta feita não na área juvenil, com, por exemplo, a trilogia Rosa, Minha Irmã Rosa, mas com este volume de poesia adulta, no sentido de maturidade e não de x-rated.
Este volume recorda amantes ideais (jovens e apaixonados), cuja vida, o tempo e as circunstâncias afastaram. Amantes das palavras não ditas, dos corpos satisfeitos e banhados em suor. As despedidas que ainda não se sabe serem. Os amores e paixões nunca mais encontrados noutros corpos e noutros amantes. Os espaços e tempos existentes apenas no enamoramento.

27.1.11

Que FLIS iniciativa

"A FLIP vai inspirar outros festivais", disse uma vez Liz Calder, presidente da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), no Brasil. Gonçalo Bulhosa pegou na deixa e criou a Festa Literária Internacional de Sintra (FLIS) que vai acontecer a 11, 12 e 13 de Novembro naquela vila do distrito de Lisboa. O director desta primeira edição é o editor Manuel Alberto Valente e o Centro Cultural Olga Cadaval, o local onde se realiza o evento. A primeira FLIS terá cerca de 30 escritores convidados, que debaterão diversos temas (literatura, "prosa marginal", humor, sociologia, escrita jornalística, etc.). Tal como na brasileira FLIP, os debates serão moderados por personalidades convidadas e o público - que paga bilhete para assistir - participa através de perguntas escritas, dirigidas à mesa. No final, os escritores realizam sessões de autógrafos e naquele espaço funcionará a Livraria Oficial da FLIS, cafés literários e uma loja de merchandising. "O espírito é tornar o Centro Cultural Olga Cadaval um espaço aberto, muito dinâmico, com acontecimentos durante os intervalos entre palestras. O espírito de festa é o mesmo da FLIP, mas tudo o resto será diferente, pois Sintra, no Inverno, não é comparável ao calor das ruas de Paraty." João Tordo, Pedro Paixão e Joana Amaral Dias são os primeiros portugueses confirmados. Escritores internacionais estão a ser convidados." (fonte: Público)

26.1.11

Brincadeiras de infância

Durante a infância não convivi com muitas crianças, devido ao facto de não ter frequentado nenhum Jardim-de-infância. As poucas crianças que faziam parte da minha vivência foram as minhas primas (uma delas apenas ocasionalmente), os manos C. e C., os manos F. e J.P., e duas vizinhas, a T. e a L. como vêem, nada a ver com o habitual número de crianças com que as crianças lidam hoje nos Jardim-de-infância e ATLs.
O meu companheiro de brincadeira mais frequente foi o C., com quem passei muitas tardes bastante artísticas, vendo bem aos dias de hoje. Além, de brincarmos ao incontornável polícias e ladrões (em que ele era sempre o polícia e eu a esposa que inevitavelmente ficava sempre maluca – ainda hei-de perceber esta nuance!), éramos capazes de passar tardes inteiras a fazer desenhos em folhas A4 para, a um determinado dia – normalmente às 5ªs, inaugurarmos exposições. Mais tarde, em virtude de um gravador que recebeu de presente, passámos a fazer programas de rádio, com entrevistas e programas de culinária, dos que me lembro. Quando, muito a raro, nos encontramos fala-me sempre dessas gravações com muito carinho. Gostava de as (re)ouvir.
Outras brincadeiras, especialmente com a minha prima A., envolviam as inevitáveis bonecas, para as quais fazia as roupas que a minha mãe não tinha disponibilidade financeira de comprar.
Como vêem, já ali estava a génese da minha aptidão e gosto artístico. Era actriz, pintora, programadora e apresentadora de rádio, designer de moda e costureira.

24.1.11

Considerações sobre as eleições

Há já vários anos que faço parte das mesas de voto da minha freguesia e esta experiência enriquecedora permite-me algumas observações:
- nas gerações com mais de 50 anos, na maioria dos casais que se dirige à mesa de voto, primeiro entra o marido e depois a mulher e ainda há mulheres a perguntar aos maridos em quem deve votar, porque “ele é que sabe essas coisas”;
- as gerações pré 25 de Abril valorizam mais o direito de voto, talvez por nem sempre o terem tido. As gerações mais jovens possuem pouca consciência desse direito, talvez por ainda não perceberem, sobre tudo as que não estão ainda no mercado de trabalho, das implicações que possa ter na sua vida pessoal e profissional;
- quem possui o Cartão do Cidadão não tem consciência de que este é uma ferramenta estatal de cruzamento de dados. Ou seja, já não é possível que cada documento possua uma morada de residência diferente. Hoje, a morada é sempre a mesma seja para que assunto. E as pessoas também não têm a noção de que ao alterarem a sua residência, o recenseamento é automático. E se muita culpa pode ser inferida aos serviços (in)competentes, muita também se deve à ignorância escolhida das pessoas;
- há membros das mesas de voto que querem ser mais papistas que o papa. Nas mesas, não estamos lá para prejudicar ninguém e há que ser flexível e tentar prestar o melhor atendimento ao nosso público. É claro que isso não é interesse de muitos, que infelizmente não têm vida para além da política.

