Um taxista, ex-presidiário, vê-se inesperadamente a dar boleia a dois irmãos rumo a um local deserto no estado do Reno, vendo-se envolvido numa perseguição e vindo a descobrir que os irmãos são na verdade dois visitantes extraterrestres
Título original: Race to Witch Mountain * Realização: Andy Fickman * Argumento: Matt Lopez eMark Bomback * Elenco: Dwayne Johnson, Carla Gugino, AnnaSophia Robb, Ciarán Hinds e Tom Everett Scott
30.9.12
Fui sabendo de mim, Mia Couto
29.9.12
Zathura - Aventura no Espaço (2005)
E se, em vez da selva de Jumanji, o seu jogo de tabuleiro o enviasse para uma incrível aventura no espaço? Isso seria Zathura, um filma para ver com as suas crianças num domingo à tarde.
Título original: Zathura: A Space Adventure * Realização: Jon Favreau * Argumento: David Koepp, baseado no livro de Chris Van Allsburg * Elenco: Josh Hutcherson, Jonah Bobo and Dax Shepard Kristen Stewart Tim Robbins
Destino, Mia Couto
28.9.12
O acontecimento (2008)
Como é seu apanágio, Shyamalan brinda-nos com uma história em que explora a capacidade humana de lidar com situações limite inesperada e fora da sua lógica de entendimento imediato. Sem a mesma capacidade de surpresa e inquietação de A Vila e O Sexto Sentido, vale pela reflexão da mensagem ecológica.
Título original: The Happening * Realização e Argumento: M. Night Shyamalan * Elenco: Mark Wahlberg, Zooey Deschanel and John Leguizamo
Tristeza:, Mia Couto
27.9.12
Credo, lá está o despertador novamente e cada dia parecer toar mais cedo. Ao longo da semana custa mais despertar e sexta só nos alicia por sábado não haver hora para trabalhar.
A ida ao wc é em piloto automático, o que não impede algumas nódoas negras ocasionais. Os olhos seguem semi-cerrados para que a luz não fira a escuridão das horas de sono. Sento-me para lentamente despejar a bexiga. Puxo de um cotonete para a higiene auricular. Só depois ouso abrir os olhos e colocar os óculos que me devolvem um reflexo de instintos assassinos.
A ida ao wc é em piloto automático, o que não impede algumas nódoas negras ocasionais. Os olhos seguem semi-cerrados para que a luz não fira a escuridão das horas de sono. Sento-me para lentamente despejar a bexiga. Puxo de um cotonete para a higiene auricular. Só depois ouso abrir os olhos e colocar os óculos que me devolvem um reflexo de instintos assassinos.
Identidade, Mia Couto
26.9.12
Palavras #41, Associação de Professores de Português (APP)
Este é o nome da revista trimestral da APP, à qual provavelmente não teria chegado se não fosse através do Bookcrossing.
O presente número foi dedicado ao trabalho da ilustradora Danuta e apresenta, entre outros, uma extensa e interessante entrevista que foca aspetos como interpretação, leitura e valor acrescentado.
BCID: 775-11413161 (Libertado na Casa da Juventude, na Tapada das Mercês)
Números, Mia Couto
25.9.12
Cinco anos de leituras partilhadas: o clube de leitura da Biblioteca Municipal de Lagoa, Maria Augusta Reis e Clara Andrade
No meu intento de perceber as dinâmicas de um Clube de Leitura e de perceber como se pode potenciar a sua divulgação e impacto, cheguei a este pequeno volume que dá conta da experiência do Cinco anos de leituras partilhadas: o clube de leitura da Biblioteca Municipal de Lagoa.
Apesar de relatar uma experiência com um ponto de partida completamente diferente da do Leituras da Juventude, revelou-se uma leitura útil e que permitiu diferentes perspectivas.
MEU QUASE SEXTO SENTIDO, Reinaldo Ferreira
Por detrás da névoa incerta,
Da bruma desconcertante,
Há uma verdade encoberta,
Que é, por trás da névoa incerta,
Intemporal e constante.
