Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

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Mais informações: www.cm-sintra.pt

16.2.09

Vila Alda

A 2 de Outubro de 2008, o Município de Sintra assistiu à inauguração do seu mais recente equipamento cultural: a Vila Alda – A Casa do Eléctrico de Sintra. Situada numa zona privilegiada da Vila de Sintra, está rodeada de vários outros equipamentos culturais (Centro Olga Cadaval, Museu de Arte Moderna, Teatro Chão de Oliva, entre outros).

Denominada como a Casa do Eléctrico de Sintra, a Vila Alda parece, à partida, ter o seu objectivo definido enquanto espaço cultural. No entanto, e observando o equipamento cria-se a percepção de que este objectivo só, pelo menos como apresentado até ao momento, não é suficiente para criar e fidelizar um público.

Assim, é necessário perceber as suas estratégias de programação e identidade para a formação de um público, bem como se procederá à desejada complementaridade aos espaços já existentes, com públicos e estratégias já definidos.

Apresentação do equipamento

A Vila Alda situa-se na rua General Alves Roçadas, frente à rotunda que permite a divisão do trânsito local para o acesso à orla marítima, aos itinerários complementares que circundam a vila e o acesso centro da mesma. É na área exterior da Vila Alda que se localiza o cais de embarque do eléctrico de Sintra.

Antigamente, o Eléctrico tinha a sua base de operações na Ribeira de Sintra, mas quer as remodelações na estrutura de serviços do próprio eléctrico, quer a afectação deste espaço ao Museu de Ciência Viva, deixaram o eléctrico sem um espaço de apoio. Assim, a principal função deste novo espaço é a de terminal do eléctrico, onde se poderá adquirir bilhetes e receber informações várias sobre a sua história, evolução e impacto na sociedade e economia sintrense. Esta perspectiva panorâmica sobre o Eléctrico é conferida através de uma exposição permanente a decorrer neste espaço.

No entanto, como o serviço prestado pelo Eléctrico é sazonal, importava conferir a este espaço outras funcionalidades que lhe permitam ser um equipamento dinâmico e tirar proveito da sua excelente localização geográfica.

Assim, este espaço procura ser também um novo ponto de apoio ao turismo, inserindo-se na rede já existente de três postos de turismo no concelho[1].

Mas as intenções autárquicas para este espaço não se ficam por aqui. É intenção do município fazer deste igualmente um espaço da memória e identidade das gentes de Sintra, um espaço para manifestações artísticas e um espaço de lazer.

Deste modo, conclui-se que existe uma aposta na complementaridade de serviços. Por um lado, esta complementariedade é um modo de rentabilização clara do equipamento. Por outro, pode estar a introduzir demasiados elementos a ter em conta na equação deste espaço, pois dificulta a delineação de uma personalidade própria para o mesmo[2].

Perspectivas Futuras

O aproveitamento deste espaço pode passar pela aposta no desenvolvimento da Marca Eléctrico de Sintra, uma vez que este é um dos ex-libris do concelho. Ao apostar nesta marca será relevante desenvolver uma série de produtos de merchandising que não só consolidam a sua divulgação, como podem ser uma interessante fonte de receitas. Este é aliás uma das apostas do Museu do Carro Eléctrico da STCP – Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, que além da exposição de várias carruagens de transporte representativas de várias épocas, possui um vasto leque de merchandising disponível ao público. Este além de produtos próprios, como reproduções de carruagens, postais, imans, etc, disponibiliza ainda outros produtos relativos à autarquia do Porto.

Comparativamente a este Museu, a Vila Alda não dispõe de espaço para albergar antigas carruagens, mas o facto de se poder efectuar a viagem de eléctrico joga a seu favor. No entanto, é relevante observar como é o Museu procede à sua promoção e divulgação. Seria igualmente relevante desenvolver uma oferta educativa[3] relativa ao eléctrico, mesmo que esta seja apenas paralela ao serviço efectuado pelo mesmo. Deste modo, dar-se-ia corpo à intenção manifestada pela autarquia em o “Eléctrico um museu vivo”. Embora este espaço não cumpra outros requisitos para fazer dele um museu, uma vez que não intenção de eventualmente transferir toda a documentação histórica esteja nos arquivos municipais e criar assim um Centro de Documentação relativo ao carro eléctrico. Ou seja, a autarquia utiliza o termo museu para credibilizar o espaço recém criado, mas não está a desenvolver esforços na concretização de um espaço museológico propriamente dito.

Uma das apostas do equipamento deverá ser o desenvolvimento de parcerias com o tecido associativo local, pois permite a realização de uma programação diversificada e revela-se um palco benéfico à divulgação das respectivas associações.



[1] Edifício do Turismo - Galeria Municipal, Posto de turismo – Estação Ferroviária, Posto de Turismo – Cabo da Roca.

[2] Delfim Sardo, no artigo “Multi-quê?”, afirma que “… existe uma compulsão pela construção de espaços expositivos generalistas, em grande parte promovidos pelas autarquias, e que se configuram como “multiusos” ou “polivalentes”, é importante pensar as funções expositivas … e reflectir sobre a utilização do parque patrimonial.”

[3] O Museu do Carro Eléctrico, além de programas especiais, oferece ainda várias modalidades de visitas guiadas adaptadas aos vários ciclos de escolaridade. Informação disponível em www.museudocarroelectrico.pt/servicos-educativos/visitas-escolas.aspx .

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