Proteger-te-ei da garra encapuçada E afastarei os vampiros da tua porta
Parece fogo Estou tão apaixonado por ti Os sonhos são como anjos Mantém o mal à margem, à margem O Amor é a luz Que afugenta a escuridão
Estou tão apaixonado por ti Purga a alma Faz o amor o teu objectivo
O poder do amor Uma força superior Que limpa a alma Uma chama de desejo flamejante Amor com línguas de fogo Purga a alma Faz do amor o teu objectivo
Proteger-te-ei da garra encapuçada E afastarei os vampiros da tua porta Quando tudo desmoronar estarei aqui Com o meu imortal e desafiador Amor por ti
A inveja mutila-se Deixa-te ser bela Amor borbulhante, flores Pérolas e raparigas bonitas O amor é uma energia Correndo no meu interior
Desta vez seremos sublimes Amantes divinos O amor é perigo, o amor é prazer O amor é puro – o único tesouro
O poder do amor Uma força superior Que purifica a minha alma O poder do amor Uma força superior Uma pomba que rasa os céus
23.2.09
Às vezes ainda sou demasiado sincera e falo o que penso e sinto. Mas quem me rodeia não o é e utiliza as minhas palavras como arma contra terceiros que não tem coragem de encarar, pois todos temos telhados de vidro.
Mas a minha confiança nas pessoas vai-se esboroando e retorno ao silêncio como forma de auto-protecção.
O louco deambula novamente nas ruas do bairro. Sem destino aparente, emite sons guturais que irrompem pelo silêncio das casas. Das janelas vemos o seu andar atabalhoado e incerto e o modo como dobra o corpo para trás para grunhir.
Quem passa, afasta-se a medo e queda-se a observar os gestos tresmalhados.
Agora, passa quase todas as noites nestas ruas e o seu barulho, incamuflado pelas televisões acessas, acumula-se nos ouvidos já cansados do seu excessivo ressoar.
Comecei na adolescência a perceber a elegância do fumo.
Ajuda a estruturar o personagem social em construção que somos. Não se sabe onde chegaremos, mas nem se percebe. Os olhos alheios distraem-se no manejar do cigarro e no fumo expelido ainda sem arte e numa massa fugaz.
A pouco domina-se a corrente a corrente de fumo, que ora apresenta um lânguido fluir, ora se aventura em quase perfeitos e concêntricos círculos. Como cenário fica uma face que nos abstraímos de olhar e de perceber as subtilezas da expressão.
Também eu me refugiei nesta cortina de fumo que me deixava uma sabor amargo na boca. Seduzia mas não cativava os olhares que em mim repousavam.
Demorei o meu tempo a perceber que me escondia. Demorei o meu tempo a apagar esse cigarro que me tolhia. Demorei o meu tempo a achar-me, mas achei-me.
Hoje, relembro apenas o gosto amargo do tabaco com um esgar de incómodo: uma recordação que não posso apagar. Recuso agora diálogos sob o espectro de um cigarro. Olho nos olhos quem me fala e decifro os feixes subliminares do seu olhar. E não mais desfoco o meu.
A colecção primavera/verão de Onório Trindade transparece um estilo casual chique, onde transparecem os jeans complementados por adereços coruscantes que dão o toque de cor à colecção. Característicos para esta estação são os chapins em cores quentes e condizentes com as mitenes.
18.2.09
“ …, a despedida estava entre nós, desde sempre, …”
É sempre complexo a definição de uma programação que tenha como alvo o público adulto activo, ou seja, a camada de população entre os 25 e os 65 anos. O seu desenvolvimento levanta alguns desafios, como: a grande abrangência etária, que implica que indivíduos que o compõem se encontram em diferentes estágios de realização pessoal, profissional e económica; e a heterogeneidade do grupo, pois apresentam diferentes backgrounds culturais.
Há também de ter em conta que um público adulto tem já grande parte das suas configurações de gosto estabelecidas e que poderá não estar receptivo a determinadas propostas ou sugestões.
