Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois

Ler Ferreira de Castro 40 Anos Depois
Mais informações: www.cm-sintra.pt

31.8.14

Ianus padecia de prosopagnosia, que o levou à recatada vida de actuário, para quem as pessoas têm uma face composta por números, seja de identificação, probabilidades ou riqueza. Mas engane-se quem considera este um trabalho livre de dissensões. Só quem desconhece a insuspeita volatilidade dos números assim o pode pensar.


30.8.14



Refém das minhas emoções

Ultimamente, sinto-me completamente refém das minhas emoções. Não tenho conseguido atingir o equilíbrio saudável e necessário ao meu dia a dia e a panela tem ameaçado rebentar. Teoricamente, sei tudo o que tenho de fazer para o evitar, mas a prática, regra geral, fica sempre aquém.
Se é certo que não podemos controlar o que nos acontece, também é certo que o controlo das nossas reacções nem sempre é óbvio e atempado. O último ano foi uma montanha russa de emoções e sentimentos, muitas vezes contraditórios, expectativas e pressões. Sem detalhar situações, aqui ficam algumas das minhas conclusões.
Não resistimos a tudo nem chegamos a tudo. E quando deixamos cair algo, há que ponderar sobre o seu papel na nossa vida e nas nossas prioridades. Também há que aceitar, e, por vezes o mais complicado, fazer compreender os outros que a necessidade de parar não é preguiça nem desrespeito. É uma necessidade essencial ao nosso reequilíbrio. Se a paragem é maior ou menor não interessa, porque cada um tem o seu ritmo.
Não me dei o tempo necessário. Só nos últimos dias consegui abrandar e agora vou dar-me o tempo necessário para me reencontrar e poder voltar a dar-me.

28.8.14



10 anos #5 (Abr. 2004)

Música. Ainda em fase de experimentação sobre o meu tipo de registo internáutico, e ainda sem ter descoberto a minha voz, recorria frequentemente à partilha de letras de música do meu agrado, reflectindo gostos e modas da época. Hoje em dia, acabo por faze-lo mas sobretudo com poesia e algumas citações.

image
Paulo Jorge Dias

Casal da Burra. Que dizer desta aldeia virtual criada por Paulo Jorge Dias, com o seu humor corrosivo, e que tive o prazer de conhecer? Além dos risos semanais, retenho ainda um prémio de um passatempo (uma garrafa com um rótulo apropriado) e o livro devidamente autografado.

Prémio Literário Oliva Guerra. No Centro de Documentação da Casa da Juventude, na Tapada das Mercês, Sintra, encontrei vários exemplares de obras editadas pela Câmara Municipal, no âmbito dos seus concursos literários. Um destes concursos, dedicado à poesia, homenageia a poetisa e mulher de cultura Oliva Guerra. No ano de 1999, o vencedor deste prémio bianual foi Rui Miguel Saramago, com o trabalho Autobiografia. Ao lê-lo, achei que era algo ao meu alcance e então escrevia a minha versão (dividida em 4 posts: Eu Gosto de, Não Gosto de, Eu Nunca e Eu Já). Olhando para trás, surpreende-me que mantenha os mesmos (des)gostos, bem como, em 10 não, não ter cumprido muito dos eu Nunca, que acabei por utilizar como base para a série de desafios 101 em 1001 e 102 em 1002.

27.8.14


O Segredo de Moonacre (2008)

Os DeNoir e os Merryweather estão desavindo há vários séculos e a 5000ª lua ditará o final da contenda, a bem ou a mal. A salvação está nas mãos da última princesa da lua, uma jovem de 13 anos que, ao perceber a maldição da família, conseguirá com o seu sacrifício trazes de novo a harmonia e prosperidade ao vale de Moonacre. Uma aventura juvenil agradável.