Oh névoa! Oh tempo sem horas!
Oh baça visão instável!
Que mal meus olhos afloras,
Em vão transmutas, descoras...
Meu olhar é infatigável.
Quero saber-me quem sou
Para além do que pareço
Enquanto não sei e sou!
Nuvem que a mim me ocultou,
Ai! Meramente aconteço.
Com menos finalidade
De que uma folha caída
Na boca da tempestade,
Porque ele é, na verdade,
Morte a caminho da Vida;
E eu não sei donde venho
Nem sei, sequer, p'ra aonde vou.
Rompa-se a névoa encoberta!
Quero saber-me quem sou!
Livro I - Um voo cego a nada, In “Poemas”
24.9.12
POEMA CONTRA A CIDADE, Liberto Cruz
City Silhouettes, Jasper James |
E a incauta presença nos suga
O esforçado mel de todos os dias.
São inúteis todos os rios de resina,
Todas as amoras maduras
Que pisámos, bravas,
No intervalo das estações.
As primeiras chuvas são apenas
Primeiras chuvas
E as crianças brincando são apenas
Crianças brincando.
Punhais de duas lâminas nos correm nas veias
E cavalos selvagens penetram
Em nosso corpo, até à raiz dos ossos.
Falsos, caminhamos, esmagados os olhos
Pela indiferença das árvores,
Pelo silêncio dos cisnes.
Aqui na cidade, talvez tudo seja o contrário,
Do que digo, do que escrevo,
Mas a amada perde-se em florestas de ar puro
E meus dedos não acabam gestos,
Não conseguem a calma da sua presença.
In “Poesia Reunida (1956 – 2011)”, Editora Palimage
23.9.12
As suas zonas erróneas, Wayne W. Dyer
O Bookcrossing tem destas coisas, por vezes, leva-nos a leituras improváveis como esta.
Publicado pela primeira vez em 1976, pelos vistos este é um clássico de auto-ajuda, sendo uma das obras de maior sucesso de sempre neste campo.
Pondo ceticismos de lado quanto a este tipo de obra, foi uma leitura interessante pois, por mais que não queiramos, há sempre alguma situação que reconhecemos das nossas vidas e da forma como lidamos com certas situações. Sem fazer qualquer tipo de recomendação, foi uma leitura agradável e que me motivou várias reflexões e, espero, algumas consciencializações.
Publicado pela primeira vez em 1976, pelos vistos este é um clássico de auto-ajuda, sendo uma das obras de maior sucesso de sempre neste campo.
Pondo ceticismos de lado quanto a este tipo de obra, foi uma leitura interessante pois, por mais que não queiramos, há sempre alguma situação que reconhecemos das nossas vidas e da forma como lidamos com certas situações. Sem fazer qualquer tipo de recomendação, foi uma leitura agradável e que me motivou várias reflexões e, espero, algumas consciencializações.
Falta de Reza, Mia Couto
Por insuficiência de reza,
por falsidade de crença
meu anjo me culpou
e vaticinou eterna penitência.
Mas não ajoelho
nem peço desculpa.
Não quero um deus
que vigie os vivos
e peça contas aos mortos.
Um deus amigo
que me chame por tu
e que espere por mim
para um copo de riso e abraços:
esse é o deus que eu quero ter.
Um deus
que nem precise de existir.
por falsidade de crença
meu anjo me culpou
e vaticinou eterna penitência.
Mas não ajoelho
nem peço desculpa.
Não quero um deus
que vigie os vivos
e peça contas aos mortos.
Um deus amigo
que me chame por tu
e que espere por mim
para um copo de riso e abraços:
esse é o deus que eu quero ter.
Um deus
que nem precise de existir.
