Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
Mais informações: www.cm-sintra.pt

27.4.11

Torre de Escalada Artificial

A hard work day
O Parque das Merendas, em pleno Centro Histórico de Sintra, tem, desde dia 11 de Abril, uma torre de escalada artificial. Este equipamento é composto por oito vias de diferentes níveis de dificuldade, podendo ser utilizado tanto pelos mais experientes como por aqueles que estão ainda numa fase de iniciação. A torre de escalada poderá ser utilizada, gratuitamente, por todos os interessados com prioridade às escolas do concelho.
Para mais informações: http://www.cm-sintra.pt/

26.4.11

“Dance quando ninguém o vir,
sonhe como se fosse viver para sempre,
viva como se fosse morrer amanhã
e ame como se nunca fosse doer.”
Meme Griefsters

25.4.11

Work inspires inspiration. Keep working.
If you succeed, keep working.
If you fail, keep working.
If you’re interested, keep working.
If you’re bored, keep working.

MICHAEL CRICHTON

23.4.11

sabedorias

O segredo do demagogo é fazer-se passar por tão estúpido quanto a sua plateia,
para que esta imagine ser tão esperta quanto ele.

Karl Kraus

21.4.11

Fado, futebol e FMI

As anteriores gerações foram “abençoadas” pela santíssima trindade Fátima, Fado e Futebol. Para as actuais e futuras gerações – que não só a rasca e a à rasca – resta-nos o contentamento do nosso futebol – liga Europa, mourinhos e ronaldos -, porque o nosso fado será rezar à Nossa Senhora do FMI pela esmolinha para o pão nosso de cada dia.

20.4.11

Otariado

Um colega tem por hábito chamar otariado ao voluntariado. Não por menosprezar o seu valor – já que o pratica várias horas por semana – mas pela sua consciência de que a única compensação que se tem por essas horas é apenas de satisfação pessoal, embora a sua prática signifique tempo que não se dedica a outras áreas das nossas vidas, bem como gastos sem retorno.

Não posso deixar de concordar com ele. Afinal, que carolice é este que nos impele a um trabalho extra – pois não tenham dúvida que implica muito trabalho – sem qualquer tipo de compensação monetária. É verdade que há coisas que o dinheiro não paga, mas também é verdade que nem sempre há opção de usufruir do nosso tempo de modo altruísta. É de louvar quem o faz, tal como é estranho perceber como muitos gastam o seu tempo de modo tão fútil.

Para muitos o tempo dedicado ao voluntariado também deve parecer fútil. Por vezes, também penso se não seria benéfico para mim utilizar o meu tempo com outra ocupação passível de ser remunerada. Depois, vejo os jovens cujas vidas acabamos por influenciar – esperemos que sempre do melhor modo. Mas também penso – nos tempos que se aproximam – quantas instituições – por falta de verba – necessitarão destes trabalhadores tão válidos e quantos de nós não se verão obrigados a abdicar de uma ocupação que nos enriquece pessoalmente por um segundo trabalho por uma questão de sobrevivência. E quantas pessoas necessitadas de um trabalho verão esse trabalho realizado voluntariamente, porque – lá está – as instituições não podem fazê-lo. E quantos numa situação de desemprego verão no voluntariado uma das poucas formas úteis e sãs de empregar o seu tempo.

Só espero é que ninguém desista de “otário” porque ainda acredito que há compensações que o dinheiro não dá e há momentos na vida em que a sua prática nos dá mais do que damos aos outros.

19.4.11

Museus à borla?

Uma das práticas dos museus nacionais é a sua gratuidade aos domingos de manhã. Mas agora essa possibilidade será bastante reduzida. Pelos vistos, o número de visitantes abrangidos por essa estratégia é demasiado superior ao previsto e desejável. Ou seja, os visitantes nacionais, como bons tugas, abusam das borlas.

Como forma de transformar essas gratuidades em fonte de rendimento (sempre necessária) para os equipamentos museológicos, essa possibilidade será reduzida para um domingo por mês. Ainda não se sabe a partir de quando a medida entrará em vigor e se dia será o mesmo para todos os museus. Consequências?

A possibilidade de acesso à cultura a famílias e indivíduos mais carenciados continuará. Várias das visitas passarão a ser pagas, pois para alguns agregados e visitantes não significará uma despesa incomportável. Numa primeira fase, o número dos visitantes diminuirá.

