Nos últimos séculos, sobretudo no mundo ocidental, a vida humana foi gradualmente valorizada: a escravatura foi abolida, bem como a pena de morte, e foram redigidas três cartas de direitos (humanos, mulheres e crianças). Mas a vida humana, por si só, já não é o principio orientador de muitas sociedades: a este acresceu o principio da qualidade de vida, que trouxe novos desafios e reflexões sobre o aborto (terapêutico ou não), os cuidados paliativos e a eutanásia e o testamento vital. Estas situações confrontam-nos com os princípios pelos quais nos julgamos reger e com as circunstâncias que testam tudo o que julgamos acreditar.
Na maioria das situações, julgamo-nos superiores às circunstâncias, mas, quando eventualmente cedemos, percebemo-nos apenas humanos. Será que as circunstâncias nos libertam de qualquer princípio assumido? Ou apenas nos fazem constatar a perplexidade do ser humano e ser de facto mais humano, pois nos permitem empatizar com cada individuo, na sua unicidade?
"As circunstâncias não subvertem, do dia para a noite, a nossa teia de crenças, princípios e convicções e compromissos.” (Rui Estrada, in Forma de Vida, Abril 2013) Podemos e devemos continuar a acreditar nos nossos princípios orientadores, cientes porém de que estes podem não ser a resposta ou a solução válida e/ou adequadas a todas circunstâncias e que isso não implica sermos incoerentes, mas tão somente sermos humanos.
Adriana Varejão |
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