Descanso, Sarolta Ban |
22.9.12
Inês de Portugal, João de Aguiar
Há alguns anos, a leitura de A Encomendação das almas comoveu-me com o desenvolvimento da amizade entre os dois protagonistas e o seu final voluntário. Agora, retornei à escrita de João de Aguiar, um dos mais conceituados autores nacionais de literatura histórica, a propósito deste Inês de Portugal, integrante das sugestões do Clube de Leitura Leituras na Juventude, que decorre na Casa da Juventude, na Tapada das Mercês, na última quarta-feira de cada mês, das 18h às 20h.
Tendo como base o guião homónimo do filme protagonizado por Heitor Lourenço e Cristina Homem de Mello, o fascínio que estas duas personalidades exercem sobre o imaginário nacional levou o autor fizesse uma adaptação literária que não esconde as influências cinematográficas. O romance apresenta os dias que antecederam a coroação em morte de Inês como rainha de Portugal, incidindo no castigo dos carrascos de inês e fazendo breves incursões aos acontecimentos passados e as várias tramas e jogos de poder que levaram à sua execução. Pedro é-nos apresentado como um homem de uma ética de justiça inabalável e incompreensível, capaz de sujeitar tudo e todos à sua obsessiva paixão pela colo de garça.
Poema do Futuro, António Gedeão
Conscientemente escrevo e, consciente,
medito o meu destino.
No declive do tempo os anos correm,
deslizam como a água, até que um dia
um possível leitor pega num livro
e lê,
lê displicentemente,
por mero acaso, sem saber porquê.
Lê, e sorri.
Sorri da construção do verso que destoa
no seu diferente ouvido;
sorri dos termos que o poeta usou
onde os fungos do tempo deixaram cheiro a mofo;
e sorri, quase ri, do íntimo sentido,
do latejar antigo
daquele corpo imóvel, exhumado
da vala do poema.
Na História Natural dos sentimentos
tudo se transformou.
O amor tem outras falas,
a dor outras arestas,
a esperança outros disfarces,
a raiva outros esgares.
Estendido sobre a página, exposto e descoberto,
exemplar curioso de um mundo ultrapassado,
é tudo quanto fica,
é tudo quanto resta
de um ser que entre outros seres
vagueou sobre a Terra.
medito o meu destino.
No declive do tempo os anos correm,
deslizam como a água, até que um dia
um possível leitor pega num livro
e lê,
lê displicentemente,
por mero acaso, sem saber porquê.
Lê, e sorri.
Sorri da construção do verso que destoa
no seu diferente ouvido;
sorri dos termos que o poeta usou
onde os fungos do tempo deixaram cheiro a mofo;
e sorri, quase ri, do íntimo sentido,
do latejar antigo
daquele corpo imóvel, exhumado
da vala do poema.
Na História Natural dos sentimentos
tudo se transformou.
O amor tem outras falas,
a dor outras arestas,
a esperança outros disfarces,
a raiva outros esgares.
Estendido sobre a página, exposto e descoberto,
exemplar curioso de um mundo ultrapassado,
é tudo quanto fica,
é tudo quanto resta
de um ser que entre outros seres
vagueou sobre a Terra.
in 'Poemas Póstumos'
21.9.12
[Podias obedecer a um registo de perder], Marta Chaves
Peter Coulson |
o respeito, levantar a saia se a tivesses,
alçar a perna se cão fosses, mandar à merda
quem vem socorrer-te da vida e te decepa os dedos.
Com um rigor de artilharia que amortece o cansaço,
o combate quase parece sereno. De vez em quando,
fazes a conta de cor e dizes apesar de tudo, inspira-me
e não queres saber muito mais do que isto.
Estás na vida como na montra alguns relógios,
parado, e pensas numa sepultura no mar, tudo
menos esta terra, tudo menos uma corda, tudo menos
viver a pulso e ter de sacudir a chuva contra o casaco.
Os dias sem prognóstico, vivendo apenas para
esperar a madrugada, e que ela venha como o cortejo
e aprendas a ficar.
Marta Chaves. Telhados de Vidro n.º 16 . Lisboa: Averno, 2012, p. 81.
20.9.12
Wang Chien Yang |
Depois o escuro e o silêncio e o inominável.