Será uma atitude correcta? É uma atitude aceitável, pois não acaba com as gratuidades, apenas as limita. E quem necessita poderá continuar a usufruir. Para os equipamentos, significará exponencialmente o aumento do rendimento de bilheteira, uma imperiosidade em tempos de contenções orçamentais.

18.4.11

Noções básicas de direito

Várias amigas minhas fizeram a sua formação em direito, mas nunca foi uma área que me apelasse, pois tinha uma visão do direito como maçudo, demasiado formal e pouco específico. Descrito assim, não há muita diferença entre o direito e letras: há o cânone, os incontornáveis ismos e as muitas interpretações. A diferença, afinal, deve estar na utilidade prática para as nossas vidas e aí o direito é realmente o mais importante.
Hoje, sou da opinião que, além das várias disciplinas do ensino secundário ou universitário – deveria haver uma de Introdução ao Direito ou de Noções Básicas de Direito. Nela deveriam ser ministradas a CRP, bem como linhas orientadoras de legislações essenciais para a nossa vida futura (mesmo que estas estejam em constante mudança), como: legislação laboral, legislação financeira, bem como os fundamentais procedimentos legais para acesso a tribunais, consultas jurídicas, etc.

Podem sempre dizer-me que quem tem boca vai a Roma e que quando não sabemos perguntamos. É verdade. Mas gostaria de perceber melhor o teor de determinados documentos sem necessitar de uma “tradução” técnica, mesmo que posteriormente necessite dos serviços técnicos para solucionar certas questões. Ou seja, gostaria de estar melhor preparada na detecção de situações que poderão ser complexas.

Creio que como eu, deve haver muita gente que beneficiaria deste tipo de formação. Estaríamos melhor preparados para solucionar certas questões e, quem sabe, também para perceber quando estamos, ou não, a ser profissionalmente bem orientados e assessorados.

16.4.11

Eros ao entardecer

penetrar-te
húmida, expectante
sentir a prisão
do abraço
das tuas pernas nas minhas
colar os corpos
lentamente roçar
na língua o mamilo
sentir retesar a barriga
suavemente mover
o corpo
pele contra pele
entrar e sair
aflorar apenas a ponta da glande
os lábios arfantes
sexo que espera penetrar de novo
os corpos suados
o cheiro da axila
no nariz curioso
rebolar
um sobre o outro num abraço
infinito
rolar sobre ti
beijar os pés
continuar preso
no fundo
lentamente voltar a beijar
os lábios
saborear a língua
cadencia do movimento das ancas
numa repetição
acelerada
e assim continuar
eternamente
desejo

15.4.11

Sobre a solidão

É impossível não pensar sobre a solidão no mundo só em que vivemos. É impossível não pensar na solidão futura quando passamos à margem da constituição de uma família própria.
Há a família dos afectos, as amizades que nos rodeiam, mas aprendi que não sou boa amiga. Posso estar presente nos momentos menos bons dos outros, mas não deixo que estejam presentes nos meus. Quando mais necessito da sua lucidez, afasto-me, porque sinto um fracasso que ainda não tenho a maturidade de assumir, ou, simplesmente, por vergonha. E se o afastamento é real, a solidão só pode ser só.

13.4.11

Der Himmel Über Berlin

Queria falar sobre anjos
Mas as imagens dos céus de Berlim
Roubam-me quaisquer palavras.

Não há seres mais belos, mais trágicos
que os destinados a guardarem a memória
e a incautez dos homens.

À beira do semáforo verde,
Aguardo o embate que me salvará
De uma vida à margem
De sentir o toque do amor,
O sabor de uma pêra madura.

11.4.11

Revelações

Há apenas uma pessoa que partilha este meu segredo. Nem a minha família o sabe. Foi minha opção mantê-la na ignorância. Sabia que tentariam que mudasse de ideias e não queria essa pressão, tal como não queria confronta-la com esse meu lado mais pragmático.

Não é uma situação nova. Já muitas mulheres o fizeram. No fim de contas, fui apenas uma entre milhões. E as minhas razões não eram diferentes das demais. Para mim eram válidas, para outros questionáveis, para muitos insuficientes. Foram ponderadas no momento e ainda hoje considero a decisão acertada.

Como já perceberam pelas entrelinhas e embora não seja fácil de verbalizar, sou uma das muitas mulheres que já fizeram um aborto. Segundo as estatísticas, sou uma em cada quatro. Isso significa que em qualquer espaço público em que me encontre (no café, no comboio, numa repartição, e até no trabalho) partilho uma história semelhante com outras mulheres.