22.1.11

5 prá a meia-noite

Começou esta semana a 4ª série do divertido talk-show. Pena é que não comece um pouco mais cedo. Que tal trocar o horário deste com os breves documentários que o precedem?

21.1.11

O que ficou por dizer

Não sou uma pessoa corajosa. Nem nas acções e muito menos nas palavras. Se os meus olhares silenciosos falassem, diriam tudo o que os meus lábios hesitam proferir e que se dilui gradualmente nas tramas da minha memória.
São tantas as pessoas a quem não disse o que queria e tão poucas as linhas para o fazer e uma vez mais o silêncio reinará sobre as minhas palavras. O que ficou por dizer restará inaudito, prisioneiro no milionésimo segundo do fugaz pensamento.

QUE TEXTO QUER LER NA 2ª QUINZENA DE JANEIRO?
As Sandálias 1 (14%)
Errata 0 (0%)
As âncoras que nos Lançamos 0 (0%)
Namoros, amizades coloridas, fuck buddies, e amizades platónicas 5 (71%)
O que ficou por dizer 1 (14%)

Votos apurados: 7

20.1.11

Portugueses pelo Mundo

Série documental que acompanha grupos de portugueses cujas vidas, sobretudo profissionais, os levaram a residir em várias metrópoles do globo. São estes portugueses que nos servem de guia pelo mais variados locais – turísticos ou não – das cidades e nos revelam aspectos culturais, históricos e sociais das mesmas, sem nunca perder de vista o país de origem e tecendo, sempre que possível considerações sobre as diferentes formas de organização e identidade.

A ver!

19.1.11

# 61 @ 101 em 1001 – o início

No final do ano passado, inscrevi-me num workshop de escrita criativa que acabou por não ser realizar, por insuficiência de inscrições. Poderia inscrever-me em muitas outras formações existentes, ministradas por profissionais de renome e com provas dadas, mas o factor preço impede-me. Mas, se Maomé não vai à montanha, vem a montanha a Maomé.
A solução foi recorrer à mais económica opção de consultar vários livros sobre o tema, disponíveis na rede pública de bibliotecas. Bem haja! Não é a mesma coisa que realizar uma formação, pois tem o handicap da falta de feedback e orientação, que considero essencial no trabalho de escrita e algo que gostaria imenso de ter.
Mas cada coisa a seu tempo. Por agora, vou adquirindo muitas indicações que me ajudarão no processo futuro de escrita e os muitos exercícios que realizarei serão frequentemente apresentados neste blog. Se possível, gostaria de poder contar com a vossa colaboração, no sentido de obter o referido feedback. Desde já agradeço e desejo boas leituras.

18.1.11

Namoros, amizades coloridas, fuck buddies e amizades platónicas

As relações são complexas e o que queremos e com quem queremos nem sempre é o mesmo. Tal como nem todos somos talhados para o que se espera de nós, nem nós, na maioria dos casos, sabemos o que queremos.
O namoro é uma relação estável, pautada por um contacto rotineiro e praticamente diário, maioritariamente várias vezes ao dia. Tem a vantagens de permitir a construção de uma intimidade e, usualmente, evolui para o casamento ou união de facto. Requer dos seus intervenientes uma disponibilidade emocional e temporal.
Nas amizades coloridas, que são o mais parecido com o namoro, mas sem a disponibilidade temporal, permite que se tenha a amizade – com saída para um copo, um jantar descontraído, idas ao cinema e outros programas - e sexo recorrente, mas sem qualquer tipo de vínculo, a não ser o de desfrutar das companhia alheia.
Há também as pessoas por quem sentimos uma grande atracção física, mas com as quais é muito complexo estabelecer um diálogo. Se o nosso corpo deseja, a nossa mente enfastia-se. São exactamente as pessoas com quem saciamos o corpo, sem qualquer expectativa, pois não existe. E normalmente, esse saciamento esgota-se ao fim de meia dúzias de quecas, porque o corpo quer, mas a mente ainda quer mais.
Mas, por mais que até achemos alguém interessante, há sempre quem não nos suscite a mínima atracção física, e se alguém achar que não é importante, é mentira. Há pessoas que por mais que queiramos, não passarão de uma amizade platónica. Alguém cujo simples toque nos arrepia, não com borboletas no estômago, mas sim com um gélido arrepanhar na espinha.
Que queremos nós afinal? A cada um a sua resposta.