"QUEM A TEM...", Jorge de Sena
Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
Desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
E sempre a verdade vença,
Qual será ser livre aqui,
Não hei-de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
É quase um crime viver.
Mas embora escondam tudo
E me queiram cego e mudo,
Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade.
Qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
Desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
E sempre a verdade vença,
Qual será ser livre aqui,
Não hei-de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
É quase um crime viver.
Mas embora escondam tudo
E me queiram cego e mudo,
Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade.
In “Fidelidade”
19.9.12
Exercício, Nuno Júdice
Pego num pedaço de silêncio. Parto-o ao meio,
e vejo saírem de dentro dele as palavras que
ficaram por dizer. Umas, meto-as num frasco
com o álcool da memória, para que se
transformem num licor de remorso; outras,
guardo-as na cabeça para as dizer, um dia,
a quem me perguntou o que significavam.
Mas o silêncio de onde as palavras saíram
volta a espalhar-se sobre elas. Bebo o licor
do remorso; e tiro da cabeça as outras palavras
que lá ficaram, até o ruído desaparecer, e só
o silêncio ficar, inteiro, sem nada por dentro.
18.9.12
Chegámos ao amor pelos mapas vincados, Maria do Rosário Pedreira
Kurasov |
da solidão. Quando o veneno das últimas
memórias se diluiu no sangue (como o
orvalho se evapora dos salgueiros assim
que março começa a conspirar), o nosso
silêncio gritou para que alguém o escutasse.
Despimos, pois, as estátuas um do outro
sem o temor de perturbarmos o coração
da pedra; e descobrimos que a nudez era
a única ponte que entre nós se estendia.
Nas imensas noites que se abateram sobre
nós, os nossos corpos deixaram de pertencer
ao mundo: foram como essas aves surdas
que se afastam do bando, eternamente
indiferentes ao apelo do verão. Por isso
creio agora que o amor não passou de uma
desculpa para juntarmos os nossos desamparos;
e não estranho sequer que lábios castigados por
tantos beijos, como foram os teus nunca tenham
nomeado essa doce fadiga que sucede a um
abraço; nem me pergunto porque, ao fechar
os olhos, são hoje ainda as linhas do teu rosto
que as sombras teimosamente me devolvem.
A evolução da nossa perceção de velhice
Quando era
miúda, os meus irmãos – 8 e 10 anos mais velhos – chamavam os nossos pais de “os
meus velhos.” Isso irritava-me profundamente, porque além de serem os meus pais
e considerar o termo pejorativo, associava-o aos meus avós, assim todos cheios
de cãs. Hoje, que o meu pai é avô e tem o cabelo todo branco percebo-lhe as
muitas fragilidades que o tempo lhe causou, mas mesmo assim custa-me chamar-lhe
velho.
A Vida e a Morte (1916), Gustave Klimt |
17.9.12
Sobre o ensino
A minha licenciatura (Línguas e Literaturas Modernas – Variante Português/Inglês) tinha como destino final o ensino, o que, quando fiz a opção, me parecia um destino desejável e fascinante. À medida que o final da licenciatura se aproximava a perspectiva do ensino passou a ser como um pesadelo. Com 22 anos acabados de fazer, sem qualquer experiência profissional prévia, e sem maturidade suficiente, foi-se tornando-óbvio para mim que o meu percurso profissional teria de começar por outro lado. As dúvidas eram várias mas à medida que o momento de decisão se aproximava mais serena ficava com a opção.
O meu primeiro trabalho foi na Telepac, onde fiquei seis meses. Compreendi que não era a minha praia, mas apreciei a aprendizagem. Depois seguiram-se três meses numa aventura editorial cujo desorganizado mentor nunca levaria a cabo. Mas foi a primeira vez que escrevi textos e os vi impressos. Ainda hoje me fazem sorrir. Depois, seguiram-se quase três anos na Agora Publicações, especializada na área gráfica. Adorei esse trabalho. Foi o que me fez não levantar para outros voos (para o bem e para o mal). Estruturar uma edição, planea-la, escrever parte dela, seleccionar imagens, discutir opções de design, rever textos e provas, ver o meu nome impresso. E tudo isto mensalmente. Adorei, adorei e sempre ansiei voltar a fazê-lo. Ainda anseio.
