Tentar perceber quais os traços específicos da identidade histórica portuguesa são os propósitos de Joaquim de Carvalho e Joaquim Barradas de Carvalho no textos “Os Descobrimentos e a acção colonizadora dos portugueses como factor do progresso cientifico e da civilização”* e “A la recherche de la spécificité de la Renaíssance Portugaise”**, respectivamente.
Como factor característico, Joaquim Barradas de Carvalho aponta o domínio que as actividades marítimas tiveram na vida nacional devido à localização geográfica do país que sempre permitiu manter um contacto marítimo quer com o Mediterrâneo, quer com os países do Norte da Europa. É esta prática que vai impulsionar os Descobrimentos e marcar a postura portuguesa de colonização, “une expansion du commerçant, une expansion qui serait beaucoup plus pacifique et commerciale”, por oposição à espanhola, “une expansion para la conquêtê” (p. 783). Tendo a expansão nacional sido mais pacifica e marcadamente comercial, visando sobretudo a troca de bens e o estabelecimento de acordos com os povos autóctones, esta possibilitou um contacto directo com gentes e costumes locais e é esta apreensão do outro que vai possibilitar uma mudança de mentalidades que mudará para sempre o modo como o homem percepciona o mundo, como constata Joaquim de Carvalho: “… o domínio de regiões e de povos remotos, deixaram sempre sulcos, mais ou menos profundos, na concepção do mundo e no acervo do saber, quer negativamente, …, quer positivamente…” (p.341).
Ambos consideram os Descobrimentos a época mais marcante da história nacional e mundial, e enquanto Joaquim Barradas de Carvalho procura fazer um levantamento interno das suas influências, Joaquim de Carvalho analisa as influências para o resto do mundo deste “… momento único, impossível de se repetir…” (p.342), em que se descobriu uma nova dimensão do mundo e com ela uma nova dimensão de pensamento cientifico e de igualdade humana.
Com base neste conceito de momento único e irrepetível de mudança, é possível estabelecer uma analogia com o momento actual, em que difusão das tecnologias informáticas estão a operar um novo sulco na concepção do mundo pelo Homem. Assim, a internet é o mais recente espaço de cultura que é imperioso compreender e, consequentemente, estabelecer métodos e estratégias de dinamização cultural. Este é o desafio actual.
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