Porque é que resolvi conta-la hoje? Porque há muito necessitava ser dita. Porque me queima no peito, não o acto, mas a decisão de oculta-lo. Receio talvez os julgamentos alheios, mas quem não tem telhados de vidros que atire a primeira pedra. A verdade é que é fácil ajuizar sobre a vida alheia, mesmo quando não sabemos nem sequer um décimo das suas circunstâncias.

Os motivos da minha decisão foram maioritariamente de ordem financeira. Para muitos não é razão suficiente, mas para mim não saber que condições poderia dar a um filho foi determinante. A minha actual situação financeira bastante complexa e enquanto não resolver determinadas situações –se é que as vou conseguir resolver da melhor maneira – é-me impensável assumir a responsabilidade de um filho. Sempre ouvi dizer que tudo se cria. Talvez seja verdade. Mas que tipo de vida lhe poderia dar?

A próxima pergunta lógica será: e o pai? Nunca chegou a saber. Talvez tenha sido uma atitude vingativa semi-consciente, pois sempre me afirmou o desejo de ser pai. Mas na verdade, nenhum estava em condições financeiras mínimas para assumir o compromisso. Quanto à sua vontade, por muito válida que fosse, era muito inconsequente. No que diz respeito à nossa relação, bem… digamos que houve muitas promessas ditas ao vento. O seu interesse era mais interesseiro do que interessado. Quando se confirmou a minha suspeita, não me passou sequer pela cabeça informa-lo. Se soubesse, também não me demoveria.

Contei com a ajuda da S. em tudo. Nos desabafos, nas consultas, na ida ao hospital, no processo. Acompanhou-me, sem juízos, mas com um enorme ombro amigo.

Pensava que não, mas também precisei fazer o meu luto. E por vezes penso na minha barriga a crescer e como seria sentir uma vida dentro de mim. Creio que é inevitável. Como mulheres, somos criadas culturalmente – já para não falar do factor biológico – para a maternidade. Hoje, não me vejo com um vejo, nem num futuro próximo. E depois, quem sabe, se quer, se a idade o permitirá? E será que a maternidade é um projecto de vida para todas as mulheres?

Talvez estas sejam apenas simples explicações para a minha decisão. Mas está tomada e não há retorno.

10.4.11

Lembras-te?

Lembras-te, quando tínhamos 16 anos e, no sofá da tua irmã mais velha, descobrimos o prazer dos corpos?

Lembras-te, quando fomos para a faculdade, como prometemos que a distância não nos ia separar?

Lembras-te como acreditámos que o nosso amor era único, irrepetível e para sempre?

Pois, hoje, quando nos cruzamos, com outros amores pela mão, outros sorrisos de eternidade, lembro que a nossa dádiva mútua foi descobrir o amor para saber vive-lo depois.

9.4.11



Ninguém é o que parece
ou o que aparece.
O essencial não há quem enxergue.
Todo mundo é só a ponta
do seu iceberg.

Luís Fernando Veríssimo

8.4.11

Census 2011

Bem, finalmente as minhas respostas ao Census estão entregues. Desde o seu lançamento, muitas foram as falhas detectadas no processo e que levaram inclusive a que algumas respostas fossem invalidadas pela Comissão Nacional de Protecção de Dados.

Agora, entre o não acreditar no pai natal e acreditar na teoria da conspiração, resta saber se a mesma comissão nos protegerá quando daqui a uns tempos os dados forem cruzados com as bases das Finanças e da Segurança Social. eu sei que é suporto os dados serem confidenciais, mas… como diz o outro: não acredito em bruxas, mas que as há, há.

7.4.11

Anjos e Demónios

Mais tarde ou mais cedo, lá chegaria ao universo de Dan Brown e o mais provável seria realmente que fosse pelo cinema.
Anjos e Demónios é a segunda aventura do professor Langdon na hierarquia e história católicas e na qual se misturam ciência ( a tão aspirada anti-matéria) e biblioteconomia. O enredo é ágil e cativa-nos ao longo das suas duas horas. As personagens são consistentes e bem servidas. Em termos de trama, o que mais apreciei foi a abordagem à ciência e o vislumbre do que será o CERN (que muitos desconhecem sequer a existência), bem como o famoso arquivo do Vaticano, onde, reza a lenda, se escondem tesouros e segredos do conhecimento humano.

6.4.11

Conexão


A RTP exibiu recentemente a mini-série Conexão. Baseada numa reportagem sobre o narcotráfico marítimo entre o norte do país e a Galiza, a mini-série resultou de uma produção ibérica, realizada por Leonel vieira.