QUE TEXTO QUER LER NA 2ª QUINZENA DE JANEIRO?
As Sandálias 1 (14%)
Errata 0 (0%)
As âncoras que nos Lançamos 0 (0%)
Namoros, amizades coloridas, fuck buddies, e amizades platónicas 5 (71%)
O que ficou por dizer 1 (14%)

Votos apurados: 7

17.1.11

Os Mecanismos da Escrita Criativa, Cristina Norton

A minha primeira incursão pela Escrita Criativa de um modo orientado foi pela mão de Cristina Norton com este Os Mecanismos da Escrita Criativa, desenvolvidos ao longo do seu trabalho em workshops destinados, sobretudo, a crianças e jovens. Optei por um livro destinado a esta faixa etária por sentir, digamos, a necessidade de fazer tábua rasa. Isto sem qualquer desprimor, é apenas resultado da consciência de que necessitava recuperar algo do espírito jovem, nomeadamente a liberdade de pensamento, o deambular fácil e o solto pelas palavras e histórias, que, em adultos, tendemos a considerar absurdos.
O objectivo foi recuperar esse estado de espírito e começar um processo com exercícios, talvez, mais simples. Foi uma leitura interessante e pedagógica, da qual tirarei bastante proveito e cujos resultados serão visíveis nesta página. Tenho realizado alguns exercícios, percebi que já fazia alguns e estou perante novos desafios. Espero que os resultados sejam também positivos para quem visita esta humilde página.

16.1.11

As sandálias

Comprei-as na Ana Candeias, digamos que lá para os idos de Maio de ---, como presente de aniversário. Cremes, de marca brasileira, tinham uns saltos em cunha enormes, mas, admiravelmente, davam um óptimo andar. Pensando bem, foi o primeiro para de calçado de salto (bem) alto que tive e o que melhor suportava o meu peso e disfarçava a minha ignorância em andar de saltos. As suas tiras simples permitiam o seu uso em todas as situações. Usei-as em todos os casamentos de verão a que assisti, até este último verão, em que não houve nenhum convite, e o seu estado de velhice comprometia já qualquer imagem de aprumo e elegância.
Fomos também felizes em muitas outras ocasiões: dançamos horas a fio no Gringo’s, no Cool e outros locais da noite lisboeta, ao som de rock e, que prazer, muita música latina. Levaram-me a jantares, cafés, teatros, concertos. Fosse com calças, saias ou vestidos, permitiam-me ser chique, casual, juvenil, adulta, mas sempre feminina. Usei-as em quase todas as situações, até mesmo quando me vesti só com elas.

QUE TEXTO QUER LER NA 2ª QUINZENA DE JANEIRO?
As Sandálias 1 (14%)
Errata 0 (0%)
As âncoras que nos Lançamos 0 (0%)
Namoros, amizades coloridas, fuck buddies, e amizades platónicas 5 (71%)
O que ficou por dizer 1 (14%)

Votos apurados: 7

15.1.11

Quem és tu?

Utilizador 90033540 das BLX.

Leituras Em comum: Curso de Escrita Criativa, Pedro Sena-Lino.
Outras Leituras (Dele): O Jogador, Dostoievski.
(As Minhas) Leituras Semelhantes: O Crocodilo, Dostoievski.

13.1.11

As tristezas do mundo

Há menos de uma semana, acordámos com a inesperada notícia da morte do cronista Carlos Castro e, ao longo da semana, fomos tomando conhecimento dos contornos macabros da mesma. Já muito foi dito sobre o crime e muita tinta correrá nos próximos meses, conforme vierem à tona mais pormenores sobre a vida dos envolvidos e do caso judicial que se seguirá.
Este infeliz acontecimento tem todos os ingredientes de um thriller (a não ser que a realização ficasse a cargo de Almodôvar): paixão e ciúme (exacerbados pela condição homossexual e diferença de idades dos seus intervenientes; o eventual abuso de poder e/ou obtenção de favorecimento através de relações sexuais; a imagem social dos protagonistas.
Pormenores do que aconteceu, só o assassino confesso poderá esclarecer. Mas é triste que nos dias que correm se justifique a homossexualidade aludindo a demónios e vírus. A vida não é uma rábula do Herman e a homossexualidade não é, como diria o Nelo, um bicho que se entranhe pelas narinas. Também é triste que se discuta mais a homossexualidade, ou bissexualidade, do confesso assassino, do que a barbaridade a que alguém, num momento tresloucado, pode chegar. É triste que se debatam mais os segredos de alcova maculando-os com uma repressão social, que, em último caso, levou a este a muitos outros casos de crimes bárbaros. É triste que um homem, que de certeza sofreu imensas penas pela sua opção/condição sexual, tenha acabado a vida desta forma tão brutal. É triste que para muitos isto não seja mais do que uma boa história a explorar.
É triste, mas espero que a consciência social mude no modo como aborda e aceite as opções/condições de cada um. Apesar do meu cepticismo exacerbado, tenho esperança.
Sempre fui da opinião que as pessoas valem mais pelo seu carácter do que pela sua opção/condição. Será que vamos para a cama com toda a gente para que esse facto seja relevante? Claro que não. Mas todos podemos ser enganados, roubados, traídos, mortos por alguém. O carácter é mais importante, mas há muita gente, insegura o suficiente, para considerar a homossexualidade, a cor, o credo, mais relevantes do que o resto que compõe uma pessoa. É triste, mas tenho esperança.

