Como a maioria das crianças do nosso país, fui baptizada, andei na catequese, fiz a primeira comunhão. Depois, por vários motivos, acabei por deixar a catequese e com o evoluir da adolescência, e a maior compreensão do mundo que dai adveio, tornei-me muito céptica em relação à instituição católica, o que originou no meu sistema de crenças um cisma entre cristianismo e catolicismo.
Tornou-se para mim inconcebível seguir uma religião que advoga o amor/respeito ao próximo, mas que no seu percurso levou a cabo atrocidades como uma inquisição, guerras santas, excomunhões por opções sexuais, e que não aceita o livre-arbítrio dos seus fiéis (quando supostamente essa é uma das maiores dádivas de deus), entre outras coisas. No entanto, não me são descabiveis os valores cristãos de amor ao próximo, ou seja, o respeito pelos outros, sejam como forem. Daí que se tenha criado esse cisma entre catolicismo (instituição dogmática) e cristianismo (conjunto de valores humanos básicos para uma vivência em sociedade).
Se observarmos com alguma atenção, podemos ver que os 10 mandamentos correspondem as estes valores básicos para uma vivência harmoniosa em sociedade. É por valores que procuro pautar a minha existência. Nunca mateei ninguém, mas já cobicei o marido/namorado da próxima. Em silencia é certo, mas já o fiz. Já invoquei o nome de deus em vão. Falso perjúrio? É muito provável, mesmo que sem intenção.
Não sou um ser perfeito. Sou apenas alguém que tenta melhorar, e que por vezes sente mais que falha do que evolui. Mas vamos tentando.
Qual é a minha crença então? Creio que o mundo é composto por pessoas que não são perfeitas, mas que podemos tentar e talvez tentar seja só o que consigamos. E nestas tentativas atinge-se um equilíbrio: a minha fraqueza compensada pela força de outrem. Daí que uma religião que não respeite as fraquezas, e as compreenda sem o constante pendor da culpa, não faz muito sentido para mim.
Sem comentários:
Enviar um comentário