"The Secret of Moonacre Director:
Gabor Csupo Writers: Lucy Shuttleworth (screenplay), Graham Alborough (screenplay), 1 more credit » Stars: Ioan Gruffudd, Dakota Blue Richards, Tim Curry, Juliet Stevenson, Natascha McElhone

26.8.14


A posteridade é arbitrária

Todos queremos, de algum modo, deixar uma marca no mundo. A maioria fá-lo através da sua prole. Mas para quem não trilhou esse rumo, o desafio pode ser mais complexo.
Primeiro, há que ponderar que tipo de memória se quer fazer é o do mal. Um crime, uma tragédia perdura na memória, mas não pode ser algo corriqueiro. Tem de ser algo de tal forma hediondo que faça mossa na nossa insensibilidade crescente, habituada aos mais diversos horrores há hora do jantar.
Se aspiramos a nome de rua, escola ou pavilhão, isso implica uma esforço maior. Por vezes uma vida de trabalho, dedicação e profissionalismo não chegam. Quantas pessoas conhecemos com estes atributos? Não, temos de nos destacar entre os demais, primus inter pares. talvez isso nos garanta uma placa toponímica. Mas até quando? Até uma revolução ou ideologia alterarem as homenagens passadas. Aí, o Visconde de Asseca dá lugar a Ferreira de Castro, a Rosa Canastra a Mário Soares, e o Ferreira de Castro ao próximo Nobel nacional.
A posteridade é arbitrária e, em última análise, não depende de nós, mas sim de quem temos a capacidade de tocar e também esses se esvaem na memória do futuro.

25.8.14



#9 – Nunca tive oportunidade

Costuma dizer-se que a mesma oportunidade não surge duas vezes. Por isso, mais do que pensar nas oportunidades que nunca tive, dou por mim a reflectir nas que recusei e nas que me passaram ao lado e que, no momento, não tive oportunidade de perceber como tal.
Relativamente às que recusei, mesmo que me tenha vindo a arrepender, o sentimento é pacifico, pois sei os motivos que me levaram a tal decisão. Quando penso nelas, na base do “e se...” é apenas pelo natural exercício humano da curiosidade.
Já os “ses” que não soube perceber e aproveitar, esses sim, ocupam-me mais. A verdade é que se não soube perceber essas oportunidade é porque provavelmente não estava preparada para as aceitar e aproveitar. Mas, como não há razões especificas para as ter declinado, suscitam ainda mais a minha imaginação. Isso talvez se deva ao facto de perceber que não se irão repetir e que não há volta atrás. E mesmo que vá à procura dessa mesma oportunidade, ela já não será a mesma, pois não?
Sim, há alguns ses que me perseguem, pois de certo a minha vida seria diferente em diversos aspectos se... seriam os aspectos mais importantes? Não sei. Mas agora também não chegar a saber, não é?

23.8.14

Palavras #528 a 530

adonais. m. Um dos nomes da divindade entre os hebreus.
matulas. f. 1. Corja; súcia. 2. [Antigo] Torcida. 3. [Brasil] Alforge; farnel.
carriola - |ó| s. f. Carro ordinário. = CARRIPANA, CARROÇA

Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo

21.8.14

#8 – Ninguém me ajudará

No man is na Island, famosa frase  de John Donne, sintetiza a noção de que nenhum ser humano vive isolado. São múltiplas as relações que vivemos com outros seres humanos: em conjunto (com a família), em função (dos filhos), em prol (da comunidade), em comunhão (com irmãos), em dependência (dos pais). E mesmo que nos julguemos independentes, a verdade é que, a qualquer momento da nossa vida, podemos necessitar de ajuda. Não podemos julgar que não a teremos, embora não seja de admirar não a receber de quem não tivemos a capacidade e hombridade de apoiar. Por vezes, somos egoístas ou simplesmente inseguros e não queremos admitir a nossa fragilidade pedindo ajuda. Não é vergonha e só o mau carácter de uns o verá como tal. Outras vezes, na nossa ânsia de independência esquecemos que a nossa força advém exactamente de quem nos rodeia. E há momentos em apenas necessitamos dessa força, desse conforto, desse amparo, desse olhar compreensivo e elucidativo. E ele lá estará.

20.8.14

The Romantics (2010)

Um grupo de amigo na casa dos 30 reúnem-se para o casamento de dois deles. Pela primeira vez juntos desde há muito, a reunião traz à tona antigos amores, frustrações e projectos de vida, pondo em causa algumas das relações existentes.