12.1.11

Mourinho e o país (des)orgulhoso

Portugal é um país desmotivado pelas constantes notícias de má gestão do erário público, cujas consequências serão pagas pelos contribuintes e não pelos decisores e gestores. Somos diariamente confrontados com a perspectiva de maiores agravamentos fiscais e diminuições de eventuais benefícios sociais. E, pior ainda, com o aumento do desemprego e o aumento do trabalho precário, em que se explora o desespero de quem, na maioria, apenas procurar sobreviver.
A verdade é que a nossa classe política não consegue motivar quem quer que seja. E é por isso também que esta tem muito a aprender com um português de sucesso como Mourinho. No momento que atravessamos, num simples discurso de aceitação (e oh, como é difícil atingir a simplicidade), Mourinho conseguiu o que nenhum responsável politico conseguiu: motivar e ser motivo de orgulho.
Se somos capazes, apesar do pais, de gerar grandes profissionais nas mais variadas áreas de actuação, quando é que vamos começar a respeitar o nosso potencial e, passe o pleonasmo, potencia-lo?
Anteontem, senti orgulho em ouvir a minha língua, que chegou a todos os recantos do mundo. Agora, quando é que sentirei orgulho pelas oportunidades que o meu país me dá? E quando é que sentirei que este me valoriza?

11.1.11

Presidenciais

A campanha oficial para as presidenciais começou e iniciou-se também o já habitual rol de acusações mútuas, seja de pecados capitais, seja de pecadilhos, ou apenas falsos pecados. É verdade que os políticos advogam a transparência, mas raramente a transparência é consensual à política. A política mexe com tantos interesses que acaba por nunca ser desinteressada e os seus actores, com os seus próprios interesses pessoais, não são imunes a tentações, pressões e, porque não, chantagens.
Não quero aqui acusar toda a classe política, porque há, com certeza, pessoas bem intencionadas, embora acredite que as boas intenções nem sempre chegam, seja em que área da nossa vida.
O que quero aqui manifestar é que enquanto cidadãos temos a oportunidade de manifestar a nossa opinião e exercer o direito de voto é fazer a melhor escolha possível. Podemos até votar num candidato que a posteriori se revele não merecedor, mas também acredito que não nos devemos demitir das nossas escolhas. Por isso, apenas advogo que se tenha uma postura crítica em relação aos candidatos e que no próximo dia 23 se vote em consciência. Porque se a democracia não é perfeita, ainda assim, é o melhor sistema que temos até ao momento.

9.1.11

¿Por qué escribo?

Para encontrar a minha voz e, se possível, uma opinião, estruturando assim o pensamento.

Porque das poucas coisas que sei fazer é conversar. Gosto de ouvir mesmo sem coragem para responder alto, então sussurro no papel o que não ouso dizer.

Para me confessar, para dar azo ao meu lado negro, porque esta não é a vida que quero, então invento-a.

Pelos filhos que nunca terei, pela consciência de que nada mais deixarei no mundo do que as palavras etéreas a marcar a minha passagem neste mundo.

Porque de tanto que recebo, necessito de o processar e, assim, devolvê-lo ao mundo. Porque aprendo e, se possível, também ensino.

Porque o hábito se tornou necessidade.

