Partir e
esperar no sofá. Explicar o que faço na sua casa num sábado à tarde, intrometendo-me
no seu descanso sem que alguma urgência profissional o justifique.
Simplesmente
partir e esperar que por algum milagre de esquecimento a sua companheira de
casa omita que me deixou entrar enquanto ia aos seus compromissos.
Qualquer opção
parece inverosímil e a única explicação existente também me parece difícil de
aceitar: o desejo imperativo que me fez para o carro, aproveitar a porta aberta
do prédio, o modo como a sua companheira de casa abriu a porta enquanto saia e
sem qualquer dúvida sobre as suas intenções impronunciadas o deixou entrar.
Os atónitos
segundos de espera na sala. Mas. Se o impulso o tinha trazido até aqui, onde
mais o poderia levar? Pela configuração do apartamento era fácil perceber os
quartos e uma porta encostada denunciava o seu.
Ficar ou
partir.
Aqui chegado,
ficava.
Primeiro o
casaco, depois os sapatos. A cama quente. O seu corpo adormecido a acusar o movimento
do seu corpo. A acusar, mas não a recusar. E a serenidade do momento a puxar
para o onírico lugar onde tantas vezes nas ultimas semanas adivinhava e sentia
o seu corpo.
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