Sabe-se pouco desta mulher. Apenas que nasceu na Póvoa e que seria filha única de um ramo da família Pires, que senão com dinheiro, pelo menos com terras suficientes para ser considerada rica.
Casou-se já tarde, com cerca de 40 anos, e tudo aponta que fosse em primeiras núpcias. Talvez lhe tenham destinado ficar a cuidar dos pais e com a morte destes tomou finalmente a rédea da sua vida. Tomou por marido António Farinha, um jovem de 23 anos. Tudo indica que o interessa dele terá sido as terras dela. O interesse dela talvez um calor tardio aliado ao medo da solidão.
Desta união nasceu Maria dos Anjos. Não há muitas descrições da sua infância, que ficou marcada pela morte da mãe, quando ainda não tinha sequer dois anos.
Adelaide Lucinda foi encontrada morta um dia na capoeira das galinhas. Aparentemente tinha-se matado. Dizem alguns porque tinha problemas de cabeça. Dizem outros que não morreu sozinha, foi ajudada. Sempre se falou do marido à boca pequena.
Não se sabe se foi pelas mãos do marido ou pela vida difícil que a obrigava a viver. Eram conhecidas as suas escapadelas de noite ou de dia com outras mulheres. Certo é que tornou a casar apenas quatro meses após a morte de Adelaide. Consta que o namoro já vinha de há muito.
Nunca nada foi provado, nem perguntado ou investigado. A vida dos outros era para se falar, mas não para se meter e depois, com Adelaide já morta, também não havia mais a fazer, apenas continuar a amanhar a terra, cuidar dos animais e trabalhar de sol a sol.
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