Parabéns Nina.
31.1.10
30.1.10
The serial killer, João Melo
Em tempos de crise, o homens descobrem as suas três vocações realmente essenciais: rezar, roubar e fornicar.
De quando em quando lemos livros que gostaríamos de ter escrito. Foi o que aconteceu com os contos risíveis que compõem este volume. Adoraria ter a perspicácia de o escrever.
29.1.10
28.1.10
27.1.10
26.1.10
25.1.10
24.1.10
23.1.10
Diálogo conventual
- foi tão estranho.
- estranho mau ou estranho bom?
- estranho bom, mas estranho, sabes… foi inesperado.
- inesperado porquê? Não estás com ninguém, ele também não, dão-se bem. acho perfeitamente normal.
- racionalmente sim, mas… estou tão habituada a vê-lo como amigo, que está a ser difícil desformatar-me.
- mas é óptimo que sejam amigos, já se conhecem, compreendem-se.
- sim, isso é tudo verdade. Gosto de estar com ele, da conversa, do carácter. mas nunca o vi, digamos, como homem.
- mas ele até é bastante atraente.
- sim, mas desde que nos conhecemos houve sempre alguém de qualquer das partes. Ele com a Júlia, eu como Pedro e depois com o Miguel. Então nunca pensei nele como homem, mas sempre como o amigo, parte do casal amigo. Nunca foi só o homem atraente, percebes?
- percebo. mas ele e a Júlia já terminaram há bastante, tu e o Miguel também já há uns meses e acho que vocês fazem um bom par. É muito fácil imaginar-vos junto, agora e no futuro.
- do género: é o tal?
- sim, bem, pelo menos de fora, sim. Que dentro do convento, só quem lá está dentro. Mas não estás com vontade de conhecer o convento sequer?
- ahahah. Claro que tenho curiosidade, mas acho que os meus pensamentos são mais pecaminosos do que virtuosos.
- e até parece que nos conventos não, eheheh.
22.1.10
Auto-retrato, João Melo
Este foi o meu primeiro contacto com a escrita deste autor angolano.
O que mais me surpreendeu foi em certos momentos a sua poesia me recordar Miguel Torga, sobretudo quando explora temas como o ofício da poesia, o transcendente e a força telúrica. Mas nas suas páginas encontramos igualmente a viagem e o espaço lusófono, o feminino, a sensualidade e a sexualidade, como é apanágio da grande maioria dos autores lusófonos.
21.1.10
5 para a ½ noite
não é um programa que veja diariamente, mas, consoante o apresentador e os convidados, acabo por ver uma ou duas vezes por semana.
Esta 4ª, o convidado de Nilton foi o actor e modelo José Fidalgo. Conheço algumas das suas prestações televisivas, mas nunca tinha lido ou visto qualquer entrevista sua. Apreciei bastante a sua lucidez e noção crítica sobre o meio de trabalho, bem como a sua pequenas demonstração de versatilidade. Vou ter mais curiosidade em seguir a sua carreira.
20.1.10
Sintra Arte Pública VI
Os eventos de arte pública têm sido desde há muito uma forte aposta de oferta cultural dos municípios, numa estratégia de atracção de munícipes e turistas. Sintra não é excepção e a sua mostra de Arte Pública encontra-se já na sexta edição.
Em ano de inauguração do Museu de História Natural, o tema da exposição de escultura ao ar livre é precisamente Os Oceanos e a Formação dos Calcários. Sob este tema, podemos observar um conjunto de 16 peças, na sua maioria de autores sintrenses. Algumas de mais fácil interpretação e identificação com o tema. Gosto particularmente das peças de Paulo Marujo, Amparo Ruiz e Moisés Preto Paulo, também responsável pela montagem da exposição, que contou com a co-organização do Centro Internacional de Escultura, em Odrinhas.
A exposição estará patente na Volta do Duche, até Junho deste ano.
19.1.10
18.1.10
sabedorias
“Não faças chorar uma mulher, pois Deus conta todas as suas lágrimas. A mulher fez-se da costela do homem, não dos pés para ser espezinhada, nem da cabeça para ser superior, mas sim do lado para ser igual, (…) debaixo do braço para ser protegida e perto do coração para ser amada.”
Talmude, via Rua da Judiaria
17.1.10
16.1.10
O Prestigio
Com Memento, Chris Nolan surpreendeu-nos com o seu inteligente argumento, no qual um homem sem memória de curto prazo tentar recriar o seu passado recente e resolver o crime que o envolve. Crime à parte, o argumento explora a fragilidade da memória, a sua construção, percepção e manipulação.
Neste Prestigio, o cenário do argumento é a magia, mas os temas explorados são sensivelmente os mesmos: a mente humana, a sua percepção e manipulação através dos sentidos e a obsessão em compreender e racionalizar. A obsessão por uma resposta que nunca será satisfatória pois a obsessão nunca se colmata numa resposta, mas consome-se numa demanda ávida.
15.1.10
Diálogo cultural
-queres ir ao cinema?
-Boa ideia. O que é que estavas a pensar ir ver?
-Não sei qual o filme d’hoje, mas estão a fazer uma reposição de homenagem ao rohmer.
-Epá, não me está nada a apetecer ver um filme de um francês morto.
14.1.10
Adelaide Lucinda
Sabe-se pouco desta mulher. Apenas que nasceu na Póvoa e que seria filha única de um ramo da família Pires, que senão com dinheiro, pelo menos com terras suficientes para ser considerada rica.