A 2 de Outubro de 2008, o Município de Sintra assistiu à inauguração do seu mais recente equipamento cultural: a Vila Alda – A Casa do Eléctrico de Sintra. Situada numa zona privilegiada da Vila de Sintra, está rodeada de vários outros equipamentos culturais (Centro Olga Cadaval, Museu de Arte Moderna, Teatro Chão de Oliva, entre outros).
Denominada como a Casa do Eléctrico de Sintra, a Vila Alda parece, à partida, ter o seu objectivo definido enquanto espaço cultural. No entanto, e observando o equipamento cria-se a percepção de que este objectivo só, pelo menos como apresentado até ao momento, não é suficiente para criar e fidelizar um público.
Assim, é necessário perceber as suas estratégias de programação e identidade para a formação de um público, bem como se procederá à desejada complementaridade aos espaços já existentes, com públicos e estratégias já definidos.
Apresentação do equipamento
A Vila Alda situa-se na rua General Alves Roçadas, frente à rotunda que permite a divisão do trânsito local para o acesso à orla marítima, aos itinerários complementares que circundam a vila e o acesso centro da mesma. É na área exterior da Vila Alda que se localiza o cais de embarque do eléctrico de Sintra.
Antigamente, o Eléctrico tinha a sua base de operações na Ribeira de Sintra, mas quer as remodelações na estrutura de serviços do próprio eléctrico, quer a afectação deste espaço ao Museu de Ciência Viva, deixaram o eléctrico sem um espaço de apoio. Assim, a principal função deste novo espaço é a de terminal do eléctrico, onde se poderá adquirir bilhetes e receber informações várias sobre a sua história, evolução e impacto na sociedade e economia sintrense. Esta perspectiva panorâmica sobre o Eléctrico é conferida através de uma exposição permanente a decorrer neste espaço.
No entanto, como o serviço prestado pelo Eléctrico é sazonal, importava conferir a este espaço outras funcionalidades que lhe permitam ser um equipamento dinâmico e tirar proveito da sua excelente localização geográfica.
Assim, este espaço procura ser também um novo ponto de apoio ao turismo, inserindo-se na rede já existente de três postos de turismo no concelho[1].
Mas as intenções autárquicas para este espaço não se ficam por aqui. É intenção do município fazer deste igualmente um espaço da memória e identidade das gentes de Sintra, um espaço para manifestações artísticas e um espaço de lazer.
Deste modo, conclui-se que existe uma aposta na complementaridade de serviços. Por um lado, esta complementariedade é um modo de rentabilização clara do equipamento. Por outro, pode estar a introduzir demasiados elementos a ter em conta na equação deste espaço, pois dificulta a delineação de uma personalidade própria para o mesmo[2].
O aproveitamento deste espaço pode passar pela aposta no desenvolvimento da MarcaEléctrico de Sintra, uma vez que este é um dos ex-libris do concelho. Ao apostar nesta marca será relevante desenvolver uma série de produtos de merchandising que não só consolidam a sua divulgação, como podem ser uma interessante fonte de receitas. Este é aliás uma das apostas do Museu do Carro Eléctrico da STCP – Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, que além da exposição de várias carruagens de transporte representativas de várias épocas, possui um vasto leque de merchandising disponível ao público. Este além de produtos próprios, como reproduções de carruagens, postais, imans, etc, disponibiliza ainda outros produtos relativos à autarquia do Porto.
Comparativamente a este Museu, a Vila Alda não dispõe de espaço para albergar antigas carruagens, mas o facto de se poder efectuar a viagem de eléctrico joga a seu favor. No entanto, é relevante observar como é o Museu procede à sua promoção e divulgação. Seria igualmente relevante desenvolver uma oferta educativa[3] relativa ao eléctrico, mesmo que esta seja apenas paralela ao serviço efectuado pelo mesmo. Deste modo, dar-se-ia corpo à intenção manifestada pela autarquia em o “Eléctrico um museu vivo”. Embora este espaço não cumpra outros requisitos para fazer dele um museu, uma vez que não intenção de eventualmente transferir toda a documentação histórica esteja nos arquivos municipais e criar assim um Centro de Documentação relativo ao carro eléctrico. Ou seja, a autarquia utiliza o termo museu para credibilizar o espaço recém criado, mas não está a desenvolver esforços na concretização de um espaço museológico propriamente dito.