8.1.11

A educação das Fadas

Talvez a mais poderosa capacidade humana seja a imaginação. É a ela que devemos a evolução tecnológica, a arte e o amor. E a magia da imaginação é a pedra de toque deste filme.
Através de histórias para adormecer, Nicolás constrói um mondo paralelo habitado por fadas, e outros seres míticos, que os humanos são incapazes de ver, por desconhecerem as pistas que os denunciam. Capazes de conceder desejos, é a elas que o pequeno Raul decide recorrer para salvar a sua família num momento de ruptura. E como querer é poder, Raul deseja tão fortemente a ajuda das fadas, que, para surpresa dos adultos, esta acaba por surgir na figura de uma jovem mulher, também ela em busca do seu milagre pessoal.

7.1.11

O País do Carnaval, Jorge Amado

A minha primeira incursão pela obra de Jorge Amado é exactamente o seu primeiro romance, de 1931, escrito tinha apenas 18 anos. A obra acompanha o retorna da Personagem Paulo Rigger, após a conclusão dos estudos em França. Chegado ao Brasil, e cheio de projectos e aspirações progressistas, rapidamente se torna um homem céptico, insatisfeito e desencantado. Rigger não é apenas uma personagem, é a representação de uma geração, que, à força de buscar a felicidade e ter um papel inútil na sociedade, que se torna uma geração infeliz e imprestável.

6.1.11

Em carne viva

Em 1997, Almodôvar realizou mais uma das suas histórias mirabolantes, em que mistura as já habituais paixões (obsessivas) e traições, desta feita com abusos policiais, o sistema de transportes madrileno e deficiência física.
É de salientar que este é um dos primeiros filmes protagonizados por Javier Bardem, que dá vida a um ex-polícia e actual atleta paralimpico paraplégico, num registo em que transborda masculinidade e que poderá muito bem ter sido um registo decisivo para a sua posterior interpretação de Ramón Sampedro em Mar Adentro, que o colocaria no mercado cinematográfico internacional.

5.1.11

Mar Adentro

Mar Adentro reconstitui a luta do espanhol Ramon Sampedro (tetreplégico há 28 anos) pelo direito ao seu suicídio assistido, sem implicações penais para ninguém. Ramon Sampedro haveria de morrer em 1998 sem que qualquer dos seus coadjuvantes fosse judicialmente penalizado.
O triunfo indiscutível do argumento e realização de Alejandro Amenábar é a sensibilidade, sem juízos de valor, com que aborda a pessoa de Ramón Sampedro e de todos os que o rodeiam, família e amigos, fazendo jus de uma fala da sua advogada: é preciso que te conheçam para que compreendam a tua escolha. É precisamente essa a linha condutora da narrativa: dar a conhecer Ramón Sampedro é justificar a sua escolha. A sua e a de mais ninguém, como o próprio afirma.
É um filme tocante que nos coloca perante várias questões pertinentes: o que é para nós a vida e até que ponto é válido e vivê-la. Cada um de nós tem uma crença e valores diferentes, nenhum errado, e nesse sentido o filme apenas advoga uma posição: a liberdade de escolha quanto ao que deve ser a nossa vida, mesmo que essa decisão implique pôr-lhe um fim.

4.1.11

Para 2011, como vamos deixar de desperdiçar tempo?

Amar- 2 (40%)
Aprender-1 (20%)
Arriscar-0 (0%)
Comer-1 (20%)
Criar-0 (0%)
Dormir-0 (0%)
Orar-1 (20%)
Sonhar-0 (0%)

Votos apurados: 5

Como toda a gente faz questão de salientar, segundo a tradição maia, o mundo acaba em 2012. então, resta-nos aproveitar ao máximo 2011, o último ano completo que temos.
Numa singela auscultação aos leitores deste estamine, de entre as possibilidades apresentadas, as escolhas recaíram sobre, os muito em voga, comer, orar, armar, ao qual se junta também, aprender. Como esperado, amar é a opção mais votada, confirmando a crença generalizada de que o amor é o grande remédio (ou será placebo) para alma e para os corpos.
Assim, em 2011, vou tentar comer mais (ou não, porque não quero ultrapassar os meus 60 e poucos quilos), orar – e para isso vou ter mesmo de aprender -, e abrir o meu coração ao amor.

2.1.11

Balança, mas não cai!

2010 foi um ano difícil para mim, com muitas mudanças que só se finalizarão em 2011 (espero eu). Os momentos complicados deitaram-me abaixo, mais do que julgava possível, mas se é possível um balanço é que: a gente balança, mas não cai!
2011 continuará a ser uma no complicado, com novos desafios, nem todos agradáveis, mas cá estaremos para dá-los por concluídos!

1.1.11

Para 2011

“Eu queria iniciar uma experiência e não apenas ser vítima de uma experiência não autorizada por mim, apenas acontecida. Daí minha invenção de um personagem. Também quero quebrar, além do enigma do personagem, o enigma das coisas.”
(Clarice Lispector)