Casou-se já tarde, com cerca de 40 anos, e tudo aponta que fosse em primeiras núpcias. Talvez lhe tenham destinado ficar a cuidar dos pais e com a morte destes tomou finalmente a rédea da sua vida. Tomou por marido António Farinha, um jovem de 23 anos. Tudo indica que o interessa dele terá sido as terras dela. O interesse dela talvez um calor tardio aliado ao medo da solidão.
Desta união nasceu Maria dos Anjos. Não há muitas descrições da sua infância, que ficou marcada pela morte da mãe, quando ainda não tinha sequer dois anos.
Adelaide Lucinda foi encontrada morta um dia na capoeira das galinhas. Aparentemente tinha-se matado. Dizem alguns porque tinha problemas de cabeça. Dizem outros que não morreu sozinha, foi ajudada. Sempre se falou do marido à boca pequena.
Não se sabe se foi pelas mãos do marido ou pela vida difícil que a obrigava a viver. Eram conhecidas as suas escapadelas de noite ou de dia com outras mulheres. Certo é que tornou a casar apenas quatro meses após a morte de Adelaide. Consta que o namoro já vinha de há muito.
Nunca nada foi provado, nem perguntado ou investigado. A vida dos outros era para se falar, mas não para se meter e depois, com Adelaide já morta, também não havia mais a fazer, apenas continuar a amanhar a terra, cuidar dos animais e trabalhar de sol a sol.
13.1.10
Há uma história, ainda que pequena, com princípio, meio e fim, escrita em pequenas folhas soltas.
Há uma folha que se dispersa e o relato fica truncado. No entanto, a história permanece na mente do escritor, mas este é incapaz de a re-relatar e o desespero toma conta de si.
Há a busca obsessiva pela simples folha de papel, caída displicentemente atrás da secretária, e que cessa no corpo ensanguentado da empregada doméstica que abriu a janela.
12.1.10
11.1.10
10.1.10
Manifesto, João Melo,
Busco a poesia no âmago da vida ou nas esquinas
ou nas curvas e contracurvas.
Em todo o lado há luz
ou sombras. E tudo
é poesia.
Não tenho escolas,
nem gurus.
A linha da poesia é a linha
da vida.
ou nas curvas e contracurvas.
Em todo o lado há luz
ou sombras. E tudo
é poesia.
Não tenho escolas,
nem gurus.
A linha da poesia é a linha
da vida.
in Auto-retrato
8.1.10
Gostava de ser uma daquelas pessoas inteligentes, que escrevem prefácios e posfácios, com notas de rodapé e citações devidamente normalizadas.
Ao invés, gosto apenas de ler e tentar e de tentar perceber(-me) nas (entre)linhas.
Ao invés, gosto apenas de escrever e sentir que vivo.
Já os senhores dos prefácios e dos posfácios, sabem apenas letras e fingem que sentem as palavras que dizem como verdades absolutas e irrefutáveis.
Já a vida, é plena e irreversível.
7.1.10
diálogo esperançado
- a partir de que momento é que uma vida desmorona irremediavelmente? Achas que se consegue perceber antes de não haver volta a dar?
- ei, hoje estamos em baixo?
- sim, um pouco.
- conta: que aconteceu?
- sempre pensei que bastava o nosso esforço e o nosso trabalho para ter uma vida digna e que alguma situações se deviam a falta de capacidade ou acomodação, não sei bem adjectivar. Mas percebo agora que nenhum de nós está livre de, de um momento para o outro, se ver sem eira, nem beira, sem apoio de ninguém. É assustador perceber isso.
- sempre achaste que podias controlar a tua vida e agora percebeste que não.
- sim, é isso. Ingenuidade, não é?
- sim e não. Sim, temos de acreditar que podemos cumprir os objectivos que traçamos, senão nunca atingimos nada. Mas também não podemos julgar que controlamos o futuro. Não podemos, há demasiadas provas em contrário.
- sinto-me desorientada. Dou por mim a pensar que qualquer que seja o objectivo, que é inútil.
- não podes pensar assim. Tens de ter consciência da tua fragilidade, mas não te podes deixar dominar por ela, senão serás sempre vencida. Pode não ser fácil, há situações e acontecimentos que não podes contrariar, mas também há que acreditar e pensar o futuro. mesmo que não atinjas todos os teus objectivos, percorres o caminho e vives. Não te permitas sair derrotada à partida, porque assim é que nunca vencerás.
6.1.10
5.1.10
A velhice na solidão
Hoje, foi notícia a morte de 9 idosos em Lisboa, num período de cerca de 12 horas. Em comum, tinham o facto de todos viverem sós, muitos inclusive já sem família. Segundo especialistas, é uma situação cada vez mais comum na nossa sociedade devido ao envelhecimento da população.
Confesso que a notícia me assustou, porque no fundo me revi nesta mais que provável situação. Foi como se fosse visitada pelo fantasma do futuro. Foi um sonoro alerta.
4.1.10
Não recordo se o ano passado foi assim, mas este ano as televisões nacionais apostaram fortemente em estreias cinematográficas. Resultante talvez da percepção de que a crise obrigaria a festejos mais caseiros, não faltou opções para pôr alguns filmes em dia. Eu aproveitei e nos próximos dias deixarei por aqui as minhas impressões.
3.1.10
Pérolas jornalísticas ou ignorâncias linguísticas
“… gémeos nascem com década de diferença …”,
numa qualquer televisão nacional
Em bom português, os gémeos nasceram em décadas diferentes. Com uma década de diferença significa com dez anos de diferença, o que implicaria, provavelmente, que seriam bebés proveta.
2.1.10
Sob o signo do Acordo Ortográfico
Apesar de ainda não dominar as alterações introduzidas pelo Acordo Ortográfico, vou procurar adaptar-me e utilizar a nova grafia do português. Paciência então para eventuais gralhas e estranhezas gráficas.
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