19.8.14

No Meu Peito Não Cabem Pássaros, Nuno Camarneiro

Esta foi a minha primeira incursão na obra deste autor. O enredo, ou melhor, os enredos situam-se em 1910, ano em a passagem de um cometa foi visível a olho nú e causou o pânico generalizado. Em três cidades separadas por milhares de quilómetros de distância vivem três homens: Fernando em Lisboa, Karl em Nova Iorque e Jorge em Buenos Aires. Os três representam a possibilidade de (re)invenção do seu humano graças à sua imaginação.
Um registo de maturidade literária e um exercício de reinvenção dos escritores que inspiraram estas personagens: Pessoa, Kafka e Borges.
 

18.8.14

Foi Assim que Aconteceu (2005–2014)

E, 9 temporadas depois, ficamos finalmente a saber como aconteceu. Como Ted Mosby conheceu a mãe dos seus filhos e como um grupo de amigos cresceu, amadureceu e sempre se entreajudou, no melhor e no pior. Apesar de alguma desilusão pela opção final adiptada, ficarão para sempre estes personagens caricatos, a opção narrativa utilizada e o legen... esperem, esperem... dário Barney Stinson.

Titulo original: How I Met Your Mother * Criadores:
Carter Bays, Craig Thomas * Elenco: Josh Radnor, Jason Segel, Cobie Smulders, Neil Patrick Harris, Alyson Hannigan




17.8.14

Guardaria no cibório o liquidâmbar que tomaria nos próximos meses. Necessitava de persistência para levar a cabo aquela tarefa, mas também sabia que a sua sobrevivência futura dependia deste plano tão arriscado. Só recorrendo ao mistriadismo poderia suplantar o seu agressor.

16.8.14

Palavras #525 a 527

nóminas. f. 1. Nomenclatura. 2. Prego dourado (para arreios de bestas). 3. [Religião católica] [Religião católica] Bolsa com qualquer objecto que livra de males. 4. Objecto contido na nómina.
caetés. 1. [Brasil] Indígena da grande tribo dos caetés, da antiga capitania de Pernambuco. Adj. 2. Relativo a essa tribo. S. m. 3. Mata virgem.
cômoros. m. 1. Pequena elevação isolada de terreno. 2. Canteiro. 3. Socalco. 4. Alegrete.

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo

14.8.14

Penso como Um Homem (2012)

Divertida comédia sobre relações amorosas em que quatro mulheres procuram o compromisso utilizando as pouco ortodoxas técnicas de um guru dos relacionamentos cujo lema é Pense como um homem.

Título original: Think Like a Man * Realização: 
Tim Story * Argumento: Keith Merryman, David A. Newman * Elenco: Chris Brown, Gabrielle Union, Kevin Hart Romany Malco

13.8.14


RIP: Williams & Bacall

No espaço de algumas horas, a notícia da morte de 2 atores. (É impressionante com a morte anda sempre aos pares.) não sendo habitual fazer registo sobre óbitos de celebridades, estes não me deixaram impávida e aqui fica o registo do porquê.
De Williams, toda a gente retém a sua inquestionável veia cómica, mas para mim será sempre O Homem Bicentenário. Longe de ser um dos seus registos mais aclamados, este é um dos que mais me tocou e que me conquista a cada encontro furtuito na tv. Numa versão moderna de Pinóquio, Williams dá corpo e sentimento a um robô que ao longo de dois séculos procura perceber o que é o ser humano e sê-lo. Então, para mim, Williams é a procura da centelha humana e a consciência da sua fragilidade, fragilidade que venceu o actor que conquistou o mundo inteiro exactamente com a sua humanidade. Que tenha encontrado a paz desejada.
Já Bacall, dona de uma beleza impar, é uma das epitomes da mulher que soube envelhecer aceitando a idade, mas não se deixando subjugar (à tirania da estética), o que fez perdurar a sua carreira e fará perdurar a sua memória.

Fotograma de O Homem Bicentenário (1999)
82ª Edição dos Óscares (2010)



12.8.14

Em português o provérbio diz que a miséria puxa miséria. Não será muito diferente do inglês misery loves company (a miséria adora companhia). Sei que o que somos e sentimos atrai personalidades e sentimentos semelhantes. Mas acontecerá o mesmo com todo o tipo de personalidades e sentimentos? Relativamente aos chamados sentimentos nobres, não tenho muitas dúvidas. E, pensando bem, o mesmo se aplica aos menos nobres. A inveja só o é quando é alimentada, a violência idem e a vingança pede olho por olho. A gratidão nem sempre é compreendida, a caridade é muitas vezes abusada e a confiança quebrada. O amor pede amor, a gentileza gera gentiliza e o sorriso retribui-se. Apenas a tristeza me suscita dúvidas e suspeito mesmo que a tristeza não é compatível com a tristeza.
 

