Mark Chagall
O Mito de Orfeu
O Mito de Orfeu foi um dos primeiros que aprendi e sempre me seduziu. Atraia-me a ideia de alguém se confrontar através da introspecção com o seus piores medos e receios, chegando ao que eu considerava a um ponto de auto-conhecimento que sentia ser invejável. Durante muito tempo esta foi a minha perspectiva do mito.
Hoje, tenho uma perspectiva um pouco diferente. Vejo Orfeu com alguém incapaz de completar um percurso ou objectivo por falta de confiança em si próprio, e que de algum modo procura retirar de si a culpa dessa não conclusão. Orfeu é o indivíduo que prestes a concluir o projecto a que se propôs se serve das mais variadas “desculpas” para o não fazer. Continuando deste modo num território sombrio de introspecção no qual analisa todos os pormenores da falha, mas sem ver a luz do sol que a sua conclusão aportaria. É um ser inseguro que faz depender dos outros ou de várias situações alheias a realização de projectos e o atingir de metas realizáveis apenas por si. Orfeu não teme que Euridice não o siga, teme que não seja motivo suficiente para ela o seguir.
É assim que vejo Orfeu, e, infelizmente, é também assim que me revejo em certas situações.
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