Uma das apostas do equipamento deverá ser o desenvolvimento de parcerias com o tecido associativo local, pois permite a realização de uma programação diversificada e revela-se um palco benéfico à divulgação das respectivas associações.
[1] Edifício do Turismo - Galeria Municipal, Posto de turismo – Estação Ferroviária, Posto de Turismo – Cabo da Roca.
[2] Delfim Sardo, no artigo “Multi-quê?”, afirma que “… existe uma compulsão pela construção de espaços expositivos generalistas, em grande parte promovidos pelas autarquias, e que se configuram como “multiusos” ou “polivalentes”, é importante pensar as funções expositivas … e reflectir sobre a utilização do parque patrimonial.”
Chapim - do Cast. Chapin. s. m., antigo calçado de sola alta, para mulheres; antigo coturno que se usava na representação das tragédias; patim; chapa que liga os carris de ferro às travessas; Ornit., pássaro conirrostro.
Mitene - do Fr. Mitaine. s. f., luva de senhora que cobre o metacarpo e deixa descobertos os dedos, excepto, às vezes, o polegar; punhete.
Coruscante - do Lat. Coruscante. adj. 2 gén., que corusca; reluzente; faiscante; cintilante.
Neste pequeno livro acompanhamos a estadia de um professor universitário em crise de maia idade numa pequena vila francesa. O que se supunha uma calma estadia, que serviria para escrever o seu mais recente estudo, acaba por culminar num bárbaro caso de homicídio, perpetrado no seio de um ritual a Baco.
Editado na colecção de livros de bolso das Edições Asa, através da qual tenho tido o primeiro contacto com o trabalho de alguns escritores, esta pequena novela foi também o meu primeiro contacto com o trabalho de Catherine Clément, mas que não posso dizer que tenha apreciado.
És perigosa, porque és honesta És perigosa, não sabes o que queres Bem, deixaste o meu coração vazio como um terreno abandonado Para qualquer espírito assombrar
És um acidente à espera de acontecer És um pedaço de vidro perdido na praia Bem, dizes-me coisas que não é suposto dizeres Depois deixas-me à deriva
quem irá montar os teus cavalos selvagens? Quem se afogará no teu mar azul? quem irá montar os teus cavalos selvagens? Quem irá cair aos teus pés?
roubaste porque precisavas do dinheiro E mataste porque queria vingança Bem, mentiste-me porque te pedi Miúda, podemos ainda ser amigos?
Quanto mais fundo vou Mais o caçador peca pela tua pele de marfim Guiei na chuva suja para um sitio onde o vento sussurra o teu nome sob as estrelas sorrio, ri-se para nós aleluia, a rosa branca dos céus as portas que abres não as consigo fechar
Não te voltes, não te voltes de novo Não te voltes, com o teu coração cigano Não te voltes, não te voltes de novo Não te voltes, a não olhes para trás Vá lá amor, não olhes para trás!
Quem vai montar os teus cavalos selvagens? Que se afogará no teu mar azul? Quem saboreará os teus beijos salgados? Quem irá ocupar o meu lugar?
Não sei ao certo se acredito em deus. Penso que não, ou pelo menos, não como me foi inculcado pela educação católica que tive.
Como a maioria das crianças do nosso país, fui baptizada, andei na catequese, fiz a primeira comunhão. Depois, por vários motivos, acabei por deixar a catequese e com o evoluir da adolescência, e a maior compreensão do mundo que dai adveio, tornei-me muito céptica em relação à instituição católica, o que originou no meu sistema de crenças um cisma entre cristianismo e catolicismo.
Tornou-se para mim inconcebível seguir uma religião que advoga o amor/respeito ao próximo, mas que no seu percurso levou a cabo atrocidades como uma inquisição, guerras santas, excomunhões por opções sexuais, e que não aceita o livre-arbítrio dos seus fiéis (quando supostamente essa é uma das maiores dádivas de deus), entre outras coisas. No entanto, não me são descabiveis os valores cristãos de amor ao próximo, ou seja, o respeito pelos outros, sejam como forem. Daí que se tenha criado esse cisma entre catolicismo (instituição dogmática) e cristianismo (conjunto de valores humanos básicos para uma vivência em sociedade).
