Realismo
mágico – não será uma característica típica desta obra e o único momento em que
o identifico será exactamente no final, quando os protagonistas se refugiam de
qualquer contacto com a realidade viajando alternadamente rio acima, rio
abaixo, num espaço e tempo só seus.
Amor – o que
é o amor? Se soubéssemos não estávamos aqui. Imaginado o que seriam as palavras
de Drummond, este polígono amoroso poderia ser descrito do seguinte modo:
Florentino ama Fermina que juga amar Urbano, que vai amando outras mulheres,
que terão outros amores e talvez até tenham amado Florentino. Ou, parafraseando
alguém que me é caro, então é tudo ao contrário.
Fermina não
ama Urbano, ama as possibilidades que lhe identifica: o estatuto social, o
desafogo económico, a boa parecença, as expectativas familiares. Ou seja,
quando muito, é um amor circunstancial e, como tal, efémero. Quando muito é um bem-intencionado
desejo de amar, mas de intenções...
Se não fosse
uma personagem ficcional, esperaria Florentino 50 anos por uma mulher? Talvez o
próprio Florentino seja o expoente desse realismo mágico, pois um amor assim
tem algo de sobrenatural, como um fantasma que não abandona o plano físico,
pois ainda lhe falta concretizar algo.
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