Depois de uma pausa, acabei por ingressar na Câmara Municipal De Sintra, onde me encontro há quase dez anos e onde tenho vindo a fazer um lento trajeto na área da juventude. É uma área simultaneamente cheia de possibilidades, mas também facilmente negligenciável pelas chefias políticas. Sendo a minha mais extensa experiência de trabalho, tem sido pontuada de bons e menos bons momentos. Apesar do amor à camisola, não quero trabalhar para sempre nesta área. Quero utilizar o que aqui aprendi para voltar ou à área editorial ou expandir para áreas de teor cultural.
E sobre o ensino? Acho que finalmente tenho experiência e maturidade para enveredar por essa área. Aliás, vejo perfeitamente como formadora em complemento à minha experiência profissional. Por isso, um dos meus objectivos a curto prazo é tirar o certificado para poder cumprir um dos meus destinos: o ensino.
O meu primeiro trabalho foi na Telepac, onde fiquei seis meses. Compreendi que não era a minha praia, mas apreciei a aprendizagem. Depois seguiram-se três meses numa aventura editorial cujo desorganizado mentor nunca levaria a cabo. Mas foi a primeira vez que escrevi textos e os vi impressos. Ainda hoje me fazem sorrir. Depois, seguiram-se quase três anos na Agora Publicações, especializada na área gráfica. Adorei esse trabalho. Foi o que me fez não levantar para outros voos (para o bem e para o mal). Estruturar uma edição, planea-la, escrever parte dela, seleccionar imagens, discutir opções de design, rever textos e provas, ver o meu nome impresso. E tudo isto mensalmente. Adorei, adorei e sempre ansiei voltar a fazê-lo. Ainda anseio.
Depois de uma pausa, acabei por ingressar na Câmara Municipal De Sintra, onde me encontro há quase dez anos e onde tenho vindo a fazer um lento trajeto na área da juventude. É uma área simultaneamente cheia de possibilidades, mas também facilmente negligenciável pelas chefias políticas. Sendo a minha mais extensa experiência de trabalho, tem sido pontuada de bons e menos bons momentos. Apesar do amor à camisola, não quero trabalhar para sempre nesta área. Quero utilizar o que aqui aprendi para voltar ou à área editorial ou expandir para áreas de teor cultural.
E sobre o ensino? Acho que finalmente tenho experiência e maturidade para enveredar por essa área. Aliás, vejo perfeitamente como formadora em complemento à minha experiência profissional. Por isso, um dos meus objectivos a curto prazo é tirar o certificado para poder cumprir um dos meus destinos: o ensino.
VERMEER
16.9.12
Marta Altés |
Há pais para quem este é um processo moroso e doloroso. Os pais galinha querem manter ao máximo as suas crias debaixo da asa e segundo as suas orientações e vontades. Para estes é difícil perceberem os filhos como seres autónomos que necessitam do seu apoio, mas que também necessitam da sua confiança para tentarem o voo.
ESMOLA, José Ricardo Nunes
15.9.12
Perfil internáutico e não só
Com Sentido de humor
Sem paciência
Cética
Com hábitos de leitura
Sem dinheiro para uma vida desafogada
Sem casa própria
Sem perspectivas de subida de carreira
Cabelos escuros, óculos
Em dias de sílabas que, Maria Sousa
Em dias de sílabas que
talvez consigam dar sentido ao ontem
(é aí que te arrumo)
há sempre os primeiros sons quando do outro lado
da voz as palavras estão vagas
com o frio a roçar a garganta
tudo está destinado à fala
dizem que há métodos para abrir o resto da respiração
talvez consigam dar sentido ao ontem
(é aí que te arrumo)
há sempre os primeiros sons quando do outro lado
da voz as palavras estão vagas
com o frio a roçar a garganta
tudo está destinado à fala
dizem que há métodos para abrir o resto da respiração
in, a sul de nenhum norte n.º 6, 2012.
