Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

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7.3.14

O amor nos Tempos de Cólera, Gabriel Garcia Marquez

Não sei precisar há quanto tempo li este livro, mas foi certamente há mais de 10 anos, pois não tenho qualquer registo da sua leitura neste 10 anos de participação na blogosfera. Não tendo relido a obra, vou basear este registo na minha memória feita dos pragmatismos e inexperiências próprios dos vinte e poucos anos.

Realismo mágico – não será uma característica típica desta obra e o único momento em que o identifico será exactamente no final, quando os protagonistas se refugiam de qualquer contacto com a realidade viajando alternadamente rio acima, rio abaixo, num espaço e tempo só seus.

Amor – o que é o amor? Se soubéssemos não estávamos aqui. Imaginado o que seriam as palavras de Drummond, este polígono amoroso poderia ser descrito do seguinte modo: Florentino ama Fermina que juga amar Urbano, que vai amando outras mulheres, que terão outros amores e talvez até tenham amado Florentino. Ou, parafraseando alguém que me é caro, então é tudo ao contrário.

Fermina não ama Urbano, ama as possibilidades que lhe identifica: o estatuto social, o desafogo económico, a boa parecença, as expectativas familiares. Ou seja, quando muito, é um amor circunstancial e, como tal, efémero. Quando muito é um bem-intencionado desejo de amar, mas de intenções...

Se não fosse uma personagem ficcional, esperaria Florentino 50 anos por uma mulher? Talvez o próprio Florentino seja o expoente desse realismo mágico, pois um amor assim tem algo de sobrenatural, como um fantasma que não abandona o plano físico, pois ainda lhe falta concretizar algo.

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