11.8.14

Margens Do Paraíso (2013)

 A pacatez da pequena vila situada nas margens do lago Paraíso é sobressaltada pela tentativa de suicídio de Tui, uma jovem de apenas 12 anos, e pela sua consequente fuga para as montanhas circundantes. Ao procurar descobrir o que aconteceu com esta jovem, a detective Robin vai desencadear uma série de conflitos e desvendar segredos antigos e recentes que ameaçam os mais poderosos e revelam crimes inimagináveis.
Uma mini-série verdadeiramente surpreendente, escrita por Jane Campion, que nos oferece uma interessante galeria de personagens. Recomendo.

Título original: Top of the Lake * Argumento: Jane Campion, Gerard Lee * Elenco: Elisabeth Moss, Thomas M. Wright, Peter Mullan, David Wenham, Holly Hunter,

10.8.14


Sabia que era motivo de derisão quando, no comboio, sacava do esquema e do pano de ponto de cruz. Já ninguém se dedica a estas práticas do tempo das avozinhas. Mas era o único momento que tinha para dedicar à ergoterapia e esta era a que mais se adequava aos transportes públicos. Logo, o melhor era concentrar-se, abstrair-se de olhares e sorrisos e dedicar-se a completar a díada a que se tinha proposto.

9.8.14


Palavras #522 a 524

neotenia - (neo- + grego teíno, estender, alargar + -ia) s. f. [Biologia] Forma de pedomorfose em que o organismo atinge a maturidade sexual mas mantém caracteres juvenis ou larvares.
íncubo - (latim incubus, -us) adj. 1. Que se põe ou se deita por cima. ≠ SÚCUBO 2. Que cobre ou choca os ovos (ex.: ave íncuba). 3. Que causa pesadelos; que exerce acções maléficas. Adj. e s. m. 4. Diz-se de ou demónio a que se atribuíam pesadelos, sonhos maus, etc. s. m. 5. Pesadelo.
esquírolas. f. 1. [Cirurgia] Lasca de osso. 2. [Figurado] Lâmina ou fragmento de objecto duro.

in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/

7.8.14


10 anos #4 (Mar. 2004)

Há 10 anos, uma das minhas leituras favoritas era a colecção Literatura e Morte, sobre a qual escrevi na altura. A determinada altura perdi um pouco o fio à meada à colecção e não sei se publicaram mais títulos. No entanto, a colecção deu-me a conhecer vários autores (vivos e mortos) e juntamente com a colecção Pecados Capitais alargou os meus horizontes literários. Outro dos meus hábitos era o talk show brasileiro Saia justa da Globo, no qual 4 mulheres debatem os mais variados temas, seja corriqueiros, seja de grande impacto, de forma pragmática e muito humorada. Da época, recordo que o elenco incluía (não sei se simultaneamente) Rita Lee, Mónica Waldvogel, Fernanda Young e Marisa Orth.

Saia Just GNT
Elenco de 2007: Maitê Proença, Mónica Waldvogel, Márcia Tiburi e Betty Lago.

6.8.14


Entre Segredos e Mentiras (2010)

Este é um filme interessante e atípico. Retrata a história verídica de um jovem herdeiro, cuja jovem mulher desaparece e este, apesar de suspeito, nunca foi condenado pelo crime. Até aqui nada de vulgar. O que torna esta história atípica é que para fugir de eventuais condenação, este homem disfarça-se durante anos de mulher, acabando por fazer mais duas vitimas: o seu senhorio e uma antiga amiga de juventude que através da ficção resolve romancear o seu crime. Embora o filme dê pistas para os distúrbios emocionais deste homem, com origem na relação com o seu pai, é de salientar a interpretação sensível e conturbada de Gosling.

Título original: All Good Things * Realização:
Andrew Jarecki * Argumento: Marcus Hinchey, Marc Smerling  * Elenco: Ryan Gosling, Kirsten Dunst, Frank Langella