14.9.12
Moça linda bem tratada, Mário de Andrade
Gabriell Bakker |
Três séculos de família,
Burra como uma porta:
Um amor.
Grã-fino do despudor,
Esporte, ignorância e sexo,
Burro como uma porta:
Um coió.
Mulher gordaça, filó,
De ouro por todos os poros
Burra como uma porta:
Paciência...
Plutocrata sem consciência,
Nada porta, terremoto
Que a porta de pobre arromba:
Uma bomba.
13.9.12
Stress informático
Actualmente, não podemos exercer a nossa atividade profissional sem recorrer ao uso da informática. Quase todo o tipo de registo manual é, a qualquer momento, transposto para informação digital e na quase totalidade das situações manter dois registos é contraproducente pois implica duplicação de tempo e recursos.
Como ferramenta de produtividade, é necessário que os equipamentos funcionem e com uma velocidade simpática. Caso contrário, temos o efeito perverso da informática complicar, em vez de facilitar, qualquer tipo de actividade profissional e ter, inclusive, efeitos a nível profissional devido aos níveis de stress que acarretam.
Soube recentemente que é já reconhecida a categoria de stress informático. Se sabia que o sentia, não tinha, no entanto, consciência de ser algo transversal e com impato nas vidas de todos nós. Ingenuamente, acho sempre que as outras pessoas têm as ferramentas necessárias para trabalhar, mas muita gente sofre o mesmo que eu: ter de apresentar trabalho e resultados sem ferramentas que o permitam.
No meu caso, já atingi os limites e estou, dentro das minhas capacidades, a lutar pela substituição do meu computador, vá-se lá saber quando. Infelizmente, ainda vou penar um bocado.
a casa é uma memória onde, Maria Sousa
12.9.12
A Última Legião (2007)
Produção britânica que explora o início do ciclo pendragon e
a sua ligação mítica e histórica à presença do império romano na Britania. Filme
interessante, com chamada de atenção para sir Bem Kingsley no papel de Merlin.
Título original: The Last Legion * Realização:
Doug Lefler * Argumento:
Jez Butterworth Tom Butterworth * Elenco: Colin Firth, Ben Kingsley,Aishwarya Rai Bachchan, Kevin McKidd, John Hannah e Thomas Sangster
UM NOME, José Ricardo Nunes
O vento trouxe a cinza
para junto da porta da entrada,
um pequeno lençol suficiente
em tamanho e consistência
para que nele com o indicador
possa escrever um nome. Um nome,
não interessa qual.
18-IV-00
para junto da porta da entrada,
um pequeno lençol suficiente
em tamanho e consistência
para que nele com o indicador
possa escrever um nome. Um nome,
não interessa qual.
18-IV-00
11.9.12
América Proibida (1998)
Revi recentemente este América Proibida, um filme simultaneamente brutal e sensível sobre o racismo, a xenofobia e o impato numa sociedade, no individuo e numa família. Deveria ser de visionamento obrigatório e objeto de debate entre adultos e jovens, nos mais variados contextos: escolar, familiar e social. Arrepiante.
Título original: American
History X * Realização: Tony Kaye * Argumento: David McKenna * Elenco: Edward Norton, Edward Furlong, Beverly D'Angelo, Fairuza Balk,
Elliott Gould e Stacy Keach
HM:B. Fialho
Retomo a casa onde as noites têm a luz dos dias.
Não é a mesma casa de onde parti, nada é o mesmo
quando se regressa. Só o canto dos grilos, a dança
dos canaviais e o mar ao longe permanecem
intactos. Também as constelações, desde o sono
divino as mesmas, abraçam a quietude terrena.
Oferecem-nos vinho, batatas e ovos, pimentos
e tomates, sorrisos, uma certa nostalgia no olhar.
