Devia ter desconfiado do olhar rapace do adeleiro ao vender aquela camisola. Agora tinha o corpo coberto de prurigem.
Caramba. Outra vez um mês comprido demais para o ordenado. E o problema é que a situação se está a tornar sistemática e não há qualquer perspectiva de mudança próxima. Outro mês magro com os tostões contados ao mínimo cêntimo e todas as compras ponderadas. E depois, quando menos jeito dá, há sempre despesas extras sem as quais é difícil passar.
Agora, foi a vez do casaco grosso, velho de guerra dos últimos Invernos, se rebentar literalmente pelas costuras. E Inverno sem casaco quente é um inferno gelado.
A solução é recorrer a um qualquer adeleiro de roupa e procurar algo quente o mais barato possível. Não é uma má solução. O problema é muitas vezes a qualidade e a higiene dos produtos. Desta vez foi azar: uma prurigem tremenda na zona do pescoço. Além do incómodo, obrigou ainda à limpeza do casaco semi-novo, à compra de uma pomada para a irritação e a usar camisolas de gola alta ou cachecóis durante quase duas semanas.
O pior é que nem satisfações à loja podia pedir, pois não havia como comprovar se o problema era de limpeza do casaco ou uma simples (credo!) alergia minha. Nem adiantava falar da situação ao dono rapace, mas a vontade de fazer outra compra do género ficou bastante abalada. Não será para repetir num futuro próximo. Aliás, num futuro próximo não será de repetir seja qual compra for que não se destine às necessidades, quer do consumo da casa, quer alimentares.
É a crise!
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