Se observarmos com alguma atenção, podemos ver que os 10 mandamentos correspondem as estes valores básicos para uma vivência harmoniosa em sociedade. É por valores que procuro pautar a minha existência. Nunca mateei ninguém, mas já cobicei o marido/namorado da próxima. Em silencia é certo, mas já o fiz. Já invoquei o nome de deus em vão. Falso perjúrio? É muito provável, mesmo que sem intenção.
Não sou um ser perfeito. Sou apenas alguém que tenta melhorar, e que por vezes sente mais que falha do que evolui. Mas vamos tentando.
Qual é a minha crença então? Creio que o mundo é composto por pessoas que não são perfeitas, mas que podemos tentar e talvez tentar seja só o que consigamos. E nestas tentativas atinge-se um equilíbrio: a minha fraqueza compensada pela força de outrem. Daí que uma religião que não respeite as fraquezas, e as compreenda sem o constante pendor da culpa, não faz muito sentido para mim.
Deus? A pergunta inicial… pois, ainda não tenho uma resposta concreta. Talvez um dia…
- achas que passa no teste? - quem e em que teste? - o Carlos no teste Brad Pitt. - ahhhh. Não. - lá estás tu, pode passar… - nop, ninguém passa nesse teste, nem o próprio. - credo, que cepticismo - não, é realismo. - ai sim? - ainda não percebeste que não são eles que têm de passar no teste, mas sim elas? - elas? - sim. - explica lá isso como deve ser. - na verdade não são eles que têm de passar o teste, são elas. Porque o Brad Pitt não existe, nem o próprio. O Brad Pitt é a projecção de tudo o que uma mulher aspira encontrar num homem. É o ideal que elas querem, mas nenhum homem é o ideal, seja lá ele quem for. Então, o verdadeiro teste não é elas compararem quem quer que seja com o homem ideal. O verdadeiro teste é elas aceitarem um homem tal como ele é, com defeitos e qualidades. Esse é o verdadeiro teste, tudo o resto são brincadeiras.
Walter Salles é actualmente um dos mais conceituados realizadores brasileiros, ultrapassado em renome apenas por Fernando Meirelles, e dai que o seu trabalho tenha já projecção mundial. E essa projecção começou exactamente com este Central do Brasil, que valeu a Fernanda Montegro a primeira nomeação aos Óscares de um actor brasileiro na categoria de representação. É certo que não ganhou o prémio, mas reconheceu o mérito desta grande dama da representação. Para Salles foi também a pedra de toque para projectos como Os Diários de Che, Paris Je T’aime, Dark Waters e o aguardado On The Road, adaptação do livro homónimo de Kerouac.
Este Central do Brasil relata a viagem de Dora, professora aposentada que ganha a vida a escrever cartas para pessoas que não sabem ler nem escrever, e Josué, um rapaz de nove anos, cuja mãe utilizava os serviços de Dora, em busca do pai deste. No seu encalço, encetam uma viagem pelo interior nordestino. Pelo caminho, Dora reencontra um sentido para a vida.
O beijo da quilha na boca da água me vai trocando entre céu e mar, o azul de outro azul, enquanto na funda transparência sinto a vertigem da minha própria origem e nem sequer já sei que olhos são os meus e em que água se naufraga minha alma
Se chorasse, agora, o mar inteiro me entraria pelos olhos
Áulico - do Lat. auliciu < aulikós, da corte. adj., que pertence à corte ou lhe diz respeito; s. m., cortesão, palaciano.
Pênsil - do Lat. Pensile. adj. 2 gén., suspenso; construído sobre abóbadas ou colunas.
Pinázio - s. m., cada uma das peças que, nas portas e janelas envidraçadas, separam e sustentam os vidros; cada uma das peças de cantaria que ladeiam as chaminés, em cozinhas; cada uma das tábuas verticais que sustentam a tábua horizontal em que assentam os pés no degrau de uma escada