Nunca tinha reparado, onde as portas se abrem
sossegam os anseios. Se ao menos pudéssemos
aprender o proveito de estarmos sempre perto
de quem nos quer bem. Mas que bem nos querem
aqueles cuja ausência é só mais uma lição
de que estamos vivos e, por isso mesmo, quase mortos?
Não é a mesma casa de onde parti, nada é o mesmo
quando se regressa. Só o canto dos grilos, a dança
dos canaviais e o mar ao longe permanecem
intactos. Também as constelações, desde o sono
divino as mesmas, abraçam a quietude terrena.
Oferecem-nos vinho, batatas e ovos, pimentos
e tomates, sorrisos, uma certa nostalgia no olhar.
Nunca tinha reparado, onde as portas se abrem
sossegam os anseios. Se ao menos pudéssemos
aprender o proveito de estarmos sempre perto
de quem nos quer bem. Mas que bem nos querem
aqueles cuja ausência é só mais uma lição
de que estamos vivos e, por isso mesmo, quase mortos?
10.9.12
RAÍZES, OSSOS, José Ricardo Nunes
Sarolta Ban |
e fui até junto das raízes
e dos troncos há muito apodrecidos.
O rosto do meu pai e essas oliveiras
São imagens que agora se misturam.
Quase que são a minha nova pele.
Espetadas no vazio, as raízes
aguardam por um pouco de terra
que o tempo foi tornando imaginária.
Sinto o gesto alheio no interior dos ossos
e dou-lhe todos os meus ossos.
25-III-00
In: Revista Colóquio/Letras. Poesia, n.º 155/156, Jan. 2000, p. 249-254.
9.9.12
AUTO-ESTRADA DO SUL, Henrique Manuel Bento Fialho
A velocidade dos veículos
é proporcional à ânsia de chegar.
Jamais saberemos se os veículos
chegarão à velocidade com que circulam,
mas temos noção de que
em todas as chegadas há uma velocidade
a circular dentro de quem parte.
Uma velocidade conduzida, talvez,
pela vontade de novamente circular
dentro de tudo o que nos impele para o regresso,
dentro de tudo quanto transita,
dentro de tudo aquilo que já não existe.
é proporcional à ânsia de chegar.
Jamais saberemos se os veículos
chegarão à velocidade com que circulam,
mas temos noção de que
em todas as chegadas há uma velocidade
a circular dentro de quem parte.
Uma velocidade conduzida, talvez,
pela vontade de novamente circular
dentro de tudo o que nos impele para o regresso,
dentro de tudo quanto transita,
dentro de tudo aquilo que já não existe.
8.9.12
Passageiros (2008)
Na sequência de um acidente aeronáutico uma psicóloga especializada em situações limites é convocada para acompanhar os sobreviventes. Durante as várias sessões, individuais e em grupo, começa a perceber incoerências nos vários relatos.
Ao procurar apurar o que realmente aconteceu, descobre uma inesperada verdade.Denunciando já a premissa do filme, é uma interessante abordagem de uma ideia já explorada em O Sexto Sentido, com uma interpretação convincente de Ann Hathaway, uma das mais versáteis atrizes da sua geração.
Título original: Passengers * Realização: Rodrigo García * Argumento: Ronnie Christensen * Elenco: Anne Hathaway, Patrick Wilson, David Morse, Dianne Wiest e Clea DuVall
REFÉNS, JR Nunes
7.9.12
Histórias para Adormecer (2008)
Adam Sandler, na sua eterna personagem de adulto que teima em crescer, é, desta feita, responsável por dois sobrinhos (o o porquinho da Índia Bugsy), que o levam a uma inacreditável experiência de faz de conta e a acreditar que os sonhos também se concretizam.
Título original: Bedtime Stories * Realização: Adam Shankman * Argumento: Matt Lopez e Tim Herlihy * Elenco: Adam Sandler, Keri Russell and Courteney Cox Guy
Pearce Russell Brand Lucy Lawless
A Palavra, Carlos Drummond de Andrade
Já não quero dicionários
consultados em vão.
Quero só a palavra
que nunca estará neles
nem se pode inventar.
