Aos olhos de outros transeuntes, devo parecer louca, porque, imperceptível e gradualmente, desenvolvi o hábito de falar sozinha nas estações de comboio. Talvez devesse adquirir um auricular de telemóvel para, pelo menos, pensarem que tenho outro interlocutor, que na verdade tenho, mas que nesses momentos está ausente. São interlocutores virtuais, avatares com quem tenho conversas substitutas, ensaios de conversas reais futuras.
E com quem falo? Chefes, colegas de trabalho, famílai, amigos, funcionários de repartições, empresas e outros tantos. Falo sobre situações, testo hipóteses, perscruto pormenores, desabafo mal-estares, prevejo argumento, pondero, desenvolvo contra-argumentos, ensaio briefings, idealizo atividades, sintetizo acontecimentos, resumo ideias, etc.
É uma forma de extravasar pensamentos, opiniões e ideias, num tempo e velocidade que mais se coadunam com o ritmo do meu cérebro e que, tal panela de pressão, necessita aliviar a pressão interna e obter um sossego mental.
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