Em criança, ao passear com a minha avó materna pelas ruas da pequena aldeia onde morava, era costume ouvir as pessoas chamarem-lhe veladamente “a bruxa”. Pensava que não gostavam dela devido ao ar de desagrado que faziam. Por isso, espantava-me que por vezes, tarde na noite, lhe batessem à porta e, sem qualquer palavras, entravam e se fechavam na sala dos chás.
Eram capazes de lá ficar horas, ou assim parecia, porque raramente conseguia perceber a saídas destas visitas tardias, feitas sem murmúrios ou bateres de porta. Eu gostava de estar na sala dos chás. Eram muitos e com nomes estranhos e e divertidos e que serviam para quase tudo. Havia para a dor de barrigas, de cabeça, do coração, dos ossos, para o sangue, o cabelo, as unhas, emagrecer, engordar, ficar feliz, atrair namorados, afastar inimigos, etc.
Sem comentários:
Enviar um comentário