Que resumiria o mundo
e o substituiria.
Mais sol do que o sol,
dentro da qual vivêssemos
todos em comunhão,
mudos,
saboreando-a.
consultados em vão.
Quero só a palavra
que nunca estará neles
nem se pode inventar.
Que resumiria o mundo
e o substituiria.
Mais sol do que o sol,
dentro da qual vivêssemos
todos em comunhão,
mudos,
saboreando-a.
in ‘A Paixão Medida’
6.9.12
Sobre idadismo
Idadismo é
uma expressão recente e define-se pela discriminação de indivíduos em função da
idade. Em termos europeus, esta é considerada a segunda forma de discriminação
mais generalizada. Atinge, sobretudo, jovens e pessoas mais velhas,
manifestando-se maioritariamente no mercado de trabalho e refletindo-se nas
atuais taxas de desemprego. Segundo o INE, em 2011, o desemprego entre jovens
dos 15 aos 24 anos atingiu os 35,4%, número que se prevê aumentar nos tempos
mais próximos.
ESTÁTUA GREGA, Wisława Szymborska
Yeong-Deok Seo |
mesmo assim, o tempo teve muito que fazer.
Primeiro privou-a do nariz, depois dos órgãos genitais,
um a um, dos dedos das mãos e dos pés,
com o decurso dos anos, dos braços, um após outro,
da coxa direita e da coxa esquerda,
das costas e das ancas, da cabeça e das nádegas,
e o que caiu por terra, desfez em pedaços,
cacos, cascalho, areia.
Quando algum dos vivos morre desta maneira,
a cada golpada, muito sangue escorre.
As estátuas de mármore, porém, perecem brancas
e nem sempre até ao fim.
Da estátua, de que aqui se fala, resta o tronco
que, em esforço, parece suster a respiração,
pois agora tem
de atrair
a si
toda a graça e peso
do resto que se perdeu.
E consegue-o,
ainda o consegue,
finge e deslumbra,
deslumbra e perdura –
E, aqui, também o Tempo merece um elogio:
deixou para amanhã
o que podia fazer hoje.
5.9.12
Sobre denúncia
A nossa
cultura de brandos costumes leva-nos a não denunciar as mais variadas
situações, que enquanto cidadãos temos direito a ver resguardadas.
Criticamos,
fazemos conversa de café, mas quantos de nós exige, por exemplo, um livro de
reclamações e exerce o seu direito ao bom atendimento.
ABC, Wisława Szymborska
Jackson Pollock |
o que A. pensava de mim.
Se B. acabou por me perdoar.
Por que razão fingia C. que tudo estava bem.
Qual a quota-parte de D. no silêncio de E.
O que esperava F. se acaso algo esperava.
Por que fingia G. sabendo de tudo.
O que tinha H. a esconder.
O que queria I. acrescentar.
Se o facto de eu estar por perto,
teve algum significado
para J. e K. e para o resto do alfabeto.
4.9.12
Monstros & Companhia (2001)
dois monstros
tornam-se os melhores amigos de uma menina, que em vez de monstros vê aventura,
surpresa e amizade. O que nos leva a ponderar: e se ao invés de recuarmos
perante o que nos provoca medo, o enfrentássemos como uma inesperada aventura?
Esta é uma história de uma amizade conquistada e sincera e
sobre vencer medos e conquistar os nossos sonhos em vez de vivermos os papéis
que nos julgamos possíveis.
Título original: Monsters,
Inc. *
Realização: Pete Docter
e David Silverman * Argumento:
Pete
Docter e
Jill Culton * Elenco (VO):
Billy
Crystal, John Goodman Steve Buscemi
Jennifer Tilly and Mary Gibbs
da noite dizes que a respiração é hábito, Maria Sousa
da noite dizes que a respiração é hábito
uma ruga a imitar a sombra nasce da cor
que se define em ausências
apago o tempo na cama por fazer
soletro‐te a riscar manhãs da noite
há que respirar com as janelas abertas de par em par
(cheiram ao verde escuro das árvores)
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