A sua fuga ia já longa, com dois mares atravessados e mesmo à margem de um terceiro. Nunca imaginara que a terra comportasse tanta água, mas também desconhecia a tanta terra que existia para lá do seu vale deixado no silencio da noite. Mas havia sentido que houvesse água para alimentar tanta terra.
Chegara a esta margem sícula havia duas luas. Era a primeira vez que se quedava tanto tempo num mesmo local. As suas gentes calejadas, olhavam-no desconfiadas, mas nunca o escorraçaram. Era um porto de indesejados e foragidos. Uns ficavam, outros partiam, sem perguntas desnecessárias, nem incómodas.
Em muitas mais luas, esta havia sido a sua primeira noite de descanso. Acoitado a um canto da adega onde trabalhara nos últimos dias a troco de uma noite resguardada e algo para encher o estômago, acordou surpreso já o sol ia alto e aquecia o canto onde se tinha prostrado. Acordou esfomeado e sem sentir a ataxia carateristica de cada despertar durante os últimos e infrenes meses.
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