Servida por um excelente leque de actores, o enredo é realista e construído com diálogos crus, o que para mim constituiu uma excelente surpresa. As personagens são sólidas e fundamentadas. E cada uma serve como plataforma para abordar vários dramas humanos: a crise nas pescas, o desemprego, o vício, a ambição, os negócios paralelos, as relações familiares, a corrupção.

Um excelente trabalho!

5.4.11

Ronald dePinho

A RTP emitiu recentemente uma reportagem sobre o trabalho deste cientista americano de origem portuguesa. A sua área de pesquisa é a reversão dos efeitos do envelhecimento.

A sua pesquisa e experiências incidiram sobre ratos geneticamente envelhecidos e tinham como objectivo a paragem e/ou diminuição da evolução do envelhecimento. No entanto, para surpresa geral, observou-se não a paragem, mas sim uma regressão do estado dos ratos. Ou seja, estes rejuvenesceram. Agora, a mesma experiência está a ser desenvolvida com ratos naturalmente velhos para se poder aferir se os resultados são os mesmos.

Qual a importância destas experiências e das suas descobertas? As inevitáveis implicações para a vida humana com o desenvolvimento de métodos anti-envelhecimento. Como o próprio Ronald afirma, um dos grandes desafios da ciência é exactamente o prolongamento não tanto do tempo de vida, que já se verificar com as mudanças das condições de vida, mas sobretudo dessa qualidade de vida. No último século, verificou-se uma grande rapidez de acontecimentos e uma evolução científica. Vivemos mais é certo, na maioria das vezes com melhor qualidade de vida, mas verificou-se o aparecimento das doenças associadas ao envelhecimento: o cancro (que infelizmente já não tem uma incidência puramente etária), o Alzheimer e o Parkinson, entre outras.

As suas novas descobertas poderão ter novas implicações que na qualidade de vida, quer no seu consequente prolongamento. O maior desafio seguinte não será propriamente científico, mas sim social. Como é que a sociedade vai gerir a nova organização social e os seus sistemas económicos, por exemplo.

4.4.11

Um homem no singular, Christopher Isherwood

Na década de 50, um professor universitário de origem inglesa radicado nos EUA vive o luto pelo seu companheiro de vários anos de vida, Jim. George vive o seu luto numa semi-obscuridade, pois a sua relação não é reconhecida por muitos, inclusive a família de Jim.
O título original (A Single Man) tem a dupla leitura: um homem singular, único ou um homem solteiro, só. E George representa ambas as acepções. A obra acompanha a vida de George durante um dia: no seu quotidiano universitário, nas relações com os vizinhos, e com a sua (única) amiga charley. Ao acompanha-lo compreendemos o quão só e único na sua solidão George é. Talvez como todos nós somos durante um processo de luto, aqui relatado de modo crítico, humorista e realista.
Este foi o meu primeiro contacto com a obra do autor, motivado pelo filme Um homem singular, de Tom Ford, e com Colin Firth, que pretendo ver brevemente.

3.4.11

Ceesepe
Procurei o sexo perfeito no sexo

Não busquei o amor porque o amor tolera

O sexo é urgente e não se perde em palavras

E se não achei o sexo perfeito

É porque ainda não o conheço por completo

Desconheço o amor e o seu sexo

2.4.11

"... aqueles a quem muito amamos são responsáveis em grande parte pelo sistema que inventamos para provar que o mundo serve para alguma coisa."
Agustina Bessa-Luís

1.4.11

A Bela e o Paparazzo

A comédia romântica não é um território habitual no cinema português, mais dado a dramas e abstrações conceptuais. E este ingresso de António Pedro Vasconcelos tem o seu mérito. Para fazer melhor, só mesmo fazendo mais. Em termos de enredo, esta é a versão nacional de Notting Hill, em que o famoso bairro inglês é trocado pelas ruas alfacinha que servem de cenário à história entre a bela estrela de televisão e o paparazzo encarregue de a seguir. E entre Hugh Grant e Marco de Almeida, acho que ficamos a ganhar. Pelo meio ficam alguns considerandos sobre a indústria da televisão e a sua relação de interdependência com o jornalismo cor-de-rosa e a velhinha questão entre representação industrial e a arte do palco. Tudo isto é servido por um humor acutilante que serve e enriquece a história.
Nota, é claro, para a participação de Nuno Markl, a fazer de si próprio, numa “personagem” que não deixa nada a dever a Rhys Ifrans.