- a partir de que momento é que uma vida desmorona irremediavelmente? Achas que se consegue perceber antes de não haver volta a dar?
- ei, hoje estamos em baixo?
- sim, um pouco.
- conta: que aconteceu?
- sempre pensei que bastava o nosso esforço e o nosso trabalho para ter uma vida digna e que alguma situações se deviam a falta de capacidade ou acomodação, não sei bem adjectivar. Mas percebo agora que nenhum de nós está livre de, de um momento para o outro, se ver sem eira, nem beira, sem apoio de ninguém. É assustador perceber isso.
- sempre achaste que podias controlar a tua vida e agora percebeste que não.
- sim, é isso. Ingenuidade, não é?
- sim e não. Sim, temos de acreditar que podemos cumprir os objectivos que traçamos, senão nunca atingimos nada. Mas também não podemos julgar que controlamos o futuro. Não podemos, há demasiadas provas em contrário.
- sinto-me desorientada. Dou por mim a pensar que qualquer que seja o objectivo, que é inútil.
- não podes pensar assim. Tens de ter consciência da tua fragilidade, mas não te podes deixar dominar por ela, senão serás sempre vencida. Pode não ser fácil, há situações e acontecimentos que não podes contrariar, mas também há que acreditar e pensar o futuro. mesmo que não atinjas todos os teus objectivos, percorres o caminho e vives. Não te permitas sair derrotada à partida, porque assim é que nunca vencerás.
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